domingo, 6 de dezembro de 2015

Da "Companhia de Mulheres" ao "Batalhão Invisível": como lutam as ukrainianas.
As mulheres são capazes de lutar muito melhor que alguns generais-homens - autores da pesquisa.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade, 04.12.2015
Eugenia Oleinik

Mulheres combatentes na posição dos exércitos ukrainianos na aldeia Pisky. Janeiro 2015.
Em Kyiv apresentaram o primeiro estudo sociológico sobre a participação das mulheres na guerra do Donbas. Seu nome - "Batalhão Invisível" - metafórica, porque a experiência das mulheres no exército ukrainiano é, em grande parte invisível para o público, e para a legislação. Sim, as mulheres militares não podem abraçar uma lista significativa de postos, têm pior segurança e precisam, constantemente, refutar os estereótipos em relação a suas próprias habilidades. Mas os autores da pesquisa estão convencidos: as mulheres tem capacidade de luta melhor, do que alguns generais - homens, que lhes estabelecem limites.

A base do estudo do "batalhão invisível" foram cerca de 50 entrevistas com homens e mulheres que servem na zona de combate. Uma seção separada e dedicada à participação das mulheres no Euromaidan, especialmente a "Companhia de Mulheres", porque logo após a revolução muitas
mulheres que dela participaram, tornaram-se soldados.

Primeiramente, os sociólogos explicaram a motivação das mulheres-voluntárias. Todas elas vieram à frente por razões patrióticas e planejaram permanecer lá até o final da guerra. Estas mulheres, dizem os pesquisadores, geralmente são mais motivadas que os homens: para chegar à guerra, elas precisam superar estereótipos, provar o direito de lutar e aceitar o fato de que com a proteção social não poderão contar.

Mulher-soldado na zona ATO, na localidade próxima a Luhansk.Setembro 1914.
"As mulheres recebem lesões e contusões. E também são - "cozinheiras".

A legislação ukrainiana reconhece um rol de posições, que não estão abertas ao sexo feminino. Trata-se não apenas das profissões de franco-atiradores ou olheiros. Elas também não podem ser, entre outros, motoristas, fotógrafas, projecionistas, instrutoras ou tradutoras.Todos os cargos que contém a palavra "chefe" ou "comandante", não são disponíveis para mulheres, diz um coordenador de pesquisa e diretor do Centro da exploração aérea Maria Berlinska, a exceção do chefe da casa de banhos. "Chefe da cozinha" também não pode ser mulher. No entanto, cozinheira - sim, pode", - disse ela.

Estas regras são definidas em dois documentos: "Lista provisória de cargos de sargentos e sub-oficiais", de maio de 2014 e "Ordem do Ministro da Defesa para posições oficiais às quais podem nomear mulheres, alistadas para serviço militar nos termos de contrato".

Mulheres-soldados ukrainianas durante o ensaio da parada militar no Dia da Independência da Ukraina. Kyiv, agosto de 2015.
No entanto, as mulheres executam, de fato, as mesmas tarefas que os homens, mas não são registradas ou, oficialmente, ocupam outras posições. Por conseguinte, não tem direito aos benefícios sociais, diz Maria Berlinska.

Antes da guerra esta situação era silenciada. Sabiam, talvez, a história de Nadia Savchenko, que por dias guardava o Ministério da Defesa, para encontrar-se com o ministro e obter permissão para fazer o curso de piloto. Mas isto foi antes da guerra. Agora a história é outra. Já muitas mulheres passaram pela frente, receberam lesões, concussões, e experiência. E, juntamente com isso, elas são "cozinheiras", - observa Berlinska.

"As mulheres não são vítimas, elas tem plenos direitos de participação da solução de conflitos."

A pesquisa "Batalhão invisível" divulgou uma série de problemas, sobre os quais, como dizem os sociólogos, geralmente não mencionam na mídia. Por exemplo, a alta de tamanho adequado do uniforme e produtos ginecológicos, síndrome pós-traumático e problemas de reintegração. Algumas mulheres contaram, que os serviços sociais tentavam pegar seus filhos, enquanto elas permaneciam na zona de combate.

À pergunta "Se o exército se tornará mais efetivo com a participação das mulheres?" a maioria respondeu afirmativamente. As mulheres, frequentemente são melhores franco-atiradoras ou médicas devido a melhor desenvolvidas habilidades motoras finas, além disso, são mais disciplinadas e menos propensas ao alcoolismo. Finalmente, alguns homens reconhecem que possuem exemplos positivos da participação de mulheres nas ações militares mas, ainda assim acreditam, que a guerra - não é assunto de mulher. Os estereótipos são comuns entre as próprias mulheres: muitas consideram, que realizam tarefas menores em comparação com as executadas pelos homens.

Mulheres combatentes do "Setor Direito" durante exercícios militares próximo a cidade de Khust no Zakarphatia. Junho 2015.
Sociólogo e autor do estudo Tamara Martsenyuk: na sociedade moderna, as próprias mulheres têm o direito da escolha: preparar a sopa ou morrer nas barricadas. "O paternalismo estatal é bastante desatualizado. Muitos documentos internacionais declaram mudança do papel da mulher não apenas como vítimas de conflitos, mas como membro partícipe de plenos direitos, na resolução de conflitos, no nível dos homens", - diz ela.

"No exército, o condutor não apenas dirige o carro. Uma mulher pode não dar conta".

Tamara Martsnyuk diz, que a razão da proibição às mulheres, de uma ampla gama de posições é devido ao ato, que as Forças Armadas - fazem parte do mercado de trabalho. Portanto, os direitos das mulheres lá são definidos com a legislação trabalhista. Lá, desde o período soviético estão prescritas certas regras, que regulamentam o trabalho das mulheres: por exemplo, limite de peso que a mulher pode levantar, ou a proibição de dirigir cetos veículos.

O coronel Vitaly Golota, chefe do departamento social-militar do Departamento Pessoal das Forças Armadas, explica: os vagas seniores as mulheres não podem ocupar porque elas tem menos possibilidades de estudo para especialidades militares. No entanto, posições proibidas - é prolema da legislação. Muitas proposições para expansão das Forças Armadas foram rejeitadas pelo Ministério dos Assuntos Sociais, diz Vitaly Golota.


Durante a cerimônia de premiação presidencial aos oficiais das Forças Armadas. Kyiv. março de 2015.
No entanto, que esta lista é discriminatória, o coronel não considera. E acrescenta, que, por exemplo, a posição do motorista no exército não implica apenas na condução. "Às responsabilidades do condutor - e isto não é compreensível para um civil - estão incluídos o disfarce, a reparação do veículo, etc. A mulher, com todo o respeito, poderá não ter capacidade física" - diz Golota.

Hoje, nas Forças Armadas da Ukraina servem 14.500 mulheres, quase 2.000 delas - oficiais, 35 ocupam cargos seniores no Ministério da Defesa,  no Estada-Maior, nos diferentes tipos de Forças Armadas da Ukraina. 938 mulheres têm o estatuto de combatentes.


Espectadores sobre o filme "Aeroporto de Donetsk"
Eu queria que o público sentisse este horror, ouvindo os soldados de um e outro lado" - autor.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 05.12.2015
Tatiana Yakubovich


O filme de Shakheed Tulahanov "Aeroporto de Donetsk", elaborado pela equipe "Tempo Atual" (Um projeto da Rádio Liberdade e Voz da América para público do idioma russo - (Infelizmente não deu para entender bem porque as legendas são em inglês, e os diálogos falados, geralmente em russo. Mas ainda vale a pena ver-OK), recebeu críticas contraditórias. "Imagem nua e crua da guerra" - assim os autores apresentam sua fita.
A redação ukrainiana da Rádio Liberdade recolheu reações das redes sociais sobre o trabalho dos jornalistas, que mostra a luta pelo aeroporto através dos olhos não apenas dos soldados ukrainianos, mas também dos militantes pró-Rússia "DNR", que são reconhecidos como terroristas, na Ukraina


São necessários testemunhos sobre a guerra por pessoas do outro lado do front _ o debate aumenta em torno desta questão. Jornalistas militares desejavam mostrar "uma imagem objetiva de ambos os lados", explica sua abordagem o autor do filme Shakheed  Tulahanov. É inverno,é frio, constantes ataques, claustrofobia - de lá não era possível sair! Eu queria que o público sentisse aquele horror, ouvindo soldados de um e outro lado.

"As entrevistas com os canalhas terroristas russos Guivi e Motorola" que torturavam e escarneciam de nossos soldados. Eles representam "outra parte do conflito", "separatistas" - maravilha...", "Isto indigna, isto é inaceitável. Vamos, façamos uma entrevista, por exemplo, com terroristas franceses...", "assassinos, consigo ver seus rostos e ouvir seus relatos, como matavam nossas pessoas" - tais comentários, entre outros, deixavam na página do projeto do filme "Tempo Atual" os usuários do ukrainiano "Facebook".

O conhecido jornalista ocidental Simon Ostrovsky, que sozinho coria o conflito no Donbas, para a publicação VICE News, aconselhava ver a fita. Segundo ele, esta é uma história de batalhas sangrentas e brutais dos participantes, é um microcosmos da guerra, que todos devem ver e compreender a tragédia da Ukraina.

O filme dá uma idéia da escala do que aconteceu com o aeroporto Prokofiev. Começando com quadros e sons do aeroporto antes da guerra, com os seus núncios para pouco, ruído surdo dos motores das aeronaves, filas para chek-in, terminando em ruínas disformes das placas de gesso. 

"Apenas um pouco daquilo, que causou "Putlyer". Este aeroporto ukrainiano era novo, construído com a mais recente tecnologia. Antes que ele invadisse Ukraina e causa-se tantas mortes, ferimentos e destruições, - responde o usuário do "Facebook" inglês.  - Os militares ukrainianos, heroicamente, mantiveram o aeroporto durante meses, no meio do inverno, perante muito maior número de terroristas, apoiados pela Rússia mas, finalmente, foram derrotados. Houve muitas mortes e feridos de ambos os lados'.


Hoje, nova assembléia popular em Kryvyi Rig
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 06.12.2015

Na praça, próximo da Câmara Municipal, nova reunião com cerca de mil pessoas, que se opõem à fraude no segundo turno das eleições. Muitos não compareceram porque o governo municipal reduziu drasticamente o transporte municipal.
O povo recebeu apoio do deputado Semen Semenchenko. Ele disse que os protestos espalham-se, já surgem na cidade de Starobilsk, em Luhansk, onde a revolta é contra os separatistas e corrupção.

O chefe da polícia, local, Velery Liutyi bateu em Vitali Cherniavsky, assistente do deputado Yegor Sobolev, quando este passava ao seu lado. O agredido chamou a polícia, mas primeiro entraram em contato telefônico com o agressor. Finalmente a polícia acabou vindo.

Este já é o terceiro protesto. Desta vez, os participantes assinaram uma declaração dirigida ao presidente do Parlamento e líderes de todas as facções parlamentares para garantir novas eleições para prefeito e conselho da cidade. Enviam delegados a Kyiv, também ao presidente (que continua quietinho - OK), e pedem: "assegurar a realização de novas eleições para prefeito, que foram manipuladas em favor de Yuri Vilkul, e ao conselho da cidade de Kryvyi Rig, onde as facções "Pátria" e "Partido Radical" passaram para o lado do falsificador, e não desistem de seus mandatos, mesmo após o anúncio de sua dispensa partidária."

À cidade veio um novo chefe de polícia, enviado por Khatia Dekonaidze, nova chefe de Polícia Nacional (È mais uma georgiana Trabalhando na Ukraina - OK).

Tradução: O. Kowaltschuk

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