sábado, 22 de agosto de 2015

Notícias do jornal "Vysokyi Zamok" - de 20.08.2015

Mesmo aqueles que no ano passado votaram a favor da "DNR", agora - pela Ukraina. Dizem: Nós confundiram..."
 

Quem é este respeitável grisalho, que esperava ônibus numa cidadezinha em Ternopil, e era observado de esguelha  por outros passageiros - não local, dado o seu terno preto, vestido em dia quente, e dialeto de acento do leste. Não gosto de intrometer-me em conversa alheia, mas desta vez a curiosidade jornalistica venceu. Não lamentei nem um pouquinho, que me intrometi na conversa...

Andrew Vasilyevich Zhenchak, 86 anos! Nasceu em Yaroslav (pertencia a Ukraina - hoje Polônia a partir de mudanças de fronteiras durante o período Soviético - OK). Durante a infame "Operação Vístula, ele e sua família foi transferido para aldeia Kuryany em Ternopil. Quando se tornou adulto (ele era um rapaz esperto), foi designado para dirigir uma casa de comércio. Em seguida queriam colocá-lo como responsável pela fazenda coletiva. Recusou porque compreendia que opressão era aquela, quando por recolher no campo uma espiga de trigo enviavam os moradores para Sibéria (Isto acontecia durante 1932-1933, quando a "mãe" Rússia matou de fome mais de sete milhões de ukrainianos, durante o período que ficou conhecido com o nome de "Holodomor", que traduzida é "Morte pela fome" - OK). E, para que, à força, as autoridades distritais não o obrigassem ao trabalho gerencial, foi para o leste. E até hoje ele, filho de agricultores, vive no industrial Artemivsk, que fica a 84 km ao norte de Donetsk. E, alguns dias veio passear em locaias natais de Galiza. Enquanto esperávamos nosso ônibus conversamos sobre o dia a dia dos ukrainianos, próximos à linha de frente, que vão dormir e acordam com o som de tiroteios distantes...

- Será que há Ukraina em Artemivsk? - reexamina o Senhor Andrew. - Há. Todas as manhãs toca o Hino Nacional. Apreciamos a TV ukrainiana, lemos jornais ukrainianos. Apesar da proximidade da Zona Ato, a vida continua andando. Escassez de comida não há. Não há déficits. Funcionam os ônibus e trólebus. As fábricas funcionam. Continua a extração do sal. A cidade é famosa por sua enorme fábrica de metais não-ferrosos, com sua empresa "Vitória do Trabalho", onde preparam correntes especiais para minas, "Dorindústria", onde fabricam rolos compressores para pavimentação de estradas.
As pensões pagam regularmente. O atraso acontece por um dia, mas as pessoas não se queixam - porque, por apenas uma centena de quilômetros, nos territórios ocupados, as pessoas não recebem nada, sobrevivem, talvez, através da esmola de Akhmetov (Akhmetov é empresário, pessoa mais rica da Ukraina. Ele, multimilionário, construiu sua riqueza sozinho. Tem apenas 49 anos. Como ficou tão rico, do nada? Há algumas insinuações. - OK). Mas a inquietação nós também sentimos. Hoje está calmo - mas amanhã ouviremos tiroteios. Os vidros nas janelas vibram. Na primavera, os russos bombardearam nossa cidade com "Tornado". Arruinaram a escola, o jardim de infância, casas, prédios residenciais. Algumas pessoas morreram, muitas ficaram aleijadas. Agora nós vivemos "sobre as malas".

- Qual é a atitude da população em relação às autoridades ukrainianas?  Muito positiva! Veneram os nossos soldados. Estão dispostos dar a vida pela Ukraina. Até aqueles, que no ano passado ficavam nas filas e votavam por aquela tal "DNR", já mudaram de parecer. Muitas pessoas de Donetsk, observando, em o que transformou-se a preferência por Putin, dizem: nos confundiram, nós não precisávamos disto... 
Verdade, havia e ainda há muitos inimigos ocultos. Todos os dirigentes distritais, todos os procuradores fugiram para Rússia. Recentemente, nos prédios em ruínas, subsolos, descobriram quatro esconderijos de armas. Significa, alguém comandava os bandidos, alguém lhes forneceu isso! Mas o prefeito da cidade, Alex Reva, que administra Artemivsk já por 25 anos - pessoa necessária. Administrador. Não entregou ao inimigo nossa cidade...

- Como parar esta guerra? - continua Andrew. Não terminará enquanto nos atacarem com nosso dinheiro. Putin usa os milhões de Yanukovych (o ex-presidente pró -Rússia que fugiu durante o Maidan - OK), e com eles paga os chechenos que lutam contra nós. Isto dizem os separatistas presos. Se não houvesse intervenção da Rússia, se Moscou não apoiasse os militantes, esta guerra não haveria.

- Putin disse, que tudo o que acontece no leste da Ukraina - devido ao problema da língua, devido ao nacionalismo?
- Ninguém aqui pressionava ninguém! Na cidade, até pouco tempo havia a estátua de Lenin e monumento a Artem também (Artem - revolucionário e político russo - OK). Os deputados municipais, com o prefeito, decidiram como proceder. Resolveram desmontar. 
- Se não tenho medo viver próximo a linha de frente? Eu, na minha vida, já vi muito, naturalmente queremos sossego, paz. Passei três dias na Galiza, comemorei, gostei daqui, mas o lar chama. Lá eu tenho uma casa, terreno. Os canteiros precisam ser regados...

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Na OTAN advertiram a Rússia contra a apreensão de novos territórios no Donbas. Todos os 28 países membros, debateram a recente escalada do conflito no leste da Ukraina, e responsabilizara a FR na solução do problema.


"Qualquer tentativa por parte dos separatistas pró=Rússia em ocupar mais territórios ukrainianos será inaceitável para comunidade internacional", - observaram na OTAN.
"OTAN apoia claramente  a integridade territorial da Ukraina. Aliados confirmaram, que independente, soberana e estável Ukraina, firmemente comprometida com a democracia e estado de direito, é a chave para segurança na região Euro-Atlântica. OTAN continuará a acompanhar a situação com muita atenção", - resumiram no comunicado.

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Condecoração - do presidente, prótese - dos voluntários.


O "cyborg" Ostap Havreyliak, que passou sete círculos do inferno em Donetsk, foi condecorado com a Ordem de Bogdan Khmelnytskyi.

Pela coragem pessoal e alto profissionalismo, demonstrado na defesa da soberania do Estado e da integridade territorial da Ukraina, lealdade ao juramento militar, o presidente da Ukraina premiou o "cyborg" Ostap Havryliak com a Ordem de Bogdan Khmelnytskyi, de III Grau. A cerimônia aconteceu na residência do herói, no estreito círculo familiar. 
Aldeia Davydiv na região de Lviv. A bem cuidada casa da família Havryliak próximo da mata. Nos recebe a mãe de Ostap, Olga, com os olhos brilhando de bondade...
Subimos a escada. No quarto de Ostap, uma mesa com computador. No sofá uma grande bandeira vermelho-preta (É a bandeira revolucionária da ex-Organização  dos Nacionalistas Ukrainianos e do Exército Insurgente Ukrainiano - OK). Com tal bandeira Ostap passou o Maidan e, a um ano foi para o leste.

Ostap entra no quaro. Não sei, quem entra primeiro: Ostap ou o seu sorriso que torna o ambiente leve. O rapaz já domina as muletas.

- Aguardo a prótese e agradeço às pessoas que colaboraram na aquisição. Primeiramente vou usar um modelo experimental, diz Ostap.


Ostap lembra 06 de janeiro de 2015. Aeroporto de Donetsk. Rotação de "cyborgs". Precisa mudar e dar descanso aos amigos que estiveram sob as balas duas semanas. Então, ainda ninguém sabia que esta seria a última rotação. Ostap não imaginava que passará pelo inferno: disparos, envenenamento por gás, desmoronamento da cobertura, perna fraturada, impossibilidade de obter analgésicos, captura, amputação do membro.

A primeira explosão ocorreu em 19 de janeiro, - lembra Ostap - voaram todas as paredes. A segunda explosão ocorreu em 20 de janeiro. Nós estávamos no segundo andar. Caímos no fundo. Os separatistas disseram que a primeira explosão foi equivalente a 500 kg de TNT, a segunda a três toneladas. A explosão foi terrível. Nós eramos 40 - 50 combatentes. Trinta afundaram...

Ostap, desde os primeiros dias da guerra no leste, pedia para ser mobilizado. Mas, era recusado, porque um "guarda-cynologist" não era necessário no leste. (A tradução é do Google. O dicionário da língua ukrainiana traz a explicação da profissão de Ostap: parte da zoologia que estuda os cachorros, sua raça, espécie e cuidados - OK). No outono de 2014, Ostap, finalmente, recebeu a intimação, e acabou operando uma metralhadora. Quando partiu para o leste, disse à família: "Enquanto não vencermos - para casa não voltarei...".


Pergunto, o que ajudou passar o sangrento inferno e voltar à vida. 
_ Eu não fiquei deprimido, - diz Ostap - Até me disseram: "Por que você ri, você perdeu uma perna?" Eu respondia: "Se eu chorar, então o que, a perna crescerá?....
Corajoso, espírito de luta, patriotismo, enrijecido pela guerra.. Por trás de seu sorriso sincero esconde-se a dor. E os pesadelos noturnos do longínquo aeroporto. Lembra como o seu amigo-irmão Stas Stovban quis explodir uma granada, quando os separatistas se aproximaram. As mãos "não obedeceram". Lembra a expressão dos rostos, de amigos que foram enterrados sob os escombros do edifício... E um enorme agradecimento a todas as pessoas que se juntaram em seu socorro.

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SBU - Serviço de Segurança da Ukraina tem informações sobre um possível ataque terrorista antes de 24 de agosto - Dia da Independência da Ukraina. 
Segundo o presidente do SBU, "todas as forças do Serviço de Segurança estão em prontidão, para responder a qualquer informação sobre a eventual preparação de ato terrorista de sabotagem".
Anteriormente soube-se que cerca de trinta unidades de equipamento militar cruzaram a fronteira na área não controlada, próximo a Izvaryne, da Rússia para Ukraina. Os grupos estão concentrados perto da Stakhanov e Donetsk e continua a melhoria de suas armas.

Tradução: O. Kowaltschuk

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