domingo, 19 de março de 2017

Terceira campanha de Putin à Ukraina (ORDLO, Donbas, blocada, Rússia).
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 16.03.2017
Andrei Piontkovsky

(ORDLO - territórios de Donetsk e Lugansk com regime especial de autogoverno local).
Primeira fase - tentativa de criação da Nova Rússia - falhou, segunda - empurrar a força LDNR (Repúblicas nacionais de Lugansk e Donetsk) para Ukraina - também falhou. E agora a terceira fase - o apoio declarado a este território.

Depois que Rússia fez uma série de passos para o reconhecimento, de fato, da subjetividade dos territórios ocupados  - reconhecimento de passaportes, introdução oficial do mundo russo, fechamento da economia na Rússia - torna-se compreensível, a quem pertencia a iniciativa de rompimento dos acordos de Minsk. E toda luta diplomática dos últimos três anos conduzia-se diante do Ocidente: "Quem é o principal violador?" Porque desde o início era claro, que os acordos de Minsk não seriam executados, que Moscou não pretendia realizar nem a retirada das tropas, nem transferir o controle na fronteira. E Ukraina não pretendia aceitar o plano de Putin, a legitimação destes territórios de gangues e acomodá-los no corpo político da Ukraina.

A liderança ukrainiana manifestou suficiente domínio de si, porquanto isto era muito importante. Afinal França e Alemanha - aliados da Ukraina, e elas davam muita importância aos Acordos de Minsk, três anos consideravam-se pacificadores. E, o fato de Rússia ter sido a primeira que foi para uma rejeição nítida, da letra e espírito dos Acordos de Minsk, é positivo do ponto de vista, e isto será percebido pela Alemanha e França. E, é exatamente isto o que Ukraina precisa.

O que se refere à decisão sobre o bloqueio oficial de ORDLO - este é o passo correto, demonstra que o jogo de Acordos de Minsk acabou, que Rússia não planejava realizá-los e agora os transgride. Isto leva para um reconhecimento mais realista da situação da Ukraina. Agora há todas as razões para considerar estes territórios, como temporariamente ocupados, como Criméia.

Este é um desenvolvimento positivo. E para Putin - este é o momento, em que ele percebeu, que a operação "Novorossia" falhou, a população russa da Ukraina não apoia o "mundo russo", o exército ukrainiano tornou-se bastante competente, a maior parte do país é impossível tomar a força. Então, ele escolheu a seguinte estratégia - desagregação do país com a ajuda de enviados ao seu território bandidos dirigidos, controlados por Moscou, LDNR. E ele conseguiu organizar certa pressão da França e Alemanha sobre Kyiv. Por exemplo, quando estas forçavam Ukraina mudar legislação, tomar medidas para federalização, e quase realizar eleições.

Com os passos que fez Moscou, ficou claro, que continuará fazendo. Kremlin cessará todo  falso falar sobre a restauração da integridade territorial da Ukraina e elevará a subjetividade desses territórios. Mostrará assim toda a natureza agressiva de sua política. Eu penso que Moscou mudará a liderança dessas repúblicas. Não é por acaso que agora reanimam os cadáveres políticos de Yanukovych e Azarov, e irão afirmar, que o governo em Donetsk - é o governo legítimo da Ukraina, e tudo, que encontra-se fora destes territórios - são os tais territórios rebeldes sob controle de golpistas, que chegaram ao poder em resultado de golpe militar. Eis que, aproximadamente, tal jogo vai jogar Moscou, já abertamente, auxiliando os novos territórios, no campo econômico e militar.

Eu não excluo que eles, formalmente, solicitarão ajuda a Moscou, e ela lhes dará. Incluindo militares. Não é casual, o último jogo de Moscou, dizem, que não houve pedido de Yanukovych para introduzir o exército (Quando começou a revolta, três anos atrás -OK). Isto se faz para que, com carta semelhante, utilize-se o governo desta nova entidade. Muito providencialmente, morreu Churkin, com o aviso de Washington, envenenado na residência russa. Porque Churkin leu esta carta de Yanukovych diante do Conselho de Segurança. Mas agora a  Moscou é importante representar, que tal carta não havia, Churkin também não, e perguntar não há a quem. 

Começa a terceira etapa da marcha de Putin à Ukraina. Primeira - tentativa de criar Nova Rússia - falhou, segunda - empurrar LDNR para Ukraina  e obrigar Kyiv aceitar nova Constituição, essencialmente destruindo deu país, também falhou. E agora a terceira fase - apoio franco deste território, reconhecimento da subjetividade, aumento do nível de provocações militares. Eu não penso que em Moscou chegarão à loucura da campanha militar liderada pelo major Prilepin a Kyiv. Mas os líderes desses territórios sempre repetem, que eles dirigem-se às regiões de Lugansk e Donetsk. Portanto isto não será apenas Transnistria, isto será Transnistria com fronteira não determinada que Moscou irá sempre tentar expandir. Assim será a nova etapa. Terceira campanha de Putin sobre Ukraina.

Para Rússia - isto é, certamente, um enorme fardo econômico, que irá afetar negativamente a economia já estagnada. E isto já é uma agressão declarada, que causará reação política do Ocidente. Este - é o preço, que Putin irá pagar por sua nova aventura. Ele não quer recusar-se a ela, deixar Donbas no período do início da campanha presidencial, isto para ele é impensável.

Em geral, parece que neste ano da eleição, ele não tem nada a oferecer aos eleitores, além  de novas bravuras imperiais. Do ponto de vista econômico e de nível de vida, nada para demonstrar. E, a expansão de subjetividade no Donbas não é única direção sua. Ao mesmo tempo formaliza-se a anexação da Ossétia do Sul, e ameaça paira sobre a Bielorrússia, conduz-se uma clara guerra de informação contra Lukashenko,(presidente da Bielorrússia - OK) a quem eles, por 25 anos não conseguem obrigar a entrar na Federação Russa. Além disso entabula-se uma absolutamente louca aventura na África. Tudo isto são passos de Putin para colapso do Estado russo.

Tradução: O. Kowaltschuk

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