quinta-feira, 28 de janeiro de 2016


Os verdadeiros problemas de Poroshenko apenas começam.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 26.01.2016
Gennady Stepanchuk


Por tudo será preciso pagar.

Yanukovych concentrou em suas mãos todo o poder. No momento decisivo esta plenitude transformou-se em pedra ao redor do pescoço - transferir sua responsabilidade não teve em quem.

Pelas atuais consequências frustradas da economia política, em primeiro lugar, com sua classificação, pagou Yatseniuk.
(Primeiro-ministro - OK) Embora a contribuição da AP (Administração Presidencial) e do Bloco Petro Poroshenko, para estas consequências não eram menores. No entanto, Poroshenko não esconde seu grande desejo de substituir Yatseniuk por seu protegido, muito desejado - Groisman.

Mas, se na esfera econômica, o presidente tem um temporário "para-raios" na aparência de Yatseniuk, então na esfera de segurança nacional e política externa, ele não terá com quem compartilhar a responsabilidade. Toda a avalanche das consequências de Minsk-2 ele terá de assumir pessoalmente.

Quanto mais o resultado prometido diferenciar-se da realidade - mais rápida e catastrófica será a queda do Olimpo. A agressividade e brutalidade dos métodos, com ajuda dos quais o presidente e seu comando tentam introduzir a posição do Minsk-2, para definitivamente amarrar seu destino político aos efeitos reais dessas posições.

Quanto mais o comando de Poroshenko acusa de traição os críticos do Minsk-2 - tanto maior será o estigma de traição deste comando, se a realidade confirmar a justeza da crítica.

Quanto mais o presidente ignorar os fatos, que lançaram sérias dúvidas sobre a veracidade de suas ações - mais evidente será a inadequação do próprio Poroshenko, se a realidade confirmar a importância desses fatos.

Quanto mais empolado for o quadro da vitória - mais fatais serão serão as consequências da vitória - mais fatais serão as consequências políticas, quando todos se convencerem do fantasioso dessa vitória.

Poroshenko deseja muito expandir sua autoridade e seu poder, e por isso, incansavelmente, cria a imagem de um líder sábio e decisivo. Mas ele não conseguiu compreender, que o não reconhecimento de erros não reforça tal imagem, mas a destrói.
E o acúmulo de erros não reconhecidos e não corrigidos eventualmente pode conduzir não só a perda da imagem heroica, mas também a perda prematura do poder.

Diante do Rubicão.

Poroshenko está diante do Rubicão. E, antes de atravessá-lo, lhe seria muito útil responder a questões, das quais depende o destino do país, e seu destino político.
Qual é a garantia, que após Putin cumprir as condições das autoridades ukrainianas - em "áreas especiais" não permanecerá um grande número de combatentes e grande quantidade de armas de pequeno calibre, mesmo oculta?
E, se nas áreas, permanecer um grande número de combatentes e suficiente quantidade de armas de pequeno calibre - então quantos habitantes ukrainianos de Donbas concordarão em arriscar suas vidas e apresentarão suas candidaturas para os órgãos do governo local.
Se os candidatos ukrainianos forem poucos - então qual será a composição local, com a qual Poroshenko pretende conduzir um diálogo válido, e com o qual deverá negociar quase todos os seus passos? Qual é a garantia, que "com o acordo com as autoridades locais" - na prática isto não significará "acordo com Vladimir Putin?" Dado que a manutenção destas áreas será cem por cento problema ukrainiano?

Qual é a garantia, que a face da paz após a realização de Minsk-2 - não será a mesma que a face da atual "trégua" com tiroteios regulares sobre os ukrainianos.

O que fará o governo ukrainiano, se após a implementação dos acordos de Minsk e retirada da Rússia as mais dolorosas sanções - Putin, seletivamente, cumprir os compromissos assinados? Informar a OSCE sobre "numerosas violações"?

Se tem valor as garantias de Merkel e Hollande - se o acontecido em Debal'tsevo Putin permitiu-se a ignorar impunemente?

Qual é a garantia de que a maioria dos militantes, em cujas mãos há sangue ukrainiano, não serão anistiados e não poderão ser representantes das autoridades locais, exceto talvez, os mais odiosos?

E, se garantias não há - então será que não perceberão isto os combatentes da ATO e seus familiares como escárnio sobre si e sobre a memória dos irmãos mortos?

Que consequências pode haver, se no país saturado de armas, dezenas de milhares de pessoas com experiências de combate decidirem, que foram brutalmente enganadas e usadas?

E isto no fundo, de todos conhecido estado sócio-econômico e cronicamente atrasados indicadores econômicos reais das previsões otimistas do poder.

Qual a garantia, que no futuro, outras regiões da Ukraina não vão exigir as mesmas "particularidades de auto-gestão? Se poderá ser tal garantia a fé pessoal do presidente e seu comando, de que isto "nunca acontecerá"?

A frota russa "Tchornomorska" também foi deixada na Criméia, temporariamente. E permaneceu em silêncio por muito tempo. Mas no terceiro ato, esta arma disparou.

O que determina as verdadeiras intenções de Putin: - declarações de Kremlin, com as quais podem facilmente manipular em qualquer direção, - ou a dupla cem por cento votação de deputados pró-Kremlin no Parlamento, cujos resultados
Vladimir Putin já não poderá mudar? Se se permitiriam os mencionados deputados, em composição completa votar duas vezes como Putin "muito não gostaria"? 

Se Putin esteve "extremamente insatisfeito" com a votação de 31.08.2015 - então por que após a votação ele, imediatamente, se acalmou e começou a seguir, observar as condições da trégua?

E este é o mesmo Putin, que em Debal'tsevo convincentemente provou, que ele não cessará enquanto não conseguir o que quer?! Lá, onde "no momento x" ele não recebeu o desejado, ele não conseguiu ser contido nem com a brutalidade da violação dos Acordos de Minsk, nem com enormes perdas.

A lista de questões não está esgotada. Mas, mesmo ela obriga a considerações sérias.
Mesmo assim já foram cometidos muitos erros.
Poroshenko não levantou a questão, que era obrigado levantar - sobre a inabalável correlação da questão dos russos na Ukraina com a questão dos direitos dos ukrainianos na Rússia.

Ele assumiu compromissos, que não tinha direito assumir - chefe do executivo não tinha nenhum direito dar a outros países a promessa de mudar a Constituição da Ukraina, especialmente durante uma guerra de fato.

O presidente ukrainiano não levou em conta, que tinha como oponente um trapaceiro. Mesmo quando à mesa, além de Poroshenko e Putin, havia Merkel e Hollande-isto criou grandes dificuldades. Mas estas dificuldades podem revelar-se apenas florzinhas, quando Minsk-2 for aplicado. - Poroshenko, de fato, ficará com Putin face a face. 

Medir sete vezes

Político inteligente tem a obrigação de calcular minuciosamente as diferentes variáveis que motivam as ações do adversário e, consequentemente, as diferentes variáveis do desenvolvimento dos acontecimentos. Se  equivocou-se Poroshenko que a variável "Nova Rússia" - é puro blefe de Putin? que isto era apenas um truque tático, a primeira tarefa da qual era assustar o presidente ukrainiano e forçá-lo a passar pelo "menor" dos males? Para evitar "Nova Rússia" - introduzir "particularidades de auto-governo".

A segunda tarefa foi sujar as mãos da maioria dos moradores de Donbas com sangue ukrainiano, para fazê-los dependentes de Putin mesmo na composição da Ukraina. O mesmo método, como nos bandos de assassinos para iniciantes.

Claro, Putin realmente queria propagar as "particularidades da autogestão", pelo menos em todo Donbas. quanto maior o território "particular" - tanto maior a influência sobre a economia e política ukrainiana. Inclusive por meio dos deputados do Parlamento ukrainiano, de territórios "especiais".

Mas o feito dos soldados ukrainianos, e voluntários, arruinou estes planos. E, assim que Poroshenko entrou no caminho certo para Putin - Kremlin começou "vazar" "Nova Rússia".

Se exatamente este cenário interpreta Putin - os verdadeiros problemas para Poroshenko, após as eleições no Donbas não acabarão, mas apenas começarão. Não foi para que Ukraina vivesse em paz e florescesse, que Kremlin realizou tais esforços. As mais dolorosas sanções à Rússia serão levantadas, o financiamento de áreas "especiais" Ukraina assumirá. Merkel e Hollande mover-se-ão a outros problemas. A guerra "hibrida" entrará na fase que praticamente não exigirá despesas financeiras da Rússia.

Esforços de Putin não se desperdiçarão em vão.

Isto já não será Abkhazia que se pendurou no pescoço da economia russa e com isto não dá possibilidades a Putin influenciar na situação política e econômica da Geórgia. "Áreas especiais" serão partes integrantes, por isto darão a Kremlin a alavanca de influenciar Ukraina.

Portanto, antes de aplicar táticas quebra-gelo no Parlamento, Petro Poroshenko deve pesar cuidadosamente as possíveis consequências de diferentes cenários. E perceber que a importância vital do tema condiciona a extraordinária responsabilidade do presidente Poroshenko

Responsabilidade pessoal

Viktor Yanukovych professava o princípio "tudo, o que eu não gosto - é mentira. E recebeu um resultado em conformidade. 

Se vale a Petro Poroshenko imitar o antecessor? 

Principalmente, porque a ele, antes da inauguração (antes de tomar posse - OK), houve aviso...
Gennady Stepanchuk, especialmente para Verdade Ukrainiana.

Sem progresso nos acordos de Minsk II, alterações na Constituição não haverá - Geraschenko.
ZN,UA (Espelho de domingo, Ukraina), 21.01.2016


A deputada Iryna Gerashchenko, autorizada pelo presidente à questão da solução pacífica da situação nos territórios ocupados de Donbas disse que: "A segunda leitura, quanto às mudanças da Constituição da Ukraina, só pode ocorrer no contexto de progressos e realizações de acordos de segurança de pontos humanitários dos Acordos de Minsk. e isto é a retirada das armas com verificação da OSCE e sua permissão ao acesso a todas as regiões ocupadas, retirada de tropas e técnicas e armas estrangeiras, e restauração do controle de fronteiras ukrainianas. Devem ser criadas todas as condições prévias e executados os itens humanitários".
Em sua opinião, "para iniciar a formulação de votação, às alterações constitucionais finais, é imperativo que Rússia e os militantes demonstrem progresso real na implementação do Minsk-2".

Gerashchenko observou que Ukraina cumpre todos os pontos dos acordos de Minsk-2. E, segundo ela, a tática dos militantes é "puxar o rabo do gato". Para cada proposta construtiva - zero de resposta concreta. "Na questão humanitária não conseguimos nenhuma resposta concreta à proposição de troca de mais de 50 pessoas, iniciadas por eles ainda em 06 de janeiro Não conseguimos nem a libertação de 25 pessoas, militares e civis, que têm problemas graves de saúde. Hoje, durante a reunião ouvimos: vamos, nós lhes daremos 17, e vocês entregarão 63..."

Os terroristas em Minsk manifestaram as suas fantasias quanto a reforma da Constituição da Ukraina.
Tyzhden.ua (Semana Ukrainiana), 27.01.2017

Durante a reunião do grupo de contato trilateral, para regularização da situação no Donbas, os representantes da "DNR" apresentaram seus próprios termos à Constituição da Ukraina, que foram rejeitados, disse o representante da Ukraina Roman Bezsmertnyi.  Ele confirmou que os representantes da "DNR" queriam, que a nível constitucional fosse consolidado uma quota da "DNR" no Parlamento Ukrainiano, para que tivessem direito de ajustar todas as leis adotadas e o direito do veto sobre todas as decisões constantes nas leis adotadas, inclusive políticas regionais e internacionais.
Além disso, "DNR" quer anistia completa de todos os envolvidos no conflito, incluindo"libertação do cativeiro dos soldados da "DNR" e operadores presos em Odessa, Kharkiv, Kyiv e outras cidades. Quer, mas os acordos nunca progridem porque  eles sempre querem trocas muito favoráveis a si. 

Tradução: O. Kowaltschuk

Nenhum comentário:

Postar um comentário