segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Rússia já perdeu no Donbass mais soldados que EUA no Iraque em 12 anos.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 29.11.2014
Anna Shamanska


A imprensa mundial escreve, que a oposição armada no Donbass deveriam reconhecer oficialmente como guerra. E outros meios de comunicação enfatizam que Kyiv não deve esquecer outro importante "front" - a luta contra corrupção.

Na Ukraina, é hora de chamar a guerra de guerra, escreve o britânico Financial Times. Não olhando, como na Ukraina denominam o conflito, EUA, ou o que diz Rússia sobre o seu envolvimento no conflito, Europa é testemunha da maior guerra, pelo número de mortos desde os tempos da invasão soviética ao Afeganistão. Chegou a hora de reconhecer este conflito como guerra, diz a edição.

Em cinco meses de lutas no território da Ukraina Rússia perdeu tantos soldados quantos EUA perderam em quase 12 anos da presença no Afeganistão, em 9 anos de ocupação.

Embora Rússia negue sua presença na Ukraina, parece igual a o que os soviéticos mentiam sobre Afeganistão, vale prestar atenção a duas questões.
Primeiro, no período do líder soviético Mikhail Gorbachev, a mídia russa tinha mais liberdades, que tem agora durante a presidência russa de Vladimir Putin. 
Segundo, há agora a internet e reter informações sobre os russos mortos na Ukraina é complicado, porque Ukraina tem as mais livres edições russas no mundo. Chegou a hora de reconhecer, que o conflito no Donbass - é a primeira guerra internacional européia desde 1945.

O jornal russo de língua inglesa Moscou Times escreve, que Ukraina deve olhar de frente o problema da corrupção.  O que deve ser feito por Kyiv para lidar com este problema? Recentemente aprovada lei sobre a criação do Bureau Anti-Corrupção é um bom começo. No entanto Ukraina deve aprovar ulteriores medidas, direcionadas especialmente para prevenção da corrupção na esfera das compras estatais - quase 90% de companhias estatais até agora não fornecem quaisquer informações públicas sobre o processo de aquisição, e ele continua aberto ao suborno.

Você pode, por exemplo, criar uma organização não governamental - completamente fora de qualquer ministério ukrainiano, a qual incluiria pessoas particulares. Qualquer compra, licitação para bens ou serviços no valor acima de 100 mil dólares a qualquer órgão estatal deve estar sob controle de uma organização não-governamental.

O jornal britânico The Guardian escreve, que o Ocidente permite a Putin buscar o seu na Ukraina. A resposta dos líderes ocidentais às ações de Putin - é jogo ao público, enquanto a introdução de algumas sanções não graves contra os separatistas e companheiros de Putin.

Naturalmente, a solução para a crise deve ser diplomática, não militar. No entanto, Rússia deve ser contida. Existe o perigo, que os acontecimentos no Oriente Médio afastem os líderes ocidentais, que eles podem acabar ignorando o "urso russo raivoso", e, possivelmente, podem colocar o nosso futuro imediato em um perigo maior, diz a publicação. Além disso a UE deve aceitar a decisão do presidente Petro Poroshenko com a realização do referendo na Ukraina quanto a adesão a OTAN, quando este país preencher todos os requisitos. Afinal a própria essência da crise - é o ideal europeu do direito democrático, quando a nação sozinha pode determinar seu futuro e não deve dar aos ocupantes e déspotas o direito de esmagar suas esperanças, conclui o documento.

O jornal americano New York Times escreve que, apesar de quão sangrenta e cruel tenha sido o governo do líder soviético Joseph Stalin, ele realmente contribuiu para a consciência nacional ukrainiana. "Ele era um assassino, um tirano, mas ele também foi o "pai" da atual Ukraina", diz a publicação. Foi no período de Stalin que Ukraina - territorialmente - tornou-se estado, como nós a conhecemos hoje. E Lviv, por exemplo, tornou-se principalmente, centro ocidental do nacionalismo ukrainiano.

Naturalmente, Stalin destruiu inúmera quantidade de ukrainianos, constata a publicação. No entanto, quando União Soviética expandia, Stalin também nomeava os ukrainianos para importantes cargos no poder. Mesmo quando ele determinou o estudo do idioma russo obrigatório nas escolas, ele não cancelou o estudo dos idiomas nacionais.

Agora, diante de Putin, que questionou repetidamente a história do Estado independente ukrainiano e da nação, há um enorme obstáculo. Ao contrário de Stalin, Putin simplesmente não consegue trazer Ukraina para a União Eurasiana. Os ukrainianos não aplaudem a ditadura de Stalin, mas sua luta por um próprio Estado, de certa forma é preconizada à sua herança, sobre a qual nem os ukrainianos, nem Putin gostam lembrar, conclui o jornal.

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A seguir notícias da "Voz da América", publicadas pelo jornal ukrainiano Radio Svoboda (Rádio Liberdade).

Em 28.11.2014.
Kremlin fornece milhões aos partidos que desejam a derrocada da UE.  
O partido francês da extrema-direita "Frente Nacional" admitiu que recebeu um empréstimo de vários milhões do banco russo.

Em 01.12.2014.


O número total de cidadãos da Ukraina que vieram da República Autônoma da Criméia e Sevastopol para outras regiões da Ukraina é de 19.585 pessoas. Da área da ATO a outras regiões deslocaram-se 478.762 pessoas.
Segundo ONU, na zona de combate no leste da Ukraina permanecem aproximadamente 5,2 milhões de pessoas.

Em 20.11.2014.
ONU: no leste da Ukraina, diariamente morrem, em média, 13 pessoas. Dados de acordo com um comunicado divulgado na quinta-feira pelo Alto Comissário da ONU, dos Direitos Humanos Zeid Ra'ad Al-Hussein. (Este número deve incluir ukrainianos e russos. Segundo jornais ukrainianos, os militares  constituem, geralmente, de 1 a 3 mortos. Os militares ukrainianos não possuem armamento moderno, nem a mesma quantidade que os russos, mas, felizmente, morrem em menor quantidade. Deve ser o fato de que os russos chegam a até quebrar pernas (segundo a defensora russa Vasilieva)
porque não desejam ir a Ukraina lutar na guerra. -  OK).
Estas perdas se referem após 5 de setembro, quando foi estabelecido o acordo de cessar fogo.
Não menos de 4.317 pessoas foram mortas e 9.921 feridas, desde abril a 18 de novembro.
A lista das vítimas continua crescendo. Civis, inclusive mulheres, crianças, minorias, e uma série de grupos vulneráveis continuam sofrendo as consequências da crise política na Ukraina".
As violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário não cessam. A situação na zona de conflito caracteriza-se por violações arraigadas da lei e surgimento de sistemas paralelos nas áreas controladas pelas auto-proclamadas "República Popular de Donetsk e República Popular de Luhansk!

Em 01.12.2014
Judy Dempsey do Carnegie Center.
Putin - unificador da Ukraina (panorama da imprensa).
Medidas diplomáticas e sanções do Ocidente não são capazes de parar Putin. Recentemente houve três eventos que têm um impacto significativo sobre a segurança da UE e sua estratégia em relação a seus vizinhos orientais.
Primeiro - reforço da presença militar russa nos territórios capturados por terroristas, o que significa o fim de uma trégua instável e de transição da ofensiva no leste da Ukraina.
Segundo - numerosas violações do espaço aéreo dos países do Báltico com aviões russos, o que significa, que Rússia examina a prontidão da OTAN na defesa dos Estados-aliados. Então, a Europa e OTAN espera uma contínua oposição com Putin.
Terceiro - é a assinatura da declaração conjunta dos EUA, Austrália e Japão, na qual eles condenaram as ações da Rússia. Isto indica, que Kremlin é criticado não apenas pela América do Norte e Europa.


Dempsey pergunta, o que fazer com tal unanimidade, e aqui muito depende da chanceler alemã Angela Merkel, que muito se esforça para resolver a crise, realizando longas reuniões pessoais e muitas conversas telefônicas com Putin.
"Merkel não quer dar oportunidade a Putin de salvar a face, o que agradaria a alguns diplomatas e dirigentes europeus, porque lhes daria a oportunidade de retirar o dossier ukrainiano de sua mesa. Ela, simplesmente, não confia nele. Trinta e oito conversações telefônicas entre Merkel e Putin somente aprofundaram essa desconfiança".

A chanceler alemã não quer fechar os olhos para a anexação da Criméia e intervenção de Putin no leste da Ukraina, mas o Ocidente não vai para uma solução militar do conflito. Em vez disso, Merkel está pronta para promover sanções adicionais contra Rússia.

"Contra-medidas, que Moscou já aplicou a alguns países europeus, são realmente dolorosas, especialmente para Polônia. Mas Merkel acredita, que a indústria alemã, como toda Europa, deve estar pronta para pagar o preço pela violação de Putin da integridade territorial da Ukraina" - escreve Dempsey.

"Putin-unificador" diz o título do artigo de Anna Tobern no World Affairs Journal. Graças ao presidente russo, Ukraina agora, como nunca está unida. Sua ação no leste tornou-se catalizadora, sob a influência da qual, o grupo de pessoas, que interminavelmente disputavam política, direitos linguísticos e impostos, nasceu a nação.

O sul, que anteriormente considerava os "ocidentais" nacionalistas, nas eleições deu muitos votos para o partido "Autodefesa" da Ukraina Ocidental, e os falantes do idioma russo, frequentemente  passam para o ukrainiano.

No entanto, em contraste com um tal vislumbre de esperança, a forte quebra cortou do resto da Ukraina seus territórios orientais. As não reconhecidas "repúblicas" não querem paz com Ukraina, e muitos ukrainianos estão felizes com esta perspectiva.

"Os ukrainianos habituais, cansaram de mandar seus filhos para guerra e morte, porque aquelas terras somente puxam Ukraina para baixo com sua nostalgia soviética e indústria deprimida. Sua antipatia aumenta se, no caso de retorno de Donbass, Ukraina, para restaurar a região, precisará gastar bilhões de dólares. Para um país com já difícil situação econômica, a idéia de gastar com rebeldia de Donbass, em vez da infra-estrutura, pagar o gás, reforma judicial, aumento das pensões - é simplesmente sal na ferida" - escreve o analista.

No entanto, os ukrainianos entendem, que Ukraina não pode prescindir, por razões políticas do Donbass, do contrário precisará aceitar a violação de sua soberania. E, neste caso, Putin pode recorrer a novos conflitos, para capturar mais terras ukrainianas.

Tradução: O. Kowaltschuk

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