Alemães, não comprem gás roubado!
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 24.06.2018
Alexander Beljavsky
Com a participação ativa da Ucrânia na distribuição do mercado europeu de gás, Rússia será forçada a sentar-se à mesa de negociações sobre depósitos na Criméia, e o retorno da Crimeia.
Estranhamente destacou-se o presidente dos EUA, Tramp, na reunião do G7 no Canadá. Ele disse, nos corredores, que os moradores da Criméia usam o idioma russo, e essa foi a razão do ataque à Ucrânia e a adesão da Criméia à Rússia. Sob tal lógica, os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália e até a África do Sul teriam sido atacados pelo Royal British Feet com a finalidade de serem juntadas à Coroa Britânica, porque em seus países falam inglês.
Parte da culpa é pelo fato, que até agora sobre o manifesto roubo dos depósitos de gás no Mar Negro, que pertencem a Ucrânia, não falam no mundo, está no Ministério dos Negócios Estrangeiros. E, não enfatiza particularmente o que foi, é e será o principal objetivo do governo russo na Criméia, mas: com verdades e inverdades recebem rendas provenientes da exploração do gás roubado.
No poder da Rússia encontram-se representantes do setor petrolífero da economia russa, que dá mais de 50% da parte das receitas do orçamento da Federação Russa. Foram eles que decidiram o apossamento da Criméia para administrar os depósitos de gás do Mar Negro, que pertencem a Ucrânia, mas falam no mundo, está no Ministério dos Negócios Estrangeiros. E, não enfatizam particularmente o que foi, é e será o principal objetivo do governo russo na Criméia, mas: verdades e inverdades, é receber rendas provenientes da exploração do gás roubado. No poder da Rússia encontram-se representantes do setor petrolífero da economia russa, que dá mais de 50 por cento da parte das receitas ao orçamento da Federação Russa. Foram eles que decidiram o apossamento da Criméia para administrar os depósitos de gás ucraniano. E, é exatamente isto que é preciso falar, bem alto, em todos os forums internacionais: da ONU aos debates na livre imprensa européia. Então, nem a chanceler Merkel, nem mesmo o presidente Tramp não se atreverão proteger publicamente os ladrões de petróleo e gás. E até o presidente checo Zeman, nunca mais vai enrubescer, justificando os ladrões do Kremlin.
O fato de que o Congresso dos EUA examina a apreensão da Criméia como um franco roubo de jazidas, confirmam as sanções introduzidas ainda em 2014, sanções que deveriam, em primeiro lugar, impedir a exploração de depósitos roubados. Isto também confirmou o Departamento do G-7. Então, por que os representantes do poder executivo dos governos da Alemanha e da França não nomeiam as coisas pelo seu nome?
Porque o custo dos depósitos é de pelo menos US$ 500 bilhões de dólares, e isso é uma soma muito significativa que pode ser aproveitada em negociações com a Rússia para pressionar os interesses dos mesmos governos da Alemanha e França. Claro, à custa dos interesses ucranianos e, pelas costas da Ucrânia.
O maior benefício do roubo de depósitos, é tomado pelo governo da Rússia, que já outorgou a si, em janeiro de 2018 o direito de emitir concessões e celebrar acordos pela divisão de produtos. Isto acrescentaria ao orçamento russo, no mínimo, 4 bilhões de dólares por ano, durante 70 anos, se não houvesse sanções dos EUA. O segundo maior benefício de tais roubos - Gazprom, que roubou a empresa "Chornomornaftogaz" (Petróleo do Mar Negro), no valor de US$ 20 bilhões. E esse ladrão, constantemente retirava das sanções a Alemanha, começando em 2014. E agora, com ele constrói o gasoduto North Stream - 2.
Portanto, é extremamente importante chamar a atenção dos meios de comunicação dos países do G-7 para o aspecto predatório da captura da Crimeia, para o qual existem muitos fatos inegáveis. Se houver consciência do roubo, como motivo principal para a captura da Crimeia e for esclarecida pela mídia dos países livres, então será muito mais difícil para os governos desses países aproveitar o produto roubado, como assunto de negociações com a Rússia, sem o conhecimento da Ucrânia.
O presidente Tramp não preocupa-se com sua reeleição em 2020. Isso o distingue de todos os presidentes anteriores, que queriam manter este cargo por dois mandatos permitidos pela Constituição dos EUA. Ben Bernanke, que liderou o Banco Nacional dos Estados Unidos (Sistema de Reserva Federal) durante o período mais difícil da crise financeira de 2009, notou recentemente que Trump assinou reduções de impostos corporativos e um aumento nos gastos do governo de US$ 300 bilhões. Ao mesmo tempo ele não levou em conta o fato de que isso levará a uma recessão na economia em 2020. Este fato é a melhor evidência de que Trump pretende realizar todos os seus planos durante a permanência de um mandato como presidente dos EUA.
Quais são esses planos? Em primeiro lugar, isso é uma redução do deficit no comércio exterior. Primeiro de tudo, com a China, cujo déficit alcança 375 bilhões por ano. O presidente acredita, que tal quebra no comércio bilateral deveu-se ao fato de que China não paga pela propriedade intelectual de empresas americanas, por exemplo, programas de computador. Em segundo lugar, é encontrar mercados para os excedentes de petróleo e gás que surgiram em produtores americanos devido à revolução do xisto.
Na última década, os Estados Unidos evoluíram do país de consumo de petróleo e gás para o maior produtor desses produtos. Esses excedentes é necessário vender em algum lugar, mas a venda de petróleo e gás é o ramo mais politizado do comércio mundial. A Arabia Saudita e a Rússia, inicialmente esperavam, que os preços baixos do petróleo, que caíram brutalmente em julho de 2014, e alcançaram a produção de óleo de xisto nos EUA. As empresas de ardósia sobreviveram a esse período devido a preços baixos. Então Rússia e Arábia concordaram em limitar as vendas diárias de petróleo para aumentar os preços. Funcionou, e os preços de 45 subiram para 65 dólares por barril. Mas isto estimulou ainda mais as empresas norte-americanas a extrair petróleo e gás de xisto. E, agora, Rússia e Arábia Saudita querem vender o máximo possível de petróleo, sem levar em conta a possível queda nos preços. Eles esperam que a queda na produção na Venezuela, no Irã e na Nigéria não permitirá que os preços caiam demais. Eles não estão mais esperando reduzir a produção de petróleo nos EUA. Os Estados Unidos ocuparam o primeiro lugar no mundo. E essa separação da Rússia e Arábia Saudita só vai crescer. O desejo de poupar as jazidas para futuros depósitos também não restringe os fabricantes dos americanos, porque a partir de 2.022 o uso do petróleo no mundo vai ao constante declínio devido aos veículos elétricos, que nos próximos 30 anos quase completamente substituirão os carros com motores a gasolina. E isso se aplica não apenas aos carros, mas também aos ônibus e caminhões . Embora os motores que consomem produtos petrolíferos em caminhões sobrevivam por mais tempo do que em carros. Isto não promete um futuro brilhante para países como a Arábia Saudita ou a Venezuela.
Os ladrões de Kremlin tiveram mais sorte que a Arábia Saudita, que vende uma quantidade significativa de petróleo, mas não de gás. Rússia tem a maior reserva de gás natural do mundo, é o maior exportador dessa energia. Ao contrário do petróleo, os veículos elétricos não afetam o consumo do gás. Apenas no mercado europeu, a participação do gás russo ultrapassa 40% de todas as entregas. São estas posições fortes no mercado de gás europeu que acrescentam insolvência ao comportamento bandido da Rússia, porque grandes economias como a alemã, a francesa ou a holandesa, são sensíveis ao preço do gás. Por isso, o fornecedor desse produto - a Rússia - lhes interessa muito mais que Ucrânia. Além disso, devido a altas receitas da venda de petróleo e gás, Rússia é um mercado muito maior para a venda de produtos alemães e franceses em comparação com Ucrânia. Levando tudo isso em conta, é difícil esperar que Alemanha e França possam ser mediadores imparciais entre Rússia e Ucrânia.
O secretário de Estado dos EUA, Michael Pompeo observou recentemente que um aumento na oferta de gás americano para Europa contribuirá melhor para o retorno da Rússia aos padrões de conduta geralmente aceitos. Porque reduziria a dependência dos países europeus do fornecimento do gás russo, e assim acabaria a flutuação dos países europeus na aplicação de sanções contra os violadores do direito internacional.
Ucrânia não deve ficar ao lado, mas contribuir propositadamente para aumentar o fornecimento de gás americano ao mercado europeu. Isto pode ser feito, tanto no que diz respeito ao fornecimento de gás liquefeito a partir do terminal polaco através de uma interconexão que liga os oleodutos ucranianos e polacos, como também envolvendo as empresas dos EUA no desenvolvimento do campo Olesko do gás de xisto. Introdução ativa à política de fornecimento de gás para o mercado europeu (em vez de participação possessiva como um país de trânsito para o gás russo) vai ajudar a garantir que a voz da Ucrânia seja ouvida em quaisquer negociação como sujeito, não como objeto de negociações. Então, pelas costas da Ucrânia não irão discutir as questões geopolíticas, das quais depende a própria existência do estado. Com a participação ativa da Ucrânia na distribuição do mercado europeu, Rússia será obrigada a sentar-se à mesa de negociações sobre os depósitos da Criméia, e o retorno da Criméia a Ucrânia.
Como um grande transportador do gás russo, Ucrânia, por um lado, está interessada em aumentar o trânsito do gás russo à Europa. Um claro entendimento dessa prioridade será o verdadeiro fio condutor da Ariadne nas relações bilaterais com a maior economia da Europa - a Alemanha. Como o maior comprador de gás russo, a Alemanha não pode ter certeza de que não recebe gás da empresa roubada "Chornomornaftogaz" ou dos apreendidos depósitos da plataforma da Criméia. Ucrânia tem todo o direito de apelar: "Alemães, não comprem gás roubado!".
Tradução: O. Kowaltschuk
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