quarta-feira, 29 de março de 2017

"Presente" para o presidente: como o dinheiro de Yanukovych vazou para o banco de Poroshenko.
Ekonomichna Pravda (Verdade Econômica). 27.03.2027
Alexander Moiseenko

No início do ano , 313 milhões de UAH foram transferidos do banco de Alexander Yanukovych (filho do ex-presidente Yanukovych - OK) ao banco do presidente atual, Petro Poroshenko e, posteriormente foram presos. Como isto tornou-se possível e por que, posteriormente, foram presos. (Peço que relevem algumas incorreções em relação aos juros, aplicações bancárias afirmações mal colocadas, etc., porque este assunto não é a minha vivência. Fiz esta tradução para que os senhores saibam o que, realmente, acontece no país que, para alguns de nós foi pátria de nossos pais. E que todos nós estejamos alerta porque, infelizmente, tais fatos "passeiam" pelo mundo todo - OK). 

Após a Revolução da Dignidade, de várias instituições financeiras da Ukraina foram apreendidas dezenas de bilhões de fundos relacionados com a "família" de Yanukovych. O atual governo declarou seu retorno ao orçamento do Estado, mas significativas mudanças, neste caso, não houve. Além disso, por uma estranha coincidência, parte desses fundos agora trabalha em favor de International Investment Bank Petro Poroshenko.

"Vitória" tardia.

Algumas semanas atrás, Procuradoria Geral da República relatou, como impediu a remoção do arresto das contas bancárias de Oleksander Yanukovych (filho do ex-presidente), onde havia pelo menos 313 milhões de UAH.

O mais surpreendente nesta história é, que estes fundos detidos foram encontrados nas contas do "Banco Internacional de Desenvolvimento", que pertence ao presidente Petro Poroshenko.

Ainda no início de 2017, de acordo com dados do Serviço Estadual de Monitoramento Financeiro, os trabalhadores PAT (Sociedade Acionária Pública) "Banco Ukrainiano para  o Desenvolvimento, que pertence a Alexander Yanukovych e agora encontra-se em processo de liquidação, transferiram para o banco do presidente 312,49 milhões de UAH. 

Os detalhes desta operação, como o motivo, até hoje são desconhecidos. Mídia soube sobre isto apenas após um mês, já após a apreensão dos meios. 

Na resolução do Tribunal Pechersk sobre a apreensão indicava, que este dinheiro é objeto de transgressão, e seu proprietário de fato é o filho do ex-presidente e proprietário do Banco de Desenvolvimento da Ukraina Alexander Yanukovych.

Quanto ao banco presidencial, lá se apressaram para garantir que não tinham ideia sobre estes valores, e em suma os bancários não coordenavam o ingresso a entrada de recursos financeiros.

Também no Banco Internacional de Investimento salientaram, que operavam dentro da lei.

No início de março, a história recebeu sua continuação, quando o Tribunal Pechersk, inesperadamente, retirou o arresto destes 313 milhões. A notícia causou um grande clamor público, mas no dia seguinte a Procuradoria Geral assegurou, que a situação estava sob controle e fundos bloqueados.

"A remoção de arresto da conta de Yanukovych Junior não aconteceu. A Procuradoria Geral e o Serviço Estadual de Monitoramento Financeiro imediatamente bloquearam os valores. Agradecidos aos não indiferentes funcionários do banco que prontamente informaram a promotoria sobre remoção de arresto das contas no tribunal", - avisou a
secretária de imprensa de Yuri Lutsenko, Lyudmila Sargan. 

O Banco Internacional de Investimento também pode estar agradecido à Procuradoria Geral da Ukraina. Agora, estes valores ficarão no banco presidencial durante os próximos anos, não no Fundo de Garantia de Depósitos, que poderiam obter deles rendimentos.

"Banco de Desenvolvimento de Yanukovych".

Para compreender que recursos financeiros são esses, é necessário mergulhar, um pouco, na história. Quatro ou cinco anos atrás, num contexto de estagnação geral do setor bancário, o Banco de Desenvolvimento da Ukraina de Alexander Yanukovych mostrou sucessos notáveis.

Muito rapidamente, o Banco Ukrainiano de Desenvolvimento, do porão de classificação saltou ao TOP-50 em ativos. A instituição financeira do filho do ex-presidente ganhou os melhores requisitos para empréstimos a empresas estatais, e também era um dos bancos autorizados para projetos salariais de instituições orçamentais.

O banco de Oleksandr Yanukovych crescia como sob ação de fermento. Após a Revolução da Dignidade Yanukovych Júnior teve que dizer adeus ao seu estabelecimento bem sucedido. A razão para a introdução de administração temporária foram as sanções pessoais ao principal acionista do "Banco de Desenvolvimento introduzidas pela UE.

O banco foi dado como insolvente e, atualmente, está em processo de liquidação, apesar de que ele não tinha problemas financeiros ukrainianos. Pelo contrário - os ativos cobriam integralmente o passivo. O filho de Yanukovych protegia seu banco dos problemas e permitia apenas os ativos " limpos".

Para efeito de comparação - agora o Fundo de Garantia paga recursos financeiros aos sextos - sétimos credores do Banco Ukrainiano de Desenvolvimento, enquanto a maioria dos bancos liquidados mal têm ativos suficientes... 

Depois da revolução, com o banco ativamente preocuparam-se os policiais. Um ano após a introdução da administração interina Pechersk Tribunal Distrital emitiu um número de licenças aos investigadores do Ministério dos Assuntos Internos para prisão  das contas no Banco Ukrainiano de Desenvolvimento no valor superior a 2,75 bilhões.

Parte do dinheiro foi arestada para o caso da retirada de recursos dos bancos estatais com a ajuda de acordos desvantajosos com títulos de tesouros domésticos. Parte - para o empréstimo ilegal de ferrovias regionais. Na verdade, no último episódio, os recursos, que encontraram-se no International Investment Bank de Poroshenko, embora isto não é indicado diretamente.

Presentes de Ano Novo

Entre as pessoas físicas, cujos valores foram presos, aparecem Valery Yesaulkov, Alexander Kostilov e Roman Yemelin. Todos trabalhavam no Banco Ukrainiano de Desenvolvimento, nos cargos a partir de gerente de escritório a diretor de departamento. Juntos, as suas contas no Banco estavam próximo de 15 milhões de dólares.

No entanto, na Procuradoria Geral da Ukraina acreditam, que este dinheiro pertence a Alexander Yanukovych. Este declarou, através de seu secretário de imprensa em comentário com a "Verdade Ukrainiana", que ele, pessoalmente, nada tem a ver com isto.

Seja qual for o caso, mas os fundos, aprisionados no processo penal não foram derivados de atividades relacionadas com o banco, mas em contratos sem juros, celebrados entre dois indivíduos, na transferência de montantes de empréstimo, nos depósitos do Banco. 

Estes valores, as pessoas indicadas, aparentemente emprestaram de Yasar Khodzhaev. Este, até hoje desconhecido morador de Yenakieve (Região natal da família Yanukovych - OK) tornou-se conhecido depois da compra, em 2015, de espaço para escritório, que era a base da empresa "Tantalit", mais conhecida que o proprietário da residência "Mezhyhiria" Viktor Yanukovych.

Mais, neste caso, não se conhece. Após um ano, o inquerito não pôde mover-se muito. Além disso, o Tribunal Pechersk, como já foi mencionado, começou retirar os arestos das contas do Banco. E aqui surpreendem, nem mesmo tanto as decisões do famoso Tribunal Pechersk quanto a total ignorância de audiências judiciais pelos órgãos da aplicação da lei.

"Nas audiências, onde se decidia a questão da retirada dos arestos, os representantes de investigação pré-julgamento não apareceram. Isto é, o tribunal investigava o cancelamento da prisão, segundo materiais do requerente, mas o Estado sua posição na questão não demonstrava, e não defendia" , - diz o advogado de "SK - Group" Yulia Kurelo.

Resultado - em 19 de dezembro foi removida a prisão de valores de Yesaulkov e Kostilov e, no dia 26 de dezembro o Tribunal anulou a prisão dos fundos de Yemelin. Em todas as questões, os investidores eram representados por um advogado - Salazskyy.

"As conclusões do Tribunal de que , o dinheiro não foi recebido através de crime, prematuras. Durante o ano, desde que dura a investigação pré-julgamento, os órgãos da investigação poderiam estabelecer a origem dos fundos em contas de depósitos, e as suas ligações com atividades criminosas, e beneficiárias finais", - diz a advogada Julia Kurelo.

O fato , que tal informação nos processos penais até agora não apareceu, acrescenta ela, mostra a falta de interesse da investigação em estabelecer a verdade e a vontade política para investigar os cries de Yanukovych.

"Este caso, com exceção do proprietário do dinheiro, não é algo exclusivo para o sistema legal da Ukraina. Neste caso, os investigadores da polícia e promotores abordaram formalmente a execução de suas responsabilidades como o lado da acusação, não forneceram as provas de fundos e sua ligação com a investigação de delito criminal e suas consequências", - acrescenta sócio-gerente da associação Suprema Lex, Viktor Moroz. 

Migração do dinheiro de Yanukovych

Mais uma questão importante - como o dinheiro do "Banco Ukrainiano de Desenvolvimento" , que agora está em processo de liquidação, foi parar no banco de Poroshenko?

O "Banco Ukrainiano de Desenvolvimento não tem nenhuma razão para não executar a decisão da sentença. Ao apelo dos credores, da sétima vez, o banco, de acordo com as normas da legislação existente é obrigado realizar os pagamentos apropriados segundo o registro de credores" , - explicam na garantia do Fundo.

O "Banco Ukrainiano de Desenvolvimento" não tem o direito de violar as regras da lei, portanto, é obrigatório fazer pagamentos segundo registro de credores, o que foi feito em janeiro de 2017, - acrescentou o porta-voz da agência do governo.

No entanto, há mais uma ressalva importante - de acordo com a lei, os fundos relacionados com o acionista, deveriam constar no nono lugar de exigência. No entanto, estes valores encontram-se no sétimo lugar, cuja exigência o Fundo de Garantia concedeu. Afinal, os investigadores não conseguiram provar a conexão das pessoas acima citadas com Yanukovych.

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MIB (Banco Internacional de Investimento) foi fundado em 2008. Em 1 de janeiro de 2016 os principais proprietários do banco eram Petro Poroshenko, que possui 60% de ações, e Igor Kononenko - 14,9%. Em 1 de janeiro 2017 segundo dimensão de ativos o banco ocupava o 25º lugar entre 93 bancos em atividade.
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- Além disso, depois do tribunal cancelar a prisão de fundos o liquidante do banco avisou sobre isso aos investigadores do Ministério dos Assuntos do Interior. No entanto, este fato não interessou aos investigadores. O "banco não recebeu dos órgãos investigadores do Ministério dos Assuntos do Interior nenhuma reação", reclamam do fundo.

"Vantagem " para o banco presidencial.

Assim, o Ministério do Interior e Procuradoria Geral ignoraram várias sessões do tribunal, em consequência do que  o tribunal cancelou a prisão de fundos. Depois, como soube a Verdade Econômica, o Ministério do Interior ignorou a carta do administrador temporário do banco, em resultado do que mudaram o dinheiro de Yanukovych para o banco de Poroshenko.

Segundo as palavras dos representantes do MIB (Banco Internacional de Desenvolvimento), os fundos foram para a conta corrente, e não em depósito. Isto significa que a taxa de mercado para eles não será contada.

"No  MIB não há problemas com liquidez e precisa olhar para o preço deste recurso no acordo com o cliente. No entanto, muitos bancos usam de esperteza, especificando nos contratos que não pagam pelos saldos no caso de prisão, embora a prisão de contas não os impede de usar o dinheiro do cliente", - explica um banqueiro sob condições de anonimato. De acordo com o cálculo, segundo Banco Nacional, o Banco Internacional de Desenvolvimento pode, sem risco, investir esses fundos em certificados do  Banco Nacional da Ukraina sob 14% anuais, o que vai trazer-lhe, aproximadamente, 50 milhões de UAH, enquanto  dinheiro estiver no banco.

Tradução: O. Kwaltschuk

segunda-feira, 27 de março de 2017

Ativistas ukrainianos de direitos humanos pediram às organizações internacionais para prestar atenção aos acontecimentos na Bielorrússia.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 27.03.2017
Notícias / Sociedade

Detenção pelas forças de segurança, dos cidadão em Minsk, 25 de março de 2017.
Várias organizações de direitos humanos na Ukraina divulgaram um chamamento, no qual apelaram às organizações internacionais para prestar atenção aos acontecimentos na Bielorrússia no contexto de imobilizações em massa no Dia da Liberdade. Texto divulgado na página do Facebook ONG "Centro de liberdades civis".

Na Bielorrússia continuam perseguições, em larga escala, da sociedade civil em relação à realização da ação anual ao Dia da Liberdade.  Somente em Minsk, em 25 de março, segundo várias fontes, foram detidas cerca de 1.000 pessoas. Os agentes da aplicação da lei da Bielorrússia realizam detenções arbitrárias de ativistas, defensores dos direitos humanos, jornalistas e até mesmo transeuntes. Em 25 de março os policiais bloquearam o trabalho do centro de direitos humanos "Viasna" e prenderam cerca de 57 ativistas de direitos humanos e voluntários, que deviam observar a manifestação.

Nós apelamos às organizações internacionais sobre a necessidade de conduzir a máxima atenção aos acontecimentos na Bielorrússia, em particular, aos processos administrativos e criminais, que foram levantados contra os ativistas, e usar todos os mecanismos possíveis para prevenir o assédio politicamente motivado contra os representantes da sociedade civil da  Bielorrússia", - diz a declaração.



Os ativistas sociais, em particular, apelaram a OSCE, (Organização para Segurança e Cooperação na Europa) com a recomendação de estender a ação do mecanismo de Moscou na Bielorrússia e verificar a questão da transferência da sessão da Assembléia Parlamentar da OSCE, a ser realizada em Minsk, em julho de 2017.

Os signatários da apelação tornaram-se os representantes do Centro das liberdades civis, da união Ukraina - Helsinque  dos Direitos Humanos, do grupo dos Direitos Humanos da Criméia, do Centro de informação dos direitos da pessoa e Iniciativa de direitos humanos.

"A perseguição dos cidadãos bielorrussos devido a expressão de suas opiniões e participação em reuniões pacíficas é inaceitável e viola os padrões internacionais de direitos humanos", - disse o representante de organizações de direitos humanos da Ukraina.

Na Bielorrússia, continuam as perseguições à sociedade civil, em larga escala, em relação à ação para o Dia da Liberdade. Apenas em Minsk, no dia 25 d março, de acordo com várias fontes, foi detido cerca de 1.000 pessoas.

Os aplicadores especiais detêm a ativista social Nina Bahinsky






Em Minsk, a oposição tentava, em 25 de março comemorar o Dia da Liberdade mas, ao anunciado previamente local de encontro, ao lado da Academia Nacional de Ciências, conseguiram chegar apenas jornalistas. Os potenciais participantes eram parados pela polícia.
Depois disso, milhares de ativistas começaram mover-se ao centro de Minsk, de outro lado, mas logo foram bloqueados pela polícia, aconteceram detenções em massa.

Tradução: O. Kowaltschuk

domingo, 26 de março de 2017

Rússia de Putin como fonte de morte e terror
Denh (Dia), 24 de março de 2017
Igor Yakovenko

sexta-feira, 24 de março de 2017

"A explosão no arsenal em Balakliya
ZN, UA (Gazeta Espelho de Domingo), 23.03.2017





Em resultado do incêndio nos depósitos de munição na região de Kharkiv, de possíveis danos evacuaram aproximadamente 20 mil pessoas. O incêndio no arsenal continua. Na cidade Balakliya, na região de Kharkiv, na noite de 23 de março explodiu um grande depósito de munições, onde mantinham-se projéteis para artilharia e tanques. Como resultado do incidente foram evacuadas cerca de 20 mil pessoas de Balakliya e duas aldeias vizinhas. De acordo com o Ministério da Defesa, no momento, não conseguiram liquidar o incêndio: cerca de um terço do 
seu território é coberto pelo fogo. O incêndio é acompanhado por explosões de intensidade variável.


O que aconteceu?

As primeiras explosões nos depósitos do Ministério da Defesa ocorreram, aproximadamente às 3:00 horas da noite de quinta-feira, 23 de março. Os primeiros testemunhos oculares começaram surgir em redes sociais. A informação sobre o fogo confirmou o presidente da Administração Estatal Stepan Maselskyi, avisando que o governo evacua as pessoas da zona de 5 (cinco) quilômetros na região.

https://www.youtube.com/watch?v=KBFmYhyjB20

Motivos do incidente.

O promotor militar Anatoly Matios informou que, de acordo com os primeiros resultados da investigação policial, a explosão foi resultado de sabotagem. De acordo com ele, pouco antes das primeiras explosões as testemunhas investigadas ouviram, nas imediações um som característico ao voo de BPLA (Aparelho letal auto-dirigível). O Ministério da Defesa Stepan Poltorak, por sua vez, sugeriu que os ataques podem ser o resultado de ações de grupos subversivos. SBU (Serviço de Proteção da Ukraina) abriu processo penal e investiga o incidente como sabotagem. Além disso, os promotores militares abriram processo penal segundo o artigo "Negligência".  Ele informou que a instalação é guardada por aproximadamente mil soldados



Consequências

Como resultado do incidente, da possível área afetada (cidade Balakliya e aldeias circundantes Verbivka e Yakovenkove) foram evacuadas 19 mil pessoas. A evacuação continua, foram implantados seis pontos de evacuação. Na manhã de 24 de março, o chefe do DCNC (Serviço estatal de Situações Extraordinárias da Ukraina) Mykola Chechotkin disse, que na construção habitacional destruída, equipes de resgate encontraram uma mulher morta, nascida em 1951. Segundo dados do Ministério da Saúde mais uma mulher local recebeu ferimentos devido a explosões.

A segurança da população da Balakliya, asseguram 600 policiais. O serviço do Ministério do Interior assegurou que os policiais patrulham a cidade e próximos pontos habitados. O Serviço Nacional de Fronteiras da Ukraina reforçou a seção oriental. A companhia estatal "UKSATSE", que regula o espaço aéreo, temporariamente proibiu os voos sobre a cidade Balakliya , da região de Kharkiv. No momento, grande incêndio e explosões continuam. (Este artigo foi postado no jornal ukrainiano no dia de ontem, 23 de março. Na edição de hoje, dia 14, consta como atualizado -OK)

Tradução: O. Kowaltschuk

terça-feira, 21 de março de 2017

Do outro lado: com o que vivem e o que esperam os residentes de ORDLO?
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 27.02.2017.
Mariana Puetsukh
Texto preparado pelo projeto financiado pelo apoio do governo canadense através do Ministério das Relações Internacionais do Canadá.

Segunda-feira
- Mas as pessoas querem que Ukraina volte. E tudo se encaixe nos seus lugares. A maioria das pessoas em Lugansk quer voltar tudo como antes.
- E a Rússia não querem?
- Todos, que queriam Rússia, foram para lá. Mas muitos voltaram, porque descobriu-se que lá, a ninguém eram necessários. Trabalho na Rússia falta aos locais. Bem, talvez além dos Urais sejam esperados, mas para lá ninguém quer ir. Então, aqueles que foram e voltaram, silenciam. Sobre Rússia não falam, - descreve o humor do ocupado Lugansk minha idosa vizinha no compartimento do trem que nos leva na direção de Donbas

- Uma mulher de certa idade estava em silêncio, apenas com atenção observava. No entanto, capturando seu olhar, percebia-se, ela desejava ser ouvida.
- Conversar é uma das maiores necessidades das pessoas que vivem em isolamento. É mais fácil amainar situações dolorosas.
Abertamente em seu nativo Lugansk, nem todos podem falar. Nem mesmo em seus próprios apartamentos, se não tiverem confiança em seus vizinhos.





Abertamente em Lugansk as pessoas têm medo de expressar a sua posição. Os moradores da chamada ORDLO são cautelosos nas conversas com outros moradores dos territórios controlados porque sentem:  Os ukrainianos foram separados não apenas pela linha da frente, mas também pelo abismo de mal-entendidos e a profundidade de insultos mútuos de três anos.
Culpam os moradores de Donbas na participação do "referendo" separatista e apelos a Putin "para introduzir militares". E os habitantes dos territórios ocupados são, respectivamente, ofendidos pelo Maidan que, segundo sua versão, "introduziu o início da guerra", e no exército ukrainiano que "atira sobre suas casas".
Assim, mesmo em condições de intensa propaganda, muitos habitantes de territórios não controlados querem voltar sob jurisdição ukrainiana.
De acordo com a pesquisa, no final de 2016, realizada pela USAID,  nos territórios não controlados de Donbas a ideia de retorno ORDLO à Ukraina, mas mesmas condições e status anteriores à guerra, querem 3,2 dos 10 pontos. 3.9 pontos de retorno querem instrumentos adicionais que garantam leis ukrainianas, aprovadas no âmbito da descentralização e 4,9 para voltar à Ukraina no status de autonomia.

Ilusão de retorno a URSS

"Ideia de retorno era uma: as pessoas cansaram de trabalhar em favor da capital. Compreendam, todo o dinheiro ia a Kyiv. Isso é injusto. Em resultado, Lugansk transformaram em ruína, porque não havia dinheiro nem para reparar ruas ou calçadas. Então, se Donbas recebesse status de Federação, o dinheiro permaneceria no lugar" - minha vizinha ocasional, finalmente, conversava tanto, que interferir esta difícil.

"E agora, vocês têm ruas e calçadas?" - tento ironizar.

"Oh, com projéteis, é claro, tudo é destruído. Grande número de casas foi destruído, muitas pessoas perderam os apartamentos! Mas devo dizer, que tão limpa cidade eu não vi desde tempos soviéticos. Os serviços comunais esforçam-se muito. No ano passado, começaram "remendar" as ruas, primeira vez! Anteriormente apenas enchiam os buracos. É o governo local que ajuda às pessoas na recuperação dos apartamentos, fornecendo materiais. Também reconstruíram o circo que foi fortemente destruído", - observa.

Em Lugansk, em 2015 renovaram o circo.






A limpeza nas ruas de Lugansk cria a ilusão de mudanças positivas na república separatista. Isto manipula as mentes dos cidadãos que possuem sentimentos nostálgicos pelos tempos soviéticos.

Através do abismo pela comida.

Com a necessidade das pessoas pelo "espetáculo" as autoridades auto-proclamadas em Lugansk, de algum modo conseguem - mas com o "pão" é mais difícil. Sonhada, barata, como na URSS linguiça, para maioria não é acessível.

De acordo com os dados do programa alimentar Mundial das Nações Unidas, nas áreas não controladas de Donbas, o custo da cesta de alimentação é superior a 25%, ao restante do território ukrainiano. 
Nós sofremos muito com altos preços dos alimentos. Eles são trazidos, não sabemos de onde e são inadequados à alimentação. Apesar de que, ao lado está a "Stanytsia", lá há um mar de excelentes frutos. Agora a estrada até lá é bloqueada, porque "Stanytsia" já está no lado ukrainiano" - diz minha vizinha de banco.

"Stanytsia Luganska - é uma grande aldeia nos arredores de Lugansk. Aqui desde avô - bisavô as pessoas ocupavam-se com a produção de hortaliças e frutas. Até 2014 "Stanytsia" era o centro agrícola da região de Lugansk.
Nos últimos anos, a aldeia, que antes da guerra contava 16 mil habitantes, tornou-se o epicentro da luta. No final do verão de 2015 aqui restaram menos de um mil habitantes.
Subsequentemente, com a diminuição na intensidade de ataques, as pessoas começaram regressar. Começaram restaurar as estufas e cultivar as hortaliças.
"As pessoas de "Stanytsia" sempre viveram em abundância. Mas agora, como você vê, estão destruídas as grandes casas particulares, tenho vontade de chorar. Apesar de que os bens não são meus, é muito triste, as pessoas colocaram muito trabalho lá! E agora choram porque não tem onde vender seus produtos - e nós choramos porque não podemos comprá-los."

A aldeia e o ex-centro regional agora separam os bloqueios e o check-point. E ainda precipício - duas pontes através de Siverskyi Donetsk, que flui entre Lugansk e Stanytsia, destruídos.

Consequência da avariada ponte entre Lugansk e Stanytsia.
A nova ponte rodoviária explodiram ainda no verão de 2014. De acordo com os militantes ukrainianos, ela foi destruído na retirada dos militantes, para que não fossem atacados pelos tanques das Forças Armadas da Ukraina.
"A segunda ponte era velha, antes da guerra estava prevista a reparação, na primavera ela também explodiu.  Quem a explodiu? Ukrainianos. Eles carregaram-na de explosivos e explodiram. Ninguém pensou nas pessoas como iriam se mover."
Pela primeira vez, a ponte velha foi severamente danificada em janeiro de 2015. De acordo com a Administração Regional de Lugansk, isto fizeram os militantes. Em seguida uma parte caiu, ainda podiam passar carros leves.
Quem, na segunda vez a minou - oficialmente o lado ukrainiano não divulgou. No transcorrer da luta, no meio da ponte houve grande explosão, em resultado caiu o restante da ponte", disse o então governador de Lugansk Genady Moskal.
A explosão se ouviu depois que os militantes tentaram passar para o lado das posições ukrainianas do outro lado do Siverskyi Donetsk.
"Agora há uma cova. E sobre a cova fizeram transição. E isto é um espetáculo fantasmagórico. E se do lado de Lugansk, embora íngreme, ainda pode-se passar, mas a partir da aldeia - é realmente uma parede sueca, pela qual é preciso subir. Bem, imagine, como é para pessoas idosas subir com sacolas cheias?!

Passagem no local da ponte destruída. "Escadas" de madeira (do outro lado) os locais chamam de "parede sueca".









Para Stanytsia Luganska regularmente vão as pessoas de Lugansk para compras. Alguns, apesar destas circunstâncias, fazem negócios - puxam produtos para revenda. "Certa vez vi, como quatro homens puxavam uma carroça com pimenta vermelha. Havia tanta pimenta, que eles, seguravam a carroça naquela "parede sueca", para que ela não caísse no buraco. Então compreende-se porque em Lugansk aquela pimenta é tão cara, já que é com tanto sofrimento que nos trazem".
No entanto, muito neste ritmo, não se ganha.
No ponto de controle há um limite de peso das mercadorias, para uma pessoa, do controlado para não controlado território da Ukraina - não mais de 75 quilos. Até dezembro de 2016 o limite era menor - 50 kg.
E, a partir de meados de janeiro de 2017 os militantes introduziram mais a chamada quarentena para carne e frango, sob o pretexto de "luta contra a peste africana". No entanto, esqueceram de avisar as pessoas. Muitos tiveram que retirar a carne das sacolas no ponto de controle.










Mais um fator que causa frustração às pessoas - bombardeios constantes. Por causa deles na região de Stanytsia de Lugansk não podem dissolver as tropas de ambos os lados.
"Principal - passar pela ponte antes de escurecer, porque depois há muitos tiros. Outro dia o filho apenas atravessou, quando começou  "bah-bah-bah".
Apesar de todas as reclamações sobre as "características" de
transição entre a aldeia e Lugansk, as pessoas estão felizes que aquela passagem existe.
Porque lembram os meses, quando a passagem esteve fechada. 
Então, para ir do ocupado Lugansk para Severo Donetsk (agora centro administrativo de Lugansk) - era preciso superar quase 500 km. Era preciso viajar para a vizinha cidade de Lugansk através da Rússia. Embora a distância entre as duas cidades é menos de 100 km. " Isto era muito tedioso e caro. As pernas intumesciam, do ônibus você sai quase morto.

Fuga de tanques russos

Os aposentados passam pela "ponte dos horrores" para retirar a pensão ukrainiana, a qual recebem como migrantes.
Em "Stanytsia Luganska estão registrados, aproximadamente, dez mil migrantes. A maioria deles realmente vive em Lugansk e assentamentos não controlados pela Ukraina.
Minha interlocutora registrou seu filho, o qual mudou-se com a família para Ukraina Central. No início, devido ao pesado bombardeio ela fugiu de Lugansk com a família. Mas retornou mais tarde. Sozinha. E não apenas para proteger sua habitação dos saqueadores. Ela diz que ama muito sua cidade, sua região.
"Eu vivo na periferia da cidade. Como lá é lindo! Ao lado, um vasto campo. Anteriormente, eu sempre saía pela  manhã, andava pelo campo cinco quilômetros. 
 Gosto muito do cheiro da terra. Você sabe como é a nossa terra?! Ela, quer se colocar no pão, tal é o nosso solo negro! Eu não consigo transmitir-lhe o quanto generosa é esta terra!
A pensionista tão emocionante e sonhadora fala, que por um momento você imagina um delicioso sanduíche com o solo preto. 
"E ainda antes da guerra, sempre atrás da janela do nosso apartamento, ouvia-se o canto do rouxinol. Porque do outro lado temos reflorestamento. Não, eu não posso transmitir-lhe, como é o céu que temos lá." 
Lembrando o reflorestamento, a mulher de repente, salta para outro tópico. "Minha nora dois meses ficou no banquinho próximo da janela, que mostre este reflorestamento. É na direção da Stanytsia. Em algum lugar lá estavam os soldados ukrainianos. 

Ela os esperava.

Muito tempo ela esperava os soldados ukrainianos. Constantemente, nós ouvíamos que os soldados não estavam longe mas, por alguma razão não vinham até nós. Nós não compreendíamos - por que? Naquele tempo, na cidade ainda não havia tanques russos. Talvez milícia. Mas eles, não havia nem mil."

Os tanques russos vieram a Lugansk em meados de julho de 2014. E este momento minha interlocutora lembra em detalhes. Transfere-os, como cenas de um sonho terrível.

"E, de repente ouvimos um rugido selvagem na rua. Nós saltamos dos apartamentos para a rua..."  - a mulher silencia. Percebe-se que a ela é difícil lembrar.


Vejo. Vem os tanques russos.

A reação das pessoas, é claro, era diferente. Quem esperava pelos russos, alegrava-se. Os que não esperavam - choravam. Especialmente choravam os jovens.  Eu olhava e contava os tanques. Contei 120. E em cada tanque - oito soldados. Eles usavam um uniforme de campo comum, sem divisas, apenas algumas ataduras brancas nos pés.

E sabem o que mais me impressionou? A aparência destes soldados. Eles pareciam ocupantes naturais. Em suas poses, reações, indiferença, eu vi aquilo, que vi nos filmes sobre a guerra, quando lá passavam os tanques alemães.
Os fascistas dos filmes também assim reagiam à população pacífica, como estes russos. A mesma indiferença nos rostos, como se não fôssemos pessoas, mais quaisquer "insetos". 

Minha interlocutora diz, que em criança sobreviveu à Segunda Guerra Mundial. Mas os soldados alemães viu apenas nos filmes. Ela não ouviu explosões, porque naquela época vivia na retaguarda.

Quando iam aqueles tanques russas, parecia que eu estava no cinema. Mas o vizinho que estava ao lado, disse que há uma hora, em outra rua passou um grande comboio de veículos militares com soldados. 

Então todos compreenderam, que havia alto terrível.


"Soldados russo sentados nos tanques, como invasores naturais. Eles lembram os filmes nazistas". Lugansk, julho 2014. Imagens de vídeo no Youtube.





















Desde então os ataques na cidade não cessavam. A família de minha interlocutora precisou passar dois dias na entrada do primeiro andar, porque cave no seu prédio não havia.
"Ficamos com filho e nora atrás da parede móvel na estrada, melhor lugar para esconder-se não havia. Deus, como assustador. Eu vi muitos filmes sobre a guerra, mas não pensava, que era tão assustador, quando o prédio treme sem parar, das explosões dos obuses. Quando os obuses arrebentavam-se, é muito assustador", - a narradora começa a imitar os sons das explosões e ondas sonoras automáticas.

"Em algum momento filho olhou nos meus olhos, e neles eu li. "Este é o último obus para nós". Ele despedia-se. Eu vi, como o filho despedia-se de mim.

"Imagina como sobreviver a tudo isso?!"

O filho estava pronto para correr da cidade, mesmo sob fogo, a psique já não suportava. A mãe o detinha o quanto podia, porque correr até o prédio vizinho era mortalmente perigoso.

"E, de repente, às quatro da manhã tudo se acalmou. O filho decidiu, que "eles cansaram", e enquanto lá descansavam, nós precisamos fugir. Nós chegamos ao cruzamento. Lá havia um carro particular, o motorista pegava as pessoas para Starobilsk, este já é o lado ukrainiano. O preço ele deu, claro, muito alto, como se não fossem 70 km para nos levar, mas sete mil. "Mas nós concordamos, fazer  que?"

"Negociar" com bandidos.

Já em Starobilsk, a mulher viu na cidade, tanque com bandeira ukrainiana. Não resistiu e chegou perto - para descobrir aquilo, que já por alguns meses não lhe dava sossego.
"Estes soldados, sentados no tanque, cansados e sujos, olhar para eles era assustador. Pergunto. "Meninos, por que, por que vocês não vieram até nós? Vocês estavam ao lado?" Eles olham para mim, severamente e dizem: "Mas não nos deixaram, não houve comando. Nós na mina de Lugansk, um mês e meio estivemos, mas nos dissera - não se movam".
"E depois disso eu compreendi, a guerra será longa. Porque nisto há muitas pessoas interessadas. Porque todos eles recebem grandes quantias." 
Tal pensamento é muito popular aos residentes da linha de frente do Donbas. Deles, muitas vezes pode-se ouvir que "esta guerra é pelo dinheiro e recursos", que "alguém entre si divide e as pessoas comuns sofrem.

O componente ideológico na guerra vê apenas minoria.

"Eu entendo Putin, por que Donbas lhe é necessário. Na Rússia, reuniu-se muita munição antiga, que era necessário utilizar. A melhor utilização - é guerra. Esta é uma guerra e, ao mesmo tempo seus soldados aqui passaram pela prática, organizando aqui uma região", - diz a avó a sua versão bastante original dos motivos da implantação da guerra.

"Mas agora Putin já perdeu o interesse pelo Donbas, porque ele atolou síria. Também para lá foram todos os chechenos. Quando eles foram - aqui ficou mais calmo. Porque aqui causavam horrores. Todas as pessoas que possuíam um bom carro, o perderam. Os chechenos as paravam, diziam que "nas condições de guerra, os carros são confiscados" - e tudo. Depois tudo isso retiravam da Ukraina. Também assim retiravam todos os bens dos apartamentos das pessoas que saíram da cidade.

Também eles eram muito cruéis. Para eles nós não somos ninguém, porque somos de outra religião. Certa vez eles vieram para nossa casa, entender-se com um rapaz. Como seus olhos são assustadores e penetrantes.  Automático sobre o ombro, boca para baixo, a sensação, de que a qualquer momento podem atirar em você". 
Com isso, minha interlocutora, ingenuamente acredita, que a guerra pode ser encerrada, se o governo ukrainiano entender-se cm a "milícia".

"Precisa negociar", - a receita mais comum para findar a guerra, que propõem os moradores do outro lado do front. Sob a influência da propaganda as pessoas vêem menos o papel do Kremlin em operações militares.

"Que sejam bandidos - aqueles milicianos. Mas precisa negociar com eles, do contrário, não haverá final. Agora, eu não vejo lá soldados russos, pode ser que estejam em algum lugar, mas nós não os vemos. Nós vemos apenas as milícias. Mas eles eu não posso culpar, que eles levam as armas. 
eles entram na polícia não pelos ideais, mas porque precisam alimentar a família. Trabalho não há, na Rússia eles não são necessários a ninguém, mas à milicianos pagam regularmente os salários e não é pouco. Cerca de 15 mil rublos.

Então, aqui tudo é muito ambíguo, sabe? Tudo é muito complicado...

                                              *   *   *   *    *

Compreender um ao outro, os ukrainianos dos dois lados do front, por enquanto não estão prontos. Muito sangue foi derramado dos dois lados.
Mas a questão permanece: o que vem em seguida?
Como continuar a viver juntos, se Ukraina superar o controle sobre todo Donbas? Se ouvirá um ao outro já, agora, ou no início construir a parede e transferir para distante perspectiva a questão de encontrar formas de reintegrar a população ORDLO.
Por enquanto não temos respostas, não apenas na sociedade, também nos funcionários ukrainianos que tomam decisões políticas em relação à Donbas.

Tradução: O. Kowaltschuk