domingo, 18 de fevereiro de 2018

Ocupação da Criméia em 2014. O que disseram as testemunhas sobre traição de Yanukovych.

No Tribunal do distrito de Obolonsky, Kyiv, acontece o julgamento sobre traição ao Estado do ex-presidente da Ukraina Viktor Yanukovych. Durante as audiências judiciais, nos dias 7 e 8 de fevereiro, as partes da  acusação e da defesa questionaram as testemunhas no caso, a saber - o assistente do ex-representante da Ukraina no Conselho de Segurança da ONU, Andriy Tsimbalyuk, ex-chefe do Serviço de Segurança da Ukraina Valentyn Nalyvaichenko, ex-chefe do Ministério da Defesa Igor Tenyukha e ex-comandante militar - das Forças marítimas Sergey Gaiduk.

Testemunho de Tsimbalyuk.


O assistente do ex-representante permanente da Ukraina no conselho de Segurança da ONU, Andriy Tsimbalyuk disse que, em fevereiro de 2014, unidades militares russas, sem distintivos, intervieram ilegalmente no território da Criméia. Eram cerca de 10 aviões e 14 helicópteros com militares russos.

Ele, também disse, que em 28 de fevereiro de 2014, em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, Ukraina informou à comunidade internacional sobre o início da apreensão da Criméia. Em troca, em 3 de março, numa reunião do Conselho de Segurança, que foi convocada por iniciativa de Moscou, o ex-representante da Federação Russa Vitaly Churkin mostrou o apelo de Yanukovych para o presidente russo, Vladimir Putin, no qual apelou para introdução de tropas russas na Ukraina. Tsymbalyuk expressou a convicção de que, com esta carta, Rússia tentou legitimar a invasão de suas tropas na Ukraina.

Ele enfatizou, que as ações da Federação Russa, no final de fevereiro de 2014 violaram as normas do direito internacional, bem como o acordo de amizade entre Ukraina e Rússia, o Memorando de Budapeste e Carta das Nações Unidas.

Testemunho de Nalyvaichenko


O ex-chefe do SBU (Serviço de Segurança da Ukraina), Valentyn Nalyvaichenko, disse que, em 2.010, com a chegada do ex-presidente Yanukovych ao poder, começaram os preparativos para agressão russa na Ukraina e ocupação de seu território. Segundo ele, naquela época começaram as nomeações para os cargos de liderança do SBU com as pessoas que colaboravam com os serviços especiais da Rússia, e também foi renovado o acordo com FSB (Serviço Federal de Segurança) da Federação Russa - Agência russa de serviços de informação que sucedeu ao KG na Criméia.

"O fato da rendição da Ukraina começou com os acordos de Kharkiv. Eles retornaram o FSB da Rússia para Criméia, embora eu, em 2009 conseguisse tirá-los da Criméia. Estava claro que eles preparavam-se para ocupação e anexação", disse ele.

Além disso, Nalyvaichenko avisou que, no inverno de 2013-2014, os generais russos do FSB vieram à Ukraina, e também o assistente do presidente russo, Vladislav Surkov.

Durante o interrogatório, o ex-chefe do SBU disse que a ocupação da Criméia começou em 20 de fevereiro de 2014.

A ocupação realizou-se, principalmente, pela frota do Mar Negro, de 24 mil pessoas. Segundo - por contratados. Terceiro - colaboracionistas. Mais um componente - organizações separatistas, que avançaram como a quinta coluna", - disse ele.

Nalyvaichenko está convencido, de que seu objetivo era assumir o controle do SBU, e de outras agências de aplicação da lei. Em particular no SBU de Sevastopol realizavam-se reuniões do SBU junto com o FSB, onde lhes colocavam o ultimato - passar ao serviço do FSB. O líder do SBU, então Petro Zima. Posteriormente, tornou-se conhecido, que a liderança dos serviços especiais na península passou sob a ordem direta do FSB. Ao mesmo tempo, a polícia da Criméia entregou as armas às forças especiais russas, o que resultou na captura de edifícios administrativos da Criméia, em particular do parlamento.

"Na noite de 22 para 23 de fevereiro, eu já vi o equipamento militar russo na Crimeia e confirmo, que então, eu estava com Avakov na residência estatal, próximo a Yalta, aonde deveria estar Yanukovych. Ele não estava lá. Então, já havia começado a ocupação, em grande escala", disse ele. 

Nalyvaichenko acrescentou que, sob o seu comando, para retornar ao continente, veio, aproximadamente 20% do pessoal do SBU.


Sobre Maidan 

Além disso, Nalyvaichenko disse, que em 2014, no Maidan viu russos especialmente designados.
"Muitas vezes, desde o início de fevereiro, quase todas as noites exibiam forças especiais armadas e bem vestidas, com sinais informativos "Berkut" de "forças especiais ukrainianas".  Também eu confirmo, que entre eles estavam  os especialmente disfarçados, os especialmente enviados da Federação Russa. Eles reuniam-se próximo ao Palácio de Outubro. Os distintivos russos cobriam a roupa especial ukrainiana, que era emitida pela ordem de seu protegido dirigente de questões internas, naquele período Zakharchenko (Vitali, redação)", - disse ele. 

Segundo seus dados, os atiradores possuíam fotos de pessoas que deveriam ser destruídas.

Testemunho de Tenyukh


Igor Tenyukh, ex-ministro da Defesa, disse que o processo da "entrega da Criméia" começou com a chegada de Yanukovych. Naquela época, as autoridades deliberadamente tentaram enfraquecer os militares ukrainianos na Criméia. Em acréscimo,  através de contrato com residentes da Criméia, como também substituição de oficiais pró-ukrainianos pelos pró-russos. Ao mesmo tempo o terreno para construção foi dado aos oficiais da Federação Russa, os quais recebiam salários muito maiores que os ukrainianos. 

Segundo ele, a variável de Moscou, em capturar a península à força foi depois que Ukraina recusou a se juntar à União Aduaneira. Então, em 20 de fevereiro, o bloqueio das unidades militares na Criméia começou.

Tenyukh observou que, quando Rússia começou transferir suas tropas, o chefe do Estado-Maior das forças Armadas da Ukraina, Yuri Ilyin, ordenou não trazer as Forças Navais da Ukraina em condições de combate e começou a cooperação com a Rússia. Além disso, Ilyin inclinou o exercito ukrainiano à traição do Estado.

"Ilyin, então, três vezes persuadia o líder da Academia das Forças Navais, Goncharenko, para ele passar para o lado da Rússia. Isto oficialmente. Depois da décima vez. Eu respondo por minhas palavras" - disse Tenyukh.
Segundo ele, de 12 mil militares, 10 mil passaram para o lado russo.

Ex-chefe do Ministério da Defesa também disse, que o exército foi trazido à prontidão de combate apenas em 27 de fevereiro de 2014, quando ele assumiu o cargo. Ele começou o treinamento nos polígonos denominados "Aguaceiro de Primavera". No entanto, dos 20 mil soldados que deviam estar prontos, realmente estavam prontos apenas 6 mil.

Além disso, Tenyukh contou, que ele insistiu na introdução de um estado militar e uma decisão imediata quanto a
trazer as Forças Armadas da Ukraina à preparação total de combate, com o uso de aeronaves a saber - assaltos e bombardeios. 
"Meu plano era buscar um avanço (na Crimeia). sim, isto é guerra, mas outra saída não havia", diz ele.
No entanto, ele não recebeu a permissão apropriada.

Testemunho de Hayduk


O antigo comandante da Marinha Sergei Hayduk disse que a ocupação da Criméia era consequência dos processos que ocorriam no país. Particularmente Rússia, por um longo tempo não reconheceu a transferência da Criméia para Ukraina, bem como a implantação da frota russa e influência da informação ARK.

Hayduk disse que os militares russos chegaram à península de várias maneiras: com a ajuda da aviação, navios da frota do Mar Negro, do báltico e da Frota do Norte da Federação Russa. Assim, as tropas do Distrito Militar do Sul da Federação Russa. Sim, à Crimeia vieram as tropas do distrito Militar  da Sul da Federação Russa. O ex-líder da Marinha está convencido de que, então, as Forças Armadas da Ukraina deveriam ter iniciado uma operação anti-terrorista para libertar a península.

Em vez disso, já em 27 de fevereiro, as Forças Armadas russas apossaram-se das estruturas administrativas da Crimeia, e no dia seguinte foram destruídos todos os documentos de uso do combate, incluindo mapas, ordens de combate e meios de comunicação. No entanto, o "processo foi mais intensivo de 3 a 6 de março".

"Os grupos que bloqueavam as unidades militares consistiam em civis com banners e alto-falantes. Lá, também apareceram militares, sem distinções. Nós os identificamos como Brigada 810 do 45º regimento das Forças Aéreas Russas. Segundo a inteligência, esta era 76ª divisão das Forças Aéreas da Federação Russa.  As áreas costeiras estavam bloqueadas", - acrescentou Hayduk.

Apesar disso, Hayduk enfatizou que os militares ukrainianos resistiram aos invasores até 25.03.2014. Lembramos, o Ministério Público acusa Yanukovych de traição de Estado. No caso, há uma carta de Yanukovych, de 1º de março de 2014 ao presidente Vladimir Putin com um pedido para introduzir tropas à Ukraina. Na Procuradoria Geral consideram, que esta carta legitimou a concessão da permissão a Putin para usar tropas russas na Ukraina, o que contribuiu para a anexação da Criméia e a ocupação de uma parte de Donbas.

Tradução: O. Kowaltschuk

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