quinta-feira, 9 de novembro de 2017

​​Polônia - Ukraina: vale esperar melhores relações?
Como os meios de comunicação e os políticos ukrainianos reagem ao agravamento nas relações entre Kyiv e Varsóvia.
Tyzhden.ua (Semana Ukrainiana), 07.11.2017
Olga Vorozhbit


Durante as duas últimas semanas, vários eventos ocorreram nas relações polonesas-ukrainianas, o que agravou a já tensa situação entre os dois países.

Primeiro, após a abertura do Memorial aos soldados da Karpatska Sitch, na passagem Veretsky, entre Lviv e Transcarpathian, o lado polonês não gostou da inscrição no monumento: "Aos heróis da Karpatska Ukraina, fuzilados pelos ocupantes poloneses e húngaros em março de 1939". Por isso, o embaixador da Ukraina na Polônia, Andriy Deshchetsia foi convidado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Polônia. Ontem, depois de duas semanas deste acontecimento, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Polônia, Witold Vaschikovsky chamou o fuzilamento, na passagem Veretsky "notícia histórica  falsa.

No final de outubro, visitou Kyiv o primeiro ministro de Cultura e Patrimônio Nacional da Polônia, Piotr Glinsky. O objetivo eram negociações quanto aos trabalhos de memorabilia, busca e exumação em locais onde podem haver restos de poloneses no território ukrainiano. Mas o resultado da visita não gostaram em Varsóvia. Como observou em seu artigo na Gazeta Wyborcza, depois, Paul Smolensky. A insatisfação explicam com o fato, de que a delegação polonesa não conseguiu permissão para investigação e exumação dos lugares de sepultamento de seus compatriotas durante a Segunda Mundial e da era stalinista. "Na verdade, em Kyiv, Glinsky não conseguiu o que pretendia. Os ukrainianos pediram, para que antes do início das exumações (o que parece ser uma ocupação favorita do atual governo), não destruíssem seus monumentos na Polônia, como acontece já por um longo tempo sem nenhuma reação do Estado polonês. Neste sentido, nem Glinsky, nem Vaschikowsky não têm nenhum pensamento, por que, para que?", - escreve Smolensky.

Como resultado, na semana passada, o ministro das Relações Exteriores Witold Vaschikovsky, anunciou no ar de um dos canais poloneses que Polônia iniciou o processo de implantação de restrições pessoais contra os ukrainianos, que professam "visões anti-polonesas" extremas. Em entrevista ao jornal "Sieci", que foi publicado no dia anterior, ele deu  alguns esclarecimentos de sua tese: "Trata-se de pessoas, que atrasam os processos de exumação das vítimas, bloqueiam a busca dos restos das vítimas do crime, restauração dos lugares da memória". Também, segundo suas palavras, à relação podem ser incluídas pessoas, que "demonstrativamente anunciam glória ao bandeirismo (De Stepan Bandera, um dos ideólogos do movimento nacionalista ukrainiano do século XX. Presidente da OUN (Organização dos Nacionalistas UkrainianosFoi morto em 15.10.1959 pelo agente russo Bogdan Stashenski, em Munique - Internet) vestem os uniformes do UPA (Exército Insurreto Ukrainiano) e da Divisão da "Galícia". De acordo com Vaschikovsky, na relação não gostariam de ver o líder do Instituto Ukrainiano de Memória Nacional Volodymyr Vyatrovich, mas lá podem encontrar-se seus substitutos.

O apogeu aconteceu com a visita do ministro Vaschikovsky no final da semana (4 -5 de novembro) a Lviv, quando ele, demonstrativamente recusou-se visitar o Museu Nacional - Memorial das Vítimas dos regimes de ocupação "The Prision on Lontsky" devido à posição de seu diretor Ruslan Zabily, de que Polônia, em 1918 ocupou Ukraina Ocidental.

Todos esses acontecimentos foram acompanhados por declarações polonesas e europeias, por funcionários de alto escalão.

Assim, no programa "RZECZoPOLITYCE, o vice-presidente do Parlamento Europeu Richard Charmetsky (Sobrenome polonês - OK) declarou, que avalia muito mal as ações das autoridades ukrainianas no contexto das relações polono-ukrainianas. "Como o presidente Emmanuel Macron prefere falar bobagens sobre Polônia, assim os políticos ukrainianos fugindo de seus temas e corrupção, preferem melhor se concentrar na Polônia", - declarou o vice-presidente do Parlamento Europeu. Ele acrescentou, que aconselharia  o presidente polonês, Andrzej Duda, a cancelar sua visita à Ukraina, que foi planejada para dezembro. Ontem, no ar da rádio polonesa, o ministro Vaschikovsky disse, que aconselhará a mesma coisa ao presidente.

O próprio Duda, hoje, em uma entrevista na rádio polonesa, "Rádio Maria" também falava sobre funcionários ukrainianos com sentimentos, supostamente, anti-poloneses. Ele disse: que espera do presidente Poroshenko, quanto às pessoas que declaram, abertamente, possuir "visões nacionalistas e anti-polonesas, não ocupem importantes cargos na política ukrainiana, porque elas não constroem relações entre nossas nações, mas apenas destroem".  Ele acrescentou, que todos sabem: há funcionários com esses pontos de vista e isto é "um sinal muito ruim do lado ukrainiano".

Um pouco antes, o vice-ministro da Cultura, polonês Yaroslav Selim, no canal da TVN24, disse que o chefe do Instituto de Memória Nacional é "pessoa irresponsável com obsessão anti-polonesa". Além disso Selim disse que UINP (Instituto Ukrainiano de Memória Nacional) é uma organização não governamental, apesar de ser órgão executivo, criado pelo Gabinete Ministerial da Ukraina.

Um pouco antes, o vice-ministro da Cultura , polonês, Yaroslav Sellin, no canal da TVN24, disse que na chefia do Instituto ukrainiano de memória nacional esta uma "pessoa irresponsável com obsessão anti-polonesa". Além disso, Sellin chamou UINP organização não governamental, embora seja um órgão executivo, criado pelo Gabinete Ministerial da Ukraina.

Os políticos poloneses de oposição, em comentários à imprensa local dizem que as atuais autoridades polacas, de propósito, estimulam o conflito com Ukraina (No governo polonês anterior, eu nunca li nos jornais ukrainianos, nada parecido com estas provocações atuais - OK). "Este governo e o ministro levaram a uma situação, que não havia durante quase 30 anos de existência do estado polonês", - diz o comentário de Bartolomey Sinkiewicz, Ministro dos Assuntos Internos da Polônia em 2013-2014. O ex-ministro também percebeu  o nacionalismo ukrainiano, mas enfatizou que o governo "derrama petróleo nas chamas".

No contexto do comportamento e das declarações de Vaschikowsky, quanto a relação de ukrainianos não permitidos a vir à Polônia, Pavel Smolensk, no já lembrado material na Gazeta Wyborcza, enfatiza: Tais palavras ao endereço de outro país, o funcionário polonês já a muito tempo não usou. "Podemos supor, que Vaschikowsky  ameaçou Ukraina, porque lhe ordenou Glinsky. No final, o vice-primeiro ministro partiu de Kyiv para Varsóvia com mãos vazias, o que é muito doloroso em sua opinião e sua confiança, mesmo em matéria de teatro ou cinema", - escreve o publicista.  Ele também pode assim lutar por sua cadeira na véspera da remodelação anunciada no gabinete polonês. Nós estamos bem conscientes, de que nada ajuda tão bem como o jogo de músculos", - disse Smolensky.

Outro jornalista polonês, Bartosz Velinski escreve na Gazeta Wyborcza que os políticos poloneses, incluindo o chefe do Ministério das Relações Exteriores, estão usando o confronto da política externa para obter seus próprios dividendos: "Vaschikowsky  salva-se com ataques. À custa do interesse nacional polaco", - escreve o jornalista.  Ele observa, que as relações entre Varsóvia e Kyiv, como Varsóvia e Berlim, estão em estado de crise. "Em países com diplomaria irrepreensível o esfriamento nas relações com dois vizinhos seria alarmante. Na Polônia, essa é a base de orgulho e da oportunidade de ganhar capital politico", escreve Velinski.

Ele também observa, que esta situação satisfaz Kremlin. "Putin se alegra, porque tais acontecimentos prejudicam Varsóvia e Berlim, enfraquecem a União Européia, o que se encaixa na politica externa da Rússia. Mas o resfriamento das relações com Kyiv significa que as chances de aproximação das relações da Ukraina com o Ocidente estão diminuindo", observa o publicista polonês.

Em geral, a reação à súbita exacerbação das relações polono-ukrainianas entre políticos poloneses depende da afiliação partidária. 

Em geral, a reação à súbita exacerbação das relações polono-ukrainianas entre políticos poloneses depende da afiliação partidária, diz Katarzyna Lubnauer do Partido Liberal de Nowoczesna ("Moderna"), em resposta às declarações de Vaschikowsky , sobre listas dos que não podem entrar no país, observou, que às vezes vale a pena "comprimir os dentes em prol do futuro".

Enquanto isso, cada dia traz novas, não menos acentuadas, declarações do lado polonês, por isso é difícil prever o que esperar. A única coisa conhecida é que o governo polonês está à espera de mudanças, e é provável, que no cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros esteja outra pessoa. No entanto, mudanças graves ao curso atual, certamente não virão.

Tradução: O. Kowaltschuk

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