quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Batalha de Kruty (Continuação).
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 28.01.2018
Yaroslava Tregubova

Sobre equilíbrio das forças.

Averky Goncharenko:

500 jovens soldados e 20 comandantes. Alguns soldados esgotados nas batalhas anteriores, outros - sem treinamento militar.

Próximo às dez da manhã chegou na plataforma um canhão, com ele - sargento Loshchenko. Quem o mandou - não sei, mas penso que que foi sua iniciativa pessoal. Este militar, surpreendentemente digno de auto-sacrifício, fez grande confusão com seus impressionantes tiros à retaguarda dos vermelhos, e isto parava a marcha vitoriosa de Muraiov. Esta inesquecível ajuda deste militar, considero enfatizar.

Mikhail Mikhailik:

O inimigo tem dois trens blindados de boa construção, uma bateria, até mil soldados de infantaria e até mil e quinhentos marinheiros do Báltico.

- Aproximando-se de uma localização hostil, descobrimos que o inimigo tem dois trens blindados de boa construção, uma bateria de canhão, até mil soldados de infantaria e mil e quinhentos marinheiros do Báltico. Assim havia até três mil baionetas inimigas, bem distribuídas tecnicamente.

Sobre a ordem de recuar e traição do regimento Shevchenko.

Averky Goncharenko.

- Próximo da vinte e uma hora os vermelhos começaram a atacar a centena de estudantes, mas entrando na zona de fogo cruzado, eles tiveram que abandonar suas intenções. Anteriormente, eles foram inspirados pelo surgimento, no túnel ferroviário Chernihiv - Kruty do centurião Semirozum, que cobria nosso flanco esquerdo.

Mas essa ofensiva bolchevista era apenas um disfarce, pois a ofensiva real, o que eu esperava, visava bloquear a nossa ala direita, o que lhes entregava diretamente, a estação de Kruty, afastando-nós da nossa base e possibilitando-lhes cercar-nos completamente. Os vermelhos tinham forças suficientes para manobra. Enquanto isso, recebi uma mensagem, que o comandante da Centena dos Estudantes estava ferido.


    Aquarela: Leonid Perfetsky. Luta em Kruty.

Após duas horas, nosso cerco começou, de forma muito sólida, com o uso de todas as táticas indicativas. Nosso canhão, montado na plataforma da linha Kruty - Bahmach, não podia contrariar as manobras dos vermelhos, em um ângulo reto para o leste. 

Então usei a reserva. Introduzindo reserva à luta da nossa última centena, decidia o quanto ainda podíamos defender nossa posições. A força do inimigo, muitas vezes predominante, acelerava nosso veredicto e apenas o ritmo fraco de sua ofensiva, nos permitiu chegar às nove horas, quando a noite escura chegou.

Nesta grande tensão, o estudante da Universidade de St. Volodymyr, Valentim Atamanovski, deu-me um telegrama, do qual eu fiquei sabendo que o regimento Shevchenko, de Nizhyn uniu-se aos bolcheviques que vinham até nós, da clandestinidade.

Atamanovski era muito corajoso, mas o mais importante havia nele - era sempre seu bom humor. Ele começou comparar nossa luta com as batalhas dos suecos e nossos lutadores com os moscovitas perto de Poltava.

Tudo o que sobrou, não deu possibilidade de mínimo descanso, devido aos ataques frequentes do inimigo. Consequentemente precisei retirá-los da batalha sem mais perdas de pessoas e preparar-se para união com os Negros Haydamaques no comando de Simon Petliura, que já estavam na estação "Brovary".

Igor Lossky:

A situação estava desesperadora. Rapidamente silenciariam as metralhadoras ukrainianas não tendo munição. E os bolcheviques avançavam cada vez mais, já era possível reconhecer as figuras dos marinheiros.

O comando dos jovens deu ordem para recuar mas, em algum lugar ao longo do caminho, a ordem foi confundida, e a centena estudantil ouviu que devia avançar. No momento em que a asa direita começou recuar, a esquerda avançou. Pode-se imaginar que o inimigo se aproveitou da asa direita e entrou na parte de trás da centena dos alunos.

Os que estavam na extrema esquerda, recuaram, passaram a estação já ocupada pelo inimigo e, felizmente, chegaram ao seu escalão, que ficava a um par de milhas da estação.

A parte que estava próxima do toro ferroviário, recuando, não sabia que a estação já estava ocupada, e estava cercada. Vendo isso, os estudantes tentaram abrir caminho, mas já era impossível. Alguns foram mortos perfurados por baionetas, mas a maioria foi capturada.

Verdade, alguns poderiam ter escapado, mas as botas de feltro, molhadas na neve, tornaram-se muito pesadas - fugir não foi possível... então, durante um dia, o destino dos cem estudantes foi decidido.

Sobre a retirada.

Mikhail Mikhailik:

- Anoitecia, quando quase todos os soldados chegaram aos trens, que esperavam e a cada momento estavam prontos para se mover em direção de Kyiv. Dois vagões foram reservados aos feridos, estavam cheios, reservaram um terceiro. Irmãs e enfermeiras ligeiramente faziam curativos. Os trens se moveram sob o fogo do inimigo... Nos vagões, os encarregados contavam suas fileiras. Em cada uma faltavam de 5 a 10 estudantes. Companhia estudantil - até 50 rapazes.

Averky Goncharenko.

Sobre o destino do irmão e seus amigos soube bem depois. Descobriu-se que eles recuando, obviamente para reduzir o caminho, foram à estação "Kruty". Mas lá, do leste, vieram os bolcheviques. Logo,iniciou-se o drama sangrento... eles não foram baleados, mas perfurados com baionetas, o que eu confirmei já em Kyiv, no funeral.

Sobre cativeiro, escárnio e fuzilamento.

Igor Lossky:

35 combatentes acabaram no cativeiro. Apenas sete deles foram resgatados. De suas palavras, vários meses depois, os combatentes da Sich ouviram sobre o destino terrível de seus companheiros. Durante um dia inteiro eles foram abusados pelos vencedores vermelhos.

Afinal, no segundo dia todos, menos os sete homens, foram baleados. Antes do fuzilamento, o aluno da sétima série, do Segundo Ginásio ukrainiano, de Halychyna (Galícia), Pypskyi, a toda voz entoou, o hino ukrainiano. Os demais apoiaram.

Boris Monkevich: Em vários vagões colocaram os cadáveres e durante alguns dias os pais e familiares reconheciam seus entes queridos. Nem todos foram encontrados, porque alguns, não se sabia, aonde foram fuzilados pelos bolcheviques. Secretamente, foram enterrados pelos camponeses.


Foto, que consideram ser do reenterro de estudantes mortos em Kruty.

Todos os prisioneiros foram assassinados brutalmente: eles estavam com cabeças partidas, dentes quebrados, olhos perfurados ou extraídos. Alguns cadáveres não foi possível reconhecer devido às mutilações.

O funeral solene ocorreu a expensas públicas, com grande participação dos cidadãos de Kyiv, delegações e exército. Um enorme monumento foi planejado, mas a ocupação hostil não o tornou possível.

Tradução: O. Kowaltschuk

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