sábado, 19 de setembro de 2015

Rússia não retirará suas tropas da Ukraina - Stratfor.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 16.09.2015

Rússia conduz um grande jogo geopolítico contra o Ocidente, e a situação no leste da Ukraina é sua parte importante, afirma o relatório da empresa de inteligência Stratfor (Companhia de inteligência privada dos EUA).

Os analistas dizem que, para alcançar seus objetivos Rússia criou uma série de quase-estados ao longo do perímetro de sua fronteira sudoeste - Abkhazia e Ossétia do Sul na Geórgia, a Moldávia e a Transnistria, "DNR" e "FSC" na Ukraina. Em todas estas áreas Rússia mantém suas tropas para deter o Ocidente. (Já surgem notícias sobre construção de uma grande base militar próximo da Ukraina - OK). Agora o Kremlin decidiu reforçar ainda mais a sua posição por um longo tempo, colocando suas tropas na Síria. Além disso, de acordo com Stratfor, em breve poderá ser descongelado conflito em Nagorno-Karabakh, em cujo resultado o enclave poderá passar ao controle do Azerbaijão, juntamente com a implantação das forças armadas russas.

"Do leste da Ukraina até a Síria de Alá e Nagorno-Karabakh, Rússia parece dedicar muitos esforços para reforçar sua presença nos pontos estratégicos. Este será um empreendimento caro, mas a lógica geopolítica por trás de tais passos é presente", - dizem os especialistas.


Na Companhia acreditam que Síria será utilizada pela Rússia como uma plataforma para as negociações com EUA e pressão sobre eles porque Washington precisa da ajuda de Moscou na luta contra o Estado islâmico. Isso vai ajudar Kremlin a defender o resto de seus interesses geopolíticos.

"Independentemente do curso das negociações, Rússia não vai recolher seus exércitos do leste da Ukraina", - asseguraram em Stratfor, acrescentando, que este território é agora prioridade para Kremlin.

Os analistas americanos acreditam, que Moscou manterá esta área a qualquer preço.

"Se Ukraina cair sob influência significativa ou controlo das forças ocidentais, o flanco ocidental da Rússia será descoberto", - explicaram na companhia. Também os especialistas disseram que Kremlin gostaria ganhar posição na margem esquerda do rio Dnieper, mas não tem forças suficientes para isto. (Isto também comentam os jornais ukrainianos. E que Rússia pretendia apoderar-se de toda a região a esquerda do rio Dnieper, só desistiu por causa do forte enfrentamento do lado ukrainiano - OK). Além disso, Rússia manipula a tensão no leste da Ukraina, fortalecendo ou enfraquecendo a ação militar, para influenciar o Ocidente e Kyiv. 

"A estratégia russa pode ser cara, mas é inteiramente racional do ponto de vista geopolítico. Rússia enfraquece a partir de dentro, mas ao mesmo tempo resiste a uma forte e crescente ameaça do lado dos EUA, na sua antiga porta soviética", concluíram na agência.

Segundo a empresa, no apoio à existência a todas estas entidades quasi-públicas Rússia gasta, anualmente, perto de 5 (cinco) bilhões de dólares - menos de 3% do seu orçamento para 2015, que ascendeu a 206 bilhões de dólares.

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OTAN: "Rússia conduz guerra contra Ukraina e contra o mundo todo".
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 16.09.2015
Gerlinde Nihus - um dos líderes do Departamento de Diplomacia Pública da OTAN.


Na Ukraina poucos sabem sobre a existência de uma estrutura deste tipo, e não é surpreendente - porque durante décadas nós pensamos que OTAN - é uma organização exclusivamente militar. Mas, na realidade, o componente civil da OTAN é muito poderoso, e hoje, na era das guerras híbridas, seu papel só cresce.

Opiniões da representante da OTAN no fórum de comunicação em Davos.:

"Nós queremos manter diálogo com a Rússia. Mesmo diálogo ambíguo".

- Parte beligerante - Rússia. Ela realmente "armou-se com a informação", ela ativamente usa a desinformação quanto a qualidade de armas. Quem é outro lado... Obviamente, Rússia conduz a guerra contra Ukraina, contra OTAN, e contra o mundo todo.

Mas a primeira meta da propaganda russa é o povo russo, e também ukrainiano. No entanto, é óbvio que, sob as novas condições a guerra de informação conduz-se também aqui nos Estados membros da OTAN, na Georgia, Moldávia e - especialmente nos Balcãs.

OTAN responde a estes ataques, mas nós não operamos segundo o princípio "dente por dente". Nós não devemos nos permitir "pagar com a mesma moeda". Porque "Propaganda" - é informação baseada em mentiras e manipulações. Se nós escolhermos este caminho, perderemos a credibilidade. E, exatamente na confiança em nossas ações baseia-se nossa força.

Rússia gostaria que respondêssemos simetricamente, mas devemos abster-nos dessa tentação, porque então - perderemos vantagem no campo informativo. Portanto, em resposta, intensificamos a informação, nunca a mentira.

"Muitos acreditam sinceramente, que Ukraina é controlada pela junta fascista".

As declarações dos políticos ocidentais sobre os "diálogos com a Rússia" na Ukraina são percebidos criticamente. Cada notícia é acompanhada por críticas e suspeitas de que OTAN e UE estão prontos para renovar a amizade com Kremlin ao preço de interesses ukrainianos. Mas é claro que nós não sacrificaremos nossos valores, nós não faremos isto!

Eu imagino e compreendo, que na Ukraina pode irritar qualquer tentativa de estabelecer comunicação com Rússia, mas a vontade de estabelecer comunicação com a Rússia, o desejo de diálogo - também são nossos princípios. Se você aspira a uma solução pacífica, você precisa de diálogo. E se forem rompidos todos os canais de comunicação, os riscos tornam-se muito mais elevados!

Eu penso, que isto  - não é interesse da Ukraina.

Rússia, hoje, realiza na fronteira com Ukraina grande quantidade de não anunciados exercícios. Tais ações podem ser mal interpretados, e há o risco, de que agiremos em resposta, com base em falsas premissas. Se, pelo menos, tivermos uma informação básica da FR, isso poderá ser evitado.

Quem luta com Ukraina - Kremlin, elite ou o povo russo? O apoio às ações de Putin, é excessivo. Mas a questão não é simples. É preciso considerar que durante o longo regime de Putin, uma grande porção da população russa têm os cérebros lavados. E muitos deles acreditam que Ukraina é controlada por uma junta fascista, que o Ocidente organizou a reviravolta e mudança de poder em Kyiv.

Portanto, a população da Rússia, na verdade acredita, que Putin e sua equipe estão certos. E muito poucas pessoas, na Rússia, até hoje, são capazes de perceber esta informação de forma crítica.

Mas, nem a OTAN, nem os Estados-membros têm o direito de partilhar com a Rússia uma informação mais objetiva, mais precisa sobre os acontecimentos no mundo. Ela deve estar disponível ao público, em russo. Nessa questão a Aliança é apenas uma de muitas estruturas que acrescentam esforços. Nisso trabalham os Estados-membros e meios de comunicação independentes em nossos países (os que apoiam a versão russa).

Claro, isso não vai mudar a situação a curto prazo.
Além disso, eu estou convencida, que a porcentagem de cépticos na Rússia é muito maior do que as pesquisas mostram. Estas pessoas fazem parte da "maioria silenciosa" e não estão prontas para admitir aos pesquisadores que o governo faz algo errado. Mas uma análise mais profunda mostra, que na sociedade há um nível significativo de insatisfação e distanciamento do regime.

Estas são exatamente as pessoas que devemos persuadir, às quais devemos mostrar que nós não as deixaremos sozinhas.

Tradução: O. Kowaltschuk

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