quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Natal dos Insurgentes 
Como observavam o grande feriado os combatentes da OUN-UPA(¹) no exílio.
Gazeta Denh (Gazeta Dia), 30 12.2015

Na Ukraina, o Natal, tanto pela Igreja Ortodoxa, quanto pela Greco-Católica, comemora-se no dia 7 de janeiro, pelo calendário Juliano. Desejo a todos um Feliz Natal!

                                            Х Р И С Т О С    Н А Р О Д И В С Я  !  


Cartões e canções dos insurgentes.
Para os soldados OUN-UPA o Natal sempre foi associado com a esperança de renascimento nacional de sua terra natal, conquista da Ukraina de seu Estado independente. Portanto, nos cartões de Natal, que mesmo em muito difíceis condições na clandestinidade tentavam elaborar, para cumprimentar amigos e familiares com a Boa Notícia - não havia apenas anjos. Aqui, as pessoas com armas em mãos vão à casa modesta dos Cárpatos, reverenciar, onde a Virgem em trajes bordados combinou em si as características de suas mães amadas e irmãs... Acima da casinha a estrela brilha - não a soviética, mas a de cinco pontas, aquela verdadeira, de Belém.


Como destaca o pesquisador Ruslan Zabilyi, nas condições de luta de libertação, esses folhetos eram aqueles meios, que nos dias entre lutas, transferiam os insurgentes ao incompreensível mistério natalino. Ou os pintavam, ou os produziam por meio de dispositivos de impressão, normalmente escondidos no subsolo, nos esconderijos. Decorar os cartões podiam com desenhos simples em combinação com letras impressas, textos de congratulações. Artes gráficas, com desenhos coloridos, os cartões de Natal eram impressos pelas unidades da OUN no exterior e pelas representações do Conselho supremo de Libertação.  Nasciam insurgentes canções natalinas, que carregavam consigo poderosa energia, desejo de não recuar da luta pela liberdade da Ukraina, esperança na ajuda divina nesta luta. Abaixo as palavras de uma canção natalina insurgente:

"Nova alegria, nasceu,                         Mas Stepan Bandera
A que não havia                                   Tudo isto observa
Sobre a gruta estrela clara                    Levanta os braços a Jesus,
Iluminou o mundo todo,                       A Jesus apela:
Oi, você irmão, ouça,                            Jesus, meu querido,
A triste notícia:                                      Eu lhe imploro,
Acorrentaram em grilhões                     Esta comuna, ajude-me
Nossa mãe Ukraina.                               Expulsar do país..."



Saudades de Natal Branco

"... Hoje na terra do nosso país, onde domina o bolchevismo moscovita, não se ouvem sinos felizes. Terra entristecida não ouve canções de louvor Àquele que a criou, não andam sob as janelas os cantores de músicas natalinas e não cantam "Nova alegria surgiu". Porque neste dia forjam-se algemas e constroem-se prisões. As pessoas rezam secretamente, sem alegre badalar de sinos natalinos, - escrevia a revista ukrainiana da diáspora londrina "Caminho para Libertação" de janeiro de 1952. - Lembre-se, que Ukraina é insubmissa, e hoje, no dia de nascimento de Cristo ela vive! e se consolida. Nas montanhas dos Cárpatos, nas planícies de Poltava e ravinas de Kyiv, em toda parte comemoram o Natal de Cristo. Nos esconderijos do subsolo reúnem-se os guerreiros e pedem ajuda a Ele, em sua grande luta pela liberdade da Ukraina. Abençoe-os, filho de Deus, abençoe suas espadas! Levante esta aurora da luta ukrainiana cada vez mais e mais!".


E então, nos anos 50, e agora, tradicionais comemorações natalinas, as comunidades da diáspora ukrainiana mantiveram-se na fé, na espiritualidade - diz o historiador Gennady Ivaniushchenko, que agora trabalha no Serviço ukrainiano de informação (Londres, Reino Unido). Terminava a quaresma..., as pessoas iam à missa de Natal, (Kuttia (²) - canções natalinas...  Esforçavam-se para adiantar seus trabalhos, para estar com suas famílias. Trabalhavam muito, no pesado. 
No entanto - os rapazes demoravam muito para casar e não aceitavam a cidadania britânica. Esperavam, que a luta de libertação seria exitosa, e eles se tornariam cidadãos da Ukraina, voltariam à sua pátria. Mas, mais tarde, quando as moças já não estavam livres, precisaram casar com inglesas, escocesas. E, claro, houve assimilação. No Natal, aqueles que tinham ligação com a "terra" - tentavam mandar presentes aos parentes.  As organizações ukrainianas dedicavam as edições natalinas dos jornais ao tema da libertação da Ukraina. Porque nação sem Estado - é uma grande injustiça, e Deus - sempre ao lado dos perseguidos e escravizados.


"O Natal deve unir todos nós em uma completa família ukrainiana, sem distinção de origem territorial, crenças ideológicas, - lemos no jornal "Notícias ukrainianas", que publicava-se naquela época sob a liderança de Ivan Bahrianyi em Ulm (Alemanha). - "Porque o nosso objetivo e o mesmo desejo, que num futuro próximo, em nossa pátria livre, livre país, é podermos louvar a Ele, Jesus pequeno".

Mas, por enquanto, espalhados por toda parte, os ukrainianos trocavam cartões de Natal. Nos arquivos preservaram-se muitos cartões confeccionados na Alemanha, nos EUA, Canadá. Em sua maioria eles difundiam-se no exílio e na Ukraina eles chegavam através da OUN. Nos cartões escreviam: "Pedimos a ti, ó Rei, pedimos todos hoje, envie destino, devolva a liberdade a amada Ukraina!"


Mitos ukrainianos tiveram que celebrar o Natal no forte calor da Austrália. No mesmo "Notícias ukrainianas" de 1958, um dos autores com saudade escreve sobre o "Natal Branco", que faz tanta falta aos imigrantes ukrainianos. Eis que já a tantos anos o Natal eu encontro na Inglaterra, e apenas numa noite santa caiu neve. Para nós este frio traz o melhor Natal dos últimos 9 anos. Nós saíamos dos barracos, com velas, e ficávamos com a cabeça descoberta e em silêncio, a noite, embriagava-nos com a extraordinária beleza: sobre as velas caíam pequeninos flocos de neve, preguiçosamente torciam-se e cobriam o chão com uma cama branquinha - branquinha, como se preparassem a Terra para receber a Alma e Coração puríssimos. Ficávamos assim repletos de solenidade e temor, e em cada um de nós tremia o coração com a lembrança dos distantes invernos da infância, quando nesta noite, obrigatoriamente havia silêncio, caía neve e brancos arredores esperavam algo misterioso e alegre... então, nós eramos pequenos, para compreender o brilho da estrela de Belém, mas no início de nossa consciência a vinda do pequeno Jesus obrigatoriamente unia-se com a beleza da nossa estepe invernal..."


Inverno branco - paisagens da Ukraina - nos cartões de natal que foram impressos nas condições de exílio. Eles foram feitos não apenas para promover e lembrar a Ukraina em Guerra. Distribuíam-se, primeiramente, entre a diáspora ukrainiana para angariar fundos em apoio a luta na Ukraina. O arquivo UIS ( Comunidade Ukrainiana na Internet) em Londres guarda muitos deles. Muitos - endereçados ao "Dirigente Stepan Bandera", cujo aniversário correspondia ao Ano Novo - 1 de janeiro.

Em seu artigo "De inesgotável fonte", escrito por ocasião dos feriados de Natal de 1957 (fonte: S. Bandera - Perspectivas da Revolução Ukrainiana - K. 1999) Stepan Bandera escreveu: "A fé consolida as maiores potências da alma. Através da verdadeira e profunda fé em Deus, o Salvador, cada pessoa e toda a nação têm possibilidade de continuamente tirar da fonte eterna e viva, tanta força, quanto sua alma é capaz de perceber. Especialmente nas piores situações, na grande infelicidade, sofrimentoe luta, fé em Cristo dá a mais forte, frequentemente única e certa ajuda. (...) Desta fonte de fé nós devemos colher o máximo de força, para resistir no caminho certo. Conscientes, que Deus está conosto - é provavelmente a maior ajuda para todos nós, especialmente para todos os lutadores e sofredores do movimento de libertação da Ukraina. 

(1) - OUN-UPA - Organização dos Nacionalistas Ukrainianos - Exército Insurgente Ukrainiano.

(2) Kuttia - Principal, entre os 12 importantes pratos do jantar da Noite Santa. (Consta de trigo em grão cozido, 0,5 litro.Acrescenta-se semente de papoula, previamente cozida s e esmagadas, nozes cortadas ou esmagadas, 100 g de mel e 200 g de passas. O mel e passas de acordo com o gosto. Mistura-se com o trigo e acrescenta-se água ou compota. O trigo, inicialmente deixar de molho por algumas horas. Lavar e cozinhar. Lavar novamente e acrescentar os outros ingredientes).

Tradução: O. Kowaltschuk

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