Tyzhden. UA (Semana ucraniana), 08.06.2018.
Elizabeth Goncharova
Da aldeia sob Toretskyi os militantes expulsam os moradores, massivamente atiram e incendeiam casas civis.
É difícil entrar na aldeia Pivdenne (do Sul) perto de Toretskyi: no território, que os locais chamam Tchegari, agora quase sempre "regime vermelho". É impossível adivinhar quando os próximos disparos começam. A aldeia, que situa-se entre dois montes, não foi ocupada no sentido tradicional desta guerra. O assentamento está, há muito tempo no status informal de "zona cinzenta", onde, de fato, não havia militares. As pessoas recebiam pagamentos sociais, a eles vinham representantes das organizações humanitárias, mas, na verdade a população era muito limitada na locomoção - tanto para o lado do libertado, Toretskyi, como para o lado de Gorlivka ocupada. Além disso, nessas circunstâncias era difícil reparar a tempo as danificadas, pelos militantes, partes do encanamento, o que resultava em diminuição do volume da água que entrava na cidade, como também causava inundação das casas dos habitantes locais. Bem, é claro, bombardeios - de Pivdenne constantemente vinha fogo aos territórios sob controle da Ukraina. Em maio deste ano, a situação mudou um pouco, ox militares entraram em Pivdenne, para privar os ocupantes de um ponto conveniente ao lançamento de fogo. Mas os inimigos começaram ações de combate ativos, direcionados para destruição das casas. Os moradores dizem que os militantes até avisaram: nós queimaremos tudo. Isto é, nós destruiremos sua aldeia, para salvar os milhares de moradores de Gorlivka. Assim aconteceu: "Salvadores" (Eles se denominam salvadores do povo ucraniano - OK) começaram a destruir as casas, nas quais disparavam, com estudada pontaria, bombas incendiárias especiais.
Os combates nesta direção quase não param. Portanto, até voltar para casa, para pegar algo, os moradores, que recentemente deixaram suas casas, correm risco. Sem mencionar aqueles que permanecem em Pivdenne, apesar de que estes diminuem a cada dia. As autoridades locais preparam para os migrantes de Tchegari, quartos na construção do orfanato, mas eu mesma (autora do texto) vi, que agora, lá está vazio: o chefe da instituição diz, que as pessoas não vão para lá. As pessoas, como podem, retiram seus objetos, para de alguma forma colocá-los nas grandes áreas comuns, o que não é muito conveniente. E, próximo da linha de frente, em Toretskyi, alugar uma casa, não é muito caro, apesar de que, aqueles que perderam suas casas, esperam que na cidade aparecerá a oportunidade de fornecer-lhes apartamentos de propriedade comunal. Por enquanto, as pessoas compõem os atos de destruição e juntam os documentos.
Em Toretskyi encontro duas mulheres com grandes pacotes, com logotipos de organizações internacionais. Pergunto, se não era de Tchegari, porque ouvi dizer, que vários fundos proporcionam ajuda humanitária, dirigida às vítimas dessa povoação. As mulheres confirmam, dizendo que estão em processo de reassentamento: trouxeram dois avós, um dos quais está paralisado, para um apartamento alugado em Toretskyi. Agora planejam voltar, enquanto as casas, e aquilo que elas contém, ainda estão intactas.
"Alugamos moradia para duas famílias, porque assim será mais barato. Nós não sabemos o quanto vamos ficar aqui, portanto, vamos buscar a louça, roupas e objetos cotidianos. Embora seja assustador ir até lá", diz a mulher apressando-se para conseguir ir para casa antes do anoitecer.
O fato de que o perigo pode esperar em "Pivdenne" em qualquer lugar, provavelmente sabe Volodymyr Zaika, que foi gravemente ferido, durante o a alongamento próximo de seu quintal. Em 27 de maio, ele foi até a cerca olhar, se era possível fazer algo com um fio elétrico que rompeu-se durante os disparos. Esticou-se até a flor brilhante, e sentiu uma dor aguda.
"Ele, instintivamente, cobriu o rosto com a mão, então o ferimento da cabeça não se tornou muito perigoso. Mas o braço e a perna ficaram gravemente feridos, havia muitos fragmentos em todo o corpo, começou o sangramento", - diz a esposa Valentina que cuida seu marido na traumatologia local de Toretskyi . Agora a vida do homem já está segura, a família recebeu ajuda financeira da Cruz Vermelha e de outras organizações humanitárias. Mas aquelas lembranças ainda trazem lágrimas: "Eu estava em casa, ouvi a explosão. Nós já sabemos, que durante o tiroteio não devemos sair de casa, então o marido somente vi, quando ele, de fato, arrastou-se até em casa. Quase imediatamente, os militares vieram à nossa casa. Vendo que Volodymyr foi ferido, deram-lhe a primeira indispensável ajuda - enfaixaram, colocaram garrotes (Não sei se a palavra "garrotes" é tradução correta - OK). E começaram telefonar, chamando a "Rápida". Mas os médicos não vieram, porque havia a informação de que, quaisquer carro sofreria tiroteio do lado de Gorlivka. Então ele ficou aguardando por três horas, enquanto não nos ocorreu levá-lo em um carrinho de mão comum.
Os militares queriam ajudar, mas todos compreendiam: se ele for levado pelos militares, o fogo cobrirá a todos. Portanto, os homens locais arrastaram aquele carrinho com Volodymyr ensanguentado até o posto de controle onde o rápido já esperava.
Vendo como se esforçavam para trazer o ferido, os médicos do "rápido" foram ao encontro. E, no mesmo momento eles foram tiroteados do lado da mina de Gagarin, de Gorlivka. Ficamos todos chocados - isto é, simplesmente bárbaro!".
A família, por enquanto, de fato, mora no hospital, quando voltarão para casa, eles não sabem. Recentemente, a Sra. Valentina viajou para Pivdenne. Mas quando ela estava juntando as coisas, os militares deram ordens para sair com urgência, porque começou um forte bombardeio. Mas, algumas pessoas não têm porque, nem mesmo para onde ir. Lidia Potapova morava em Pivdenne desde 1969 até o final de maio de 2018, quando sua casa foi destruída por impacto direto.
A mulher trabalhava em Gorlivka até aposentadoria, o marido era mineiro (trabalhava em minas-OK). Depois de sua morte, A Sra. Valentina, ficou só com sua filha mais nova, Yulia, uma pessoa com deficiência nos olhos, desde a infância. Todos estes anos de guerra, ir para algum outro local não queria, dizia que acostumou-se até com os bombardeios, e ainda tinha uma chácara, um grande e velho cachorro e pombos, e memórias sobre o marido falecido.
Lídia e Yulia Potapov.
"Nossa aldeia - entre dois montes. Atrás deles estavam os postos de controle. Nós, depois de tantos anos, simplesmente nos acostumamos com este, constante, canhoneio. Sobre nossas cabeças, muitas coisas já voaram. Às vezes, devido as explosões, trincava o vidro, havia ferimentos e diversas destruições, porque guerra é guerra. Mas agora, os ocupantes, simplesmente nos destroem - casa após casa. Aquela tarde eu fiquei sozinha, porque minha filha mandei, com a vizinha, para Toretskyi. Yulia precisa, a cada seis meses, passar por um tratamento, porque devido a essas tensões, quase perdeu, completamente, a visão.
"Nós estávamos indo dormir, e então começou", - diz Lydia Stepanivna, coçando atrás das orelhinhas do ruivo gatinho, único que foi salvo na casa em chamas. "No começo eu senti um cheiro muito cáustico, mas depois um flash - brilhante. Corremos para fora, escondemo-nos atrás de um vagão de três toneladas, do lado da Ukraina, porque compreendo, que vem do lado oposto. A casa está queimando, e nós aguardamos... Vieram os militares e perguntam - lá há mais alguém vivo? E eu respondo - eu estou viva..."
- E Lydia Stepanivna diz, mais para casa não vai. Até ao lado do ônibus, que vai para Pivdenne, passa fechando os olhos. "Para mim, esta página da vida passou. Como, quando morreu o marido: voltei para casa depois do funeral e digo a ele em pensamento: tudo Nicholas, nós começamos uma nova vida. Provavelmente ruim, mas nova. Então agora, eu apelo para ele: desculpe, não salvei o que você construiu. Tornamo-nos, eu e a filha sem casa. Mas devemos continuar a viver. "Yulia, que na aldeia é, talvez, a única representante da juventude, tenta manter-se corajosa. Todos os dias vai à cidade para aprender orientar-se num lugar desconhecido. Porque acredita que isto é por muito tempo. E, eis mais uma moradora desta migrante luvinha, a vovó Klava, que na oitava dezena de anos, quase enganada, retiraram os parentes da perigosa aldeia, constantemente chora, secando com lenço o rosto enrugado: "Por que eles nos destroem? É tão assustador, quando as casas começam queimar! Lá em casa, todos os vidros das janelas já caíram, todo o pátio queimou, mas a casa mantem-se. Eu sonho que estou voltando para casa. Eu nomeei o galo Petro.
Quando o chamo, ele corre para mim igual cachorro, e conduz as galinhas. Agora os militares os alimentam, mas eu já estou preocupada porque o grão está acabando."
Um pequeno "batalhão de mulheres" de diversas mulheres, mantem-se junto. Nossas condições espartanas: recebem certificados de migrantes, ajudam um ao outro como vizinhos. Dividem seus medos e expectativas, discutem o quão rápido limparão o país, até as fronteiras, preocupam-se se será suficiente o diploma que um neto recebe em Donetsk, porque não havia dinheiro para enviá-lo estudar em outro local. Corajosamente brincam, contando como tinham medo cumprimentar os militares, que primeiros, há um mês, vieram à aldeia, porque não sabiam quem eram. Mas depois telefonavam às crianças, e diziam: "Graças a Deus, porque sempre havia os Correios". Não tendo TV, eles mesmos organizam as informações políticas. Por exemplo, ao discutir os motivos da guerra atual, contam as histórias das famílias dos tempos do Holodomor, após o qual no território de Donetsk começaram importar os trabalhadores da Rússia...
Tradução: O. Kowaltschuk
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