quinta-feira, 9 de junho de 2016

Eles já não disfarçam: Kremlin deseja destruir Ukraina
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 06.06.2016
Rússia não cumpria, não cumpre e não tem a intenção de cumprir os acordos Minsk.

Finalmente, Lavrov estourou. Lembramos, Sergei Lavrov - Ministro dos Negócios Estrangeiros da FR cujas emoções, às vezes, manifestam-se através da impenetrável máscara do diplomata oficial em réplicas bastante cômicas sobre seu círculo débil.

Qual foi o acontecimento da vez - difícil julgar. Mas Lavrov disse claramente, que cessar fogo no Donbas não acontecerá nunca, e esse fato fala por si. As afirmações deste diplomata russo, que todas as ações

devem ser coordenadas com a direção da LDNR (Repúblicas populares de Donetsk e Luhansk) convencem, talvez, o próprio diplomata russo. Afinal, ele representa o país que é um patrocinador direto, armeiro e mantenedor da LDNR, e sozinha, artificialmente criou estas quase formações pelo caminho de agressão aberta contra um Estado europeu soberano.

Pelo menos agora a todas as questões, incluindo aquelas, com as quais se preocupam os parceiros ocidentais da Ukraina no contexto da continuação ou abrandamento das sanções contra a Federação russa, algo aclaram-se. Até a cristalina pureza. Furiosos bombardeios de Avdiivka e zona industrial por militantes russos, fogo contra unidades silenciosas (de acordo com Minsk II), de posições de tropas ukrainianas, sobre cidades e aldeias ukrainianas, que as russas (não vamos dissimular!) subdivisões conduzem com todos os tipos proibidos, pelos acordos de Minsk, de armas pesadas, praticamente por toda a linha de colisão no leste da Ukraina, não deixa dúvidas: Rússia de Putin não abandonou as intenções agressivas contra Ukraina, ela está pronta e capaz de quaisquer ações hostis contra ela, incluindo a intervenção militar, com um propósito claro - destruir Ukraina de fato, apagá-la do mapa geopolítico, juntamente com os seus cidadãos pró-europeus e ambições euro-atlânticas.

Esta tese necessita desenvolvimento. Vejamos.

Desde o início de 2014, o principal conteúdo das declarações do Kremlin em relação à Ukraina continuavam as alegações sobre "não participação da Federação Russa nos acontecimentos na Criméia e nas regiões de Donetsk e Luhansk", e também sobre "... Moscou apoiar o processo de resolução pacífica do conflito no Donbas."

Declarações semelhantes particularmente ativas "introduziam-se"  no espaço informativo antes e durante eventos significativos, especialmente, durante a apreciação da "questão ukrainiana" no Conselho de Segurança da ONU, da UE, da OSCE e outras organizações internacionais; reuniões do "Quarteto Normando" e Minsk (tripartite) Grupo de Contato, como também no contexto da discussão nos EUA e UE, sobre a possibilidade de verificação da política de sanções em relação à Rússia.

No entanto, as ações reais do regime de V. Putin confirmam apenas a continuação da agressão armada russa contra Ukraina. Moscou abertamente ignora os acordos de Minsk, aumenta a sua própria presença militar no Donbas e categoricamente se recusa a transferir a Ukraina o controle sobre sua área na fronteira oriental.

Tudo isso é acompanhado por uma ativa retórica anti-ukrainiana russa, medidas de guerras nas negociações econômicas contra Ukraina e ações práticas do lado russo em apoio às chamadas "DNR" e "FSC" (regiões conquistadas de Donetsk e Luhansk -OK), envio demonstrativo aos territórios ocupados de "comboios humanitários", que na verdade são elementos técnico-militares e apoio aos militantes.

Isto é, Rússia não abandonou o objetivo estratégico: enfraquecer, Ukraina, ao máximo com a guerra a qualquer preço e não permitir-lhe a integração européia e euro-atlântica, realizar a desintegração do país e recuperá-la para a esfera de influência russa.
A esta meta estratégica  estão subordinadas todas as "iniciativas" russas quanto à regulação do conflito no Donbas: Ukraina querem obrigar a reconhecer a legitimidade das autoproclamadas repúblicas, declarar aos insurgentes anistia incondicional e realizar nos territórios ocupados "eleições locais" ainda antes da retirada das tropas russas, mercenários e armas, sem restabelecimento do pleno controle da Ukraina sobre sua própria fronteira.

Ao alcance deste objetivo, Kremlin tenta, e às vezes não sem sucesso, usar fatores externos. Entre eles - favorável à Moscou a redução do interesse da comunidade internacional à "questão ukrainiana" em relação a outras questões, particularmente, o afluxo de refugiados e revitalização do extremismo islâmico. 

Os manipuladores de Kremlin que procuram ter redução da atividade pública na Ukraina em relação ao "pico" da atividade do ano 2014, com a insatisfação ukrainiana às ações do governo em relação ao agravamento da situação sócio-econômica no país, travagem de reformas políticas e econômicas contra a corrupção e também desordem e anarquia no parlamento ukrainiano. Esses motivos, ukrainianos por natureza, transformam-se em fatores, que efetivamente trabalham contra a própria Ukraina e "jogam" no lado de seus inimigos. 

Estas circunstâncias influenciam a dinâmica de transformação de fatores externos mais favoráveis à Rússia. Entre eles - a ativização e fortalecimento de posições de várias forças "ultra" - pró-russas e , portanto, anti-ukrainianas em vários países da UE e mesmo EUA, o que promove objetivamente fraturas político-internas já entre os apoiantes da Ukraina. Esta tendência é especialmente perigosa com a aproximação das eleições presidenciais nos EUA já no outono deste ano., de eleições presidenciais e parlamentares na França em 2.017, eleições parlamentares na Alemanha em agosto ou setembro do próximo ano.

Além disso, já neste verão, em 23 de junho, no Reino Unido realizar-se-á um referendo sobre a saída do país da UE. O chamado Brexit não se relaciona diretamente com Ukraina, mas suas consequências podem ser dramáticas para toda a estrutura política da União Européia.

Um exemplo flagrante, de como  Rússia "não ganhou as eleições", deram as eleições presidenciais na Áustria. O partidário do Kremlin e líder do popular ultra-direito Partido da Liberdade da Áustria Norbert Gopher na segunda rodada, convincentemente perdeu para Alexander van der Bellenu, o ex-líder do Partido Verde. 

É óbvio, que Rússia vai continuar a tentar "jogar" nas contradições internas dos europeus, até a abolição ou, pelo menos, atenuação das sanções ocidentais transformar-se para ela nas questões de auto-preservação. Não apenas os especialistas russos, mas também as primeiras pessoas na Rússia são forçadas a admitir, que as sanções ocidentais têm para seu país consequências extremamente negativas, constituem-se em ameaça real para a estabilidade e minam as posições do regime de poder do próprio Putin. De acordo com os especialistas do governo russo, no caso de continuação das sanções as reservas disponíveis do país podem "stand" já durante um ou dois próximos anos, o que criará condições inevitáveis para o surgimento da crise financeira em grande escala na Federação Russa.

No entanto, parece que também aqui Rússia tenta encontrar uma "caminho especial". A nova fórmula alguns dias atrás aos pensionistas da Criméia emitiu o primeiro-ministro da Federação Russa, Dmitry Medvedev: "Dinheiro não há, mas vocês se mantenham! Tudo de bom a vocês e bom humor!" No entanto, tal particularidade não adicionou bom humor aos pensionistas da Criméia, também foi vista com muita septicidade  pelos cidadãos da própria Federação Russa.

Os especialistas russos relacionam com lógica os problemas de preservação da unidade dos EUA, UE e OTAN em relação a Ukraina e a preservação da pressão sobre a Rússia, mesmo dada a sua aventura síria. E, é esta unidade que Rússia tenta "diluir", espiculando sobre os acordos de Minsk e "tenacidade" da Ukraina. No entanto, o Ocidente vê, em qual trapaceiro queima o boné, e declara sua disposição de observância das introduzidas sanções até a completa implementação dos Acordos de Minsk.
O obstáculo significativo à política de Moscou na direção da Ukraina é, também, a sólida posição da liderança ukrainiana, que bloqueia quaisquer tentativas do Kremlin em resolver o conflito no Donbas a seu favor. Além disso, Kyiv revelou-se surpreendentemente firme em seu curso para integração européia e euro-atlântica, com o que, surpreendeu não apenas a abertamente a hostil Rússia, como também alguns de seus parceiros ocidentais.

Mas os problemas agravam-se. A impossibilidade de Moscou em transferir a responsabilidade sobre a situação sócio-econômica nos territórios ocupados de regiões de Donetsk e Luhansk aumenta a carga sobre os já destituídos (devido às sanções ocidentais e importante! - estagnação doméstica) O orçamento, empurra o Kremlin a agir de forma decisiva.

Hoje a Rússia mantém capacidade suficiente para a expansão de uma intervenção militar na Ukraina, até as tentativas de implementar planos para a ocupação das regiões leste e sul e criação de um corredor seco à Criméia e Transnístria. Ao mesmo tempo, Moscou está ciente de que as consequências negativas de tais ações serão para a própria Rússia, incluindo as perdas de combate e não combate de militares russos, os enormes custos orçamentais à guerra e agravamento de confronto global com o Ocidente. Tudo isso será um catalizador para acelerar os processos de crise na economia russa, bem como o agravamento da situação política e sócio-econômica interna no país, que pode ficar fora do controle da gestão da FR.

Com isso em mente, o regime de Putin, mais uma vez muda a ênfase de sua "política hibrida" em relação a Ukraina, de diretas ameaças de segurança e pressão econômica sobre a Ukraina em favor de ações mais flexíveis, em especial para retardar no tempo o processo de realização dos acordos de Minsk. "Puxar o rabo do gato" Moscou tem a intenção até o surgimento de situação favorável do exterior (internacional) em que o regime de Putin tentará resolver o conflito no leste da Ukraina exclusivamente em seus próprios termos.

Ao mesmo tempo, o regime de Putin conta com a continuação da deterioração da situação sócio-econômica na Ukraina e, consequentemente, a queda crítica na avaliação das autoridades ukrainianas e agravamento de divergências na coalizão do governo, bem como a crescente influência da oposição pró-russa. De acordo com o lado russo, o indicado promoverá oportunidades à mudança de poder na Ukraina sob eleições parlamentares e presidenciais antecipadas, mesmo sem a organização do "terceiro Maidan", com o qual tão atenciosamente nos últimos meses ocupavam-se os serviços especiais russos.

É óbvio, que Rússia usa constantemente medidas dissimuladas de suborno e atração para o seu lado de representantes individuais, políticos e econômicos (oligárquicos) da Ukraina, Segundo muitas avaliações estrangeiras, com o resultado destas ações de Moscou há permanentes contradições na coalizão governista da Ukraina, que minam a estabilidade política no país e reduzem seu potencial de resistência à agressão russa.

Em consonância, Kremlin não espera simplesmente o surgimento de condições favoráveis para a realização de seus objetivos estratégicos, mas realiza uma influência ativa sobre  o desenvolvimento da situação geopolítica em torno da Ukraina. Tais ações russas incluem trabalhos dirigidos, específicos com lobby pró-russos em círculos políticos e econômicos do Ocidente, bem como o apoio da esquerda radical e da direita eurocética, nacionalistas, e simplesmente as forças anti-ukrainianas nos países da UE.

A lista de tais forças não é nova, mas não será supérfluo lembrar os básicos. É "Alternativa para Alemanha" na Alemanha, "Frente Nacional" na França, "União de esquerda democrática",  "kressovi" (anti-ukrainianas) organizações e partido "Zmiana" na Polônia, pro-russa. ""Partido da Liberdade da Áustria na Áustria. ", "Partido Comunista da Boemia e Morávia", SMER na Eslováquia", "Fidez" e "Jobbik" na Hungria, "Accord" e União Russa" na Lituânia, "Partido de reformas  da Estónia", "Partido socialista búlgaro" e "Movimento nacionalista búlgaro Attack". 

Surge uma questão lógica: o que em tais circunstâncias, é necessário e lógico fazer na Ukraina?
Neste contexto, tornou-se bastante revelador o artigo de Steven Pifer, que foi publicado em abril deste ano, na véspera de visita a Ukraina, do vice-secretário de Estado dos Assuntos Europeus e Eurásia Victoria Nuland.

Pifer, ex-embaixador dos EUA na Ukraina, é uma pessoa , que é muito difícil acusar de compromisso com a Rússia. Ele escreveu, que Ukraina deverá mostrar alguns progressos na realização dos Acordos de Minsk, se quiser ver a extensão, em julho de 2016 das sanções da UE contra Rússia.

Então, ele observou, que, aceitando a lei sobre eleições locais em algumas regiões de Donetsk e Luhansk (ORDLO), Ukraina deve insistir nos fundamentais para si requisitos, por exemplo: a necessidade de assegurar nas eleições partidos ukrainianos, pessoas deslocadas internamente e Mídia, estabelecimento de controle ukrainiano na parte oriental, etc.Com tal desenvolvimento de acontecimentos toda a culpa pelo suposto fracasso  do processo de paz de Minsk cairia sobre Kremlin e seus fantoches. Ao mesmo tempo Ukraina poderia dar argumentos claros para convencer os políticos europeus e americanos na necessidade  de continuar a pressão, incluindo sanções para  Rússia.

Hoje, quase todos os principais especialistas e analistas alertam, que após o retorno de Nadia Savchenko para Ukraina Rússia tentará usar este fato para reforçar a "propaganda hibrida", especialmente nos EUA e Europa, com o objetivo óbvio para abolir ou pelo menos flexibilizar as sanções internacionais. E alguns países ocidentais podem sujeitar-se a isto, fechando os olhos para a longa guerra da Rússia contra Ukraina.

Mas esta agressão russa bienal contra Ukraina nunca interrompia-se, durante este tempo na Ukraina morreram 10 mil, feriram quase 23 mil, e refugiados - cerca de 2 milhões de pessoas. Criméia e parte de Donbas continuam ocupados, os ocupantes destruíram, roubaram  ou retiraram para Rússia aproximadamente 20 por cento do potencial industrial. Diariamente, literalmente todos os dias, na frente continuam a morrer soldados ukrainianos e civis. Rússia não executou, não executa e não tem a intenção de cumprir os acordos de Minsk.

Este é um problema constante. O criminoso sempre tem uma vantagem sobre pessoa honesta, porque, ao contrário, não é limitado na escolha dos meios de ataque.

Ukraina carrega o fardo de pessoa honesta.

Ukraina é obrigada todos os dias mostrar aos parceiros ocidentais o completo comprometimento aos acordos de Minsk, ao processo de paz no Donbas e o desejo de uma solução pacífica na Criméia. Ukraina simplesmente não tem outra escolha. Tal comportamento torna-se pesado, ele força comprimir os dentes, mas é ele que permite ganhar tempo para desenvolvimento e renovação de armamento do "bloco de poder":Forças Armadas, Guarda Nacional, Tropas de Fronteira, e também especiais (inteligência e contra-inteligência) e das agências de aplicação da lei da Ukraina - pelos padrões e exigências da OTAN.

O fato é que a guerra com a Rússia ainda não terminou. Ela a apenas dois anos começou, e provavelmente não terminará em breve. Dada a natureza ideológica desta guerra, a derrota para Ukraina não satisfaz. Portanto, para alcançar a vitória, desde o início, é preciso denominar os fatos com seus nomes. Guerra - é guerra, traidores - são traidores, inimigos - são inimigos, amigos - são amigos. Somente assim venceremos. Porque conosco - a verdade.

... Provavelmente a alguém ainda é confortável, neste país, chamar a guerra da Rússia contra Ukraina "operação antiterrorista". Alguém, na própria Ukraina, cinicamente ganha, no sangue de seus defensores e no sofrimento dos refugiados. Nada pessoal, é apenas negócio. No entanto, os comerciantes deverão pagar as mais altas contas, ninguém esqueceremos e ninguém fugirá...


Radkovets George, vice-presidente do Centro de Estudos geopolítica "Borisfen Intel", analítico independente, candidato das ciências militares, docente tenente-general.

Fonte: Ukrinform.

Tradução: O. Kowaltschuk



Nenhum comentário:

Postar um comentário