Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 16.09.2016
Vitaly Portnikov
Ouvirão os parceiros ocidentais os ukrainianos de Donbas? Comentários de Alex Ryabchyn, deputado, e Vasily Khomenko, ativista social, organizador do comício dos parentes de prisioneiros (Slovyansk - Donetsk).
Vitaly Portnikov: - Nós falamos hoje sobre a visita de ministros das Relações exteriores da Alemanha, Steinmeier e França, Herault, para Ukraina.
Entrevistador: - Ontem nós analisamos os acontecimentos na capital ukrainiana. No entanto, esta visita é muito importante - é a viagem dos ministros para Donbas..
Agora você vê esta famosa ponte, que tornou-se vítima da agressão russa contra nosso país. E, contra o seu pano de fundo os ministros conversavam sobre o que está acontecendo no Donbas. O que fazer. Assim falando, de costas para a ponte, destruída por Putin, estavam Steinmeier e Herault.
Vejamos o que aconteceu em Kramatorsk, quando os parentes dos cativos e ativistas sociais decidiram reunir-se aos diplomatas, que ao encontro deles não foram. (Prezados, envio o endereço da reportagem porque os respectivos vídeos não trazem endereço, não sei colocar- OK):
http://www.radiosvoboda.org/a/27996230.html
Senhor Ryabchyn, Estas cenas contra o pano de fundo das ruínas da ponte deram a volta ao mundo. Eu penso que nós e os diplomatas europeus temos diferentes visões do que observamos. Para nós isto é tragédia, conflito, guerra no nosso território, mas para eles é uma situação a ser resolvida. Esta não é uma questão de concessões políticas, mas simplesmente, para que não morram as pessoas, para que seja renovada normalmente, a situação política e econômica na região. E eu penso, que é por isso que não podemos agora compreender os nossos parceiros, e eles a nós.
Alex Ryabchyn: - 50 metro da ponte seguravam para colegas da França e Alemanha. O povo de Donetsk quer vida normal. Aproveitar a ponte para exibir-se, é demais.
Eu lhe darei um terceiro aspecto. Para mim, esta ponte, e para muitas pessoas - é símbolo da restauração de Donetsk. Pense, dois anos e o Estado ukrainiano não consegue restaurar esta ponte (são 50 metros).
Talvez, esperam distintos colegas da França e Alemanha para mostrar. Mas para moradores de Slovyansk não importa, se o governo local, se regional ou comunidade internacional reconstruirá esta ponte, porque eles querem viver normalmente. Mas, utilizar esta ponte para mostrar-se, penso que é demais.
Eu penso que além desta ponte podiam encontrar muitas outras ruínas.
Alex : - Sim. Não para encontrar os manifestantes, também não foram ao hospital. Nós não precisamos dessas cenas! Seu comportamento foi muito reservado.
Entrevistador :- O quanto eu sei dos meus colegas que estavam com eles em outras delegações, eles também não saíram ao encontro dos manifestantes. Eles não foram ao hospital. Porque: não, não, não, nós não precisamos destas cenas! Para que elas nos são necessárias? Ou seja, eles não se comportam com diplomacia... Contidos.
Alex: - Sim, contidos. Estes eurodeputados deveriam ir para Kramatorsk, mas mudaram a visita por razões de segurança. Estas pessoas dizem: realizem as eleições, em uma semana o fogo vai parar. (Pelo jeito os eurodeputados adotaram a idéia dos usurpadores. Porque, quem vai se candidatar nas terras ocupadas? Eles mesmos - OK).
Entrevistador: - Sim, os eurodeputados deveriam ir também para Kramatorsk, mas cancelaram a visita por motivos de segurança. E estas pessoas agora nos dizem: realizem as eleições, com uma semana o fogo para.
- Eles nos diziam, que precisa realizar as eleições na próxima semana, mas...
Alex: - Comecem realizar - comecem discutir a lei. Comecem introduzir a lei.
Comecem introduzir esta lei. A respeito desta lei, o quanto eu sei, ainda no verão eu estive no Ministério das Relações Exteriores em Paris, e em Berlin conversei com o escritório de Merkel, e o escritório de Steinmeier. Nós sabemos, que esta lei, concepção, porque as leis devem ser desenvolvidas no Parlamento, por isso eles não querem nivelar o status do Parlamento, que eles desenvolvem dessa lei, baseada nos melhores padrões da OSCE;
- Dizem para nós, como no Parlamento, o que devemos fazer, e ainda mudar a Constituição. Isto é atrevimento demais!
A declaração revoltou muitos colegas da oposição e da coligação.
Entrevistador: - Senhor Khomenko, o senhor esteve nessas reuniões com diplomatas europeus?
Khomenko: - Estive. Mas nomear isto "como encontro" é complicado. Que eles vinham, nós soubemos a noite. Pintávamos. E eu não vi nenhum Steinmeier, nem Herault. Eles, provavelmente, não saíram de seus carros. Mas aqui é ATO, guerra - eles, provavelmente, olhavam pela janelinha. Alem´de Klimkin (ukrainiano) que se aproximava, eu, lá, não vi ninguém. Houve um operador alemão, que fotografava as mães dos soldados, que atualmente estão no cativeiro. Fotografava-as, quando elas pediam: "Deixem sair, por favor, nossos filhos!" E esforçava-se fotografar para aqueles cartazes não aparecerem. Porque neles estava escrito, que nós não precisamos de paz a qualquer preço, ao custo da ocupação russa.
Nós estamos aqui há 2,5 anos... Eis aqui os rapazes em forma - é uma "Eslava Sich (Sich, na antiguidade era o nome do centro fortificado do Exército Cossaco que, antigamente existia na Ukraina - OK). Não, eles não são militares. Nós participamos da frente, participamos de treinamentos, ocupamo-nos com educação nacional-patriótica das crianças. Por isso nós tentamos participar em todos piquetes semelhantes, para que todos compreendam: simplesmente assim nós não daremos nosso território, como isso foi, ao país "irmão" primeira vez. Nós não pensamos, que será necessário atirar em seus antigos "irmãos". (Ele usa o termo "irmãos", porque Rússia, descaradamente, chama os ukrainianos assim - OK)
Entrevistador: - Senhor Ryabchyn, como o senhor considera, tal posição irrita os europeus, serão eles capazes de compreendê-la?
Alex: - Eles (diplomatas europeus - Ed) se irritam pelo fato de que os políticos ukrainianos, de alguma forma, interrompem suas iniciativas. Eles, se acostumaram com os políticos ukrainianos, como com os papuásios - graças a Deus, nada terrível acontecerá.
Mas, quando as pessoas, com a vontade da nação, vontade que agora nós guiamos, realmente nós apelamos às pessoas para esta vontade, quando eles ficam muito nervosos. Porque é, exatamente, a vontade das pessoas que não dá aos políticos aprovar o "estado especial".
Ao assunto, você notou, que nós estamos utilizando o "estatuto especial" porque muito rechaçavam e diziam: não - não, nenhum "estatuto especial", isto é "peculiaridade do governo local". Mas todos: e Herault, e Steinmeier, e todos eles - "estatuto especial" já dizem quase oficialmente.
Entrevistador: - Em "Acordos de Minsk" isto não é assim.
Alex: - Isto, são "particularidades do governo local" mas, de fato, na linguagem diplomática eles usam justamente isto.
E as pessoas compreendendo que o governo não era capaz pendurar esta "lokshena" (lokshena é nome de certos macarrões. Pode, também ser gíria de um tipo de fios de distribuição de telefone - OK) assim escrevem: "estatuto especial".
Então eu apoio plenamente o colega que disse que a nação, as pessoas não darão isto ao Parlamento. E é impossível falar sobre questões políticas, enquanto não houver segurança, enquanto não pararem de morrer nossos rapazes e civis, enquanto não houver troca de prisioneiros, enquanto não houver tempo suficiente nós não podemos falar sobre estes assuntos.
Entrevistador: - Senhor Khomenko, se o senhor se encontrasse com os ministros, o que o senhor diria, se eles dissessem, que vieram para, de alguma modo, aqui no Donbas reviver a paz? Eles falam sobre isso, e Steinmeier e Herault.
Khomenko: - Sim. E, com certeza, eu diria, que agradeço que vieram. E diria: Vamos, nós traremos a vocês 40 mil "homenzinhos verdes", e depois começaremos, a vocês, modificar a Constituição. Como vocês reagirão a isso?
(Estes "homenzinhos verdes", invasores, eram assim chamados no início da invasão. Não consegui saber porque os denominavam assim - OK)
Entrevistador: - Na França assim aconteceu em 1939 - 1940.
Khomenko: - Sim. E, com certeza, eles tiveram muita tristeza por este dia, fugiam, ameaçavam com o punho depois do outro país.
- Ou seja, eles querem que aqui aconteça o mesmo. Eu, pessoalmente, a 2,5 anos, cada domingo conduzo uma corrida patriótica. E, se os nossos deputados venderem-se, de algum modo votarem por questões semelhantes, não afastando os exércitos dos territórios ocupados, realizarem quaisquer eleições ou modificarem a Constituição, então aqui haverá guerra de "partizans" (guerrilheiros). E aqui, realmente haverá revolução.
Porque aqui, infelizmente, ainda temos colaboradores, que ajudam Rússia. Mas eu penso, que ao Steinmeier - os problemas de sua própria nação interessam mais, que os problemas ukrainianos. Portanto, para eles é indispensável terminar isto a qualquer preço. Isto é evidente a partir do que acontece. Se vocês não querem nos ajudar, então não interfiram. Nós vamos lutar. Já muitas pessoas decidiram "Liberdade ou morte!"
Frequento a vanguarda, conheço o humor dos militares - decididos como eu.
Entrevistador: - Nós podemos ver as declarações, que fizeram os ministros durante a visita ao Donbas.
Frank-Walter Steinmeier: - Isto foi, obviamente, a noite mais calma, que as pessoas no leste da Ukraina, em muitas semanas e, talvez até meses, viveram.
Khomenko: - Claro, ainda é muito cedo pensar, que por muito tempo será assim. Mas o regime de silêncio nos dá a oportunidade agora de pensar em outras coisas, que também são importantes para estudar. Ainda é cedo para esperar que continuará assim.
Precisamos avançar com a implantação dos Acordos de Minsk. Por seis meses nos passamos estagnação o que leva ao fato de que a segurança é incerta. Com o regime de silêncio, precisamos fazer esforço para avançar com a lei da anistia, lei do "estatuto especial", lei sobre as eleições locais.
Nós próximos dias e semanas vamos procurar soluções para essas diferenças que existem entre Rússia e Ukraina.
Entrevistador: - Não lhe parece que, quando comparamos a declaração do senhor Steinmeier e aquilo, que nos disse Khomenko em seguida, entramos num impasse?
Alex: - Sim, eles dizem que isto é um beco sem saída, mas dizem que precisa fazer concessões.
(Prezados, esta conversa ainda vai longe, já conhecemos o seu teor. Então vou procurar incluir notícias de hoje, sobre o assunto, 21/09/2-16 - OK).
Verdade Ukrainiana:
Em Minsk, o grupo de Contato Trilateral decidiu separar os exércitos. Sobre isto escreveu Darka Olifer, secretária de imprensa do ex-presidente da Ukraina Leonid Kuchma, que representa Ukraina (Caso alguém não lembra, ou não soube, estas reuniões em Minsk acontecem para encontrar a saída à ocupação de Donbass - OK).
"O documento prevê a descalada na região da linha de contato e, na verdade, criar condições, nas quais armas de pequeno porte não poderão utilizar-se para disparar. Concomitantemente, a decisão prevê a plena implementação dos acordos anteriores sobre a retirada de armas de contato calibre inferior a 100 mm" - disse ela (Durante todo o tempo da invasão, apareciam nos jornais notícias, sobre o não cumprimento das decisões do grupo de contato. Será que agora vai? - OK).
Semana Ukrainiana:
"Ukraina, com consistência, cumpre obrigações assumidas nos Acordos de Minsk, e estritamente adere ao regime de silêncio. Em continuação disto o lado ukrainiano assinou a presente decisão para garantir a execução dos acordos de Minsk por ORDLO". (ORDLO - regiões ocupadas de Donetsk e Luhansk).
Note-se, que esta decisão está prevista apenas em três locais, com coordenadas claramente definidas. No entanto, o lado ukrainiano espera que, no decorrer da execução, podem ser trabalhadas abordagens para uma possível diluição ao longo da linha de fronteira" - disse Olifer.
O documento prevê três zonas de segurança, uma área de pelo menos 2 x 2 quilômetros cada, nos pontos habitados : Zolote, Petrovsque e Stanitsa.
Radio Svoboda:
Saydik, representante da OSCE: - Em Minsk assinaram acordo os representantes da Ukraina e Rússia, rubricaram os representantes de ORDO e ORLO (usurpadores de parte de Donetsk e Luhansk).
Vários pacotes de acordos, realizados nas conversações em Minsk, preveem, entre outros, o cessar-fogo, a retirada do território da Ukraina de tropas estrangeiras, mercenários e armas, a libertação de todos os reféns e pessoas detidas ilegalmente, e estabelecimento do controle da OSCE em toda a fronteira russo ukrainiana, até agora não foram cumpridos.
Tradução: O. Kowaltschuk
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