Como as consequências do Holodomor prejudicaram a economia da URSS.
Semana, ua. 25.11.2017.
Vikhrou Maksym
Hoje é provado de forma convincente que, para a liderança soviética, o Holodomor (morte pela fome) foi uma maneira de resolver a "questão ukrainiana" no plano nacional-político. Além disso, o Holodomor ocupou um dos principais lugares no sistema de medidas para restaurar a economia da URSS. Com as tarefas estabelecidas em Mocou, o estado soviético teve excelente desempenho: os historiadores estimam, que a perda direta do povo ukrainiano atingiu 4 (quatro) milhões de pessoas, enquanto as estimativas demográficas mediadas avaliam em ainda mais, 6 (seis) milhões. No entanto, Moscou não alcançou seus pretendidos objetivos: ao impacto social e demográfico, os ukrainianos sobreviveram, e as "reformas" realizadas no sangue condenaram a economia soviética a um atraso crônico, e a própria URSS a um colapso prematuro.
Em termos gerais a política soviética em relação à aldeia reduzia-se à introdução de uma versão socialista de servidão. Após coletivização, os camponeses foram levados ao status de cidadãos inferiores, privando-os do direito à livre circulação, à escolha de profissão e ao local da residência, bem como aos passaportes. No sentido econômico eles se tornaram a categoria mais explorada e desprotegida de trabalhadores, exceto, talvez, os prisioneiros do Gulag. Os produtos provenientes do trabalho do camponês foram quase completamente retirados pelo estado, e seu trabalho remunerado às taxas mais baixas, sendo que o salário mensal garantiam apenas no final de 1.960. Pelos "dias trabalhados" eles podiam receber também parte dos grãos, mas geralmente, era miséria: mesmo pelo cumprimento do plano, não recebiam mais de 25% da colheita,
Sem medidas terroristas abrangentes, era impossível realizar tais "reformas". Os camponeses não só constituíam a maioria absoluta da população, mas também conseguiram lutar nas unidades de diversos otamanos (otaman - escolhido ou indicado líder do exército cossaco. Representante de cossacos na administração de locais habitados na Ukraina nos séculos 17-18. Na Rússia, antes da revolução - líder dos exércitos cossacos. Pesquisa OK), então tornar-se, voluntariamente servos, não desejavam. À questão, as autoridades soviéticas chegaram sistematicamente. Além de repressões individuais em consequência de várias ondas "rozkurkulenia" (Desculakização - campanha soviética de repressão política contra camponeses ricos ou "kulaks" e suas famílias, que, entre as suas prisões, deportações e execuções, afetou gravemente milhões de pessoas no período de 1929-1932 na União Soviética - pesquisa Google) foi destruída (economicamente e parcialmente fisicamente) a camada mais ou menos rica de aldeões, que poderia tornar-se a base social de resistência anti-soviética. Como contrapeso a eles, na aldeia formaram uma camada de ativistas leais, que organizaram em "komnezame" (comness - na tradução do google. Comitê de necessitados, não muito adeptos do trabalho), dando-lhes privilégios. Bem, na verdade, Holodomor foi a arma de destruição em massa, projetada não só para minar completamente a força física da aldeia, mas também para quebrar sua psicologia social. As autoridades soviéticas declararam essas intenções de forma absolutamente franca. "Possuir o pão - é, entre outras coisas, uma poderosa ferramenta, método de reeducação dos trabalhados das fazendas coletivas, estes, anteriormente agricultores individuais, em verdadeiros trabalhadores da economia socialista", - salientou Pavel Postyshev no plenário do Comitê Central do CP(b)U (Partido Comunista da Ukraina).
O objetivo da "reeducação" era completamente compreensível. Na fértil terra negra ukrainiana, o camponês era bastante autônomo do estado e, como mostrou, capaz não só da auto-organização econômica, mas também da militar. É claro, tal tipo não é adequado para a construção de um estado totalitário. O homem soviético devia ser completamente dependente do governo e absolutamente sozinho diante de seu poder assustador. Foi exatamente tal situação, embora temporária, que impressionou os camponeses, o Holodomor (morte pela fome). De um lado, era o resultado de força não demonstrada. Na imaginação dos camponeses a fome foi consequência de um desastre natural ou de uma devastação militar, mas a autoridade soviética demonstrou, que era capaz de enviar fome e pestilência de maneira ordenada, e ainda num período pacífico. Por outro lado a fome arruinou a solidariedade camponesa porquanto, diante da face da morte devido a fome, cada um salvava-se sozinho, e muitas vezes de forma amoral - recusando-se de ajudar os outros contra o canibalismo. Não menos desmoralizava a aldeia o fato, de que as vítimas do genocídio tiveram que viver ao lado de seus executores e fingir que nada havia acontecido.
Holodomor e a coletividade expulsaram às cidades milhões de camponeses ukrainianos. Assim, a industrialização de Stalin, essencialmente, executava-se pelas mãos dos últimos. Uns trabalhavam para ela nas fazendas coletivas, os outros, sob o medo da fome e servidão, obrigaram ir às minas e fábricas.
Claro, os camponeses se opunham ao Holodomor e à coletivização. Somente em 1932, no território da República Socialista Soviética da Ukraina houve mais de 1.000 (um mil) atos de resistência armada, mais de 40 mil unidades agrícolas saíram das fazendas coletivas, e 0,5 mil conselhos de aldeia se recusaram à realização de planos de produção de grãos. No entanto, em última análise, o governo soviético atingia seus objetivos: em consequência da coletivização. 80% das terras agrícolas foram subordinadas às fazendas coletivas (e ainda 10% - formaram os "Radhosp" (empresa agrícola estatal). No entanto, as consequências econômicas acabaram por reverter as expectativas, a agricultura começou a diminuir. Durante a década de 1930 a colheira de grãos na URSS foi inferior aos anos 1914-1916 e o volume de colheitas anuais ficou no nível pré-revolucionário até 1960. Situação similar nos ramos restantes. E, uma vez que a população crescia, sobre URSS constantemente havia a ameaça da fome, com a qual Moscou "lutava" através da discriminação. Dependendo do local da residência e profissão, a população da URSS dividia-se em quatro categorias de abastecimento. Outras necessidades ocorriam a favor da população das grandes cidades, nomenclatura partidária e dos funcionários de ramos estrategicamente necessários. Mas, até isso não era suficiente. "Gumkonvoios" (comboios) para os países do grupo socialista equipavam-se para o efeito ideológico, mas para alimentar seus cidadãos, os alimentos precisavam importar. Mesmo na década "dourada" de 1970, o cidadão da União Soviética consumia, em medida duas vezes menos carne e quase três vezes menos frutos, que o canadense ou americano.
A economia planejada em si, era um grande absurdo, mas na aldeia foi destruído o núcleo de quaisquer produção - a motivação das pessoas ao trabalho. Sob a condição de servidão socialista, os camponeses esquivavam-se da servidão, o quanto podiam. Quando, no final dos anos 1940, nas aldeias de Lugansk apareceram os primeiros deportados "lemky" (Grupo étnico ukrainiano que vivia no território ukrainiano dos Cárpatos, em ambas as encostas de Beskide (cadeia de montanhas) entre os rios Sian e Dunajec. A área total da Lemkivshchyna 8.800 km², Polônia 4310 km², 1000 km² no Transcarpathian da Ukraina, 3.500 km² na Eslováquia) a população local percebi-os como extravagantes, porquanto eles trabalhavam nas fazendas coletivas, assim como em suas próprias terras. Lá, onde o camponês podia converter o seu trabalho em seu próprio benefício, mas não em "dia de trabalho" (para governo), de preguiça e lealdade não havia vestígios. O setor semi-legal de fazendas individuais, onde ele tinha liberdade econômica relativa, florescia e impressionava com sua produtividade. No final dos anos 1970 que ocupavam menos que 5% de áreas semeadas, crescia quase 60% de batatas soviéticas e 30% de vegetais. As fazendas individuais também garantiam cerca de 30% de leite, carne e ovos. Mas, nenhuma conclusão em Moscou não faziam e torciam sua linha ainda mais, condenando o país a uma falta de alimentos permanente.
Genocídio e a escravização do campesinato também afetaram a indústria, aonde iam os recursos levantados na aldeia. Trata-se não apenas de alimentos, mas também da força de trabalho que sofria com a falta da indústria soviética.
Afim de satisfazer a indústria com a força de trabalho, Komsomol ferozmente agitava nas fazendas coletivas, mas Narkomat (Comissariado do Povo do trabalho) e Kolhospcentro
simplesmente baixavam ordens, segundo as quais centenas de milhares de aldeões enviavam para indústria e construção. Mas o trabalho nas fábricas e minas não lhes era costumeiro, e as condições de vida nos assentamentos da classe trabalhadora eram insuportáveis. Portanto, a fuga maciça de pessoas da aldeia decidiram estimular com meios radicais. "Temos um país coletivo. Se a pessoa da fazenda coletiva dermos um abastecimento normal, ela não irá a nenhum lugar na fazenda, e aos trabalhos subterrâneos você não conseguirá arrastá-la" - explicava aos partidários Joseph Stalin em 1934. Os cálculos tornaram-se verdadeiros: Holodomor e coletivização levaram às cidades milhões de aldeões ukrainianos, que lá se defendiam. Assim, a industrialização stalinista, de fato, fazia-se pelas mãos dos últimos: uns trabalhavam nas fazendas coletivas, outros sob o medo da fome e servidão obrigaram trabalhar nas minas e fábricas.
Direcionando para indústria milhões de camponeses, a liderança soviética recebeu o recurso desejado, no entanto gerenciá-lo não conseguiu. Preparando-se para uma nova guerra, Stalin exigia acelerada industrialização. Mas, se o equipamento industrial podia ser comprado no Ocidente, então, transformar os camponeses de ontem em trabalhadores qualificados foi muito mais complicado. Especialmente quando a camada de inteligência técnica já foi quase completamente destruída. Portanto, em Moscou decidiram realizar a industrialização de forma extensiva, compreendendo a falta de qualificação dos trabalhadores com entusiasmo. Este absurdo experimento entrou na história como movimento Stakhanov, o qual desenrolaram em 1935. Se em condições normais o tamanho do salário era relacionado com o nível de qualificação, então o Stakhanovets poderia conseguir um dinheirão, expondo-se ao risco e extraordinário esforço. Mesmo o "feito" de Aleksey Stakhanov, modelado segundo ordem superior, realizava-se com graves violações de segurança e técnica e podia acabar com uma tragédia para si e para o resto dos mineiros envolvidos.
É claro que a obtenção de um crescimento sustentável através de "aventureiros trabalhadores" individuais era impossível. O modelo Stakhanov criou o caos nos processos de produção e, foi abandonado. Mas o caminho para desenvolver tecnologias agrícolas, construir minas mais profundas, melhor desenvolvimento extensivo da URSS não chegou ao fim. Em vez de desenvolver tecnologias agrícolas, construir minas mais profundas, melhorar a eficiência energética da indústria, construir novas fábricas, modernizar a eficiência energética da indústria, todas contribuíram para o atraso da URSS dos países euro-atlânticos. Tais perspectivas tornavam-se evidentes no final da década de 1930, quando os indicadores do desenvolvimento industrial começaram cair catastroficamente e a liderança soviética entrou em pânico. Em 1940 os trabalhadores foram proibidos de mudar de emprego. Cancelaram feriados e introduziram castigos cruéis para o absenteísmo, etc. Se não fosse a Segunda Guerra Mundial, tudo poderia terminar com o retorno do comunismo de guerra e, provavelmente, o colapso econômico prematuro da URSS.
Assim, o Holodomor é um símbolo não só de crueldade, mas também da incompetência do regime comunista. A única ciência dominada pelos comandantes soviéticos é a ciência do terror. Na verdade, é precisamente por isso que seu regime surgiu e durou 70 anos. Mas superar o patrimônio histórico do comunismo é mais difícil que livrar do comunismo as cidades e aldeias. Ainda hoje, na sociedade ukrainiana a visão de que a vontade política é mais importante do que os cálculos econômicos. Não há escassez de candidatos para o papel de salvadores volitivos da Ukraina. Mas seja qual for a retórica usada, eles podem reconhecer os bolcheviques, talvez não tão cruéis, mas igualmente auto confiantes e incompetentes. Claro, entre os atuais populistas ukrainianos, você não vai procurar leninistas, mas seus Chaves e Maduros não falta.
Resta esperar que os ukrainianos tenham senso comum e Ukraina não se tornará a Venezuela européia, na qual os populistas agora organizaram a fome. Nós já passamos pela nossa.
Tradução: O. Kowaltschuk
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