sábado, 30 de julho de 2016

"Trabalhadores ukrainianos podem tornar-se reféns da resolução anti-ukrainiana"
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 28.07.2016
Opinião de intelectuais poloneses e ukrainianos sobre adoção da resolução controversa pelo Sejm polonês.


Andrew Pavlyshyn - Figura pública ukrainiana, jornalista, historiador, pesquisador de relações polaco-ukrainianas, tradutor de literatura intelectual polonesa.

- Esta resolução fecha oportunidades para a inestigação conjunta, e busca de entendimento, até que da arena política não se afastem aquelas pessoas que votaram por ela, e isto são 432 deputados do Sejm, de 460. Sete membros do partido  "Contemporâneos" e três membros da "Plataforma Cívica" abstiveram-se. Dois membros da "Plataforma" demonstrativamente saíram da sala. Mas ninguém votou contra.  "A favor" votou o ultra nacionalista, partido chauvinista "Kukiz 15", cujos membros ainda nas eleições declaravam desejo de mudanças territoriais, - tomar Lviv e Volyn da Ukraina. Estes - agentes declarados do Kremlin, que vêm do meio de ex-membros do Partido Polonês Unido de Trabalhadores. E, claro, "Partido Camponês" - única lasca que sobreviveu dos comunistas. Eles, desde o final dos anos 90 apresentavam-se a favor de decisões anti-ukrainianas, porque entre eles domina um ódio clínico aos ukrainianos.

Em 2000, graças ao apoio financeiro e do Gabinete do presidente Alexander Kwasniewski foi publicado o livro de Eve Semaskto "Genocídio, cometido por nacionalistas ukrainianos contra os poloneses que viviam na região de Volyn" - são mais de 1500 páginas, onde foram reunidos todos mais terríveis mitos sobre ukrainianos. Desde então o meio de "Kressovyakiv - revisionistas" sucessivamente e incansavelmente bicavam com ele (o livro) a sociedade polonesa, as elites e os políticos. Claro, quem não queria ouvir - não escutava. Mas a sociedade era saturada com idéias de ódio. Lá estão descritos 150 tipos de tórturas, que supostamente, os ukrainianos aplicavam aos polonesess. O apogeu de tudo isto tornar-se-á o filme de Smazhovski "Volyn", a ser lançado em outubro. Temo, depois da resolução o nível de extremismo vai aumentar, e depois do filme são possíveis destruições de ukrainianos nas cabeças de cada um. Fanáticos, ladrões de rua, membros de grupos criminosos, que procuram a quem pegar na rua, podem encontrar-se com nossos trabalhadores (Os ukrainianos vão à Polônia como trabalhadores temporários -OK). Eles poderão tornar-se reféns na Polônia. Por causa deles poderão pressionar o governo.

Lembro, no ano 2000 teve início uma grande discussão sobre o crime em Jedwabne - Jan Tomasz Gross escreveu o livro "Vizinhos", onde descreveu o extermínio de judeus, e mostrou, que os poloneses - não são apenas a nação cruz da Europa - sempre ofendida e desfavorecida, - mas também entre eles, como em qualquer comunidade, existem assassinos e sádicos. Provavelmente, com a ajuda de Siemashko foi lançada uma onda contra os ukrainianos, aos quais queriam mostrar como pessoas piores.

Aquele que quer obter a reconciliação, a cooperação, a amizade, - não reabre as feridas, não introduz megatons de ódio às mentes dos compatriotass.

Na Polônia avança a idéia de luta falsa com os "banderivtsi" (seguidores de Bandera) - mas ignora-se o sofrimento dos cidadãos de origem ukrainiana e judaica. Isto se parece com manipulação típica da memória histórica, e os problemas nela entraram longe demais. Agora do tabuleiro de xadrez histórico-político varrem as figuras e colocam novas. Para reforçar o surgimento de rainhas e auroques há muitos pequenos peões, um dos quais tornou-se a decisão aunti-ukrainiana.

10 de julho - dia da memória da destruição em Jedwsbne. Este ano, da elite política dos poloneses não apareceu ninguém. O presidente Duda disse que o maior erro do presidente Kwasniewski (dezembro de 1995 - dezembro de 2005) foi participar na comemoração dos judeus. Presidente Kaczynski (outubro de 2005 - abril de 2010) disse em uma entrevista, que os poloneses rejeitam a política da vergonha - eles, como se dissessem, pedindo perdão aos judeus, perdem a sua consolidação, e por nada devem envergonhar-se. Em 11 de julho escolheram como dia de memória das vítimas da tragédia de Volyn - para recobrir a memória de Jedwabne (Por muito tempo pensou-se, que o massacre cometeram os invasores alemães, mas agora sabemos que a maior parte era de bielorrussos e poloneses que viviam nas áreas circundantes - Pesquisa OK). Toda a esperiência de reconciliação entre ukrainianos e poloneses foram ignoradas. Os nacionalistas radicais poloneses querem, que os ukrainianos fiquem de joelhos e peçam desculpas. Isto não acontecerá nunca.

Isto faz o estabelecimento polonês - aqueles, que dirigem o país. Mas há liberais, que sempre ajudavam Ukraina e agora a apoiam. O problema é que eles não tem a possibilidade de falar através de canais governamentais. Eu continuarei a trabalhar, popularizando a cultura polonesa, de sábios e claros poloneses, aperfeiçoamento que pode oferecer muito aos ukrainianos. Juntamente com amigos poloneses continuaremos realizar vários projetos. Vamos esperar até que Polônia seja representada por forças européias e mais democráticas.

Devo dizer, que esta decisão, que tem caráter de resolução no Sejm, também tem uma semente racional. De fato, durante o processo de guerra partizan entre UPA (Exército Insurgente Ukrainiano) e várias formações de militares poloneses morreram muitos civis. Nosso erro fundamental é que, a nossa compreensão ética e experiência jurídica atual transportamos para tempos antigos - 70 anos atrás. É um absurdo modernizar o passado. Naquela época as pessoas tinham outra compreensão, valores, experiências, do que nós. Nem os poloneses, nem os ukrainianos não podem reconhecer essas ações como genocídio - o mais grave crime internacional. Isto contraria a Convenção dos Direitos do Homem, que foi aprovada em 1950, onde no artigo 6 e 7 é previsto, que não se pode julgar um crime retrospecto, se não houve composição de crime no momento em que foi cometido, e ninguém pode ser designado como culpado sem um justo e imparcial processo e decisão de um tribunal.

A nível internacional, Polônia demonstrou, que se recusa de status condicional de defensor da Ukraina na União Européia. Se houver agressão em larga escala da Rússia contra Ukraina. Usando a fórmula de ajuda aos poloneses aqui, haverá retorno ao estado de verão de 1939. A maior parte da Ukraina forçosamente anexarão ao meio-império russo, e a região ocidental - à Polônia, porque com o membro da OTAN, nós não nos atreveremos a lutar. Não descarto, que esta é uma das variáveis, que considera o atual estabilishment polonês. ´

É melhor ser pessimista, alertar sobre maus cenários, e trabalhar no desenvolvimento de bons, que ao contrário.


Jadwiga Hmeloska - uma dos fundadores do "Solidariedade", durante a União stivamente lutou na clandestinidade; ativista polonesa, jornalista, trabalha em estreita colaboração com o movimento crimeano-tatar, anticomunista.

Ainda em 2008, em Kyiv na conferência, eu avisei, que Rússia irá colocar ukrainianos e poloneses um contra outro, bater as cabeças, usando trágicos momentos da história compartilhada. Então é necessário falar abertamente sobre todos os assuntos, na escola estudar a verdadeira história, para que isto não se repita. Quando nossas nações guerreiam uma contra outra, então nossos inimigos são felizes. Há muitos documentos, que encontram-se na Ukraina, Polônia, Alemanha, Grã-Bretanha, Estados Unidos, que testemunham como tudo começou. Parte da OUN (Organização de Nacionalistas Ukrainianos) de modo algum digo que todos, por assim dizer, eram patrocinados originalmente de Moscou, depois pela Alemanha. Eles matavam todos: poloneses e ukrainianos que ajudavam os poloneses. Claro, nem todos os nacionalistas faziam isto - era uma minoria, a maioria retrocedeu. Vale a pena lembrar, que quando estes acontecimentos trágicos tiveram lugar, Bandera estava preso no campo de concentração na Alemanha.

Sei este caso: o chefe da família era aukrainiano, a esposa - polonesa. Os filhos adotaram o lado ukrainiano e frequentavam a igreja grego-católica, as filhas frequentavam a igreja católica. Na época daqueles aconteciments, um dos filhos veio ao pai e disse,que precisava matar a mãe e as irmãs - o pai matou o filho radical.

Minha avó por parte da mãe era ukrainiana, eles viviam a 18 quiloômetros de Stanislav (Atualmente Ivano-Franquivsk, centro econômico e cultural, uma das maiores cidades da Ukraina). Certa noite, à sua casa vieram membros da OUN, e queriam matá-los. Vovozinha, em março (ainda é frio na Ukraina-OK), só de camisola fugiu para Stanislav - e ajudou-a na fuga... outra unidade da OUN.

Já em 1945, ukrainianos e poloneses assinaram acordo para lutar juntos contra o NKVD (Comissariado Popular de Assuntos Internos), fato que Rússia esconde até hoje. Durante o Maidan na Ukraina 90% de poloneses apoiaram os ukrainianos, nos diziam que os ukrainianos são assassinos, que tudo poderá repetir-se. (Devido algumas leituras nos jornais tenho impressão que a situação começou piorar com a chegada do atual presidente polonês - OK).

Fez bem o presidente Poroshenko, que depositou flores no memorial às vítimas em Varsóvia e lembrou, que anteriormente foi assinado um documento, que diz que é impossível, que os assassinos de civis poloneses - crianças, mulheres e idossos - fossem heróis da Ukraina. Isto foi assinado pelos nacionalistas ukrainianos e poloneses, até mesmo pelo filho de Shukhevych. Se isto reconhecerem seus nacionalistas, então nós podemos reconhecê-lo como país. Mas na Polônia, agora, ativamente trabalha a quinta coluna. Depois tudo vai emaranhar-se tanto que os próprios políticos não conseguirão dizer, que isto é absurdo, - o principal para que tudo isto não vá muito longe. Porque isto empurrará Ukraina para os braços da Rússia, e nós, da Polônia, também. Eurocépticos na França e na Alemanha já falam, que Putin será o salvador da civilização ocidental.

O interesse da Polônia é para que Ukraina seja um país independente, que seja econômica e militarmente forte, estável e calmo. Os mesmos interesses da Ukraina Para Polônia.

Foi bom que aceitaram esta resolução, pois não haverá intimidações e argumentos que podem nos confrontar. Devem trabalhar mais ativamente os Institutos de Estado da Memória Nacional. Nossa juventude sabe mal a história, precisa trabalhar muito com ela, ajudá-la compreender que a discussão de tais eventos, abertura de arquivos - uma lição para o futuro. Precisa sentar e pensar, que nos interesses de minha nação, e deste tempo atual determinar sua política. Precisa compreender, quem é meu inimigo e inimigo de meu inimigo e apoiar o último. O bom é aquilo que é necessário ao país, não esgaravatar no passado. 


Piotr Hlyebovych - ativista polonês dos direitos humanos, editor clandestino, jornalista, "inimigo pessoal de Aksenov (político russo, separatista, Primeiro-ministro da República da Criméia):
Há poloneses normais, não-radicais, e ukrainianos nacionalistas, que se reúnem, colaboram, apresentam outros heróis da Ukraina, que são aceitáveis para os poloneses. Queremos promover Petliura, porque ele foi verdadeiro símbolo de coop - Ativista polonês dos direitos humanos, editor clandestino, "inimigo pessoal de Aksenov (político russo, separatista, primeiro-ministro da República da Criméia):eração polaco-ukrainiana na época. Apresentamo-nos a favor, para abrir todos os fatos históricos e falar também aquilo que os poloneses causavam contra os ukrainianos. Junto com vocês, temos quase 80 milhões. Com tal população é preciso se defender contra inimigo principal, e não guerrear entre si.

Nas relações entre as pessoas mudanças simplesmente não haverá. Muitos ukrainianos trabalham na Polônia, eles são bons trabalhadores. Eles são necessários para nós. Mas os estereótipos e nacionalistas sempre houve, há e haverá.

Entre os Estados também não mudarão as atitudes. Ukraina protege Europa a partir de Putin. Ela deve receber apoio, para que Rússia não consiga avançar. Precisa, constantemente, falar sobre a anexação da Criméia, o que a Europa evita.

Há na Polônia nacionalistas pró-russos, que lutam no lado da Rússia em sua guerra, apoiam Putin. Há a imprensa que se posiciona como patriótica-polonesa, mas apoia Rússia plenamente. Durante a revolução especialmente rodavam em alguns canais documentários sobre Volyn. As relações polonesas-ukrainianas sempre foram difíceis, mas elas precisam ser resolvidas e não, constantemente remoelas. Nós apoiamos todas as iniciativas pró-ukrainianas, que vão para a aproximação e reconciliação, mas não toleramos extremistas de ambos os lados.

(Os poloneses, hoje, não lembram as guerras passadas, de conquistas, que promoveram contra Ukraina desde o século XVI. Não citam as terras ukrainianas que ocupavam, a escravização dos aldeões. Mas acusam os ukrainianos pelas perdas que obtiveram no século passado. Tenho a irmpessão que eles mostraram-se mais propensos às acusações depois do início da atual presidência. - OK) 

Tradução: O. Kowaltschuk 

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