domingo, 22 de março de 2015


Andrei Piontkovskiy "Putin deseja ardentemente destruir o Estado ukrainiano
Tyzhden. ua (Semana ukrainiana), 20.03.2015

Em entrevista a Semana, político russo, membro do Partido "Apple" Andrei Piontkovskyi expôs seus pensamentos sobre o colapso das ambições da política externa do Kremlin como uma pré-condição para a paz duradoura na Ukraina e na Europa, o terrorismo e a chantagem nuclear como meios pelos quais Putin ganha dividendos políticos reais. (Visto as perguntas serem bastante extensas, traduzi apenas as respostas, que respondem exatamente o que foi perguntado-OK).


O assassinato de Boris Nemtsov mostra que Rússia se move, com passos gigantes, para o regime nazista totalitário. Em tais países não há amplas, não clandestinas, atividades de oposição, e eles são destruídos por outras razões: por causa da pressão externa, em virtude de suas aventuras de política externa, conspirações palacianas e reviravoltas. As circunstâncias do assassinato, seu lugar e hora é incomum, eu diria sensacional, e isto estreita drasticamente a gama de suspeitos. Nemtsov foi baleado na descida Vasilevsky, precisamente no início da ponte. Isto é a algumas dezenas de metros do Kremlin, e tudo lá simplesmente abarrotado de equipamentos de vídeo, além de patrulhamento exercido pelo Serviço Federal de proteção do presidente da FR. Isto é, no momento dos primeiros tiros eles deviam conectar-se automaticamente e, pelo menos, deter os assassinos, que fugiam de carro. Pata tal ação demonstrativa poderiam atrever-se apenas pessoas, absolutamente certas de sua impunidade, chefes de agências especiais e de segurança, que monitoram a segurança na região do Kremlin, residência oficial do presidente da FR. Posso enumerar estas pessoas: Vladimir Putin, Sergei Ivanov, Nikolai Patrushev, Mikhail Barsukov (ex-diretor do Serviço Federal de Segurança). Ninguém fora deste círculo teria coragem para uma ação tão ousada e não ficaria, após, sem punição. Não, eles não saíram do "Ford" branco e não disparavam da pistola Makarov, mas envolveram-se com organização deste assassinato.

Quem o encomendou? Este, ou é o próprio Putin, nomeadamente por razões de ódio pessoal a Nemtsov e desejo de intimidar a oposição com tais atividades terroristas, ou alguém desse círculo interno, possivelmente para agradar ao presidente, fazer-lhe um presente para o feriado. Dia 27 de fevereiro, com decreto especial do presidente, foi anunciado Dia das Forças de Operações Especiais. Isto é, daqueles mesmos russos "homenzinhos verdes", terroristas e sabotadores. Por que exatamente esta data? Porque neste dia, há um ano, foi capturado o prédio do Conselho Superior (Parlamento) da Criméia e de seu governo. E no dia 01 de março, nas telas da FR devia ser amplamente divulgado o filme da série "Anatomia de traição", cujo principal herói deveria ser Nemtsov. Uma semana antes aconteceu, organizado pelo governo o antimaidan, no qual o amigo próximo de Putin, bandido meio louco, de sobrenome "Khirurh" (a palavra em si, significa "cirurgião" - OK) ameaçava com violência física e explicava, que tudo isto foi criado para violência física com os líderes da oposição russa. Isto é, o lugar, o tempo, as circunstâncias indicam diretamente para o autor da morte - a mais alta autoridade do Estado.

Por enquanto Putin age apenas com intimidação. Ninguém sabe, se ele está preparado para uso de armas nucleares, mas a sua presença é uma ferramenta poderosa que traz dividendos políticos. Parece que a senhora Merkel, após uma reunião em Brisbane, na cimeira do G20 e cinco horas de comunicação com Putin compreendeu-o totalmente, saiu de lá em estado de choque completo e, em seguida, durante uma palestra na universidade local, atribuiu ao presidente da FR uma característica extremamente dura. Mais de dois meses depois, ela ainda retinha uma posição muito dura contra o líder da Rússia, apesar da forte pressão de empresários alemães, que são dependentes do Kremlin, e uma série de países da UE que, de uma forma ou outra, dependem do dinheiro de Putin, propaganda e mitologia.

No começo de fevereiro ela, levando consigo François Hollande, lançou-se para Moscou com novas iniciativas de paz. Isto aconteceu um dia depois que o novo chefe do Pentágono Ashton Cartes declarou no Congresso que vai vender armas para Ukraina. De Kremlin, repetidamente vinham sinais claros e concretos: se o Ocidente enviar armas a Kyiv, Moscou pode usar armas táticas nucleares. Cada palavra aqui tem seu significado, especialmente "armas táticas", porque isto é dirigido à Europa. Instantaneamente, na cabeça da chanceler alemã surgiu o quadro: USA, além do oceano e faz o que quer, mas o russo, meio louco, jogará sobre Alemanha a bomba nuclear. Ninguém precisa disto.

Vejam, ninguém usou armas nucleares, mas com ameaça claramente chantagista Putin alcançou um bom número de efeitos práticos, incluindo paralisação da vontade política dos líderes europeus. Com EUA isto ele não conseguiu e, provavelmente, não conseguirá.

A história da Rússia não caracteriza-se com debates, nenhuma transferência de poder através das eleições, ou seja, com um golpe palaciano. No lugar do atual presidente russo poderão vir sinceros canalhas. E quem vocês esperavam? Apelarei para analogia histórica. Dada a minha idade, lembro minúcias da partida de Joseph Stalin. Ele era bem mais racional que Putin, e muito mais criminal. No final de sua vida, ele realmente, clinicamente, perdeu o bom senso, preparava-se para III Guerra Mundial, e, paralelamente, a outros dois grandes projetos: limpeza regular na alta nomenclatura partidária e grande "pogrom" (destruição) judaico. Tudo isso não se adequava ao círculo imediato que pretendia vida longa. O governo assumiram não menores canalhas, Beria, Malenkov, Khrushchev. Mas eles não apoiaram os loucos projetos incluindo Terceira Guerra Mundial e mudaram radicalmente a política externa da União Soviética, embora continuassem apoiantes da ideologia marxista-leninista.

Uma reviravolta na Rússia atual só acontecerá se surgirem condições visíveis e absolutas para sua sociedade, e para elite do fracasso da política externa e fracasso total da aventura ukrainiana. Agora sobre este fracasso começam pensar. Ele, vagarosamente, força as mentes do círculo de Putin, que se compões de homens de negócios multibilionários, que perdem seus ativos. Mas, perdas graves eles ainda não sentiram. EUA ainda não se incluíram na execução do plano de produzir a Kremlin tal derrota. Aquelas sanções internacionais, que Rússia já sofre, são muito pequenas. Recusaram empréstimos baratos, mas mesmo isto não abalou a economia russa. Observamos o colapso do rublo, a inflação, o aumento do desemprego. Mas se incluírem o sistema SWIFT (método padrão de comunicação bancária - OK), congelarem todos os ativos e prenderem todos os ativos da elite russa? Se proibirem os vôos da aviação civil da FR e começarem as detenções de quaisquer propriedade russa além fronteiras? Então, entre a elite moscovita prevalecerá o estado de espírito totalmente diferente. Quando o Ocidente isolar totalmente Putin, toda esta máfia compreenderá, que seu líder não executa as funções necessárias. Eu falo sobre a regulação de relações construtivas com o Ocidente, que lhes é necessário, porque é exatamente lá que eles guardam os capitais saqueados, assegurando a vida de seus descendentes para várias gerações vindouras. Se esses planos romperem-se, devido a insensatez da política externa de uma pessoa, ela será removida.

Assim como em 1953, o cerco do líder deverá mudar radicalmente a política externa da Rússia, afastar-se de formas extremas de confronto com o Ocidente. Quaisquer dúvidas, especialmente Donbas e Criméia, serão decididas, pois as condições dará o Ocidente, como vencedor aos perdedores. Ele não pretenderá à destruição da FR, mesmo na liquidação do atual governo. Mas, de todas as aventuras político externas do Kremlin ele desejará proteger-se de uma vez por todas. Este é o poder dos EUA e eles vão ocupar-se com isto, não por simpatias a Kyiv (apesar de senti-la), mas por causa do perigo de Moscou. Eles precisam parar Putin na Ukraina, porque se isto não limitá-lo, ele intrometer-se-á no Báltico. E se isto acontecer, eles vão ter que lutar nos termos do art. 5 da Carta da OTAN¹.
Conduzir ações de combate eles podem e estão prontos, mas não querem, porque trata-se do inimigo - país termonuclear. Muito mais fácil e mais barato resolver o problema de Putin.

Recebendo a lição de fracasso de sua aventura, Rússia deixará Ukraina em paz. Mas, se essa derrota não acontecer, se Putin alcançar seus objetivos e obrigar a sociedade ukrainiana a aceitar as condições de seu ultimado, então nenhuma reconciliação não pode acontecer, porque as metas são diversas. Putin deseja ardentemente destruir o Estado ukrainiano. E, o Estado ukrainiano quer desenvolver-se de forma independente na trajetória européia. Aqui não pode haver diálogo. Ele começará com novo governo russo. Depois da possível virada palaciana, virão ao leme pessoas iguais a Putin, apenas sem ambições imperiais. E muito tempo eles não se sustentarão, porque na FR ocorrerão interesses próprios. A questão é, se Rússia depois de tudo isso será tal como hoje.

 Tradução: O. Kowaltschuk  

Artigo 5  
As Partes concordam em que um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas, e, consequentemente, concordam em que, se um tal ataque armado se verificar, cada uma, no exercício do direito de legítima defesa, individual ou colectiva, reconhecido pelo artigo 51.° da Carta dias Nações Unidas, prestará assistência à Parte ou Partes assim atacadas, praticando sem demora, individualmente e de acordo com as restantes Partes, a acção que considerar necessária, inclusive o emprego da força armada, para restaurar e garantir a segurança na região do Atlântico Norte.
Qualquer ataque armado desta natureza e todas mais providências tomadas em consequência desse ataque são imediatamente comunicados ao Conselho de Segurança. Essas providências terminarão logo que o Conselho de Segurança tiver tomado as medidas necessárias para restaurar e manter a paz e a segurança internacionais.

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