sábado, 10 de fevereiro de 2018

Como Polônia, de advogada da Ukraina transformou-se em promotoria.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 27.07.2016
Stepan Kurpil

A máxima de que nossa boa vizinha Polônia é advogada da Ukraina na Europa, tornou-se habitual, até ordinária. E como pode ser diferente?
Revela-se, talvez. A resolução do Sejm quanto a tragédia, na qual os ukrainianos são acusados de genocídio dos poloneses, transforma Polônia de advogado em procurador. O conhecido historiador ukrainiano Yuri Shapoval declara, que a palavra "liudobuistvo" (Significa matança de pessoas) é incorretamente traduzido do polonês como genocídio. Dizem, é necessária outra tradução. Mas qual? "Liudenovbevstvo"? Tal tradução não corresponde ao conteúdo e ao espírito do decreto do Sejm (Parlamento). (No segundo caso significa "causar" a morte da pessoa;  no primeiro parece ser a mesma coisa. Na realidade estas palavras não existem no vocabulário ukrainiano -OK).

Então, genocídio. O que vem depois? O Sejm polonês, com esta decisão radical colocou seu país num canto profundamente nacionalista, de onde não há nenhuma boa saída. Para os nacionalistas extremos isto se tornará um trampolim para continuar aumentando a atmosfera anti-ukrainiana na sociedade polonesa. Para eles essa resolução não será suficiente. Os demônios da história são fáceis de reviver, mas não podem ser controlados mais tarde. Mesmo que os liberais venham ao poder na Polônia, será difícil para eles mudar esta decisão, para não obter rótulos de traidores. Já agora os deputados que não votaram pela resolução, chamam de traidores nacionais. Gravado como preto no branco: mais de 100 mil vítimas das mãos de nacionalistas ukrainianos. 

O fato de que este número foi sugado do dedo, já não interessa a ninguém. Na verdade, os historiadores têm evidências quanto a 40 mil vítimas polonesas e, no mínimo, 15 mil ukrainianas, O número real de vítimas pode ser maior, mas isso é necessário estabelecer, e não inventar, como no Senado e Sejm da Polônia. Pelo menos, tais números são expressados pelos representantes do fórum Histórico Polono-Ukrainiano, cujo co-presidente é Yuri Shapoval. E ele se refere ao estudo de Eva Semashko, à qual "reza" a maioria dos embaixadores do Sejm e do Senado.  Mas se você revisar cuidadosamente a pesquisa de Eve e Vladislav Semashko, eles citam nomes de 19 mil poloneses mortos. Outros números são premissas e invenções. O número "100 mil" foi desenhado pelo historiador polonês Grzegorz Motika, não confirmando isso com nenhum fato.

Surge uma pergunta simples: e os ukrainianos, que pereceram das mãos dos chauvinistas, não são vítimas do "Luidobuistvo"? Eles são o que, não são pessoas? Ou algo pior?

A partir da decisão do Sejm soprou o espírito da política polonesa anterior à guerra, onde os ukrainianos eram tratados como uma nação de menor valor, que o governo perseguia e oprimia. O pico desta humilhação nacional dos ukrainianos foi a chamada pacificação, segundo a qual a polícia polonesa e o exército subjugavam aldeias inteiras com espancamentos, prisões e destruição física dos ativistas patriotas. Obviamente, nem todos estão cientes das peculiaridades da política nacional do ditador Pilsudski, que é homenageado na Polônia como um herói, um homem de estado. Apenas um exemplo. Para receber um emprego em uma empresa estatal, por exemplo, na estrada de ferro, o ukrainiano devia renunciar à sua fé e nacionalidade (Isso durante o domínio polonês na Ukraina) e inscrever-se como polonês. A polonização dos ukrainianos em nada era melhor que a russificação. Talvez, entre outras razões, seja necessário, em particular, buscar fontes de ódio nacional entre ukrainianos e poloneses durante a Segunda Guerra Mundial? Há muitos na decisão do Sejm, desculpe, (xingamento ).  Mas isto é tema para uma análise de historiadores. Citarei apenas um fato. Os autores "arrastaram pelas orelhas" a Divisão SS "Galícia" à suposta participação no "genocídio dos poloneses". Esta formação militar, não tinha nada a ver com a tragédia de Volyn. Mas, queriam muito, é óbvio, que a mentira parecesse mais convincente.

Recentemente, nossos amigos poloneses nos aconselham, a quem considerar herói nacional e a quem não. Com nome de quem nomear as ruas e prospectos, e de quem não. Seria bom que todos os nossos vizinhos, tanto do leste como do oeste, finalmente entendessem, que seremos capazes de lidar com isso. A fim de respeitar um ao outro, nós não precisamos ter os mesmos heróis. Os poloneses honram o líder Roman Dmovsky, que professava a ideologia fascista nacional anti-semita. Mas, evidentemente, não é por isso que os poloneses o destacam, mas por algum outro motivo. Então, por que nos negam o direito de respeitar Bandera, que quase durante toda a guerra esteve isolado no campo de concentração alemão e nos eventos de Volyn não esteve envolvido. Mas, foi sua figura que se tornou o símbolo da luta OUN - UPA pela independência da Ukraina. No seu reconhecimento não existe um contexto anti-polaco. Mas, para muitos poloneses, Bandera é como um pano vermelho para um touro.

Nós devemos, calmamente, mas persistentemente, explicar aos nossos adversários a falsidade de sua lógica. Por exemplo, na resolução do parlamento. "Sobre estabelecimento de 11 de julho, Dia da Memória dos poloneses, vítimas do genocídio, cometido pela OUN - UPA" (Organização de Nacionalistas Ukrainianos - Exército Insurreto Ukrainiano) glorifica-se o Exército Nacional, Batalhões de homens como protetores de poloneses. E não é nada que eles recortavam os ukrainianos, queimavam suas casas e aldeias, destruíam a igreja? De acordo com a lógica dos autores da resolução anti-ukrainiana, no UPA (Exército Insurgente Ukrainiano) estavam os criminosos, e no exército da Kraiova (polonês) - heróis, quase anjos protetores. Se os ukrainianos são acusados de genocídio, isso pode justificar quaisquer um de seus crimes. É uma verdade estranha, que, de acordo com os planos dos embaixadores e senadores, devemos conciliar. Na verdade, isso não tem nada a ver com a verdade histórica. Oferecer re-
conciliação sob a forma de cobrança e uma espécie de Know-how polonês.

Mas a verdade é indispensável. Para as vítimas da tragédia de Volyn, e para os atuais ukrainianos e poloneses. Chega indignar-se com a resolução anti-ukrainiana ao Sejm polonês. Chegou o melhor tempo, para o Parlamento da Ukraina aprovar, quer uma resolução, ou uma declaração, onde na base da pesquisa objetiva, histórica (e estas existem) seja dada uma avaliação formal à Tragédia de Volyn, e operação "Visla"... Calmamente, sem confrontos, mas sem inferioridade. Precisa nomear as coisas pelos seus nomes. Crimes como crimes, criminosos como criminosos, independentemente de que lado das barricadas eles guerreavam. E também mencionar os fatos de apoio mútuo e salvação de poloneses e ukrainianos. Este documento deve conter uma fórmula, que não existe na resolução polonesa. Ou seja: "Nós perdoamos e pedimos perdão". E nisto consiste senso em quaisquer discurso histórico voltado para o futuro.

Tradução: O. Kowaltschuk

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