terça-feira, 17 de março de 2015


Stanislav Belkovsky: Porque eu peço cidadania ukrainiana


Em breve, precisaremos escolher entre Rússia e Ukraina como entre Coreia do Norte e Coreia do Sul.

Político e publicista russo. Diretor de Estratégia Stanislav Belkovsky, persuadido de que a agressão da Rússia contra Ukraina é injusta e imoral capricho do presidente Putin, e, portanto, o cientista não quer viver em tal país.

Stanislav Belkovsky. Foto:asardarov.livejournal.com
Eu vivi na Rússia de Putin por um longo tempo, como todos nós, eu sei que tipo de país é este. Este é país de corrupção total, país de grosseria pública, de lavagem de dinheiro, de desprezo pela pessoa. A anexação da Criméia à Rússia - é derrota da Criméia, não é vitória. Mortos agarram os vivos: morrendo, Rússia com sua mão morta se esforça pegar ainda mais um pedaço. Se equivocar-se na situação não em um passo em frente, mas dois - três passos, então ela resultará em uma enorme derrota. Eu compreendo, que a Vladimir Putin era necessária uma compensação psicológica por toda a humilhação que ele sofreu de líderes ocidentais pelo tempo de permanência no poder, mas eu não tenho certeza que ela é necessária a todos os outros. Agora é bem possível a situação, em que a Coreia do Sul separou-se da Coreia do Norte. Eu não tenho certeza que Ukraina perdeu.

Eu sou fluente no idioma ukrainiano, eu conheço Ukraina, passei lá vários anos. Eu julgo, que Ukraina recebeu a chance de se tornar um país europeu, mas Rússia a perdeu, apesar de que Rússia e Ukraina, etnicamente e mentalmente são muito próximas.

Mas agora eles deixaram de ser um povo: Putin com seu golpe destruiu a unidade desses países. Eu sou uma pessoa madura (idade), e eu sei, que uma pessoa madura não é, necessariamente um idiota. E uma pessoa com mais idade que eu, Zbigniew Brzezinski, adjunto do presidente Carter sobre segurança nacional, falou com muita verdade: "Rússia com Ukraina - é um império, mas Rússia sem Ukraina - isso não é um império". Ontem nós estivemos presentes no funeral do Império Russo. Era preciso terminar com o império. Dois meus conceitos favoritos é que, em primeiro lugar, precisa substituir o império com um estado nacional, e em segundo, é preciso liquidar a Igreja Ortodoxa Russa do Patriarcado de Moscou. E isso está acontecendo diante de nossos olhos. Penso, que depois de tudo o que aconteceu a igreja ukrainiana se separa. Mas, sua presença, na composição da Igreja Russa é uma condição essencial para a existência da Igreja Ortodoxa Russa do Patriarcado de Moscou - o batismo da Rus (primeiro nome da Ukraina-roubado pela Rússia, modificado para Rússia - OK) realizou-se, para dizer o mínimo, não em Moscou.

Não sei se me darão cidadania ukrainiana, porque eu não posso dizer que os políticos ukrainianos me tratam bem - entre eles tenho muitos inimigos - mas eu vou pedir. Eu crio um importante precedente: a parte ativa de russos, que se posicionam positivamente perante Ukraina, podem agora passar do lado russo ao ukrainiano. Eu não me superestimo, não considero, que eu seja um grande estadista de nossa época - Deus me livre. Eu sou uma pessoa insignificante e me considero combustível, matéria-prima. Mas eu sou um átomo marcado. Se me derem a cidadania ukrainiana, o número de desejosos a receber a cidadania ukrainiana imediatamente crescerá em dezenas.

Entendido, ontem eu ouvi a mensagem de Putin. Este é o melhor de seus discursos. Quando você está fortemente motivado para dizer alguma coisa, você diz bem. Quando você declara seu amor à mulher, que você gosta muito, o texto será distinto - e isto foi ontem. Putin vivia seu período estrelar e, naturalmente, seu discurso foi muito mais forte e mais fundamentado, que todos os anteriores. Mas a questão é, o que virá depois. Este dia histórico nós sobreviveremos, e o que será amanhã? Rússia como antes permanecerá um Estado de total corrupção, que o mundo todo considera país de segunda classe, mas Ukraina recebe a chance de se tornar país europeu, mesmo não sendo de primeira, como Alemanha e Reino Unido, mas de segunda classe.

Hoje, o que digo pode parecer loucura e confusão, mas já é o negócio do profeta - no início lhe apedrejam, depois verifica-se que você está certo. Agora eu estou sendo apedrejado, e eu devo passar por isto, caso contrário não haverá profecia. Aqui, eu prevejo: muito em breve, diante de nós vai estar a escolha entre Rússia e Ukraina, como entre a Coreia do Norte e do Sul.

ATUALIZAÇÃO

No recebimento da cidadania eu seguirei meu caminho, campanhas públicas e manifestações não farei. Também eu não pretendo envolver-me em política ukrainiana, mesmo recebendo a cidadania - lá eu não tenho pretensões a qualquer carreira política. Decidi seguir meu próprio caminho, quero viver na parte ocidental da Ukraina, não necessariamente em uma cidade grande, e ocupar-me com meus assuntos. 

Eu não me percebo como uma importante figura pública, que merece atenção. Meu plano para cidadania continua em vigor, mas realizar uma conferência de imprensa eu não vou. Se depois alguém achar interessante saber, como acontece este processo, eu sempre estarei pronto para responder, mas não pretendo esclarecer o recebimento online. Eis o porquê: por incrível que pareça, o meu nome eu devo a Vladimir Putin, porque eu me tornei um conhecido cientista político, e comentarista graças à contínuos comentários sobre ele - é óbvio. Eu deveria ser grato a Putin por isso, embora eu nunca o apoiei como presidente da Rússia e, como fui, assim contínuo crítico de sua política. A atual Rússia não me agrada, embora eu sempre disse, que a situação do país não é apenas o resultado do governo Putin - é consequência da realização da Convenção de elite de 1993-1996.

Putin não cometeu nenhum tipo de violência a mim, não me colocou na prisão, por isso, no plano pessoal eu não devo tomar medidas que ele receberia penosamente, com aflição. O fato de eu receber a cidadania - não é um fato que possa atrair grande atenção, mas a demonstração pública e um reality show sobre este tema atrairá e causará insatisfação. E eu estou bem ciente das consequências desse descontentamento. Visto que a cabeça sobre as costas eu tenho só uma, demonstrações do processo do recebimento da cidadania não haverá. Eu não sou figura de tal importância que possa conduzir uma campanha, seriamente irritante ao presidente da Rússia. Não apenas porque tenho medo dele, mas porque compreendo, com que facilidade ele pode me destruir, em qualquer parte do mundo, mas também, porque nenhuma razão moral eu não tenho. Apesar das críticas que sempre saíram de minha boca durante o seu reinado, eu periodicamente, ultrapassava o limiar da emoção, correspondente ataque do lado de Putin não houve, além de que eu a muito tempo estou proibido nos canais federais. Mas isto não é golpe, e eu não sou tão importante para ser mostrado no "Primeiro Canal". Nós temos muitos oposicionistas faladores, que agora vão rasgar a camisa no peito - eles não compreendem que há limites intransponíveis em relação a Putin.

A afirmação de que eu sou profeta, por favor, considerar hipérbole literária, para que alguns não tenham a impressão de que eu me tornei inadequado e considero-me um profeta.

Tradução: O. Kowaltschuk

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