sexta-feira, 20 de janeiro de 2017


"Mundo russo" e Ukraina. "A lei Kivalov - Kolesnichenko" deve ser abolida.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 14 de janeiro de 2017.
Victor Kaspruk





O Tribunal Constitucional da Ukraina, que hoje analisa a constitucionalidade da chamada "Lei da língua Kivalov - Kolesnichenko, deveria finalmente abolir esta lei vergonhosa, que destrói a língua ukrainiana e converte Ukraina à aparência "Rússia - 2".  No enanto, o fato de que a língua ukrainiana, após mais de 25 anos desde a restauração da Independência, necessita, como anteriormente, proteção estatal, é sinal da incompletude do processo do Estado ukrainiano.


Piquete do Tribunal Constitucional da Ukraina, que analisa a questão sobre a constitucionalidade da "lei da linguagem de Kivalov - Kolesnichenko". Kyiv, 17 de novembro de 2016.
No cartaz diz: "Lei sobre idioma" de Putin - Kivalov ao lixo.

Como bem apontou em uma entrevista o famoso linguista ukrainiano, professor Alexander Ponomarev: a Revolução Laranja, em seguida, a Revolução de Dignidade. Diferentes pessoas participaram nelas. E na rua as pessoas falavam em idiomas diferentes, mas quando chegavam ao pódio, todos falavam em ukrainiano, porque acreditavam, que é este o idioma que nos une... Mas, em vez disso o que aconteceu depois desta revolução?  Então Moscou jogou-nos o slogan "Único país - Única strana (Strana - país, em russo - OK). Este slogan foi, absolutamente pérfido, mas com muito zelo divulgaram em toda parte... Isto confundiu muitas pessoas. Porque não pode existir um único país com duas línguas (único - unido - único no gênero). O autor, no meu ponto de vista, ou não raciocinou bem, ou não foi sincero. Esta confusão somente pode ter ocorrido nas cabeças dos aldeões e não em todos porque muitos usam o idioma ukrainiano. Para os grandes centros esta explicação não serve. Desde quando um "intelectual" pode ter se confundido? E são os ditos "intelectuais" que fazem questão de usar o idioma russo. Médicos, professores políticos, imprensa continua com publicações no idioma russo, etc. Muitos consideram o idioma russo elitista e muitos aceitam para evitar discussões. 

Difícil não concordar com o professor Ponomarev. Afinal, hoje a língua ukrainiana - é nada mais que demonstração de lealdade, pelos cidadãos, ao Estado Ukrainiano.

Assim também compreendem o uso da língua nos países bálticos, EUA, Polônia, República Checa e outros países europeus. E apenas as pessoas soviéticas, mutiladas espiritualmente com o sistema totalitário, que continuam vivendo na Ukraina, têm o seu entendimento diferente. Cada vez repetem o seu mantra imperial, do tipo: "qual a diferença, em que idioma conversar". (Какая разница на каком язьіком разговаривать?). 

Ignorando o idioma ukrainiano - o funcionário posiciona-se contra a sua disseminação na sociedade ukrainiana.

A dominância de língua russa na Ukraina tem continuidade do tempo do império russo e soviético. E, se durante os períodos da cruel colonização dos territórios ukrainianos pelos imperiais isto, de alguma forma poderia ser explicado, então agora quando Ukraina é independente, este fenômeno parece um completo absurdo.

A pessoa pode não comunicar-se no idioma ukrainiano por diferentes motivos, mas a razão principal é que até agora não foram estabelecidas, na Ukraina, as condições sob as quais seria impossível trabalhar no serviço público sem o conhecimento do idioma ukrainiano.

Condescendências nisso para os falantes do idioma russo claramente detectam-se em todos os níveis da hierarquia do poder.

Mas como pode-se estimular o aparato do funcionalismo burocrático ao uso da língua ukrainiana, quando em muitos casos, até alta nomenclatura continua, constantemente, a ignorá-la?

E aqui manifesta-se conformidade, se o funcionário ignora o idioma ukrainiano, isto significa que ele é contra a sua propagação na sociedade ukrainiana, e isto, já por si só diz muito sobre esta pessoa.


Fora os russificados dos cargos estatais! Piquete do Tribunal Constitucional da Ukraina, o qual analisa a questão sobre a constitucionalidade da "lei do idioma Kivalov - Kolesnichenko". Kyiv, 17 de novembro de 2016.

Detratores calcularam bem, que a demonstração do número de cidadãos, falantes do idioma ukrainiano, na Ukraina, de mínimo crítico, servirá para rapidamente tirar da ordem do dia a "questão ukrainiana.
Afinal, se não há representantes do idioma, então não há nação ukrainiana. Então, para que entorpecer a própria cabeça com certas "miudezas linguísticas.

Será que não é mais fácil parar de lutar pela preservação da identidade ukrainiana e aceitar a realidade histórica "inevitável" segundo a qual ganhará a idéia de Putin - "ukrainianos e russos - é única nação".

Através do produto televisivo russo os ukrainianos absorvem "valores" de Mocou.

Pode-se discutir muito de que, de forma positiva, nada se altera, e porque ninguém preocupa-se, que no espaço informativo "ukrainiano"até agora dominam jornais e livros russos.

Sem mencionar o fato, de que o principal problema é quase total ausência de conteúdo no idioma ukrainiano. E se, recentemente, em algumas estações de rádio FM começaram transmitir canções ukrainianas, então com filmes e programas de TV tudo continua como anteriormente.

Mas, quando a maioria da população, constantemente assiste TV que oferece filmes russos de baixo nível, séries russas com legendas e todas as inutilidades como entretenimento, estão este processo de "educação" de cérebros dos ukrainianos apenas fixa, inconscientemente, a permanência no "Mundo Russo".

Queira o público isto, ou não queira, mas assistindo o produto televisivo russo, ele absorve da tela os "valores" de Moscou, modo de vida, "cultura" e ideologia, que frequentemente os criadores estrangeiros tentam disfarçar sob a objetividade histórica.

Ao longo das últimas duas décadas produziram "montanhas" de séries de televisão sobre como "avós lutaram" e outros temas históricos. Onde a pacífica e poderosa Rússia sempre vence todos. E os russos - são bons anjos que desceram dos céus, para salvar a humanidade de maquinações covardes das "forças do mal", que se opõem a eles.

E, com todo esse produto de informação, massivamente "alimentam" os ukrainianos. Entre aqueles, que fazem isto, há, é claro, os que não entendem, que com isto substitui-se a cultura nativa com anti-cultura estranha e hostil, em massa.

Na altura, em que parece, que o Estado deve com sua política cultural incentivar os seus cidadãos para estudar o seu idioma, usá-lo, e fechar os abertamente hostis meios de comunicação estatais, tudo acontece com erro, ao contrário.

Em perspectiva histórica, Ukraina estará lá, onde houver idioma ukrainiano.

Embora existam leis, que é indispensável saber o idioma ukrainiano, aqueles que não o dominam (ou dominam mal) o idioma do estado, podem ter um emprego de prestígio e bem pago, e desta maneira melhor se ajustam na sociedade ukrainiana.

Hoje, na Ukraina, criaram-se tais condições, que os ukrainianos, essencialmente, são forçados a lutar pelo seu direito de não serem prejudicados na sua própria terra.

No entanto, o idioma russo - não é apenas idioma de natureza econômica, de negócios e expansão cultural. O idioma russo - é idioma do agressor - canhões, morteiros e tomada de territórios ukrainianos.

A "paz russa" pressiona os ukrainianos em todas as direções possíveis. E aqui não há nada espontâneo ou acidental.


Inscrição no cartaz: Conversemos em ukrainiano para que Rússia não "proteja" os falantes do russo.
Piquete no Tribunal Constitucional da Ukraina que analisa o caso sobre a constitucionalidade da "lei da língua Kivalov - Kolesnichenko", Kyiv, 17 de novembro de 2016.

Os invasores russos, que durante séculos se consideravam senhores dos ukrainianos, nunca aceitarão pacificamente o fato de que já não controlam este território.

Portanto, não podemos dar-lhes chance de continuar sua expansão já com outros métodos e outras dimensões - tentativas de esconder-se atrás de sua ideologia, sua, supostamente, civilização, informação ou superioridade cultural.

Devolver  o idioma para o uso da sociedade ukrainiana é necessário sem força, mas com métodos decisivos. Portanto, a televisão, que tem público de âmbito nacional, deve ser totalmente ukrainiana. E também o rádio FM.
E nada de quotas. Para o auditório de língua russa - algumas horas de TV local e rádio pela manhã.

Os apresentadores, ou passam para a língua ukrainiana, ou que conduzam seus programas na Rússia. Políticos que não dominam o idioma ukrainiano, devem ser ignorados.  

Os ministros devem demitir-se e a internet deve ser multada. Em casa usem o idioma que quiserem, mas publicamente o idioma deve ser apenas um  - ukrainiano

É indispensável compreender a verdade simples, que na perspectiva histórica Ukraina estará lá, onde houver idioma ukrainiano. E tomar decisões certas...

Tradução: O. Kowaltschuk

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