Radio Svoboda ( Rádio Liberdade, 13.09.2016
Daria Shevchenko
Alexandr Dedyuhin |
O padre ortodoxo ukrainiano Alexandre Dedyuhim em resposta, publicamente permitiu capturar o Pokemon em sua igreja.
Eu considero a ação de Sokolovsky como resposta à "Lei da Primavera". O governo russo provoca comportamento semelhante com suas ações estranhas. Eu penso, que Sokolovsky não é muito adequado em algumas de suas declarações sobre a igreja. Mas, se aprisioná-lo - grande loucura. Eu penso que se uma pessoa fez alguns disparates na igreja, algumas bobagens, a ela pode-se explicar, que ela não tem razão. Nós também nos confrontamos com pessoas inadequadas em nossa igreja. Certa vez um bêbado ameaçava com uma faca a vovozinha. Nós conversamos com o desordeiro e o dispensamos em paz. Nós nunca nos dirigimos à polícia em tais casos, aproveitamos a força da persuasão. A igreja deve resolver dificuldades nas relações com a igreja - ser consciência, não uma estrutura punitiva.
Ruslan Sokolovsky |
- Eu não vejo nada tão espantoso, se alguém em nossa igreja vai pegar Pokemon. Se à igreja, pelos Pokemon, vier uma centena de pessoas e um delas permanecer, isto será vitória da ortodoxia.
- Qual é o motivo da abordagem tão diferente de sua igreja e Igreja Ortodoxa Russa?
- Na Rússia, a igreja e o estado uniram-se em um. A igreja foi fundada na liberdade, que nos deu Jesus Cristo. Salvar a sua liberdade a igreja poderá apenas quando for independente das autoridades. Se a igreja é financiada pelo estado, então o Estado tem o direito de exigir sua lealdade. A autoridade ukrainiana não honrava o Patriarcado de Kyiv. E isto é bom: nós preservamos a nossa liberdade. Nós sabemos comunicar-nos com as pessoas, nossas paróquias crescem com a iniciativa de baixo. A nós, para conduzir a atividade missionária, não é necessário o apoio do governo. E nós, nos acostumamos a respeitar a livre escolha das pessoas. Da liberdade do pecado, antes de tudo. Mas fazer esta escolha a pessoa deve fazer voluntariamente. A ROC (Igreja russa) propõe "consolidar" espiritualmente a todos. Ao invés de olhar para dentro de si e esforçar-se para ser o melhor.
- Eu sei que o senhor é um oponente ardente da ROC.
- A Igreja Ortodoxa Russa cai na heresia do ethnophyletismo. (Phyletism ou ethnophyletism é o princípio das nacionalidades aplicadas no domínio eclesiástico: em outras palavras, a fusão entre a igreja e a nação - pesquisa Internet - OK) - coloca os interesses de uma nação acima dos interesses de Cristo. A igreja não existe na sociedade ukrainiana ou russa, mas no corpo de Cristo. Frequentemente ROC esquece isto. Sim, eu - adversário da heresia do "Mundo Russo", aquela mentira, que ROC oferece Sob o molho ortodoxo. Essa heresia nascida com o patriarca Kirill, em seguida apoiada pelos ideólogos em nível de estado.
O Patriarcado de Moscou pode existir como uma igreja estrangeira. Igreja "Pomisna" (Na ortodoxia - igreja independente com sua organização e estrutura - pesquisa Internet - OK) na Ukraina deve ser uma só - Igreja Ukrainiana Ortodoxa do Patriarcado de Kyiv. Tenho a impressão, que os ukrainianos começaram a entender isso. Depois do Maidan, às igrejas do Patriarcado de Kyiv começaram vir os crentes das igrejas do Patriarcado de Moscou.
- Por que?
- Os sacerdotes da ROC na Ukraina (não todos, é claro) - são colaboracionistas. Eles esperam, quando vêm os ocupantes e "estabeleçam a paz". Além disso. ROC MP - é uma força destrutiva para uma nova Ukraina. Eu sei que algumas igrejas ROC-MP mantiveram armas para os militantes separatistas. Nos templos da UOC-MP (Igreja Ortodoxa Ukrainiana do Patriarcado de Moscou pregam o separatismo. Os padres do MP dizem nos sermões: "No leste da Ukraina em curso - guerra fratricida". Os fatos testemunham isto com seus olhos. Os paroquianos da MP contavam-me, que durante a guerra com a Rússia eles têm que ouvir dos padres nas igrejas sobre "Putin - libertador". Por exemplo, recentemente, à minha igreja veio uma mulher e disse que seu filho guerreia no exército ukrainiano, mas na igreja do Patriarcado de Moscou o padre diz, que é necessário submeter-se àqueles, que nos atacaram. UOC-MP está do lado do agressor, e as pessoas compreendem, que as doações compram armas, que matam seus filhos.
- Com o quê neste momento envolve-se a UOC-KP?
- Nós somos pela paz, mas depois da vitória. Paz e liberdade ninguém nos dará simplesmente, elas devem ser conquistadas. Durante a guerra, pela paz não rezam, mas rezam pela vitória. Parar o agressor - é sempre bom. Nós, padres da UOC-KP, constantemente vamos à frente, apoiamos nossos soldados lá. O padre não pode pegar armas em suas mãos, mas ele pode cozinhar e lavar banheiros. Nós recolhemos doações para a compra de equipamentos para o exército. Fortalecemos a força espiritual dos soldados que retornam da zona ATO.
Alexandr Dedyuhim (à direita) |
- Nossa tarefa é assim educar os fiéis, para que eles mesmos queiram ajudar o próximo. Nós, ao contrário da ROC, a partir do orçamento não financiam. Quando um salário médio do paroquiano - 3.000 UAH por mês (Prezados, anotem o salário mínimo, e espantem-se quando os textos citarem os salários dos privilegiados - OK), qual é a quantia que ele pode dedicar à caridade? Mas ajudamos, o quanto é possível.
- O senhor espera que a atitude do Patriarcado de Kyiv do lado do Estado, mudará depois da guerra?
- O mais importante é que Ukraina não se transforme em um Estado clerical. Nós já temos diante dos olhos o mau exemplo: a Comissão Patriarcal da família ROC em questões da família incentiva os russos a serem pobres e gerar muitos filhos. Mufti (acadêmico islâmico - OK), lá, pelas artimanhas, luta com o orgasmo feminino, cortando o clitóris. Nós vemos, como o obscurantismo religioso de diferentes religiões tenta aproveitar o apoio da nação num estado de gado. Então, que Ukraina sempre seja um estado secular! Recentemente uma mulher, que veio até nós a partir da Igreja do Patriarcado de Moscou, perguntou, porque eu não explico aos paroquianos, para quem votar nas eleições. Eu lhe respondi, que com respeito aceitarei qualquer escolha sua.
- O senhor nasceu na Rússia?
- Na Rússia, e fui batizado na Igreja do Patriarcado de Moscou. Meu pai foi enviado para Poltava (Ukraina). Lá eu terminei a escola, depois a Universidade na especialidade "Idioma russo, literatura mundial e psicologia prática". Minha fé começou com a leitura do Evangelho e livros dos santos padres. Eu, conscientemente, escolhi o Patriarcado de Kyiv, porque ele é verdadeiro e canônico. Acontece, que eu - de descendência russa e ukrainiano de consciência. A Pátria nem sempre é lá, onde você nasceu, mas lá, onde você está pronto para derramar sangue, criar filhos e preparar-se para deitar os ossos.
Alexandr Dedyuhim |
- Eu gosto da língua russa. E estou triste porque ela transformou-se numa gíria desonesta falada pelo presidente Putin.
Tradução: O. Kowaltschuk
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