quarta-feira, 6 de junho de 2018

Por que Alemanha permite que Rússia se torne uma superpotência energética?
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 23.05.2018
Natália Baliuk

O que está por trás da conspiração sobre a construção escandalosa do North Stream - 2.

A julgar pela conferência de imprensa conjunta do Presidente Putin e da chanceler alemã, Merkel, que teve lugar em Sochi em Sochi, e as declarações que lá foram feitas, a Alemanha e a Rússia finalmente concordaram com a construção do gasoduto North Stream 2. Os propagandistas russos, comentando esta reunião, sufocavam da felicidade, eles diziam, Putin, novamente, venceu todos.

Na conferência de imprensa, o líder russo parecia um mestre absoluto da situação. E, não apenas porque o encontro era puramente formal em seu território. Satisfeito com a aparência e a retórica autoconfiante, deixava claro que, para ele, estava tudo bem, tudo sob controle. Em compensação, Merkel parecia deprimida, insegura, era evidente que ela sentia desconforto, em pé, próximo ao presidente russo. Talvez estivesse esperando pela próxima piada obscena de Putin, como já aconteceu várias vezes? Mas, simplesmente, ela sentia vergonha pelo que acontecia com sua participação. E acontecia mais uma traição. Traição da Ucrânia, traição a seus aliados, traição de princípios europeus fundamentais.

Em geral, a conferência de imprensa conjunta de Merkel e Putin, onde eles falam sobre as brilhantes perspectivas de um novo gasoduto, na decadência criminosa do comportamento russo e como resultado das sanções totais, é um surrealismo. A impressão é que esta é uma realidade paralela.

E, a segunda realidade é essa bravata em torno de um projeto estratégico que pode redesenhar o mapa geopolítico da Europa e fazer a Rússia uma super potência de poder. E Merkel, que há alguns anos, primeira colocava a Putin um diagnóstico angustiante, que ele permanecia separado da realidade do mundo, agora está sob suas rédeas e com suas próprias mãos encurrala Europa para direta dependência deste louco.

Merkel, como se estivesse sob alguma influência. Seguindo Putin, como mantra, repete que "North Stream - 2" é um projeto puramente comercial. Claro, ela não pode não compreender que isso é uma astúcia colossal, mais precisamente, uma mentira descarada. Portanto, tenta salvar, de alguma forma, a sua própria cara e numa conferência de imprensa em Sochi faz uma observação, dizendo que discutiu com Putin a questão do trânsito de gás para Ucrânia e, cita, "nós estamos convencidos que após a construção do "Nord Stream - 2" o papel da Ucrânia como país de trânsito permanecerá.

"Precisamos pensar nas garantias para Ucrânia", - acrescenta Merkel, baixando os olhos acanhadamente. Neste momento Putin, cheio de si, desinteressadamente olha o salão, ele não tem nada para se envergonhar, ele não prometeu nada para Ucrânia. Na mesma conferência de imprensa, falando sobre as perspectivas do gás russo através da Ucrânia, após a construção do "Nord Stream-2" Putin declara: "O abastecimento continuará, se for viável economicamente."

Em outras palavras, eu não lhes garanto nada, ou, nas futuras relações as condições serão ditadas pela Rússia. Neste caso, Putin revelou-se mais honesto que a senhora Merkel.

Por que a Alemanha decidiu por esse passo vergonhoso e desastroso? As poderosas empresas alemãs foram severamente afetadas por sanções, mas os lobistas russos de alguma forma persuadiram Merkel de que a Alemanha se beneficiaria estrategicamente com a construção desse gasoduto. Deixaram-se seduzir porque Alemanha se tornará a maior e quase única central de gás na Europa.

O que é isto, senão a "Conspiração de Munique - 2"?! A propósito,  nas tradições checa e eslovaca a conspiração de 1938 é chamada "Ditames de Munique" ou "Traição de Munique". O que aconteceu há alguns dias em Sochi, é traição óbvia, o que levará ao ditado: Junto com Rússia Alemanha vai ditar o preço do gás para Europa. E então, finalmente consolidará sua posição de liderança na Europa. No século XXI, para governar, não é necessário solucionar a guerra, isto já é arcaico.

Ambições e interesses eclipsaram tanto os olhos das empresas alemãs e da elite política, que ela fecha os olhos na astúcia desse projeto. E está pronta para entrar em confronto com os parceiros da UE, que se opõem categoricamente ao novo gasoduto. Polônia, Lituânia, Eslováquia, Estônia, Dinamarca, Suécia e muitos outros países simplesmente clamam sobre as ameaças do North Stream 2, - de problemas políticos e ambientais. De fato, Alemanha vai à divisão da UE, abusando do direito do mais forte. E aqui, com sua posição de bulldozer pouco se diferencia da Rússia, a qual constrói sua política externa segundo princípio "girafa é grande, ela vê melhor". Com isso demonstra padrões duplos. Porque quando se trata de prolongar as sanções contra Rússia, é necessário um consenso total. Se há pelo menos um país da UE contra prolongamento das sanções, estão prontos para cancelá-las. Mas em um projeto geopolítico, estrategicamente importante, a união não é necessária? A opinião de muitos membros da UE pode ser ignorada grosseiramente?!

Além disso há a probabilidade de um conflito com a América, que inequivocamente alertou os alemães, que aplicará sanções a todos os participantes do processo. Ou seja, a Alemanha está pronta para estragar as relações com os Estados Unidos por causa do gasoduto.  Estados Unidos, que depois da Segunda Guerra Mundial, graças ao Plano Marshal, reviveram os alemães das cinzas.

Tradução: O. Kowaltschuk

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