sábado, 27 de dezembro de 2014

Neve negra em Donetsk
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana)19.12.2014
Natália Hymeniuk

Não acender uma lâmpada apesar da escuridão, desligar a geladeira para economizar eletricidade. Ou não ter oito UAH (Hrevnia) para merenda escolar. Cessar tratamento de doenças crônicas, porque terminou o dinheiro para remédios... Trata-se não dos mais desprotegidos. Estes são os dias de vida na parte bloqueada.
Nos últimos meses, a maioria das mensagens dos não controlados pela Ukraina territórios no leste referem-se a locomoção dos exércitos russos, perseguição aos dissidentes, mortos por bombardeios, pseudo-eleições e comandantes de campo.
Quanto mais informações, sobre como vive a maioria silenciosa.
Jornalista da TV cidadã Natália Humeniuk passou uma semana em Donetsk, para entender por que as conversas sobre a catástrofe humanitária no Donbass são infundadas, quem e como vive em abrigos antiaéreos. Por que a maioria das pessoas não se atreve a sair de suas casas, e a decisão sobre a suspensão do pagamento das pensões e benefícios é frequentemente percebido como entrega de pessoas e território.

- Por que você deixa furar a fila?! - grosseiramente dia o motorista na entrada do posto de controle ao combatente da "DNR".

- O homem camuflado resmunga algo em resposta, mas não verifica os passaportes.

Perto disparam uma metralhadora. 
Os locais já não prestam atenção a isto - estão acostumados. Isto é ninharia comparando com "grad" (foguetes múltiplos) , obuses (arma para atirar pedras) ou morteiros que, em Donetsk ouvem-se constantemente, especialmente à noite.
Já não se importam com os sons.
Retirar as crianças, visitar os pais, trazer medicamentos, encontrar dinheiro, retirar o dinheiro, encontrar uma forma para pagar os impostos. Afinal, sobreviver e não enlouquecer também da incerteza. Tal é o cotidiano de pessoas comuns no território que proclamou-se como DNR (República Nacional de Donetsk).

Às vezes Donetsk parece um lugar completamente pacífico
Mas há casos, que com sua aparência mostram os horrores da guerra

Na cidade - de setecentos a oitocentos mil pessoas. Contaram pela amostra de consumo de pão: durante os principais ataques em agosto compravam o pão seiscentas pessoas.
No outono pessoas voltavam - aos migrantes em outras cidades é difícil encontrar trabalho e alugar habitação. Quando não há dinheiro, e a residência não está na principal linha de frente, este é o único lugar, onde, no inverno, pode sentir-e seguro. Isto não se aplica aos arredores do bairro de Donetsk, Kyiv, próximo do qual localiza-se o aeroporto. Lá, em algum lugar, constantemente, ouvem-se tiros de artilharia.

Vida nos porões

Na entrada do porão há a inscrição: "Refúgio cidadão. Não entrar com armas". 

Aos abrigos não entrar com armas. É proibido.
- Meninas, por que vocês estão tão pálidas. Precisa permanecer mais no ar fresco," dirige-se a avó às crianças. Desde julho ela vive no porão.
Dentro  - forte cheiro de remédios, umidade, sem ventilação, facilmente espalham-se epidemias.

Gente! Fechem a porta!!!
No cartaz: Gente! Fechem a porta!!!
O porão não foi concebido para longa permanência de muitas pessoas. Mas, aqueles que perderam a habitação, vivem aqui permanentemente. Há aqueles que vêm aqui apenas para dormir. E aqueles que correm para casa para banhar-se, porque, por exemplo, viver lá é impossível,  - estilhaçaram todos os vidros das janelas.
Uma vovozinha ainda usa os mesmos chinelos, com os quais no verão fugia da aldeia, onde havia confrontos. Seu filho dorme no porão, mas de dia trabalha na padaria.

Aqui dormem pessoas. Ao fundo - aquela vovozinha que, em chinelos, no verão fugia da aldeia, onde havia confrontos.
Ter um emprego no ocupado Donbass - é luxo. Quase todas as reservas em dinheiro as pessoas já gastaram. Até agora sobreviviam com vegetais das hortas, mas estes também já consumiram.

- Com o que vivemos? Gastamos, o que juntamos para nossa morte, - diz a mulher idosa que mudou-se ao porão com sua mãe.

Donetsk. Cinco meses no porão


Pessoas, com as quais me comunico, pela última vez receberam a pensão em julho, quando surgiram problemas com o tesouro.
Velhos, doentes, mães sozinhas com filhos pequenos - nem todos tem a possibilidade de deixar a zona da ATO para retirar o dinheiro. Para alguns - o dinheiro na conta não veio.
Aqueles que aqui ficaram não têm parentes em outras cidades. Então, para sair, não cogitam. A questão principal "Com que meios" e "Para onde?"
Na não controlada parte de Donetsk - Ukraina residem 700 mil pensionistas. De acordo com o jornal "Espelho da Semana", próximo a metade deles já legalizaram seus pagamentos para cidades próximas da fronteira, do lado ukrainiano. Sem meios para seu sustento, exceto os que já saíram, permanecem sem sustento 400 mil pessoas.
Água, produtos, roupas, cobertores, medicamentos aos moradores dos porões trazem os voluntários do grupo "Cidadãos responsáveis de Donbass", que, desde o verão, ajudam a população pacífica de Donetsk.
Eles recolhem dinheiro e levam à região a ajuda, fornecida pelas organizações internacionais - "Cruz Vermelha", "Pessoas em Pobreza" ("People in Need") da República Checa, Fundação Akhmetov cujos funcionários não podem chegar a áreas remotas das cidades da região. Também transferem dinheiro, o qual transferem aos cartões. Depois do bloqueio do sistema bancário e fechamento dos terminais isto também complicou-se.
Mesmo se reinscrever-se, para receber em dinheiro, precisa passar pelos postos de controle, pagar a gasolina.
Até a declaração do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, em Donetsk ainda trabalhou o "Oshchadbank" (Banco Econômico) e era possível pagar com cartão pelos produtos e medicamentos. A interrupção do trabalho nos terminais afetou os que ficaram para cuidar de seus pais inválidos, e a quem enviavam dinheiro os parentes e amigos.
Ao lado de dois hospitais sem funcionamento, vemos dois tanques com estrelas vermelhas. Ao lado dos moradores pacíficos, no porão vizinho estabeleceram-se militantes da "DNR": enquanto no mesmo prédio houver pessoas com armas, comida não trarão. A única razão segundo a qual "cidadãos responsáveis" podem ajudar Donetsk - é sua imparcialidade e decisão de não ajudar às pessoas com armas - nem aos militantes da "DNR", nem ao exército ukrainiano. Os carros de voluntários - anteriormente jornalistas, economistas, administradores, empresários eles não detém porque lembram, como eles retiravam os feridos nos dias mais sangrentos. Afinal de contas, quem mais pode fazer isto.


- E em Petrovsk já tem guarda nacional, não sabe? Mariinka é deles ? - pergunta o taxista.
As minas "Trudivski" na região de Petrovsk - periferia remota de Donetsk. Além Makiivka - vila entre as posições do exército ukrainiano e militantes da "DNR". Os bombardeios lá acontecem nos últimos cinco meses.

Abrigo próximo às minas "Trudovski" em Petrovsk na região afastada de Donetsk.
Construção destruída. Isto também são minas Trudovski.
Os micro-ônibus trafegam aqui apenas até o almoço.
A residente do abrigo antiaéreo explica que não consegue um emprego em outra região da cidade porque o retorno seria a pé. O mercado, em que trabalhou, sofreu durante o bombardeio. No outono vendia nozes, agora não há nada para negociar. - Isto - é um abrigo real no caso de uma guerra nuclear
entre União Soviética e OTAN. Nas paredes ainda estão imagens de ogivas nucleares americanas e francesas. No abrigo moram 70 pessoas. Muitos de Mariivka. A maior parte do tempo eles passam no sub-solo. Quando desligam a luz precisam cozinhar junto a fogueira, do lado de fora.

Prédio principal das minas "Trudovski" praticamente salvo do bombardeio
(Os quatro presidentes ukrainianos, desde a independência, nada fizeram para desenvolver na população a conscientização de nacionalidade e patriotismo após União Soviética. Nem sequer renomearam  as vilas e aldeias; preservaram os símbolos soviéticos e inscrições como esta: "Ordem da Revolução de Outubro. Mina Trudovskaia (Mina do Trabalho).  Não criaram estímulos para que as novas gerações aprofundassem e usassem o idioma ukrainiano, conhecessem a verdadeira história do povo ukrainiano, seus costumes, etc. Não houve obrigatoriedade ao uso do idioma ukrainiano nem no uso comercial. As TVs transmitiam no idioma russo (salvo alguma iniciativa própria) introduzindo costumes e preferências alheias. Os bons costumes antigos, em grande parte foram trocados por outros sem base moral. Tudo isto, consequência da sovietização,  facilitou o enriquecimento ilícito dos maiores vilões, e também o enriquecimento ilícito dos "amigos do rei", que se acostumaram a exploração do povo ignaro. Que Deus ajude e ilumine o atual presidente Petro Poroshenko, a conseguir melhorar, pelo menos um pouco, a situação na Ukraina. Por enquanto ele está tentando. A tarefa é gigantesca.- O.K.).
Num abrigo, no território da mina "Trudivska" os trabalhadores passam a noite. São trabalhadores que não aceitaram licenciar-se e, por vontade própria, continuam trabalhando. Todos os dias eles descem para bombear a água e o metano. Pagamentos não recebem desde agosto, então contaram apenas 20%.
Uma das mulheres prepara-se para ir a casa de penhores levar brincos de ouro. Pergunto por que não foi embora, e a resposta é a mesma - Para onde? Sua amiga não consegue retirar do território ocupado seu marido, inválido, deficiente.
No porão do prédio da mina, anteriormente praticavam ensaios. Agora aqui vivem, principalmente, mulheres idosas.

Vovozinha Valia e tia Olhia vivem da ajuda humanitária. Aqui elas dormem e realizam aniversários.
- Oh, que horror, quando bombardeiam: agosto, setembro, outubro... Enquanto voltávamos, começaram maiores bombardeios, precisamos correr, - diz a vovozinha Valha.
Sua vizinha Olhia explica, que não faltam motivos para sentir medo ao caminhar pela rua: certa vez a onda da explosão trouxe-a junto da cerca. "Ainda bem que só a roupa rasgou", - diz ela.
As mulheres alegram-se com a ajuda, mas envergonham-se por viver assim. À vovozinha Valha até julho trazia o dinheiro a funcionária do correio. Ela tem cartão do banco, mas ela não sabe como retirar o dinheiro.
Ou faço mingau, ou compro pão, e mais nada não vejo. Preparo uma sopa rala para não morrer de fome, - diz a avó Valha. Olhia continua. Ontem celebramos meu aniversário. Cozemos batata, cortamos cebola, misturamos massa de tomate e comemoramos. Em compensação vivemos com amizade, como uma família. Compartilhamos tudo o que temos. 
A mulher nos leva até a varanda e observa o parque coberto de neve, junto à Casa da Cultura, onde trabalha , e agora vive.

- Como é bonito, apenas olhe. Nós temos esta beleza também no verão e outono. Esperamos que a paz retornará. 

A espessa camada de neve próximo ao prédio cobriu máquinas e crateras.


Próximo ao hospital psiquiátrico na Petrovska - neve negra e cinzas após bombardeio.
Novamente estouraram janelas, nas quais penduram cobertores e travesseiros os maridos das colaboradoras. Aquecimento não há. No andar acima fumaça espessa. No lado dos homens instalaram o fogareiro.




No lado das mulheres as pacientes - maioria vovozinhas - mudaram para arrendada. 
Comida para os doentes os funcionários trazem de casa.
No verão, temporariamente, transferiram o hospital para outra região de Donetsk, mas lá não há condições para os doentes mentais. O chefe do departamento masculino diz que os amigos, há muito o chamam para Kyiv, mas ele não consegue deixar os pacientes. Na verdade, muitos de seus colegas deixaram seus departamentos. Esta é decisão pessoal de cada um.

- Nós estamos trabalhando, apesar de não recebermos pagamento - explica o psiquiatra. - Esta é também uma forma de não enlouquecer. Pessoas com stress, terrivelmente confusas. O trabalho lembra que nem tudo está perdido, e a vida normal é possível.

Makiivka 

"E o que eu preciso? Apenas luz na janela. E o que eu sonho? Que a guerra terminou," toca o rádio no carro. De vez em quando a música é interrompida pelas notícias em ukrainiano. FM Trabalha, mas mensagens direcionadas para residentes fora da área de controle não tem.
Entre centenas de cartazes "em nome da República" e imagens do principal comandante Zakharchenko, acontece a publicidade dos jornalistas do "Novo Tempo".

Entre centenas de imagens do principal comandante Zakharchenko avistam-se cartazes antigos.
Postos na cidade trabalham, apenas estão cercados por sacos de areia
.

Se não fossem as pessoas de uniforme, parece tudo como de costume. Em Makiivka onde antes da guerra viviam 350 mil, relativamente calmo, não há destruição, bombardeio longe da cidade. Voluntários visitam famílias com necessidades especiais: mães sozinhas, idosos ou doentes.

Batatas, repolho, beterraba, trigo mourisco, óleo e arroz - tal pacote de alimentos durará três semanas. Ainda tem fraldas e remédios. Pela ajuda humanitária, que traz Fundação Akhmetov, precisa ir a Donetsk. Isto custa 30 UAH, que não se tem, e ainda precisa entrar na fila de madrugada. (Akhmetov, empresário, é a pessoa mais rica da Ukraina, multimilionário).
Moradora de Makiivka, Natália, no escuro preenche os documentos que comprovam o recebimento da ajuda humanitária (Tal declaração exige UNICEF, que enviou o kit higiênico). A lâmpada ela não liga para economizar energia. Comida da geladeira desligada próximo a janela. A mãe da Natália é deficiente - esquizofrenia. Do hospital recebeu alta no verão, sem concluir o tratamento. Os remédios são caros - 500 UAH por 10 ampolas.
Svetlana tem três filhos, dois bem pequenos.

Filho da Svetlana
 Disseram-me que eu não tenho direito ao pedido, há pessoas em situação muito pior. Mas, trabalhar como antes não posso - turno da noite. De repente o bombardeio, as crianças estão sozinhas. No verão ainda era fácil descer ao porão, agora até agasalhá-los... Então sento e penso: ir embora com a esperança que pagarão algo? E se não pagarem? Ficar em suas paredes, sob bombardeio? sem dinheiro? Se, pelo menos , não houvesse bombardeio, - diz ela. Até agora a família alimentava-se da horta de seu pai, mas os produtos estão acabando.

Vídeo: História de três famílias:  https://www.youtube.com/watch?v=lGVPTkTH0gI

Outra Natália em licença de maternidade. A filha tem apenas 10 meses e o filho está na primeira série. Cria os filhos como mãe pensionista. Fundos às crianças não recebe desde o verão. Parentes em cidades pacíficas não tem.
Sua mãe, há um mês foi a Dobropilia, para transferir as pensões: pagou 200 UAH pelo trajeto, mas resposta ainda não veio. O filho continua na escola, as escolas funcionam. Lá continuam ensinando o idioma ukrainiano. Por inércia.

As escolas em Donetsk funcionam. Aqui continuam ensinando o idioma ukrainiano.
Os militantes, que declararam aqui o poder, controlam os edifícios governamentais e o território, mas em geral não tem nenhuma relação com a administração.
Pergunto se veio ajuda humanitária da Rússia. As pessoas não a viram. Os voluntários dizem que os comboios russos destinam-se apenas a "milícia" e suas famílias (Isto é, aos bandidos que vieram para apoderar-se do território ukrainiano - OK).
Às vezes, os da "DNR" distribuem pão, mas isto é feito ao acaso. No hospital de Makiivka afirmam, que às enfermeiras pagam 500 UAH (Se for por mês é quase nada - OK), aos médicos mais. Os médicos na guerra são necessários a todos.
Transferir a responsabilidade para o pagamento de fundos públicos para pessoas que com armas conquistaram o poder, na verdade é reconhecê-los. Como reconhecer que estas pessoas alguém escolheu, apesar de que nós sabemos, que a maioria das pessoas não compareceu às tais eleições, - diz um dos professores da Universidade de Donetsk. Sua universidade transferi-se a uma das cidades libertadas de Donetsk. Ele, por sua própria conta, viaja para ministrar aulas no território controlado pela Ukraina. Seu filho está preso na cama, então não é possível sair de Donetsk. O nome nos não citamos - esta pessoa tem apoiado, sistematicamente, a unidade da Ukraina e faz o possível por isto, dentro de suas forças.
Seu colega conta que, quando telefonava para o Fundo de Pensões em Mariupol, para saber, aonde deve chegar uma pessoa idosa, que decidiu viajar e re-registrar a pensão, (No território ocupado não recebem mais as pensões. Os pensionistas devem sair, mudar-se ou viajar todos os meses ao território sob o governo ukrainiano para receber a pensão - OK), pelo telefone a enviaram a Yatseniuk (primeiro-ministro), e os inválidos à Cruz Vermelha (Esta informação somente pode ter sido dada por pessoa simpática aos ocupantes ou um mau funcionário. Este tipo de gente não trabalha pelo bem da Ukraina, nem pelo bem do cidadão necessitado-OK).
Sim, existem viagens de ônibus para pensionistas, mas nem todos os pensionistas podem permitir-se a elas. Durante o re-registro exigem documentos adicionais, como a confirmação de residência. Os re-registros devem ser rápidos porque os ônibus precisam voltar antes do início da hora de recolher.

Pessoas leais a Kyiv, com as quais me comunico, explicam que a decisão do Conselho de Segurança, e também a cessação do sistema bancário foi percebida como renúncia a seus próprios cidadãos. As conversas sobre o não pagamento de impostos são revoltantes. (A situação é, realmente, complexa. Kyiv alegou que não poderia, simplesmente, financiar a guerra contra si próprio. Não podemos esquecer que grande parte da população de Donbass sempre foi simpatizante da Rússia. Por outro lado, o país está esgotando os últimos recursos com esta guerra no Donbass, que ainda possui apoiadores entre os próprios moradores de Donbass - OK)

Pela estatística, os impostos de pessoas físicas diminuíram em 18,6% em relação ao período 2013. Então, apesar de menos, a população continua pagar. No período julho-novembro para os orçamentos locais detidos pelos separatistas, entrou 608 mil UAH. Do contrário os negócios cessariam. 
A economia do Donbass é inseparável do restante do país, mas na a região, já a muito trabalham com pagamento antecipado. Comprando bens ukrainianos, as pessoas também pagam imposto sobre o valor agregado.

O dia-a-dia da guerra

Em um dos supermercados - longas filas. É preciso esperar três a quatro horas. Até a pouco tempo aqui havia terminais, então era possível pagar com cartão.

Fila no Supermercado - às vezes esperam 3 horas.
- Qual o valor da UAH? - pergunta alguém dos compradores assustado, quando vê carrinhos com pão, água e cereais, comprados pelos voluntários.

- E como é na sua casa? Ouvem-se muito as explosões? - fala no telefone a vendedora enquanto pesa o repolho e beterraba.

- E como eles se estabeleceram? E quanto pagam pelo apartamento? - pergunta alguém atrás das costas.

Um homem, em camuflagem, no carrinho de produtos leva uma criança. 

No hotel, onde se hospedam os jornalistas, convidam para a festa do "Beaujolais Noweau" (É a comemoração do novo vinho, quando é feita a degustação. Normalmente dura alguns dias. Originou-se em Borgonha).

Há restaurantes em Donetsk, onde está tudo bem com Beaujolais
"No restaurante - novos pratos com codornas por 140 UAH". Este local apreciam os senhores da guerra, que fumam marguilé. À noite sentam-se com eles lindas meninas. Na entrada podem ser vistos Jeeps com números de placas: "Magnata", "Kharon" (Significa imagem com aparência de idoso que atravessa as almas dos mortos através do rio após a morte. - OK) e "Bomj" (pessoa que não tem local certo de moradia - OK).
Aqui negocia Volodymyr Ruban (dirigente do Centro de libertação de prisioneiros ukrainianos). Neste local, de longe, não são os mesmos "denerivtsi" (de "DNR") que estão nos postos de controle ou viajam nos ônibus "Khartzyzk - Donetsk". Pela cidade transitam comboios de caminhões sem placa. (Os novos-ricos já se estabeleceram para sugar o povo - OK).
A fase primitiva da ocupação, parece que já passou - é mais ou menos claro o que, quem ocupa. Falam sobre aprimoramento, mas isto não é visível. Faz sentido tomar de aqueles que possuem algo significativo. À maioria das pessoas isto já não é aplicável. Aos voluntários aproxima-se um dos comandantes da unidade "Oplot" com algumas mulheres. Procuram cinco combatentes, que desapareceram após interrogatório com Zakharchenko. Os voluntários explicam que não são como os homens em camuflagem.

A auto- proclamação da "DNR" formalmente existe. Ao invés da ODA (Administração Estatal Regional) , o assim chamado governo "república". Em vez de departamentos - "ministérios". Mas é difícil dizer o que eles tem a ver com a vida das pessoas e, pelo menos, com algumas ações administrativas? Eles - pessoas com inventadas posições e armas nas mãos. 

Na estação sul tem filas. Daqui pode-se ir a Konstantynivka, onde dá para mudar ao rápido trem para Kyiv ou Kharkiv. Saída para território pacífico.
A ligação para Kyiv pela estrada de ferro direta, de Donetsk a Kyiv, está interrompida, portanto, toda a carga é para os ônibus e micro-ônibus ou táxis. Apesar das conversas sobre enormes filas, não se espera mais de uma hora. A estrada segue pelo desvio para não passar próximo do aeroporto, onde as lutas continuam.
Para controle entra um representante da "DNR" e não olha os passaportes. Após alguns quilômetros os fronteiriços ukrainianos verificam cuidadosamente os documentos dos homens e perguntam sobre a finalidade da viagem.

Mais algumas dezenas de pessoas deixaram o território ocupado.

(Fotos da autora.)

Tradução: O. Kowaltschuk

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