Retornar os soldados à vida ajudam médicos, leais esposas, voluntários, música...
Vyssokyi Zamok (Castelo Alto), 19.12.2014
Galyna Vdovychenko
Na enfermaria da cirurgia do hospital militar acontece concerto. Esta já é a terceira enfermaria, visitada pelo músico Vadim Voitovych. Os feridos ouvem seu canto acompanhado por um violão. Vadin - professor da "Escola Salomia Krushelnytska", membro do grupo "Rimeik". Os agradecidos ouvintes batem palmas - aqueles que podem fazê-lo, que não tem as mãos acorrentadas ao aparelho de Ilizarov. O mais jovem da enfermaria, Slavik da aldeia Oriavy, do distrito Skoliv, tem no braço este dispositivo, que ajuda após cirurgia e união dos dilacerados ossos. Junto a Slavik - "cyborg" Ivan, que foi ferido, protegendo o aeroporto de Donetsk. Ele reside em Donetsk.
A enfermeira Anna entra novamente e seriamente adverte: terminem o concerto! Mas todos querem ouvir mais. Com especial emoção reage ao som "Tio Sasha", assim é chamado o "aidarivets" (do grupo de combatentes denominado "Aidar" - OK) Oleksandr Kosolapov. Já é seu 5º mês no hospital. Perna em distensão. Vestígios de ferimentos de estilhaços no corpo todo.
A voluntária Helena Pavlos coloca um travesseiro sob as costas do ferido para que se sinta mais confortável.
- Se não fosse Helena, não sei o que aconteceria com o tio Sasha - diz a voluntária Maryna Yakushev. - Em julho, ele sofreu várias lesões nas pernas e estômago, próximo à cidadezinha Lutiguin. Depois da cirurgia necessitou cuidados minuciosos. Pedi a Helena ajudar, ela é professora do Instituto Superior de Gestão, Mestre do Esporte. Agora, aqui passa dias e noites. Depois do trabalho - aqui, nos finais de semana - aqui, desde manhã até a noite, e ainda consegue cozer em casa algo gostoso para os rapazes... Tio Sasha é afegão (significa que lutou na guerra do Afeganistão no tempo da União Soviética - OK), ele tem 50 anos, é da cidade Shchastia. Seu filho é soldado do 24º batalhão da defesa territorial "Aidar". Em Lviv agora estão a filha e nora do tio Sasha com as crianças, refugiadas...
Maryna sozinha vive pela "rotina de voluntária" Trabalha com marketing, tem esposo e filhos, mas em tempo livre corre para o hospital. Sábados e domingos sempre está lá.
- Os rapazes lavamos, fazemos a barba, cortamos as unhas, tratamos as feridas... Se preciso lavamos os banheiros. Houveram feridos com os dois braços quebrados, como poderiam passar sem ajuda de outros? No início eles sentiam-se envergonhados, mas depois aceitavam a ajuda com gratidão. Às vezes, é difícil entender, como um homem, que sozinho não consegue nem beber água, recebe a visita da esposa uma vez a cada dois meses.
- Surpreende, quando os familiares do ferido, aproveitam-se do dinheiro que juntamos para tratamento e próteses dos rapazes - diz a voluntária Svitlana Sydorenko. - Há pessoas assim... Mas as pessoas são diferentes- algumas entregam o último, outros fingem que os problemas não se referem a elas.
Svitlana era ativista do Voluntariado da Centena Médica durante o tempo do Maidan. Quando em julho constatou-se, que no hospital de Lviv havia muitos feridos e eram necessários voluntários, a Centena Voluntária recebeu permissão ajudar no hospital. Dizem que os médicos-especialistas aqui fazem milagres, mas falta enfermeiras.
A estudante Anastácia Horoshko vem ao hospital todos os dias. Para arranjar tempo para o trabalho voluntário, transferiu-se para o departamento de estudos por correspondência. "Trabalho das 10 horas às 20 horas, diz ela. - Respondo pelo corpo cirúrgico, para que os rapazes tenham todo o necessário... Maior necessidade - calças esportivas. Há muitas necessidades, toda informação nós colocamos no Facebook, na página da Centena Voluntária".
Sobre um dos dias mais lembrados Anastácia diz o seguinte: "Quando estava difícil com a água... para sete enfermarias eu tinha apenas uma jarra de água, e todos os rapazes pediam água..."
Voluntária de Brody, Tatiana Stasiuk naquele dia trouxe algumas coberturas especiais para extremidades feridas. Costuram-nas segundo moldes as voluntárias da Oksana Polonchuk, de Kyiv, trazem para Lviv e distribuem aos feridos no hospital, anteriormente obtendo medidas.
Slavik Kokot prende o zíper das coberturas com o aparelho Ilizarov. Alegra-se com a novidade: é quente e confortável, e é possível sair na rua. O vizinho de Slavik, Andrii Dmytrienko, recebeu uma semelhante "roupagem" para perna, na vez anterior. O coronel Roman Mamavko, de outra enfermaria sonha por "sua" cobertura para o braço e fica bastante satisfeito.
Distribuímos as guloseimas que trouxemos. Maryna divide as balas, tangerinas, iogurtes, cigarros e coloca nos pratinhos as panquecas caseiras.
As enfermarias recebem representantes de joalherias, que doam aos feridos pingentes - tridentes de prata.
Próximo do departamento de reabilitação, na varanda, há um pequeno grupo de rapazes e moças, todos riem. Entre eles - herói - "aidarivets" , cuja história conhece toda Ukraina - Vasyl Pelesh de Starosambirshchyna. A ele, quando prisioneiro, cortaram o braço por causa da tatuagem "Glória á Ukraina"...Todos estão em jaquetas, Vasyl - em camiseta com tridente (símbolo ukrainiano). Ele, de tempo em tempo, vem aqui para reabilitação.
- Eu não sei o que faríamos, se não houvesse voluntários - diz Felix Herasymov (voluntário do batalhão voluntário de defesa "Volyn"). Ele faz tratamento no departamento de reabilitação e apoia a conversa. Com entusiasmo conta como os voluntários lhe traziam todo o necessário para a linha da frente, e como ajudam aqui, no hospital.
No corredor passeia uma família jovem (1ª foto). Contam sua história. Ruslan Rudei servia na 72ª brigada mecanizada. Depois de ferido, por 4 meses tratava-se no hospital de Kyiv, e aqui está em reabilitação. Agora, diz, estar melhorando aos poucos. Sua esposa Ludmila e a pequena filha vieram de Bila Tserkva, elas estão constantemente com Ruslan. Vivem em Lviv, num colégio-internato, mas procuram um apartamento próximo ao hospital...
Na entrada do hospital as pessoas trazem ajuda. Aqui há uma pequena sala, "estado-maior" do voluntário. As moças cortam em pedaços o grande pastel com repolho, ainda quente. "A sogra assou", - diz o homem que trouxe.
O dia termina com Andrii Ussach (foto 3) lutador (aqui eles não usam a palavra "herói"). Sem uma palavra e braço no gesso, ferimento complicado no rosto. Mas ele está melhorando, voltando à vida. Ele foi operado pelo médico Dmytro V. Los, o mesmo que o retirou do local em que foi ferido.
Segue a relação das necessidades no hospital.
Notícias diversas - dias 18 e 19/12/2014
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana)
Vysokyi Zamok (Castelo Alto)
Na Rússia há cerca de 30 ukrainianos, prisioneiros de guerra. Vários deles foram capturados durante a batalha de Ilovaisk. De acordo com Feigin, advogado da piloto Savchenko, eles estão em vários centros de detenção.
Ilovaisk a cidade de dezesseis mil habitantes, na qual morreram centenas de soldados ukrainianos, volta à vida, mas continua controlada por separatistas.
Os moradores contam que as escolas funcionam, talvez um café, trabalha a estação ferroviária. Serviço não há. Os pensionistas já a quatro meses não recebem. Presente apenas a milícia. Uma mulher conta que o neto lutou do lado da milícia, mas foi ferido e não quer mais participar. A mulher tenta convencê-lo, diz que é a única saída. (Essa vive na Ukraina, mas é contra o próprio país - OK).
Sviatoslav Vakarchuk, cantor e líder do Grupo "Okean Elzy": As reformas não começam com as ordens dos governantes, mas com as mudanças em nossas cabeças. Enquanto nós não entendermos isto - seremos como cachorro que corre atrás do próprio rabo".
Ele colaborou com a Kyievo-Mohylianska Academia, realizando um concerto. Parte do dinheiro arrecadado será para remédios aos militares feridos. O restante será para adequação do ensino à distância, tão necessário aos estudantes de Donbass que, frequentemente, não têm possibilidade ao ensino superior. (Ainda mais agora que várias universidades mudaram-se de Donbass devido a guerra, conforme já noticiado neste blog - OK).
Outro concerto, 19.12.2014, será para arrecadar fundos para reconstrução do hospital militar no Zaporizhzhia. E, já fez vários outros concertos para ajudas diversas.
Moradores de Debaltsevo pediram ao músico, ajuda com materiais de construção. Suas casas foram destruídas na atual guerra. Vakarchuk enviou-lhes dois caminhões (de 20 toneladas cada) de ardósia e aquecedores. Ele contou com a colaboração de outras pessoas e proprietários de lojas de materiais de construção. Disse que ajudará a outros, se
pedirem. (Aqui lembro de reportagens sobre seu pai, anos atrás, que foi Ministro de Educação e era bastante elogiado - OK).
Em cativeiro dos militantes há 185 militares das Forças Armadas da Ukraina, e 298 considerados desaparecidos.
A ajuda humanitária da Polônia aos moradores de Donbass já chegou na Ukraina. São mais de 50 veículos de carga, 150 toneladas de bens, compreendendo 5 mil pacotes de alimentos, 2 mil pacotes de higiene infantil, 200 leitos para pessoas deslocadas, casacos de inverno, aquecedores, sacos de dormir, etc. no valor de um milhão de dólares. Enviado pela Cruz Vermelha, organizações voluntárias e comunitárias.
Poroshenko: "Não haverá mais oligarcas no governo. Eu farei tudo para não permitir isto. Eles, se seguirem as leis, terão clima favorável para seu desenvolvimento mas, seremos firmes se tentarem aproximar-se do governo para seu próprio enriquecimento, porque isto tem um nome: corrupção", - disse o presidente.
Polônia está pronta para vender armas a Ukraina, declarou o presidente polonês Bronislav Komorovskyi.
Os migrantes em Kharkiv receberam apoio financeiro da UE (OIM - Organização Interna para as Migrações) A OIM, com apoio da Alemanha expande sua ajuda aos migrantes forçados da Criméia e Donbass para 20 mil pessoas. A UE destinou para isto 6,5 milhões de euros, e Alemanha oferece 680 mil euros. Os pagamentos pontuais serão fornecidos para mais de 5.300 famílias e indivíduos, com necessidades especiais na região de Kharkiv, que faz fronteira com Donbass e recebeu em torno de um quarto de todos os deslocados.
Hollande: "Rússia não receberá os navios "Mistral" por causa da guerra no Donbass". França construiu o primeiro navio "Mistral" encomendado pela Rússia. Em futuro próximo esta questão não mais será discutida, de modo que os marinheiros russos, que estavam a bordo do navio, já partiram.
Trabalhadores migrantes "ostarbaiteres" (Definição adotada pelo Terceiro Reich para se referir às pessoas traficadas da Europa Oriental, que eram utilizadas como mão de obra gratuita ou de baixo pagamento em 1942 - 1944 - OK) fogem em massa da Rússia por causa do colapso do rublo e da lei que os obriga passar por um teste do idioma russo, história (com certeza alterada em benefício russo - OK) e legislação russa, a partir de 1 de janeiro e que lhes
custará 30 mil rublos. Depoimento dado por Mohammed Amin, presidente da Federação de migrantes na Rússia. Ele não descartou que o número de migrantes ilegais vai aumentar. Estas informações foram confirmadas pelo presidente da organização cidadã "Trabalhadores Migrantes" de Tajiquistão, Karomat Sharipov.
O enfraquecimento do rublo, a taxa do teste e salário inicial, mais as passagens e a autorização para o trabalho, incluindo as divisas em dólares em casa, obrigará muitos tadjiquines procurar serviço em outros países. Shapirov manifestou a preocupação de que os antigos construtores podem tornar-se mercenários.
"Jovens discutem, eles têm grandes empréstimos em dólares, no Tajiquistão. Não excluo, que eles irão aos "pontos quentes" para ganhar dinheiro e entregá-lo a seus fiadores. Porque haverá cobrança judicial e eles poderão ser presos. Não descarto que eles pegarão em armas e de lá enviarão dinheiro. Bem - se permanecerem vivos", disse Shapirov. (Se isto acontecer deste modo, estarão criando novos Donbass, ou reforçarão o atual - mas a Rússia vai posar de santa - OK)
Tradução: O. Kowaltschuk
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