sábado, 23 de janeiro de 2016

Relatório de Avdiivka. Russos preparam ofensiva.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 21.01.2016
Alexei Bratuschak


- Hoje é dia do meu aniversário. Ontem também foi.
- Como assim?
- Hoje eu nasci. Mas antes de ontem - não morri.
Estas são as palavras de um soldado com apelido "Florestal" ("Lisnyk" - da floresta - OK). Ele é um dos que estão na vanguarda. Hoje seu 16º batalhão de infantaria mecanizada protege Avdiivka. Sobre seu ponto de resistência disparam quase todas as noites. Foi durante o ataque da vez que o "Florestal" quase foi morto.

Houve luta noturna. Sob tais condições não atiram na pessoa, mas na área, de onde vem o fogo. O adversário, provavelmente, viu o clarão do meu tiro. Ele mirou exatamente este local. A bala repeliu o tubo de gás, mas poderia acertar meu olho.

"Florestal" foi salvo pelo automático. Os militares concluíram, que o inimigo usou uma série AL - centésimo russo.
O ataque inimigo conseguiram interromper. Pela manhã os militares ukrainianos começaram analisar a batalha noturna. "Florestal" com o automático mostra o local: onde localizava-se seu esconderijo, de onde o inimigo atirava. Como resultado, concluíram que o atacante usava "centésimo" AK e cartuchos 7,62. Tais autômatos não há no exército ukrainiano, somente no russo. 

Dados de inteligência: o inimigo usa a experiência da guerra da Chechênia.

No início de janeiro, a brigada 58, que inclui o Batalhão 16, foi trazida à completa prontidão de combate. Então,o inimigo conduziu longo tiroteio na região de Avdiivka, descarregava a técnica - os militares ukrainianos ouviram o ruido surdo dos tanques. Todos estavam preparados para o avanço do inimigo. Mas não aconteceu.

Depois disso os militares ukrainianos começaram lançar drones, para obter mais informações sobre o inimigo. A inteligência aérea do 16º batalhão recebeu argumentos adicionais, que havia na frente russos trabalhando.

O combatente Oleg Hromadskyi demonstra algumas dezenas de fotos do território controlado pelo inimigo. Pergunta aos jornalistas o que eles veem. Mas, sem conhecimentos especializados a pessoa não nota nada. 
- Sem treinamento apropriado, um simples mineiro tais posições não ocupa - explicou o combatente.

O combatente Oleg Hromadskyi demonstra as fotos de inteligência aérea. Elas mostram, que as posições do inimigo equiparam àquelas, que tem experiência na Guerra da Chechênia.
O combatente pega uma das imagens e explica. Aqui podemos ver que sob as lonas de automóveis foram escavados túneis com saída para o nosso lado. Uma pessoa sem treinamento militar direcionaria fogo sobre a base automotiva. Isto foi feito por especialistas.
- Tais buracos fizeram os russos na Chechênia, quando por 2 meses atacavam duas aldeias, - diz o tenente-coronel Hromadskyi, - Lá aproveitavam-se tais "buracos da mata", isto é, entrada de um lado, mas a saída - do outro da estrada. Sob a ferrovia ou rodovia, rompem-se as passagens. Em cima permanece o asfalto, a brita, por isso um projétil de artilharia não prejudica esta construção. Isto é, preparam-se bem. Com a experiência de condução de guerras locais em outras regiões. Talvez cavaram mineiros, mas comandados por instrutores russos.

O combatente circula com marcador o local na foto.
- O que você vê aqui?
- Trincheiras.
- Sim, trincheiras, mas não são simples trincheiras.
Em seguida vem o programa educacional do tenente-coronel. Ele está no exército 25 anos. Já acostumou-se como o fato de que os soldados tentam cavar trincheiras retas, porque assim dá menos trabalho. Mas os manuais de engenharia ensinam que as trincheiras devem ter formatos de zigue-zague. Assim os soldados são mais protegidos das minas e conchas.

Na foto as trincheiras estão equipadas segundo todas as regras da engenharia, mas não segundo manuais soviéticos, observa o comandante do batalhão. E não trabalharam aqui os especialistas ukrainianos.
Embora tenham estudado com os russos nas mesmas instituições militares, mas os profissionais militares ukrainianos, daquele lado não guerreiam, - convence o comandante. - Eu penso que isto fizeram os russos, porque eles tem experiência de guerras locais na Chechênia.
A nossa linha de arredondamento é um pouquinho diferente. Aqui a conexão é chechena. 5 - 2 metros - volta, 5 - 2 metros. Se anteriormente nos manuais usavam-se estas curvas com base no fogo de morteiro, então aqui as curvas, para proteger o pessoal de lançadores de granadas, isto é, os intervalos são muito pequenos e as curvas são muito súbitas.

Foto de trincheiras zigue-zague, que poderiam ser feitas pelos russos.
Também da foto de inteligência aérea você pode ver, onde o inimigo prepara as posições para defesa, e onde para ofensiva. As conclusões são desoladas - em Avdiivka o inimigo preparou a posição de ataque. Hromadskyi observa, que em várias fotos de posições inimigas não há blindagem.

- Mas, na defesa, os soldados devem ser protegidos! - diz o comandante.
- É necessário cobrir todas as fendas para proteger suas pessoas. Por que não fazem isto? Porque estas posições não são para defesa, mas para ataque.

Comparando as duas fotos, o comandante observa que nas trincheiras, na primeira foto a neve é pisoteada, na segunda - não. Se a neve está pisoteada, significa que aqui os militantes sempre estão de guarda. E lá onde ninguém andou - preparam-se para ações ofensivas.

Quando dizem, que a chamada "DNR" espera ofensiva do exército ukrainiano - é mentira. Se eles estivessem preparando-se para a defesa, isto seria visto. Aqui é visto, que conduzem treinamento da defesa, andam pelas trincheiras, - mostra, o combatente, uma foto. Pega outra foto - Aqui eles não vão a lugar nenhum, mas reúnem forças e meios para realizar ações em nossa direção.

Comandante VOP

Em um dos pontos de resistência, próximo a Avdiivka, nos encontra o comandante com apelido "Chub" (topete).
Ele tem 24 anos e ele, a 11 meses, foi servir com a mobilização da vez. Anteriormente ele ocupava-se com airsoft (jogo de luta defendido entre os militares russos. Usam-se rifles, pistolas e automáticos, que disparam bolas de plástico de 6 mm - Pesquisa Google - OK)), mas agora, com entusiasmo fala sobre a vida quotidiana militar. Embora tenha passado pela cátedra militar, a verdadeira ciência militar adquiriu na frente. Ao invés da desmobilização quer entrar nas unidades de fins especiais.

Durante a conversa, constantemente ouvem-se tiros e explosões. "Chub" apenas ocasionalmente comenta: Este era AGS 
(AGS - 17 "Chama" - Lançador automático de granadas. Destina-se para inimigo em trincheira aberta, terreno natural, rios, ravinas, encostas, alturas. (Pesq. Google - OK).
 - Atiram? Isto é na região da Mina Butivka. Lá está a brigada 93, a eles sempre voa. É longe, algo como 1.000 - 1.500 metros. Então podemos não nos preocupar com a nossa segurança,- acalma "Chub".

Enquanto continua a luta na mina, aqui os militares reforçam as defesas. O comandante definiu aos engenheiros a tarefa de equipar os campos minados - para acrescentar proteção a si mesmos.
O terreno é difícil, no caso da aproximação do inimigo, será complicado alcançá-lo com armas de pequeno porte, - explica "Chub". - Colocaremos a cerca, arame farpado, malha, para de todos os modos nos protegermos do inimigo. É tudo defesa. A situação é tal que as ordens vêm unicamente para defesa. Minha tarefa aqui - proteger a vida do pessoal. Fazemos tudo o que é possível.

Comandante com 24 anos de idade, "Chub" faz todo o possível, para proteger seus combatentes.
Nas mãos, "Chub" segura uma mina anti-infantaria MON-50. Esta é uma arma muito perigosa de ação dirigida, explica o militar. E são justamente estas, que seus subordinados colocam ao redor do ponto de resistência. O comandante diz, que estas são dirigidas.
- Para os locais elas são seguras. Enquanto não as fecharmos, elas não explodem. Se vem comando que permite explosões, nós podemos aplicar minas semelhantes.

Além disso, aos militares é necessário informar sobre tiroteios inimigos. Mas, se o ataque é claro, não é proibido abrir fogo, diz "Chub". Os próprios combatentes tentam não abrir fogo sem necessidade, diz o comandante, quando mostra outro exemplar da arma.
Esta é uma metralhadora pesada, Degtyarev - Shpagina. Protegida para reprimir o inimigo com fogo. A arma não é particularmente precisa, mas a ela, a precisão não é necessária. Ela precisa criar uma "muralha de fogo", como gostam de dizer no exército. Nem lembro quando foi usada pela última vez. Em geral nós nos esforçamos para não usá-la porque, quanto maior o calibre, tanto maiores as chances, de que, exatamente, ele será o próximo alvo. Mas, se há necessidade de utilizar a arma - dificuldades não há. 
Os militares mostram outras surpresas, mas pedem sobre elas não espalhar.

"M​ediocridade do comando encobre-se com o heroísmo dos soldados".

Algumas conversas dos militares sobre a liderança. Particularmente pedem direcionar a atenção na técnica, que abastece o batalhão.
Por exemplo, o mais jovem BRDM-2 (Principal veículo blindado de combate, de fabricação soviética, em uso de tropas de reconhecimento, tem mais de 30 anos de idade). Outros ainda mais velhos. Esta informação não é segredo, sobre isto você pode até encontrar na Wikipedia.

A Avdiivka defendem os velhos BRDM-2, das FB-Paginas - 16º batalhão separado de infantaria mecanizada
Diante de tão antigo equipamento, os militares na frente surpreendem-se, porque melhor que a eles abastecem a Guarda Nacional.

- Em Verhnotoretskyi (aproximadamente 2 km da linha de fronteira - Autor) há postos de controle, nos quais estão "natsyky" (Assim os militares das Forças Armadas da Ukraina aqui, entre si, chamam os combatentes da Guarda Nacional - (Verdade Ukrainiana), que possuem armas Hamer e equipamentos. A dois quilômetros deles as posições das Forças Armadas da Ukraina, que são bombardeadas, não tem nada, como nós. Quantas vezes já levantamos esta questão, por que a Guarda Nacional é abastada na íntegra, mas defende apenas Kyiv, e nenhuma mudança, - diz um militar.

Entre si, os militares brincam, que o mais novo equipamento deles - é o ônibus "Bohdan", de ataque na guerra. (Bohdan, é nome masculino, também é nome de uma importante fábrica de ônibus na Ukraina - OK). No Estado Maior há generais que não tem nenhuma informação sobre o abastecimento técnico do batalhão.

Recentemente veio a informação: Grade (lançador de foguetes múltiplos-OK) e tanques para vocês: vão, verifiquem. Mas, ir para onde verificar? A uma distância de 20 km para retaguarda do inimigo? Não tendo informação nem sobre os campos minados, nada? Se tivéssemos um avião (zangão) automático, nós iríamos. Mas não temos. A cada equipe é destinado um, mas ele não existe. Nosso comandante implorou um dos vizinhos.

Parece que a única melhoria constatada, para os militares, é no fornecimento de alimentos. Os produtos recebemos a cada dez dias. Também vem os voluntários, na sua maioria os conhecidos de Poltava (o batalhão formava-se junto com o batalhão de defesa "Poltava"), mas também de outras cidades.

Existem prolemas com o uniforme de inverno. (E pelas fotos e vídeos que vejo na Internet, as nevascas lá estão fortes -OK). O que veio não é suficiente. Especialmente necessitamos de casacos de pele militares e botas. Mas, com isto os voluntários ajudam.
Os comandantes reagem mais ou menos bem nos locais. A mediocridade do comando é encoberta com o heroísmo dos soldados, - conclui um dos militares. 

Alexei Bratuschak para Verdade Ukrainiana. Fotos do autor.

Tradução; O. Kowaltschuk

Nenhum comentário:

Postar um comentário