Sobreviver a qualquer preço.
Ukrainskyi Tyzhden (Tyzhden. ua), 08.12.2014
Roman Malko
Somente em Kharkiv e arredores há cerca de 400 mil deslocados, Assim dizem os voluntários. Para uma cidade de 1,5 milhões de habitantes é muito. Cada quarto, na rua, é refugiado. Todos eles diferenciam-se. Cada um tem sua própria história e assustadora verdade.
Dizer, que eles não são necessários a ninguém, será mentira, mas, na verdade, o estado quase não se ocupa com eles. Estado, como estado, tudo nele já é conhecido, mas, apesar, de tudo, as pessoas não estão abandonadas à sua própria sorte. Elas são ajudadas por todos que podem: voluntários, organizações de caridade, paróquias, apesar de que isto não é suficiente, porque a totalidade de suas possibilidades não é comparável às necessidades.
A questão "o que vem depois" entre os refugiados soa como uma maldição. Às vezes a pessoa simplesmente não encontra palavras, para responder. Normalmente diz "não sei, veremos, como Deus dará... Alguém não quer nem ouvir sobre o retorno, onde precisariam esconder-se com as crianças nos porões, das minas e "Grad" (espécie de armas usadas nos bombardeios) procura, o mais rapidamente, acomodar-se, encontrar moradia, trabalho, se possível trazer os parentes do território ocupado e tudo esquecer o mais rapidamente. Outro, pelo contrário, quer ser útil e procura ajudar aos iguais e ele próprio. As organizações de caridade, com satisfação pegam estes para auxiliares A estes não é preciso explicar minuciosamente, no que consiste a questão. E, há muitos que não sabem o que fazer, e simplesmente esperam. E, de repente, tudo acaba, e será possível voltar para casa. Estes, parece que são maioria.
Qual a porcentagem deles são separatistas, que passam o período perigoso para escapar da morte, é difícil dizer. Talvez haja alguns. Apesar de serem vítimas da propaganda, lhes "lavaram" os cérebros de tal modo, que já não são capazes de perceber a realidade. Ofendem-se com qualquer injustiça, que, infelizmente não falta, e em todos veem um inimigo. Eles não são separatistas, afirmam os voluntários, mas pessoas que tentam sobreviver.
Desde o início do conflito no Donbass Kharkiv tornou-se meca dos refugiados. Aqui é um lugar próximo para fuga e, portanto, conveniente para voltar. Ofertas de emprego são poucas, mas é possível encontrar algo para sobreviver. No início podem beneficiar-se com o apoio e ajuda das instituições de caridade e dos voluntários, porque sem eles é impossível. Você vem com fome à estação e para onde?
Refugiados - voluntários
"Desde julho eu trabalhei como psicóloga na estação de Kharkiv", - diz Anna, refugiada de Antratset, de Luhansk, - nós temos uma tal organização voluntária. Fornecíamos o primeiro socorro psicológico aos migrantes: financeiro, alimentício e necessidades gerais. Nós encontrávamos os que vinham e os orientávamos. Isto é muito importante. Ajudava o fato que eu também era de lá e podia compartilhar algo que houve comigo. Experiências, impressões... Na verdade, há uma grande barreira quando as pessoas vem das áreas da ATO. Eles não confiam muito nos locais. Os em estado de choque, são imediatamente percebidos: agressão, confusão. As pessoas são diferentes: tem os pró-Rússia, e aqueles que são forçados a fugir da "milícia" (Exército auxiliar, formado em situações extraordinárias, pelos voluntários), para salvar=se. Psicólogos ajudam a todos, independentemente de suas tendências políticas."
Na estação, desde o início do conflito no Leste, há um posto voluntário. Aos recém-vindos servem sopas, chá e dão objetos indispensáveis. É possível tomar um banho e pernoitar no hotel, diz Anna. "Quando isto começou, eu e minha filha também viemos para cá. Mas, para nós era menos cruel, Kharkiv é quase minha cidade natal. Aqui concluí a universidade, aqui estuda minha filha. "Hoje, Anna conseguiu emprego na fundação beneficente Caritas e ajuda a outros, como ela. O projeto é financiado por doadores alemães. Às pessoas transferem diretamente no cartão a assistência financeira para aluguel, alimentação e roupas.
O próprio destino, cedo ou tarde, deve providenciar a pessoa. Dependendo de expectativas e aspirações dos planos. Sobre os planos - é dito bem acentuado, aqui é simplesmente sobreviver. As pessoas aceitam os trabalhos mais difíceis. Houve o caso, quando a mulher limpava o apartamento por 20 "hryvnias" o que é um quarto do preço de mercado. Agora há um programa estatal de ajuda aos refugiados. Formalizou-se o status de refugiado, e se você é incapaz ao trabalho, você recebe 800 "hryvnias". Se você é capacitado - 400 "hryvnias". No entanto, nem tudo é simples. A muito complicada burocracia, especialmente nas grandes cidades, fortemente freia. Formalizar o status, renovar as pensões e benefícios das crianças pode demorar o mês todo, e comer é preciso. Naturalmente, os voluntários ajudam com roupas, calçados, alimento. Mas, os voluntários já esgotam-se. Reconhecem, que diminuem os desejosos de partilhar dinheiro, produtos ou roupas. No início, havia muitos produtos alimentícios, mas agora as pessoas já não têm o que compartilhar.
Anatoli, de Sevastopol, anteriormente trabalhava como especialista em eletrotécnica a ajudava o voluntariado junto a paróquia católica. Agora, ao lado de Anna ajuda os refugiados. Assim como ele, é bem mais fácil encontrar trabalho que às pessoas próximas à aposentadoria. No entanto, não sem dificuldades. Criméia, Anatoli abandonou três dias antes do referendum. "Quando anunciaram a verdadeira caçada aos ativistas pró-ukrainianos, eu e amigos não pensamos muito. Esperada ajuda da Ukraina Continental não veio, então era sair terminantemente". Fugimos, praticamente sem nada, para não chamar atenção, - diz o rapaz. Viajamos em diferentes rotas. Seis meses vivi em Lviv, porque lá encontrei trabalho rapidamente. Mas, quando o contrato acabou, vim para Kharkiv. Quis mudanças. Hoje ele compartilha sua experiência de sobrevivência. "Ajudamos os migrantes na decisão da escolha, porque as pessoas encontram-se em situações estressantes, os aposentados, em geral, não entendem bem os acontecimentos, por isto temos de ajudá-los a entender seus próximos passos para sobreviverem. Porque em Kharkiv a situação é muito precária com o trabalho e moradia. Eu mesmo tive problemas em encontrar um apartamento. Há muitos trapaceadores, que se aproveitam de migrantes. E o fluxo de pessoas, no início, foi muito grande. "Acontecia que, em cinco dias eu, pessoalmente, recebia 200 pessoas - diz o voluntário.
A contadora Vitória neste programa também é refugiada. Sua história, uma das mais tristes. Ela, modestamente sentada no cantinho, de início não quer contar sua história. Mas, com o tempo cria coragem. Tem 55 anos, veio de Makiivka com o filho: "O filho entrou na Universidade Nacional de Kharkiv. Pretendia a Universidade de Donetsk, mas não foi possível.
Dizia a todos que procurava trabalho e, portanto, encontrei aqui. O filho mora no albergue juvenil, procura encontrar apartamento, mas os preços estão muito altos. Por enquanto não posso trazer os familiares.. No início vivi, por um bom tempo, com amigos, mas é preciso ter consciência, passei para outro local. Custa bem caro, água cada segundo dia, é frio. Procuro algo melhor". Em Makiivka ficou a mãe, de 80 anos, e irmão deficiente, paralisia cerebral, 48 anos. Uma vez por mês ela, sob tiroteio, viaja para lá, para levar produtos alimentícios e remédios. Ao irmão são necessários preparados psicotrópicos. Com receitas médicas há problemas. "Eu não posso falar sobre isto, - diz a mulher, - após tudo o que aconteceu, é difícil olhar para as pessoas. O irmão inválido fica sentado em frente à TV, alimentam-no três vezes ao dia. Usa remédios, e se não recebê-los, haverá problemas. E remédios lá não há. Aqui eu consigo pagando, e de alguma forma tento apoiá-lo. Mamãe também está lá. Meu coração se parte quando ela diz que irá buscar pão. Eu vou até eles - uma vez por mês e procuro levar produtos suficientes. Às vezes os parentes os visitam, mas não podem vir todos os dias. O pão ela deve buscar sozinha, mas já tem 80 anos e muita dificuldade para andar. Quero trazê-los para cá, mas ela não quer. Vocês imaginem, a pessoa tem 80 anos, toda sua vida viveu no mesmo lugar, e na velhice, deve ir para outro. Diz que quer morrer, e eu pergunto, quem cuidará do André, eu preciso trabalhar e quem nos alimentará."
O filho da Vitória estuda matemática aplicada, portanto não pode receber o auxílio de refugiado. Ele precisava de um computador e Vitória fez um empréstimo. Como ela enfrenta todos estes problemas, ninguém entende. Diz, pensava aposentar-se aos 55 anos, mas a vida introduziu suas correções. Precisou fugir e começar tudo novamente. "Havia Ukraina, mas agora não está claro o que... resume a mulher
Zoia Gregorivna de Pervomaisk-Luhansk veio receber um aquecedor. Além dela, tão preciosos presentes reivindicam quase 400 famílias de refugiados. Ainda inscreveu-se para roupas de cama. Diz, para os tempos atuais organizou-se bem. "Sou agradecida às pessoas e organizações que ajudam. Porque sozinhos não sobreviveríamos. Eu, com o neto estou na casa de uma sobrinha, para filha com crianças alugamos um apartamento. Custa caro, 2.400 "hryvnias". Para isto vai todo dinheiro que ela recebe como mãe solteira." (Os aposentados não ganham nem a metade disto . A ajuda do governo para os filhos menores até que é boa - OK). A Kharkiv a família veio em 4 de agosto. "Porque havia tiroteios e é difícil com esta idade, e ainda mais com crianças ficar sob bombardeios... Primeiro veio a filha dom duas crianças, agora a nora trouxe o neto. Lá ficou outra filha com o genro. Ontem telefonaram, disseram que houve tiroteio no nosso bairro. Novamente recomeçaram as lutas. A filha cuida do meu apartamento, por enquanto não roubaram nada. Quando houve a trégua e não teve tiroteio, eu fui buscar roupas quentes, cheguei bem, mas agora não tem mais ônibus para lá.
O centro turístico de Chuhyiev, próximo de Kharkiv, ainda no início da tragédia no Donbass foi convertido em abrigo para refugiados.
Quatro grandes salas completamente ocupadas por camas, que ninguém arruma. Entre as camas brincam as crianças, algumas dormem. O número de ocupantes muda constantemente de 30 a 60 pessoas, ou 14 - 18 famílias. Uns vem outros vão. No início havia refugiados de Sloviansk. Quando a situação lá, ficou mais tranquila eles foram embora. Agora estão aqui, principalmente, as pessoas de Stakhanov, Antratsyt, Horlivka.
Em quatro quartos 10 - 15 pessoas, desde crianças de peito até idosos, entre os quais duas mulheres nascidas em 1941.
A notícia sobre a vinda de voluntários causou grande agitação. Aqui gostam das visitas, especialmente estas. No máximo você pode contar com um agrado ou palavra amável. O corredor estreito é preenchido com refugiados, todos vem para cumprimentar, as crianças como pardais derramam-se na rua para entrar no veículo e dar algumas buzinadas, mas na grande mesa da cozinha aparecem vários patos do fumegante "borshch". "Isto é para vocês, sentem-se." ("Borshch" é uma sopa de muito agrado dos ukrainianos. É feita com costelinhas de porco, batatas, tomate, massa de tomate, beterraba, cebola, cenoura, pimenta, repolho, alho, um pouco de toucinho de porco, sal - OK). A criadora do gostoso "borshch" é Toma de Stakhanov - região de Luhansk. Ela está aqui com uma grande família, três filhas e dois netos. Até um papagaio trouxeram. "Nós trouxeram os voluntários, - conta a mulher, - diziam que apagarão Stakhanov da face da terra e nós viemos rapidamente. O que virá depois - não se sabe. Queremos ir para casa. Estamos aqui já por quatro meses. Lá deixamos um apartamento. O que aconteceu com ele não sabemos. Por enquanto dizem que não podemos voltar." Em Chyhyiev a família registrou-se como deslocada, vive no abrigo e, por enquanto, não pretende procurar apartamento, falta dinheiro. Voluntários ajudam a todos com produtos alimentícios, roupas quentes, cobertores.
"Nós fazemos plantão na cozinha, seguindo os quartos, diz Toma. Os produtos estão na cozinha e nós preparamos." A mulher não se queixa, mas é evidente que a vida de quartel a cansou. "Não faz tempo regina esteve hospitalizada. Julia também também, teve pneumonia. Lilka tem asma, é uma criança diferente", - diz a mulher e abre as mãos.
A mais comunicativa nesta comunidade é Olga de Kirov - Luhansk. Vive aqui já terceiro mês com pai, irmã, sobrinha e filha. Graças a Deus, aqui estamos todos bem, - diz, - mãe e tio permanecem lá. Lá agora tem guerra, tiroteios. Nossa rua sofreu muito. Mamãe disse que na cidade lutaram corpo a corpo. Não há luz e nem água, até agora. Eles ficam no subsolo. A casa é nossa e temos uma adega. Então eles ficam mais na adega. Nós queríamos voltar, mas a mãe disse que não vale a pena. Meu marido ficou em Stakhanov. Graças a Deus ele ainda trabalha lá. Nós temos vaquinhas. Mas não temos dinheiro para comprar-lhes feno. Restam ainda 200 "hryvnias" e não sabemos o que virá.
Quero ir para casa. Desesperadamente, mas luz ainda não vejo. Nos feriados eu fui , pensei que tudo estaria bem, duas semanas não houve tiroteio. Mas mal cheguei, no quarto dia o tiroteio recomeçou... Voltei assustada. A menor somente ouvia os sons quando dormíamos na adega, a maior viu com seus próprios olhos. Agora, lá temos a Guarda Nacional. Os nossos começam atirar e eles revidam, muito mais. Terror. (Os ukrainianos não iniciam disputas, eles mantém a ordem de silencio, de não provocar. São os separatistas que não param com os tiroteios, quando eles começam os ukrainianos se defendem. É o que cansei de ler nos jornais. - OK) Mamãe diz: estamos na rua, e de repente o estrondoso som ocupando todo o espaço, e quatro casas despedaçadas. E nós nem compreendemos de onde veio, e em que direção foi. Todos gritam, tudo queima, casas não existem mais. Cinco vizinhos já morreram. À menininha de 11 anos, que horror, arrebentou a cabeça. Eu não esperei isto para minha vida.Tinha tudo: o apartamento os pais deram, e montaram. Viva e seja feliz. Criavam-se sonhos e esperanças. Adquirimos vacas, nossa situação melhorava, tudo ia bem. Sabíamos que os pais receberiam pensão, eu contava com o auxílio para menores. E, de repente, toda nossa vida arruinou-se. Juntei as crianças e fugi. Hoje já é 4º dia que não consigo comunicar-me com mamãe. Papai está nervoso. Não sabemos o que pode estar acontecendo. Acreditamos que voltaremos, que estaremos em nossa casa. E lá, como Deus prouver."
"Não quero voltar para lá, - diz a vizinha de quarto da Helena, Natália de Luhansk - não posso esquecer tudo o que houve. E não se sabe se não voltará. Não há fé que tudo acabará em paz. Quero que as crianças vivam em paz. Quando nossa povoação bombardeavam, a criança perguntava se viriam matar-nos. Isto é normal? A menininha de cinco anos fica parada e chora. Em meia hora encontramos um carro para remover-nos. Contactamos os voluntários e eles ajudaram. Nos acomodaram aqui, ajudaram o marido com trabalho." Os voluntários ajudam como podem, diz a mulher. Tudo graças a eles. A situação está difícil, mas não passamos fome e não estamos nem na guerra, nem no tiroteio. Natália diz que quer arrumar um emprego, mas é difícil. Não há com quem deixar as crianças: a Alexandra de 5 anos e Eugenia de dois. No inverno ir ao jardim não faz sentido, ficarão doentes. Deixar não há com quem.
No quarto ao lado fica o avô Mykola. Ele é de Kirov. "Lá há bombardeios," - diz o avô - muitos saíram. Recentemente fui para casa, por nove dias. Trabalhei um pouco no quintal, colhi maçãs e voltei para cá. Nossa amiga Nádia esteve aqui com a filha. Combinou com os voluntários sobre nossa chegada. Eles nos buscaram em Alchevsk.
"Sabem onde bombardear."
"Quando bombardeiam, todos fogem, - inclui-se a mulher sentada no canto do quarto. Apresenta-se como Lyudmila Sergeyevna, - quando o exército auxiliar veio e disse que as lutas serão fortes em Pervomaisk, nós viajamos deixando tudo. O apartamento foi bombardeado. A casa da mamãe está inteira, minha também. Nós fomos a pé até Irminka, lá a "milícia" nos trouxe até Stakhanov, de onde nos ajudaram os voluntários. Estamos aqui desde 3 de agosto. Sempre pensamos que no próximo mês voltaremos para casa, mas está ficando cada vez pior. Veja, o neto veio do trabalho e dorme, mas a filha Ira procura trabalho. O neto conseguiu trabalho na iniciativa privada, onde produzem álcool. Fomos para casa por uma semana e voltamos porque começaram os bombardeios. Agora está pior que antes. Do lado da Popasna, da Bakhmutka, de Kalinov, de todos os lados. Tudo já destruíram. Atacaram a maternidade, a escola, a fábrica Karl Marx. E sabem onde atacar. Não é "milícia". É "Guarda Nacional". (Esta pessoa está equivocada, por ignorância ou má fé. "Guarda Nacional" são voluntários ukrainianos que formaram verdadeiras unidades militares e defendem Ukraina, inclusive morrendo muitas vezes. E a maioria desta população do Donbass é, em grande parte culpada pelo que lhe sucede. Esta população, que é de origem ukrainiana, fosse patriota, prezasse seu idioma e seus valores, Putin não poderia dizer que está protegendo os falantes do idioma russo. - OK).
A milícia veio, deu alguns tiros por entre as casas e foi embora, - incluiu-se outra mulher, que telefonava procurando trabalho."Nesta área não há "milícia", eles estão algures. Mas, por que atirar? Atirem na "milicia" não na maternidade". E no início, quando os mortos enterravam próximo aos trens, continua Lyudmila Sergyevna, - tinham medo. Cobriam as pessoas, pelo menos com terra". Nos expulsaram de nossas terras, precisamos fugir para Kharkiv, novamente revolta-se a que procura emprego, - deixaram-nos desabrigados. Trabalhávamos, vivíamos. Bem, nós queremos alguns direitos. Mas, não nos ouviram. Fascistas, dizem. Nós não queremos pertencer à Rússia, nós nascemos aqui. Eu não estou contra a Europa, mas que eles vivam lá. Nós não vamos viver como vivem na Europa. Para alcançá-los, ainda precisamos 15, talvez 50 anos.
Sasha, da cidadezinha Popasna, revela-se mais pacífico e pede para fotografá-lo, para lembrança. Diz que a maioria de seus vizinhos do prédio, permaneceram, mas lá é perigoso, lá atiram. "Os produtos quem conseguiu, trouxe, quem não conseguiu está sem alimento. Em Chyhyiev vive com a mãe e irmã. A irmã viajou antes. Chegamos a Artemivsk. Lá passamos a noite na estação, depois, de carona, chagamos até Kharkiv. Telefonei para irmã e ela nos disse o endereço. No início nos colocaram num bangaló. Lá é frio. A três semanas estamos aqui. Hoje fui procurar trabalho. Os voluntários ajudam com comida, mas dinheiro não há. Preciso ganhá-lo sozinho, ao menos para os cigarros, sabão e roupas. Mamãe recebe pensão, ela nos dá um pouco. Quero encontrar um trabalho, de acordo com minha saúde. No ano passado tive fratura de quadril, e ainda não estou muito bem. Não posso levantar peso."
Quando nos preparamos para partir chegaram voluntários locais, do grupo de voluntários "Eslavos", que cuidam do abrigo. Na sua conta milhares de vidas salvas, levam ajuda à zona de guerra e evacuam a população do território ocupado. Começaram de Sloviansk. O ativista do grupo Andrii Vasyliev diz que sabe, quantas pessoas conseguiu retirar e evacuar."Somente de Lysychansk, quando nós rompemos o bloqueio, através da linha de frente correram umas dez milhares. Muito. Atrás de nós vinham colunas de carros. Ninguém os contou. A tarefa era ajudar a todos que quisessem. Prioridade: grávidas, crianças, idosos, inválidos, e depois os homens. O Estado não ajudava. Ajudavam pessoas comuns". Diz, que anteriormente precisava negociar com os terroristas e soldados ukrainianos (Outra estória fantástica, muita imaginação - OK). Até no cativeiro esteve, para fuzilamento o preparavam, e hoje todos o conhecem. Eles, como um raio de esperança, trazem alimento e tudo indispensável. Cooperam com organizações internacionais, Fundo Caritas, UNICEF, grupos alemães de direitos humanos e organização de caridade da República Checa "Mão amiga". "Ruim que os nossos não fazem nada - diz Andrii. Os russos estão dispostos a ajudar, mas não estamos dispostos, para não nos culparem por isso." Nos territórios ocupados tentam confiar mais nas igrejas ortodoxas. "Eles são como voluntários nossos". Risos.
Lá, a vida continua, mas não há dinheiro, pouca comida e tudo é muito difícil. As cidades povoaram-se novamente. Carros andam, a vida é visível, não como era dois meses atrás quando, entrando na cidade - o apocalipse. Serviços comunitários funcionam em alguns lugares. Por exemplo, em Alchevsk e Luhansk o sistema foi estabelecido. Mas em Pervomaisk e Stakhanov nem tudo vai bem, e não é apenas porque eles estão na linha de frente. Lá, eles não conseguem entender-se. Lá nós não sabemos como será, - diz o voluntário - porque cada cidade tem sua chefia. No entanto, iremos para lá fazer nosso trabalho. Apesar de tudo.
Olga, de Stakhanov, moradora mais antiga no abrigo - veio com marido e dois filhos ainda em 25 de julho. "Nós saímos, quando atacavam as redondezas. A situação não apresenta saída, nem dinheiro, nem trabalho, tudo fechado. Pequenas rações dão uma vez ao mês. "Não funciona - duas crianças pequenas." Diz, que nas redes sociais encontrou anúncio dos voluntários, combinaram, e eles trouxeram a família para este abrigo. Ajudam como podem. Ao trabalho, a mulher ainda não pode ir porque está em licença pelo filho mais novo, e o maior não pode frequentar escola por proibição do psiquiatra, devido a defeitos de linguagem, somente irá no próximo ano. Se vai voltar para casa não sabe. "É claro que quero. Lá ficou minha avó, tia e irmão. E aqui, de qualquer modo seremos desalojados. E, em casa é sempre melhor, apesar de não haver perspectivas especiais. Ou, talvez, chamarei para cá meus parentes. Ainda não sei.!
Os psicólogos dizem, que não se deve ter pena deles, porque a compaixão os enraivece. Tornam-se agressivos e frequentemente inadequados. As pessoas precisam de apoio e calor humano costumeiro. Eles têm dificuldades. Muitos caem em estado infantil. Não sabem o que fazer, para onde correr, o que desejar. Não acreditam em ninguém. Houve um caso, em que algumas famílias do abrigo temporário voltaram para a área da batalha. Não suportaram a falta de dinheiro, conflitos e desespero. Isto não é por posições cidadãs, mas devido a medo animal. Agora, graças aos psicólogos, estes sentimentos mudaram ligeiramente. O contato, psicólogos estabelecem através das crianças. Os pais, no início, observam com desconfiança, depois aproximam-se para conversar.
Tradução: O. Kowaltschuk
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