domingo, 17 de setembro de 2017


Crianças do Estado: a história dos imigrantes desde o nada para lugar
nenhum.

Tyzhden.ua (Semana Ukrainiana), 12.09.2017
Elizabeth Goncharova

Crianças do Estado: desde o nada para lugar algum

Agora, já ninguém se surpreende, quando pela ajuda aos órgãos estatais pedem não pessoas comuns, mas o contrário, os serviços estatais que precisam ajudar e proteger - aos voluntários. Tais chamadas urgentes desde o início da guerra, nas cidades próximas à frente, são muitas: transportar, encontrar moradia, vestir e de modo elementar, alimentar. O pesado volante do sistema estatal não suporta tal ritmo, especialmente nos casos de força maior. Os voluntários estão lá, então sua ajuda é sempre necessária, "para ontem" - sempre apropriada.

Meninas, sabem: uma mulher dá à luz. Ela vem do "CISO"! (Isolamento investigativo). Ela não tem ninguém aqui, porque vem do território ocupado. Mas ela não tem mesmo ninguém - ela vem do internato. Podem ajudar? - na linha direta dos voluntários telefonaram do centro de detenção investigativa.

E quem esperamos - um menino ou uma menina? De que cor escolher a roupa? a pessoa que telefonou, confessa que ficou chocada com a resposta. Dizem, frequentemente esperamos qualquer coisa: da insatisfação com a pessoa gravida à moral sobre "que educação ela dará à criança". E ainda pergunta sobre documentos - no momento em que a criança estava prestes a nascer. Porque com isto já acostumaram.  Mas sobre a cor...

Então os voluntários transferiram o "dote" para o novo habitante do planeta Terra, que nasceu, infelizmente, já na prisão... Mas entre aqueles, que viram no centro de voluntariado, a porcentagem de crianças "de ninguém", que procuram ajudar já para seus filhos, é muito grande. No meio do inverno Oksana foi mandada por alguém para os voluntários: ela já tem 20 anos, mas na aparência uns 15.
Pela neve profunda ela caminhava de tênis e jaqueta, da qual apareciam magras e quase azuis mãos. Porque sob a jaqueta havia apenas uma velha camiseta, na qual um olho feminino podia perceber as trilhas - caminhos do leite. Porque Oksana, recentemente, deu à luz.  Mas o menininho, ruivinho como a mãe, levaram ao hospital. Um mês vinham os médicos e os serviços sociais, vinham para casa do "Tio Seryozhi" onde a moça foi registrada. Tentavam organizar algum tipo de permanência da mãe e do bebê: mostravam como alimentar e dar banho, traziam fraldas, a enfermeira do distrito trazia até a balança, para ver se a criança alimentava-se suficientemente, se ganhava peso. Mas, certa vez não encontraram Oksana em casa, com o azulado de choro menininho estava aquele tio que deu abrigo. Que planos tinha ele para o futuro, não se sabe, mas receber um bebê de um mês - certamente não estava incluído. Portanto, o bebê foi
levado ao hospital, e os serviços começaram procurar sua mãe.

- Eu conheci Igor, ele é tão normal. Diz, quando encontrar um emprego, então sua mãe permitirá nos levar. Nós nos amamos.Eu lhe darei um bebê. Anteriormente eu tinha muito medo, como é - ser gravida, o parto... As moças no orfanato nos assustavam... Mas quando dava à luz Yaroslavchek - tudo foi bem, sem injeções ou operação.

- E quanto a Yaroslavchek? Primeiro você deve criá-lo. Por que você já fala sobre outra criança? - Pergunta Natália que nas prateleiras procura no que vestir Oksana.

- Mas eu vou levá-lo também. Assim que Igor encontrar trabalho, vamos viver juntos como pessoas - vou ao hospital, me entregarão Yaroslavchek. Porque propuseram-me assinar a recusa, mas não, eu não quero. As crianças - são a alegria - sorri Oksana vestindo calças quentes sobre pés molhados e congelados.

Os voluntários a vestem direto na loja: meias quentes e botas, suéteres e jeans, um gorro com penugem grossa, que parece casa sobre a frágil Oksana. 

Com pele! Veja é pelo verdadeiro! ela faz pose, abrindo os braços .

Em separado juntaram um pacote para criança. Mas ela não pegou, diz que, por enquanto não tem lugar para manter, porque ainda não sabe, aonde vai viver. Algures, em Yenakiyevo ela tem a casa dos pais, mas a casa, diz ela, já caiu a muito tempo, quando os pais morreram por causa da cachaça.  E, o pai de Yaroslavchek  desapareceu em algum lugar então ela não o procurará, já que ele é tão irresponsável. Sim, o amor já é outro. Mas quando for ao hospital buscar Yaroslavchek, do hospital nos telefonará e levará suas coisas. Os voluntários balançam a cabeça, embora já saibam:  Oksana não tem telefone. E aquele pacote ficou, com a inscrição: "Para Yaroslavchek", na prateleira do armazém do voluntariado. Depois eles o levaram ao hospital, com fraldas para todos, cujos pais lá deixaram. Então ainda decidia-se o status da criança, porque surgiram interessados em adotá-la. Mas Oksana já não conseguiram encontrar: ela continuava sua jornada em busca de casa e amor. Procurar isto junto ao seu filho, ela não aprendeu, poque sabe bem que isto é divertido com presentes, feriados e convidados, mas não é sobre o amor...

"Às, vezes acontecem milagres, quando o instinto maternal natural luta contra os desafios das instituições do estado que lutam para apagar isso para sempre. Embora, se você olhar do lado comum, como gostam de dizer - normais - isto é vida, é indecoroso: sem habitação: sem habitação, com homens diferentes, tantas crianças! Mas como é para aqueles, que nunca souberam, como é - ser mãe, filha, criar sua própria família, aonde se amam - isso já é uma façanha. E ainda não está claro, como em tais situações, mantinham-se os comuns, isto é - normais...

Vitória já tem cinco filhos. Quando a guerra começou, ela simplesmente ficou porque conhecia a aldeia, aonde estudou e viveu num internato especial. Sim, Vika - pessoa especial, porque tudo o que aconteceu com ela, não parece estranho. Agora ela já tem cinco filhos, mas quando a guerra começou eram três. Dois meninos receberam o mesmo nome: quando  no Cartório perguntaram, como o menino se chama, Vika pensou que interessavam-se pelo maior. E respondeu. Sim, ela tem dois Kostya, mas não faz mal: apenas que seja saudável! Um ano antes da guerra o marido morreu, de doença, e ela ficou sem moradia. O apartamento do pai em Gorlivka, com verdades e inverdades apoderou-se seu irmão, que saiu da prisão. Mas, para ela deu dinheiro, pelo qual ela comprou uma pequena casa. Bem, como comprou , o mais rápido mudou-se. De alguma forma os empregadores tomaram seu passaporte (esta é uma prática muito difundida, especialmente, quando diz respeito às pessoas que ninguém protege), e sumiram.

E quando ela já o restaurou, já não havia ninguém para pôr o carimbo de autorização para residência. Gorlivka foi ocupada. Na aldeia, na qual ela conhecia apenas o nome, encontrou-se uma velha casa, na qual foram morar. Mas receber pelo menos algum dinheiro estatal com um passaporte cristalino - todos compreendem... As pessoas da aldeia alimentavam as crianças.  Certa vez levaram para um abrigo, por um mês, tipo sanatório - porque estavam muito magras. Mas depois encontrou-se aquele que deu amor à Vitória, mas por pouco tempo. Deu também uma menininha. O dinheiro com o nascimento da criança ela também não recebeu, porque se há uma criança, também é indispensável certo carimbo. Trabalhar não havia onde. Mas ela corria de uma aldeia para outra, tentando trabalhar nas hortas, pequenas plantações. Diz, que em nenhum momento pensou em dar seus filhos ao estado, porque eles são a coisa mais importante que ela tem. O que é surpreendente: apesar da desesperança e miséria, as crianças da Vitória sempre obedientes e limpas, ensinadas não exigir, mas agradecer pela ajuda. E eles gostam um do outro e a mãe também. Portanto, os Serviços Especiais também observaram isto - apesar da provação com a guerra e do destino, a família permaneceu junto. Embora muitos exigissem: tirem dela as crianças: ela está doente, desempregada, sem habitação! Embora adotar sozinho, por exemplo, ninguém se propôs.

Posteriormente, apesar de grandes esforços, mas lhe restauraram todos os pagamentos, aos quais tinha direito de acordo com a lei. Aliás, agora Vitória já tem uma família completa: encontrou-se um marido. Vitória deu à luz mais um menino (que ela já não chamou Kostya), e os pais do novo marido compraram-lhes uma casa.

Claro, eu não sei se Vitória ganhará luta com o mundo todo, pela felicidade de sua família, se a nova casa será realmente sua, se o destino das crianças será melhor que o destino da mãe.  Mas nisto eu quero muito acreditar, porque o sistema começam destruir com exclusão.

Tradução: O. Kowaltschuk

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