domingo, 13 de setembro de 2015

O ódio de Putin a Ukraina constrói seu cadafalso.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 13.09.2015
Vitaly Portnikov, jornalista e comentarista político.

Em 01 de dezembro de 2014, durante sua visita à Turquia, o presidente russo, Vladimir Putin, inesperadamente anunciou a suspensão da construção do gasoduto "South Stream" e o novo projeto - um gasoduto "Fluxo turco."  Em 11 de setembro de 2015, o Vice-Ministro da Energia e Recursos Naturais da Turquia Sefa Aytekin Saydyk disse que as consultas sobre a implementação do ambicioso projeto foram congeladas. Na verdade, esta frase significa o fim do "Fluxo turco" devido à desconfiança mútua das partes". Agora, Rússia tenta forçar a construção da segunda fase do "Nord Stream".

Quando Putin anunciou o início da criação do "Fluxo turco", a maioria dos observadores imediatamente declarou falta de profissionalismo e fantasmagoria do projeto. Este gasoduto de modo algum, poderia seu uma alternativa para a GTS ukrainiana. Ele, literalmente, não ia a lugar nenhum. Aos destinatários europeus do gás russo propunham que eles próprios (!) construíssem a tubulação a partir da fronteira turca. Tal construção não está prevista por nenhum contrato da "Gazprom" - mas Putin não queria ouvir nada! Porque ele é, literalmente obcecado com a idéia de "desviar" Ukraina e acredita que esta é a principal alavanca de pressão sobre o Estado ukrainiano.

No entanto, nas histórias com os gasodutos tem seu lado positivo. A renúncia à construção do "South Stream" foi uma "ducha fria" aos países que defendiam este projeto e eram leais apoiadores da Rússia - Servia e Hungria. Depois disso conversar com Budapeste sobre sanções contra Moscou tornou-se mais fácil. E Belgrado acelerou seu processo sobre acordos à sua integração européia. Sérvios e húngaros convenceram-se de que Putin  pode "esquecê-los" a qualquer momento.   

A história do "Fluxo turco" resfriou, significativamente, as relações entre Rússia e Turquia, como também o relacionamento pessoal entre Putin e o presidente Erdogan.  Em Ancara esperavam compromissos significativos com o acordo sobre a construção - mas a compreensão não encontraram. Mais uma vítima - Grécia. Putin concordava com o então primeiro-ministro Tsiparas para estender o gasoduto pelo território do país. Os gregos já contavam os dividendos e começavam perceber o projeto como um fator importante de entrada de dinheiro para o Tesouro. O que, para Grécia, na situação atual, é muito importante. Mas ninguém sequer informou Atenas sobre o abandono efetivo do projeto. Como, aliás a Skopje. Macedônia devia tornar-se, uma rota alternativa a Bulgária. Com o governo deste país começaram as consultas em tempos de tensão política, o Ministério do Exterior russo acusou o Ocidente na tentativa de desestabilizar a situação na Macedônia, com o objetivo de evitar  a construção  do "Fluxo turco". Mas, depois, graças aos esforços dos mediadores ocidentais - da própria Victoria Nuland por sinal - a crise política macedônia foi resolvida. E construção nenhuma lá não iniciaram.

A construção de um novo ramo do "Nord Stream" - ainda é ilusória - já piorou as relações da Rússia com mais um seu aliado na UE - Eslováquia. Recentemente, nas negociações com o primeiro-ministro (da Ukraina) Arseny Yatseniuk em Bratislava, o Primeiro-ministro eslovaco Robert Fico não escolhia expressões quanto às intenções russas. Isto significa que mais um país não se oporá às sanções. Putin constrói seu próprio cadafalso.

Foto blog do jornalista. Três semanas com o batalhão "Donbas".
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 10.09.2015.

Fotojornalista - freelance trabalhou por três semanas no verão com o batalhão voluntário de forças especiais da Guarda Nacional da Ukraina "Donbas", no setor "M", nas posições na região de Shyrokyne.

O fotógrafo, que passou por vários "pontos quentes", suas impressões sobre o trabalho na área ATO expressou assim: "Este é um caso, quando há completa atitude de benevolência ao jornalista, conforto geral no trabalho, grande número de situações fotograficamente interessantes e excelente acesso, deparam-se com absoluta necessidade para deter-se. Caso contrário - morte. Toda série de movimentos, o tempo todo enquanto eu estive nas posições, havia lutas contínuas, ininterruptas: bombardeios de artilharia e duelos de trincheiras. É muito sério - o que acontece no setor de Mariupol. Não há nenhuma trégua? Para que hipocrisia? Transcorre uma guerra posicional clássica, durante a qual morrem pessoas. Eu não tenho ilusões - não é logo que o fluxo de sangue deixará de correr no Donbas. Não se curaram as feridas... Não diminuiu a arrogância... Se falar sobre o que melhor se fixou na memória daqueles dias, então foi a foto na blindagem, quando as posições de "Donbas" cobriu a artilharia do inimigo. Nós, simplesmente, permanecemos sentados sob uma espessa chapa blindada, e sob uma camada de terra, em silêncio. Mas, neste silêncio, quanta tensão! Diretamente acima de nossas cabeças projéteis verrumavam, no ar assobiavam os estilhaços. Sacudia a trincheira e a blindagem. A terra gemia. Depois alguém disse "Que Deus não permita uma direta...".

Eu me obriguei a fotografar nos intervalos das saraivadas de artilharia, para fugir, afastar o medo. É muito original - quando você treme devido a explosões em cinco - dez passos e consegue pegar a nada comparável satisfação da quão mágica, intrigante e particularmente dramática é a luz na blindagem, quão interessante é a disposição das figuras, qual sua geometria geral... Você pensa sobre a imagem, concentra-se, raciocina, o que é principal e secundário no quadro, descobre o diafragma e muda as silhuetas do plano posterior, experimenta, troca objetos... Depois de tudo isso, você se sente completamente esgotado, porque durante a hora que você passou neste esconderijo subterrâneo, com suor e medo, de você exauriu-se toda a energia. Você sai no ar, tira sua armadura e tem a sensação de poder voar. Você não pensa sobre a comida ou que precisaria trocar a camisa molhada - você quer dormir. Mortalmente..."


4. Coronel "Quieto", um dos altos oficiais do batalhão da "Guarda Nacional""Donbas", na posição perto de Shyrokyne


6. Franco-atirador monitora a linha de frente, avaliando a atividade dos militantes.


7. Combatentes escondem-se nas trincheiras durante o ataque de morteiro sobre suas posições na linha de frente perto de Shyrokyne.


8. Soldado do batalhão "Donbas" alimenta o fogo num fogareiro, que serve tanto para aquecimento como para cozinhar na vanguarda.


9. Um soldado conduz o fogo do fuzil Kalashnikov na direção da posição separatista.


10. Queimam as casas na aldeia Shyrokyne, em resultado da batalha noturna.


11. Sergey, comandante de campanha do batalhão "Donbas", ao
lado do semi-destruído, pela artilharia dos militantes, sanatório. O edifício serve de abrigo e é a posição extrema de soldados ukrainianos.



14. Um dos soldados do batalhão "Donbas", com o apelido "Gunther", fixa uma rede de camuflagem sobre a posição do batalhão. Muitos voluntários, na retaguarda, em seu tempo livre de atividades diárias (mulheres, idosos e até crianças), tecem as redes para os combatentes.


15. "Russo com cachimbo" Kiril Nekrasov, um russo de nascimento, que serve como comandante da unidade composta de voluntários do batalhão "Donbas", observa a posição na retaguarda.


18. Frequentemente os soldados dormem diretamente nas trincheiras. É improvável que tenham sonhos...


19. Tártaro da Criméia, que luta na composição de voluntários de "Donbas", prepara o rifle para batalha. Ninguém sabe quando precisarão atirar.


22. O coronel "Gal!, comandante do batalhão voluntário de propósito especial "Donbas", durante a chamada da manhã.

Tradução: O. Kowaltschuk

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