Ukrainska Pravda Zhyttia(Verdade Ukrainiana Vida), 28.07.2015
Maria Tomak, Centro de Liberdades Cívicas.
Recentemente, em uma conversa com agência de informações o diplomata ukrainiano admitiu, que durante o último ano a estatística dos detidos e condenados ukrainianos na Rússia bate todos os recordes.
E, em 70% dos casos trata-se sobre artigos de "narcóticos", que são facilmente relacionados coma fabricação de casos "necessários". Lembra pelo menos uma das mais céleres questões russas recentes - a questão do prisioneiro político Ruslan Kutayev.
"Na posse" do professor de cabelos grisalhos que se atreveu a organizar uma conferência sobre a deportação do povo checheno , no dia em que todos receberam ordem categórica de desfrutar a vida e celebrar o encerramento dos Jogos Olímpicos de Sochi, - encontraram drogas. E, por isso, agora, ele é julgado. Conveniente, barato e eficaz.
Isto aplica-se aos casos, quando há uma pessoa "problemática", (cientista) , para a qual é necessário encontrar um artigo (cláusula). Mas no Estado russo, onde já apagaram-se os limites entre o LifeNews e o Comitê de Investigação, surgem outras necessidades.
Assim surgem as estórias dos sanguinários "banderas" (¹), que estupram e matam mulheres e crianças da "Nova Rússia", há uma "grande questão ukrainiana" sobre crimes de guerra do exército e liderança do país, com o que ocupa-se especialmente criada gestão para investigar os crimes, relacionados com o emprego de métodos de guerra proibidos. E, para tudo isso é necessário encontrar o "homem".
E, exatamente esta pessoa tornou-se Sergey Lytvynov, morador da aldeia Komyshny, da região de Stanychno-Luhansk, a uns 5 (cinco) quilômetros da fronteira russa. Não é herói, não é um voluntário, não participa da resistência à ocupação russa. E por que exatamente ele? perguntará você? É porque ninguém tem pena dele. Ninguém.
Em sua casa, com um pesado e úmido cheiro funciona a televisão, na parede - uma visível rachadura. Trapos nas janelas. A moradia da família Lytvynov causa uma deprimente impressão. Eu nem sei, como denominar correto e com tolerância. Camada mais baixa da população? Fundo social?
A companheira de Sergey Lytvynov Elena Papushyn é categoricamente contra ser fotografada, mas está pronta para falar. Na sala em que conversamos, andam dois gatinhos lambuzados.
Elena, pela última vez viu Sergey em 12 de agosto de 2014 mas, antes de tudo ela preocupa-se com a falta de lenha e meios de subsistência. "Eu não sei o que eles "colam" nele"... Mas aqui vem o inverno. Não temos lenha... Precisa fazer consertos. Alimentar a pequena. A luz já não está sendo paga um ano."
Eu fui a aldeia Stanychno-Luhansk especialmente para me comunicar com parentes e conterrâneos de Sergey Lytvynov, um dos arguidos da assim chamada "grande questão ukrainiana". É exatamente desta questão foi separada para um novo processo a questão de Nadia Savchenko.
Agora a Komyshny não é fácil chegar. Na entrada - último checkpoint ukrainiano - guardas de fronteira. Quando nós nos aproximamos, por nós passam duas vovozinhas curvadas, alcançam do peito os passaportes dentro de saquinhos plásticos, descartáveis.
Após a verificação dos passaportes, elas arrastam os pés e desaparecem no horizonte, em direção a Stanytsia. Não nós deixariam passar, se nós não tivéssemos contato anterior com os moradores. Em Komyshny, já meio vazio, após do início das hostilidades quase ninguém ficou. Cada segunda casa - vazia.
A última vez que Elena Papushyn viu Sergey foi no verão do ano passado, - ele sofria de "Fluxão", a situação exigia intervenção cirúrgica. É por isso que cruzou a fronteira ukrainiano-russa: as estradas às instituições médicas foram cortadas pelas ações de combate. Em conversa conosco tal motivo da viagem de Lytvynov à Rússia confirmou a paramédica da aldeia , Galina.
Foi ela que lhe recomendou ir à região de Rostov (Rússia).
Em nossa aldeia tem ambulatório, mas então nem médico havia, o transporte não funcionava. Quando Lytvynov veio a mim com o rosto empedrado, eu entendi: precisa cortar. Disse: que tal pelo buraco? (Devia tratar-se de alguma passagem à Rússia sem necessidade de documentos - OK) - e para Tarasivska, lá tem hospital. E, ele foi.
No início a esposa dizia que tudo estava bem, que lhe fizeram operação, mas depois veio e disse: "Dê ao meu Sergey um certificado, que ele é um tolo, porque lá, ele falou muita bobagem sobre si". "E como eu darei tal certificado? Apesar de que ele não é amigo de sua cabeça.
Quem é Sergey Lytvynov?
Sergey Lytvynov, 32 anos, nasceu em Luhansk, em uma grande família pobre. Tem apenas sete anos de instrução e sete filhos. Ganhava a vida executando trabalhos aleatórios: cavando buracos, coleta de sucata de metal, pastagem de gado, ajuda a agricultores locais.
Sergey não é único da família com problemas de desenvolvimento. O médico da aldeia coloca seu diagnóstico - "3º grupo de debilidade": "Apesar de ter frequentado a escola, não sabe contar dinheiro. Andando, fala algo. Toda a família é assim. Ninguém preocupou-se com eles. Sergey nunca trabalhou oficialmente, por isso não tem nenhum atestado sobre sua saúde. Exames de saúde nunca faz".
No exército Lytvynov não serviu, no conflito no leste não foi incluído. Mas nos autos da questão do Comitê de inquérito da Rússia ele torna-se "karatelh" (membro de destacamento punitivo - OK) do batalhão "Dnipro".
Na deliberação sobre sua acusação o Comitê Investigativo afirma, que a Lytvynov os crimes previstos: "a", "g", "l", cap.2, Art.105 do Código Penal (assassinato de duas ou mais pessoas, cometidos por um grupo de pessoas por acordo prévio, em razão de ódio político), e também cap. 1, Art. 356 do Código Penal (abuso de civis, bem como a utilização em conflitos armados de meios e métodos proibidos pela Convenção de Genebra).
A questão de Sergey Lytvynov na Ukraina tornou-se conhecida após o aparecimento do assunto na TV russa, no verão do ano passado. Eles falam sobre o "assassino" do batalhão "Dnieper" que privava de vida mulheres e crianças no "South-East" da Ukraina.
O Ministério do Interior imediatamente anunciou que não havia nenhum Lytvynov no "Dnieper". Em seguida apareceram algumas publicações de direitos humanos russos(1,2), que conseguiram penetrar na câmara de Lytvynov de "Lefortovo" em Moscou (prisão), e perguntaram sobre como ele, conseguiu entrar neste local, com tão má reputação.
Todos os parentes e moradores da aldeia de Lytvynov, com os que eu consegui conversar, concluem que, além de subdesenvolvido, Sergey tem outro problema - gosta de se vangloriar.
Acreditam, que foi isto, que levou a consequências tão desastrosas. A versão mais difundida dos acontecimentos, que ocorreu após o seu desaparecimento, é: estando no hospital na aldeia Tarasivska, na região de Rostov, com outros militantes, Lytvynov inclinou-se para o supérfluo e começou a recontar os temas da TV russa sobre os "Karatelh" ukrainianos, atribuindo tudo o que viu para si. "Ele gosta de mostrar-se, o tempo todo conta quaisquer invenções. Ele podia ouvir algo, em algures, e, em seguida recontar. Ele, às vezes bebia, não muito, mas acontecia" - diz o paramédico rural.
Foram os vizinhos da enfermaria de Lytvynov que, supostamente, denunciaram aos órgãos competentes as estórias do vindo de Komyshny. Então Lytvynov foi parar sob custódia da polícia em Millerovo da região de Rostov, onde realizaram-se os seus primeiros interrogatórios e apresentação da resolução sobre trazê-lo, como réu, ao tribunal. Daí o assunto na TV russa. Depois - Lefortovo (prisão em Moscou).
Não acertaram com Geografia
Diretamente na rua de Komyshny eu encontrei a mãe de Sergey Lytvynov, Lyubov Petrovna. A mulher chorosa fala sobre o filho, que "além de um martelo e machado nada sabe, nem mesmo é capaz de cortar a cabeça de uma galinha. "Pergunte a qualquer pessoa, ela lhe dirá!" - convence ela como se eu
fosse o Comitê Investigativo.
Os conterrâneos de Lytvynov com intermitência contam que Lytvynov é uma pessoa absolutamente pacífica. Uma das moradoras de Komyshny, que eu encontrei na loja da aldeia, juntando as mãos, exclamou: "Pobre criança!", ela diz estar pronta para ir à Rússia e provar aos investigadores que Lytvynov não poderia ter realizado aquilo, do que lhe acusam.
"A aldeia toda assistiu, quando mostraram Sergey na TV. Do outro lada da fronteira, os parentes começaram telefonar: Quem é esse"karatelh" que vive em sua aldeia", - diz a mulher, acrescentando que toda esse história aqui foi completa surpresa.
No processo penal Nº 201/837072-14 - Montanhas de cadáveres, que na verdade não existem, afirma proteção de Lytvynov.
Talvez os investigadores tiveram muita pressa "para revelar a verdade", porque nos documentos, que caíram em nossas mãos através dos ativistas russos de direitos humanos, existem outros erros muito óbvios. Batalhão "Dnieper" nos arquivos da questão "realiza ações punitivas", na região de Stanytsia na realidade nunca existiu na aldeia Shyrokyne que supostamente era a sua base - os militares ukrainianos nunca estiveram.
Esta aldeia urbana localiza-se em ambos os lados das principais artérias, dizem os locais.
"Em Shyrokyne não houve nenhuma base. Em Nyzhna Vilkhova, Teple - sim.
- Mas em Shyrokyne não houve, nunca, quaisquer formações ou aquartelamentos. Quando nós por lá passamos, a impressão é que, em Shyrokyne é outro mundo, não há militares, tudo calmo," explica uma moradora de Komyshyn.
Mas, antes de tudo, dúvidas surgem no próprio interrogatório de Lytvynov, que está recheado de detalhes como, por exemplo, divisas com inscrição "Batalhão punitivo Dnipró", e também menção que Kolomoiskyi, (²) pessoalmente trazia dinheiro aos "karatelh", sob o manto da noite.
Este episódio é descrito no protocolo e, supostamente, realizou-se na localidade Millerovo, na região de Rostov, ainda em 29 de agosto de 2014, ou seja, logo após a prisão.
A proteção do acusado questiona a autenticidade destes relatórios, onde o acusado, com as mesmas palavras descreve, próximo de dez estupros e assassinatos.
Além disso, de Lytvynov, que não escreve, nem fala corretamente, é improvável que se possa esperar declarações, que lembrem trechos do livro de criminologia.
Aliás, um detalhe interessante. Durante a conversa com a mãe de Lytvynov a mulher mostra o telefone do filho, e de passagem me chama atenção, que todos os nomes de sua caderneta telefônica, exceto a palavra "mamãe",(mama - em ukrainiano) estão escritas com erro. Mesmo nesse fragmento do protocolo do interrogatório é evidente, quão difícil a Lytvynov algumas palavras comuns, e mesmo estas ele escreve com erros.
Os ativistas de direitos humanos russos, que visitaram Lytvynov na prisão em Moscou e Rostov-on-Don, confirmam a impressão de que Lytvynov não é uma pessoa saudável.
E, somente o famoso instituto Serbskyi em Moscou, que conduziu, de acordo com os materiais da questão, os exames, declara com autoridade: Lytvynov - absolutamente saudável.
Bem, é claro, de outra forma a questão desmoronaria.
A impressão é que, devido a sua vulnerabilidade Lytvynov foi escolhido. Quem o defenderá? Quem, por causa dele vai levantar barulho? A quem ele é necessário? A confirmação adicional é que - mais uma pessoa, que é envolvida no caso - Yuri Shepelov, também é residente de Komyshny.
A enfermeira Helena, ouvindo este sobrenome, resmunga: Shepelov? Ele é igual Lytvynov. Trabalha como guarda noturno da porqueira. "Que batalhão? Ele nem conversar normalmente consegue".
Nem tudo é tão simples.
No entanto, o caso Lytvynov pode revelar-se não tão simples, embora não no sentido que gostaria Bastrykin (Presidente do Comitê de Investigação da Rússia).
Particularmente, há uma suspeita que o residente de Komyshny encontrou-se na Rússia não por acaso, mas com a finalidade de receber o estatuto de "refugiado", que lhe foi prometido, e se arrasta pela vida.
Quem e como levou-o até lá - isso já é uma questão separada, com a qual deve ocupar-se SBU (Serviço de Proteção da Ukraina).
E nós devemos aceitar que nem todos os prisioneiros ukrainianos, mantidos pela Rússia, são heróis.
Entre eles há aqueles, aos quais deseja-se cantar odes - como Nadia Savchenko e Oleg Sentsov, e há aqueles que não vale elevá-los ao culto, mas isto não significa, que a sua libertação não deve ser exigida.
São cidadãos ukrainianos, ilegalmente presos e detidos no país agressor, e o que é mais característico - com esses cidadãos Kremlin luta contra nós. Sobre a questão de Lytvynov precisa falar bem alto.
Paradoxalmente, ela adiciona otimismo - porque testemunha a inadequação do sistema dos órgãos de proteção da FR, que trabalha segundo o princípio de LiveNews, gradualmente perdendo contato com a realidade.
E, ainda devemos pensar, porque no país há dinheiro para o "eleitoreiro trigo mourisco" (³), mas não há para ajuda a cidadãos - nem mortos, nem vivos
O defensor de Lytvynov, o advogado russo Viktor Parchutkin trabalha por entusiasmo. O Estado ukrainiano para proteção de seus cidadãos, capturados pelo país agressor, fundos não consegue encontrar. Embora o valor não seja tão alto. Os prisioneiros de Kremlin entram na Relação de troca, o que, no caso dos oficialmente detidos no território da FR dificilmente funciona.
Recentemente Sergey Lytvynov foi transferido para Rostov-on-Don, onde realizam-se as ações investigativas. Os ativistas russos que o visitaram na prisão, dizem que as condições são normais, não há pressão sobre ele. É duvidoso que ele tenha consciência o que significa, que à lista de artigos originalmente investigados foi acrescentado mais um - roubo à mão armada.
Ironicamente, esta notícia deve ser recebida como um sinal positivo: a acusação de roubo de um carro pode ser pela falta de provas sobre a parte principal. Não há corpos mortos por Lytvynov. Nem testemunhas para "ações punitivas" no no Comitê de Inquérito não se encontrou. As acareações, segundo informação da publicação "Kommersant" - falharam. Mas justificar a longa permanência da Lytvynov atrás das grades é preciso, assim apareceu o roubo à mão armada.
Espera-se que a investigação continuará até o final de outono deste ano. Então a Lytvynov apresentarão a acusação final e começará a consideração do mérito. E depois...
Instale-se confortavelmente. LifeNews e o Comitê do Inquérito representam a Rússia...
1. Stepan Bandera foi um dos nacionalistas ukrainianos que organizavam-se para lutar contra o domínio soviético na véspera da II Guerra Mundial. Assim que o exército alemão entrou na Ukraina Ocidental, este grupo declarou a independência da Ukraina. Bandera foi detido e enviado para prisão na Alemanha. Depois da guerra continuou na Alemanha, vivendo na "sombra" para não ser descoberto pelos agentes russos, o que acabou acontecendo e ele foi assassinado em 15.10.1959.
2. Ihor Kolomoyskyi é um oligarca. Foi governador de Dnipropetrovsk. Por motivos sérios em sua gestão deixou o cargo "voluntariamente". Nunca li nenhuma notícia sobre suas doações ao exército ukrainiano.
3. Trigo mourisco é um alimento muito comum e apreciado por lá. Sempre é citado, pejorativamente, como item de "doação" dos candidatos aos eleitores, nas campanhas eleitorais
Tradução: O. Kowaltschuk
Nenhum comentário:
Postar um comentário