domingo, 5 de julho de 2015

Saakashvilli como última esperança
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 24.06.2015
Natália Baliuk


Lembra da frase da infância: o circo se foi, os palhaços ficaram. Assim em nosso sofredor país: Yanukovych com a panelinha fugiu, mas a corrupção permaneceu. Afigurava-se que dentro de um ano viveríamos num novo país. O governo prometeu, que agora será sob "uma nova forma", isto é, honestamente.  Mas o "honestamente" de modo algum procede. "Por quê é assim?!" - desconsoladamente encolhemos os ombros. Porque, sob "uma nova forma" nem todos querem, e de "modo honesto", muitos não querem.

Olena Makeieva, Vice-Ministro das Finanças afirmou que em seus não ardilosos cálculos, 67% dos negócios trabalham nas sombras, isto é, não pagam impostos. Por que, transcorrido um ano após a Revolução da Dignidade o governo constata um fato tão desolado? Na essência afirma-se na própria impotência. O motivo é banal: no país, em um ano, nada mudou fundamentalmente (Extirpar o legado soviético, enraizado na alma dos cidadãos, sem uso de força, é tarefa educativa para décadas - OK). Apesar de doces promessas para diminuir os impostos e determinação no combate à corrupção, condições favoráveis para negócios transparentes, como não havia, não há. E, infelizmente, condições favoráveis para otimismo, os empresários não veem. Portanto, não têm pressa para retirar seus negócios dos já estáveis negócios sombrios. Aqui, pelo menos para eles, tudo é compreensível e trabalhado, mas, se tentarem trabalhar com transparência, ainda não se sabe como isso acabará. Como opção - falência. Porque as fiscalizações de todos os tipos, é duvidoso que deixarão o empresário em paz, e para todos os impostos e subornos ele, certamente, não terá dinheiro suficiente.

Quando 60% dos empresários ukrainianos consideram, que durante o último meio ano a situação com a corrupção não mudou e cada quarto diz que ainda piorou. Tais são os resultados da pesquisa do "Transparency International Ukraina", entre os líderes empresariais ukrainianos. E, de acordo com o levantamento da Associação Européia de Empresas, 80% dos entrevistados não estão satisfeitos com a eficácia do combate à corrupção, embora 30% dos entrevistados ainda esperam do governo medidas mais eficazes para combatê-la em todos os níveis do poder..

O embaixador dos EUA na Ukraina Jeffrey Payet acredita, que atualmente não há maior ameaça à segurança da Ukraina do que o câncer da corrupção. "Estas "práticas habituais", sua continuação, é maior ameaça ao futuro da Ukraina que os tanques no leste de seu território", - considera o diplomata americano. Esta declaração em minha opinião, é um cartão vermelho às autoridades ukrainianas. Lembremos da promessa do presidente ao ex-procurador geral Yarema "detenha três amigos mais próximos"... Mas, é óbvio, psicologicamente, é difícil cortar o galho, no qual você está sentado...

Quando Poroshenko nomeou para governador de Odessa Mikhail Saakashvilli (ex-presidente da Geórgia, indispôs-se com o atual presidente pró-Rússia. Aceitou o cargo na Ukraina, recebendo salário de alguns trocados, em troca de excelente remuneração nos EUA. Saakashvilli promoveu grandes reformas e melhorias na Geórgia durante sua presidência - OK), eu tive uma discussão apaixonada com meu amigo, sobre esta situação. Ele indignava-se, dizendo algo como, já designamos estrangeiros para governadores. E ele, para postos-chave também trouxe georgianos. "Será que não podemos encontrar alguns honestos profissionais?" - apelava com verdadeira ofensa meu amigo. "Significa, não podemos!" - respondia eu.  - 24 anos esforçamo-nos encontrar, e ao que chegamos? Construímos tão monstruoso sistema, que quebrar este círculo vicioso, onde a corrupção, como ferrugem, corroeu o mecanismo estatal até o fundo, é impossível. Por que patinam as reformas? Porque, por um lado, os políticos que chegaram ao poder, têm medo de tomar medidas drásticas, para não perturbar o equilíbrio no Estado, e não causar insatisfação das pessoas, muitas das quais, estão satisfeitas. Afinal, estes políticos, mais tarde, participarão de eleições, e todas as iniciativas impopulares "os eleitores agradecidos" lhes lembrarão nas cabines eleitorais. Por outro lado aqueles políticos não caíram da lua. Eles cresceram com este sistema, nasceram com ele. Como vão combater a corrupção, se em todos os lugares estão "suas pessoas", com as quais não uma vez "decidiam" e as quais, se houver necessidade "Tudo decidirão". Você teve a oportunidade de encontrar um pobre, mas honesto procurador? Ou bombeiro-chefe? Ou fiscal? Ou, desculpe, funcionário da alfândega? Obviamente, estes existem, mas quantos? Quase todos que trabalharam sob o regime Yanukovych (e antes dele), trabalham agora. Será que mudaram o topo para não cair no olho do povo? E não de todos. Alguém tem a ilusão de que essas pessoas mudaram? Que mudaram seus princípios de trabalho, sua abordagem aos negócios. Após a "Revolução da Dignidade" nenhum deles ficou com medo. E não mudou seus costumes. Recentemente estive num aniversário. Ao aniversariante veio parabenizar um grupo de amigos da procuradoria.  Anteriormente eu, Graças a Deus, não precisei travar comunicações. Mas, apenas, eles adentraram na sala, eu disse ao meu marido: procuradores! É como nos tempos soviéticos, imediatamente observava (fazia varredura) dos kadebistas. Assim agora é possível reconhecer os procuradores, os alfandegários, os fiscais. Em suas testas, simplesmente está escrito: "resolvo os problemas. Bem, inicialmente, eles criarão o problema à pessoa, depois decidirão.

Portanto, não é de estranhar, o que Saakashvilli fez em Odessa, pôs no lugar o procurador regional.
Saakashvilli reprovou a procuradoria pela "exigência de suborno e banditismo".  Ao que o procurador balbuciou algo como "eles agem dentro da lei", e Saakashvilli respondeu, com justiça, que eles são "mestres" para se esconder atrás da lei para descascar os empresários. E, emocionalmente declarou, que colocará fim a isto.

Corrupção não há, onde tudo é transparente, onde não há ambiguidades na legislação e onipotência de funcionários. Onde o governo e a lei estão ao lado do empresário. E nós ainda escrevemos as leis não às pessoas, mas para o procurador, funcionário, fiscal, bombeiro, que cinicamente  se ocultam sob o "nome do Estado". Além disso preservou-se a abordagem de desconfiança à iniciativa privada. A atitude aos negócios - é hostil. Na mentalidade dos funcionários até hoje ainda conservou-se o estereótipo soviético: se alguém ocupa-se com algo, ele é potencial criminoso e ladrão. Porque somente o Estado pode "rozkurkuliuvate" (palavra que se usou à ação do governo soviético que privava os cidadãos com repressões sociais e de propriedade) e em nada ajudar.

Para mim, o experimento de Poroshenko com a nomeação de Saakashvilli - talvez a última esperança, que no país algo pode mudar para melhor. Ex-presidente da Geórgia, que venceu em seu país a corrupção totalmente, não é apenas moralmente preparado para lutar no novo cargo em Odessa, mas tem também as mãos livres porque não está associado a nenhum clã na Ukraina. Nem político, nem econômico. Não serve a nenhum oligarca e não tem nenhum interesse comercial. Exatamente por isso, ao contrário de nossos combatentes caseiros com a corrupção, ele tem a chance de quebrar a coluna vertebral desse fenômeno. Alguém dirá que o diálogo com o procurador aconteceu em estilo autoritário. Mas este é o caso em que a democracia não opera. Lutar com a corrupção pode-se apenas com dureza e intransigência. Porque a resistência será feroz. Se Saakashvilli tiver sucesso em Odessa, esta experiência poderá ser implementada em todo o país. E então, até mesmo céticos que não aceitavam sua nomeação como chefe da Administração Estatal de Odessa vai pedir a Saakashvilli para assumir o governo da Ukraina.

Tradução: O. Kowaltschuk

Nenhum comentário:

Postar um comentário