segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

"Eu não comemorei o Natal, mas fiquei feliz por vocês..."
Em greve de fome a quase um mês, Nadia Savchenko perdeu a saúde, mas não a fé
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 14.01.2016
Inna Pukish-Yunko


Segundo os advogados, o veredicto do caso Savchenko, não será antes de fevereiro. Durante um mês de greve de fome, sua saúde deteriorou significativamente mas, abandonar o protesto Nadia não vai. E mais, após o veredicto ela pretende, também, adotar a greve seca. Que poderá não sobreviver até a audiência decisiva, ela fala com tristeza (porque não verá mais Ukraina), mas sem medo. Diz que está pronta para o pior, mas não perde a esperança para o melhor.

Do horror do isolamento, pensamentos opressivos e dor física, ela se distrai com o apreciado hobby - origami. E escreve cartas - aos familiares, outros prisioneiros como ela do regime Putin ( Oleg Sentsov, Oleksander Kolchenko) e ukrainianos. "Nossos feriados foram pesados, mas amargamente engraçados. Nós não perdemos o ânimo e sabemos rir até sobre a morte. A liberdade é mais cara que a vida! Ukraina acima do mundo tudo!" - escreveu Nadia, congratulando-se com compatriotas, no Natal e Ano Novo. E - linhas de sua mensagem: "Passaram os dias santificados. Acredito que vocês estão bem providos, com generosidade e alegria! Gostaria muito que fosse assim. Eu não tive dias santificados, mas fiquei feliz por vocês. Eu ainda estou aprisionada, estou indo e faço greve de fome! Eu acredito que o maldito inferno breve entrará em colapso, rolará em ruínas e esquecimento, lá é o seu lugar".

Seus advogados estão preocupados com seu estado de saúde. "Ela sente dor no pâncreas, crise de náuseas. Argumentos para abandonar a greve de fome não dão resultados. Apesar de tudo Nadia mostra incrível força de vontade. Vemos que lhe é difícil, mas ela enfrenta", - escreveu em seu Twitter o advogado Mykola Polozov.

Os carcereiros não se preocupam com o seu estado de saúde. Nadia Savchenko contou, que mesmo após duas semanas de greve de fome, não fizeram nenhuma análise. Mas nas referências ao tribunal atestam que sua saúde é normal e ela pode participar de processos judiciais. Mas, para "diagnósticos corretos" não estragar com "imagens incorretas", os jornalistas não podem mais fotografá-la durante os julgamentos. "Espero que ninguém note, como ela emagreceu", comentou o "togado de Putin" Ilya Novikov.

A sentença de Nadia não dará trabalho aos juízes, ela já deve estar pronta a muito tempo. Quem a pronunciou, é claro: Moscou, Praça Vermelha, Kremlin. Os juízes desempenharam papel nominal - porta-vozes da vontade de Putin.

As previsões de que o veredicto seria anunciado antes do Ano Novo, não se concretizaram. A questão aqui não são apenas os aspectos processuais (Nenhuma prova da defesa foi incluída à questão) - Debate final, no mínimo duas semanas, mas mesmo depois, explicam os advogados, os juízes não terão pressa em anunciar o veredicto. "Vão esticar até o final da sessão da Assembléia Parlamentar do Conselho Europeu (cujo delegado é Nadia Savchenko) esperando que assim a repercussão do veredicto será menor. Então, esperamos que o veredicto não será antes de fevereiro" - prevê  Mykola Polozov.

A proteção de Nadia Savchenko espera, que após o anúncio do veredicto (que será de culpa), decisivos serão as conversações políticas bilaterais sobre a troca da piloto por prisioneiros de guerra russos. "Acredito, que em 2016 esta questão será resolvida - disse o advogado Mark Feigin. - Sobre o quão profissionalmente a defesa evidenciar os argumentos, ainda que não aceitos pela investigação judicial, dependerá a velocidade e a efetividade das negociações quanto a libertação de Savchenko.

"Caminho da seda" para Ukraina: desviando das sanções russas.
O transporte pela nova rota é 30% mais caro, do que através da Rússia - especialistas.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 15.01.2016
Anastácia Moskvechova


Kyiv - Ukraina pretende se tornar um país de trânsito de mercadorias da Europa para os países do Oriente, contornando a Rússia, dizem  no governo. Na sexta-feira,15 de janeiro, de Odessa parte o primeiro trem experimental Ukraina - Geórgia -
Azerbaijão - Cazaquistão, que fornecerá uma rota alternativa a estes países, de bens, cujo transporte através de seu território Rússia proibiu desde o início do ano. Os especialistas avisam que o novo corredor de transportes é mais caro que o anterior.

De Illichivsk, Odessa, parte um trem com produtos ukrainianos, para China, através da Geórgia, Azerbaijão e Cazaquistão. A rota denominada "Rota da Seda do Sul" através do Mar Cáspio e do Mar Negro, contorna o território russo, avisa o serviço de imprensa do Ministério da Infra-estrutura da Ukraina. 

Andrii Pyvovarskyi, ministro de Infra-estrutura, na reunião do governo prometeu acompanhar pessoalmente a implementação do projeto.
Este trem vai atender a cadeia logística nesta "Rota da Seda". Ele, além de dar acesso de bens ukrainianos aos mercados onde fomos, historicamente, muito fortes, criará um novo caminho entre Ásia e Europa Ocidental", - disse o ministro.
Além disso, num encontro em Bacu, operadores de transporte ferroviário de quatro países - Ukraina, Cazaquistão, Azerbaijão e Georgia - concordaram com tarifas preferenciais para transporte de mercadorias na rota de transporte internacional Trans-Cáspio (Encontrei na Internet notícia de 05.04.2012: Ukraina, segundo o ex-ministro Mykola Azarov pretendia fazer parte de projeto semelhante, com Azerbaijão e Geórgia, excluindo Rússia - OK).

Nova direção do "Caminho da Seda".


Arseni Yatseniuk, 14.01.2016 (Primeiro-Ministro da Ukraina):
"Hoje, do porto de Illichivsk sai o primeiro percurso experimental Ukraina-Geórgia-Azerbaijão-Cazaquistão-China. Ele será a nova direção do "Caminho da Seda" e alternativa de transporte de cargas da Ukraina para estes mercados, contornando Rússia.
Graças à decisão do governo da Ukraina quanto ao lançamento de tal trem, os produtos ukrainianos e europeus vão chegar aos países da Ásia Central, mesmo com existência de sanções sobre eles por Moscou. O embargo russo quanto ao trânsito e comercialização não impedirá ao transporte de nossos produtos aos mercados da Ásia Central. Para o lançamento do trem a Illichivsk já partiu a delegação do governo".

No início de 2016 o Ministério do Desenvolvimento Econômico da Ukraina anunciou completa cessação das mercadorias ukrainianas em trânsito, através do território da Rússia, em conexão com a entrada em vigor do decreto do presidente russo, Vladimir Putin. Este decreto regulamenta o transporte de mercadorias, pelo território russo, da Ukraina para Cazaquistão, após o término da zona de livre comércio entre Ukraina e Rússia. 

Kyiv disse que este passo "não é transparente, nem justificado e que tem caráter discriminatório", e introduziu sanções reversas - transição para cobrança de impostos sobre as mercadorias russas.

O transporte na nova rota é 30% mais caro, que através da Rússia.

Em geral, como observou em uma entrevista à Rádio Liberdade o especialista de estratégias econômicas Paulo Kukhta, a
reorientação da economia ukrainiana para mercados mais competitivos e menos corruptos, no curto prazo, será dolorosa porque certos volumes de comércio exterior irão desaparecer, mas "do ponto de vista do desenvolvimento" - é vantagem para Ukraina.

Países da Ásia Central, particularmente Cazaquistão, são os principais parceiros de exportação da Ukraina, portanto este passo é necessário, diz o diretor do Centro de estratégias de transporte Serhiy Vovk. Segundo ele, todos os anos para lá exportam-se mais de um milhão de toneladas de vários produtos, principalmente de produtos acabados, especialmente de indústria leve. No entanto, diz Vovk, o transporte de mercadorias pelo novo caminho, realmente necessita de maiores gastos, que anteriormente.

De acordo com os cálculos preliminares, a nova rota de transporte vai ser mais cara em trinta por cento ou mais, que o transporte através do território russo. Aqui há dois mares, o que significa carregar em Illichivsk e descarregar na Geórgia, depois carregar e descarregar no Mar Cáspio.

No entanto, de acordo com o especialista, este passo é de importância estratégica: atualmente trabalha-se no desenvolvimento de uma variável do "Caminho da Seda". Trata-se do fornecimento de mercadorias da Europa para China e no retorno pelo território de Cazaquistão, Azerbaijão, Geórgia e agora Turquia, mas Ukraina procura variáveis, para participar do projeto, diz Vovk. Aqui a rota é mais cara, mas é mais rápida. Se pelo mar, da Europa para China são 40 dias, então aqui são duas ou três semanas.

Tradução: O. Kowaltschuk

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