Onde e como Kremlin atacará novamente?
Tyzhden.ua (Semana ukrainiana), 25.05.2017
Eduard Lucas
Esta questão está na cabeça dos responsáveis pela nossa segurança, os quais digerem a tentativa frustrada da Rússia em influenciar o sistema político da França. Alguns consideram que o pior já passou. Que Kremlin superestimou suas capacidades e perdeu o elemento surpresa. Mas isto é própria complacência. A vida pública geralmente não afeta o Kremlin. Além disso, nos Estados Unidos entre a ala direita republicana cresce apoio à Rússia.
Não muito preocupou Rússia o malogro na França. Porque o elemento surpresa - é bom, mas a força pacífica é melhor. Principalmente, que a variável de passagem à política pacífica nas relações, com outros estados não se considera. De acordo com a concepção do Kremlin, segundo Darwin, ou você come o inimigo, ou ele come você.
Portanto, os alemães preparam-se corretamente ao fato de que, os russos intervirão em suas eleições em setembro. Os financiados pelo Estado hackers russos já "quebraram" o correio eletrônico e outros documentos do parlamento alemão, da União Cristã-Democrática da Ângela Merkel e ativos relacionados aos dois principais partidos do país.
A mídia alemã decidiu não repetir os erros de jornalistas norte-americanos, que impensadamente replicaram a informação, roubada de Hilary Clinton. No entanto, o principal tabloide alemão já pensa, se é válido publicar os materiais com base em informações roubadas, mas distingui-la
com a cor vermelha e acompanhá-la com explicações de fontes duvidosas.
E, enquanto nós ouvimos o velho disco, Rússia grava novos. A primeira ameaça que a OTAN ignora desde a guerra fria, - o Ártico: Rússia deslocou para lá duas brigadas militares e neste verão abrirá nova base militar, mas também fortalece a infra-estrutura nuclear. Nos EUA há um adequado para aquelas águas quebra-gelo, e que a dez anos acabou o prazo de exploração. Na Rússia há 40 deles, e ela constrói novos, equipados com mísseis e canhões navais. O comandante da Guarda Costeira dos EUA Paul Tsukunft disse recentemente que a Federação Russa tem todas as figuras nos tabuleiros, enquanto no Ocidente há apenas algumas: "Os russos nos colocaram xeque-mate ainda no começo do partido.". Segundo as últimas notícias, OTAN verifica a restauração do Atlântico e do Comando Ártico, dissolvido após a Guerra Fria.
A vulnerabilidade do Ocidente demonstrou o jogo do Centro de Washington da nova segurança dos Estados Unidos. De acordo com o cenário Rússia alimenta a crise política da Islândia (OTAN perde o acesso à importante base), na Ukraina agravam-se as ações de combate, corta-se cabo submarino de comunicações, ativiza-se a frota russa nas águas do norte. Os resultados da simulação não encorajam:participantes que acostumaram-se a outros problemas, na maioria confundiam-se com geografia e desinformação russa. Tomavam decisões com muita lentidão.
Aproveitando a apatia e negligência do Ocidente, Kremlin começa ocupar-se com antiga Iugoslávia. No ano passado tentou organizar um golpe em Montenegro. Tentou intervir na crise política na Macedônia,alimentando as tensões da minoria albanesa. Estas tentativas falharam:
em junho Montenegro tornar-se-á membro da NATO, e Macedônia , por enquanto se recusa à mudança do vetor para leste. Enquanto isso a situação é ameaçadora na Sérvia. Russia tenta com gás e armas, espera fazer Primeiro-Ministro seu aliado Ivitsa Dachuch, quando no final deste mês, o atual Primeiro-Ministro Aleksander Vucic substituirá o presidente. Dachuch contribuiu para a base russa na cidade de Nish, no sul da Sérvia. Este centro, dirigido pelo Ministério de Situações Extraordinárias, alegadamente, foi criado para combater as inundações e incêndios florestais. Mas, por enquanto tal trabalho seu não é visível. Ele, parece, desempenha um papel simbólico (e, talvez, promova a exploração). Dachuch procura alcançar o seu status diplomático. Assim, pela primeira vez desde 1990 Rússia poderá obter um sério bastião de influência na região.
No entanto, aos funcionários, que ocupam-se com a segurança nos estados da linha da frente a maior preocupação não são os ataques geopolíticos, mas outros meios, pelos quais os russos afirmam sua influência. Particularmente, os agrupamentos bandidos que atraem a juventude descontente: gangues de motocicletas, blasfemos de futebol e vigilantes (que perseguem os ciganos) e sobreviventes de cataclismos ou guerra nuclear. Percebe-se, que os treinadores, nos clubes, de artes marciais e galerias de tiro são associados com os serviços especiais russos.
Por enquanto, isto permanece, na maior parte, despercebido. No entanto, a investigação do assassinato no ano passado, do policial húngaro, líder da direita radical, descobriu-se, que estes ativistas no processo de aprendizagem, regularmente eram visitados pelos representantes dos serviços especiais russos (atualmente, o agrupamento foi dispensado). E, o governo húngaro, que atrapalhou-se com os acordos energéticos com o Kremlin, estranhamente, por enquanto não expressou um protesto formal.
Tudo isso começa a parecer um plano. Inflamando os medos e minando a confiança pública com a desinformação, Rússia agora apoia as organizações que atraem as pessoas desiludidas e oferece-lhes coisas úteis (digamos, proteção aos indefesos).
O que acontecerá a seguir, sobra apenas adivinhar: Kremlin pode preparar-se para, no futuro, aproveitar crises políticas, ou outras, naqueles países. Não se surpreendam, quando isto acontecer.
Eduard Lucas - autor de The Economist, Vice-Presidente Sênior do Centro Analítico CEPA.
Tradução: O. Kowaltschuk
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