quinta-feira, 31 de maio de 2018

Igor Kotelyanets:  "Nós queremos encontrar negociadores na Europa para o retorno da Rússia, de nossos presos políticos". 
Entrevistado: Stanislav Kozlyuk, 29.05.2018

Representantes das famílias de prisioneiros políticos ucranianos retornaram de sua viagem à França na semana passada.
Durante as reuniões com políticos franceses os parentes dos ilegalmente presos ucranianos tentaram dizer aos parceiros internacionais sobre a escala do problema.
Conclusões sobre o conhecimento da França com problema dos prisioneiros políticos ucranianos são decepcionantes. Inclusive, a retórica do presidente Emmanuel Macron, muito amigável à Rússia e Putin causa preocupação. "Semana" conversou sobre a visita à França com o chefe do grupo das famílias dos presos políticos 

Na semana passada você foi à França para encontrar-se com políticos. Com que finalidade?

- Sim, eu estive na França com ativistas de direitos humanos. Mais precisamente, estive lá com a organização pública "Diálogo Aberto". Nós viajamos para transmitir nossos pedidos à administração do presidente Emmanuel Macron antes de sua visita a Putin. Também queríamos ter tempo para atualizar a questão dos presos políticos antes do G7 no início de junho. Bem, no contexto do "Norman four", é claro. Todas as nossas reuniões com os deputados não eram oficiais. Porque, nas reuniões informais, pode-se falar mais francamente, dar e receber mais informações e obter uma posição honesta. Afinal, nós não somos políticos, não conhecemos o real estado de espírito na sociedade francesa e seus políticos. Que tipo de informação você transmitia?

- Primeiro. Nós contamos que havia quase 70 prisioneiros políticos ucranianos na Rússia e na Criméia. Que eles são torturados. Sim, nós contamos histórias sobre como FR tortura os cidadãos ucranianos. Além disso nós tentamos promover a idéia de sanções pessoais contra os russos envolvidos na fabricação de processos contra os prisioneiros políticos, em torturas. E isto é o FSB e funcionários de alto escalão.

Segundo. Nós levantamos a questão dos presos políticos no âmbito do "formato normando." Quantos prisioneiros políticos há no âmbito do "formato normando". Quantos há prisioneiros políticos precisando de ajuda. E há o "formato normando", que antes de tudo deve cuidar do destino das pessoas, que precisam salvação da agressão da Federação Russa, da prisão russa. E esta questão precisa ser apresentada. Porque agora os problemas dos presos políticos não são discutidos em nenhuma das plataformas de negociação. Mas, se existe o "formato normando", então porque não apresentar os problemas lá?

- Terceiro. Nós tentamos explicar, o quanto a publicidade é importante para proteção dos presos políticos. E nós clamamos por ações públicas, declarações, cartas, exigências à Rússia. Existe um bom exemplo. Em 2.017 nós estávamos em Estrasburgo e Bruxelas. Se você se lembra, então o Parlamento Europeu aprovou duas resoluções exigindo a libertação de presos políticos. Nos documentos verificamos os nomes. Naquela época havia mais de 40 presos políticos. Contaram cerca de 38. Porque alguns presos não tinham informação suficiente, para levá-los ao trabalho. E isto teve efeito. Mudava a atitude para com estas pessoas tanto nas prisões quanto nas colônias. Deles pararam escarnecer. Lembro, que então as autoridades ucranianas não registraram a existência de presos políticos nem por suas decisões nem com regulamentos. Mas o Parlamento europeu os reconheceu. Então, a publicidade nessa questão ajuda. e, se os políticos fizerem declarações, denominarão sobrenomes concretos - mesmo se Rússia não os libertar - isto ajudará as pessoas sobreviver. Porque a FR verá que atenção da comunidade internacional a este problema.

- Nós nos encontramos com deputados de diferentes círculos. Havia deputados mais pró-ucranianos. Mas havia aqueles, que representavam o lobby russo. Nós nos esforçávamos compreender a posição deles, para saber como trabalhar a seguir. E França deixou uma impressão contraditória. Para eles Ucrânia - é um lugar distante. Para eles, nossa guerra - não é uma guerra entre civilizações, guerra da Europa e Rússia selvagem. É algo local na Ucrânia. Eles Estão mais focados em si mesmos. A questão de presos políticos, para eles, é distante. Surgiu a sensação, que o governo ucraniano faz muito trabalho informativo, mas não o suficiente. Políticos franceses não tem informação. Eles não se orientam nos acontecimentos

- Por Exemplo?

- Nós tivemos reuniões, digamos, com elite intelectual local. E, realmente, nos perguntaram, eu não estou brincando, realmente perguntaram, como estão as coisas na Ucrânia com os nazistas,
UNSO, (Organização Nacional de Solidariedade da Ucrânia). Temíamos, que aqui tais humores florescessem. Nós rimos da propaganda russa, mas todas as histórias que Europa é por nós e que ela não acredita em propaganda - não é verdade. A propaganda é poderosa.
Bem, tais questões podiam surgir em 2.014 quando houve caos. Mas agora em 2.018, quatro anos de trabalho informativo.! Muito trabalho informativo parece que as autoridades também conduzem, e as organizações não governamentais, mas as pessoas respeitáveis lhe fazem perguntas, às quais você não está pronto para responder. Porque tudo  isto é absurdo! E, parece que o mundo inteiro sabe disso. Mas não.

Em geral, na França há muitos sentimentos distantes, e pró-russos. Não porque os franceses sejam maus, mas porque a FR dispõe muito dinheiro para propaganda. e, penso eu, nós precisamos mais medidas de informação. Porque Macron tenta transmitir uma atitude amigável a Putin, ele não está preparado para controvérsias ou demandas. Ele, até fala sobre Sentsov com cuidado. Os franceses são notoriamente ignorantes. E, Ukraina não tem recursos para contrapor-se nesta luta de informação.

- Como os políticos reagem às informações sobre os presos políticos.

- Eles não têm provas. Vamos pensar com o que ir na próxima vez e como formalizar essas provas. Claro, nós as temos, mas são grandes pilhas de papéis. Não tenho certeza que alguém vai perder tempo para compreende-las. 
Para futuras reuniões, algo faremos com isso.
Mas, quais provas não foram suficientes? Algo concreto? Por exemplo, "para tal pessoa quebraram tantos ossos" ou algo semelhante?
- Simplesmente não há provas. Nós não sabemos quais. apenas soava a frase "mostre-nos as evidências."
Quais as evidências você forneceu?

- Em primeiro lugar fornecemos relatórios de organizações ucranianas de direitos humanos, com referências à credibilidade das organizações. Por exemplo, se estamos falando sobre Anistia Internacional - eles reconheceram prisioneiros políticos Oleg Sentsov, o libertado Gennady Afanasyef e Emir-Oussen Kuku. Anistia, deliberadamente
mais não usam. E, quando nós perguntamos, porque eles não reconhecem outros aprisionados ucranianos como 
"políticos" nos responderam, que  "não há recursos". Mas isso não significa, que outros presos políticos não sejam presos políticos. Simplesmente a Anistia não tem recursos para ocupar-se com todos. E, quanto a mim, é melhor eles assumirem dois presos políticos e trabalhem com eles do que pegar dezenas de presos políticos e não poder fazer nada.

- Esses relatórios acabaram sendo insuficientes?

 - Você sabe, eu tenho a impressão, de que o negócio franc~es é muito interessado em cooperação com a Rússia, de modo que não está interessado em sanções, vê parceria com dinheiro na FR, de tal forma que está, um pouquinho surdo. e, os políticos não se esforçam muito em ouvir conclusões sobre os problemas dos direitos humanos. E, eles precisam preparar alguma outra informação. Ou lançá-la na mídia francesa. Então o peso desta informação mudará, e eles precisarão  prestar atenção a ela. Porque aqui, na Ucrânia" estamos habituados a ouvir, que em algum lugar existe uma "coalizão" pró-européia, que apoia Ucrânia, mas, quanto a mim, isso é exagero. O clima na tal França é contra-verso. 

- Durante os após os encontros, os políticos franceses prometeram algo para você? Ajuda?

- Eles fizeram perguntas de esclarecimento. E escutavam o que queríamos. Ouviam o que fazemos, nossas histórias. Nós nos esforçávamos em explicar, que a questão das sanções é importante e a ajuda é necessária. Mas, se falamos de passos simples, então já precisamos de declarações públicas e reconhecimento público do problema. Porque isto funciona. As pessoas, com as quais nos encontramos, ouviram histórias sobre nossos parentes e torturas, e por causa disso, não querem cooperar com o governo russo, conscientemente submetem-se a prisões de longo prazo. Os políticos admiravam-se, o quanto os ucranianos são corajosos e quanto eles suportam... Mas para os franceses isto é como um filme e histórias interessantes. Parece que eles percebem Ucrânia com África. Ou seja, esses problemas não lhes são próximos. Além disso, eles nunca prometem. apenas dizem: "Pensaremos, consideraremos, leremos." Nós lhes fornecemos muita informação, deixamos cartas, folhetos. eu trouxe uma mala cheia de papéis preparados pelos ativistas.

- Até que ponto os políticos estão cientes sobre os presos políticos?

- Tudo o que lhes dissemos, para eles é novo. Claro, você pode assistir no Facebook Pavlo Klimkin e Irene Gerashchenko. Como se eles viajassem muito e falassem sobre nossos problemas. Mas quando damos a mesma informação  aos deputados, verifica-se,que para eles é uma informação nova.  Eu tie a impressão de que os políticos franceses não conhecem o problema dos presos políticos em geral. Sim, há pessoas que ouviram o sobrenome Sentsov, mas a grande maioria não ouviu nem este. E além dele há mais 67 presos políticos. Mas na França, a maioria das pessoas não entendi isso.

- Então dizer, que na França sabem os nomes dos políticos ucranianos, não é possível?

- Mas, sobre o que você doz! Sobre eles ninguém sabe! Por isso nós pensamos fazer um evento informativo, talvez no outono, incluindo lá  a Administração Presidencial, o Ministério das Relações Exteriores, deputados franceses e falar-lhes sobre este problema.Eu não sei , aonde e com quem, este problema, nossos políticos discutem. Talvez em algum lugar à margem. Talvez conversam globalmente - agressão russa em geral. e, talvez, como um dos exemplos da agressão russa, citam prisioneiros políticos. Mas eu me convenci, que informação sistêmica não há. Aqueles mesmos políticos franceses não têm idéia sobre nossos prisioneiros políticos. Sobre como os sequestram
na Ucrânia e os levam à FR e Criméia. São roubados, como o menino Greb na Bielorrússia (Aquele jovem que viajou para Bielorrússia, ele morava próximo a fronteira. Doente, que necessita usar medicamentos contínuos e que na prisão não lhe fornecem. Até hoje encontra-se preso, com a saúde deteriorando... OK). Portanto, pensamos em obter apoio de organizações mundiais de direitos humanos. Porque, para alcançar as pessoas certas, é preciso envolver as organizações, às quais virão. Por exemplo, a Federação Internacional de Direitos humanos. É uma organização mundialmente reconhecida que tem acesso à administração presidencial, ministros. e, se ela organizar eventos - a ela virão. Espero que conseguiremos organizar algo semelhante.

- Não a muito tempo, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Mariana Bets falava sobre sanções "lista de Sentsov". Você sabe alguma coisa sobre isso?

- Não. Mas posso lhe dizer o seguinte. Por exemplo, vêm nossos defensores dos direitos humanos de Washington. Ou Nova York. Eles falam sobre sanções internacionais contra Rússia. E eles dizem algo assim: "Estamos prontos para aceitar sanções, mas seu país não as aceita." Como podemos impor sanções se Ucrânia sozinha não faz isto contra as pessoas que cometem crimes contra os cidadãos ucranianos. Também em abril devíamos ter uma reunião com o Ministro das Relações Exteriores. Se você se lembra, há uma plataforma sobre a questão dos presos politicos no Ministério. Termina em maio. A data ainda não foi determinada. Antes disso, nós nos reuníamos a cada dois meses por iniciativa do Ministério das Relações Exteriores. A última dessas reuniões foi no início de fevereiro. Então a próxima deveria ocorrer no início de abril. 

- Quão eficaz é esta plataforma no Ministério dos Negócios Estrangeiros?

- Ela não é eficaz segundo minha opinião. Se você vem a cada dis meses e discute as mesmas questões de seis meses atrás, até hoje não há responsáveis, as tarefas não são cumpridas, e nós apenas falamos - qual é o objetivo?

- Quais são as mesmas questões?

- O projeto de lei sobre prisioneiros políticos. Financiamento de advogados para presos políticos. A única questão que foi resolvida, e graças à ajuda de Iryna Gerashchenko, é a criação, junto aos ministérios, de uma seção de ajuda à famílias dos presos políticos. E, já faz seis meses que este departamento existe. Mas ele não funciona. Não sei como resolver isto.

- Quais são os seus próximos planos de trabalho?

- Para a copa mundial de futebol, apoiamos as promoções. Mas existem movimentos voluntários, ativistas de direitos humanos que assumem as preocupações. Porque em nossa associação de famílias de presos políticos quase não há recursos, existem poucos parentes ativos. Nós apoiamos o que os defensores dos direitos humanos fazem. Agora podemos nos concentrar na procura de pessoas na Europa, que podem tornar-se negociadores entre Ukraina e Federação Russa, para troca de prisioneiros políticos. Esperança no governo já não temos. Nós, já por um ano e meio pedimos para encontrar um negociador. Mas nada acontece.

- Você acredita que poderá encontrar tal pessoa, ignorando as instituições governamentais? Você acha que isso é real?

- Nós não sabemos o que funcionará e o que não funcionará. Nós andamos de um lado a outro. Fazemos o que podemos. E, o que resultará disso - não sabemos, e não imaginamos. Dizer que o Estado não age, não é certo. Mas eu penso, o Estado não responde adequadamente. Em tal situação nós, por exemplo, podemos procurar negociadores. Já temos alguém em vista. Se tudo der certo, nós diremos ao governo ucraniano: "Nós encontramos a pessoa. Mas, para que ela fale em nome do presidente do Estado, é necessário fornecer a documentação". Não sei se isto será decisão da Verkhovna Rada, ou do presidente. Mas algo precisa ser feito.

Tradução: O. Kowaltschuk

domingo, 27 de maio de 2018

"Diante de mim estava o chefe com um chicote. Ele ameaçava cortar-me em pedaços, e os cachorros no mato me comeriam..."
Vysokyi Zamok (Castelo alto), 23.05.2018
Suzana Bobkova
A jornalista Ulyana Vorobets, que agora vive na Polônia, retirou não apenas um trabalhador da Ukraina, da escravidão. Anteriormente, ela mesma, por algum tempo, permaneceu na escravidão.
Os ukrainianos, em massa, vão trabalhar no exterior. Particularmente popular é a vizinha Polônia. O que espera pelos trabalhadores no estado vizinho. Como não cair nos chamados campos de trabalho? Realmente, quanto você pode receber (pelo seu trabalho) no exterior? Ao jornalista deste jornal disse a ex-diretora da Rádio Zhovkivskyi Ulyana Vorobets, 34 anos, a qual hoje, com seus filhos, vive e trabalha na Polônia.

A Sra. Ulyana foi a Polônia para trabalhar, alguns anos atrás. A mulher, sozinha, criava seus quatro filhos. A filha sofreu um acidente, para seu tratamento, precisou fazer empréstimo bancário. Para pagar a dívida, Ulyana precisou ir trabalhar no exterior. (Algum tempo atrás saiu uma reportagem falando que muitos pais, quando o casal se separa, não colaboram com as necessidades dos filhos. Simplesmente se omitem. O governo resolveu ajudar e promoveu uma "caçada" aos pais. Deu certo resultado. Não sei se continua, não li mais nada sobre o assunto - OK).Sonhava ganhar dinheiro e voltar às crianças (ela os deixou com seus pais). Mas, o quê precisou enfrentar no estrangeiro... Este ano, a ukrainiana participou dos doze pretendentes, ao Prêmio "Personalidade do ano", concurso que anualmente organiza o jornal polonês "Gazeta Wyborcza". Ulyana Vorobets retirou, não apenas um ukrainiano, do problema...

- Eu, desde 13 anos era diretora da rádio distrital em Zhovkva - diz Ulyana. - Aos 18 tornei-me diretora, o mais jovem da Ukraina. Ela escrevia para o jornal regional "Renaissance" (devido a isso, ela escolheu sua profissão).

Quando a rádio foi fechada, porque ela se tornou não rentável, trabalhava no site 032 ua em Lviv. Depois "bolsista"... O Centro de Emprego ajudou-me a abrir uma empresa que organizava férias para crianças (para isso recebeu capital inicial). Depois entrou em uma empresa farmacêutíca, onde trabalhou como interprete. Viajou para conferências médicas por toda Ukraina. 

Essa experiência e contato com os médicos ajudou a salvar meu filho (ele ficou doente 10 anos). Os médicos não conseguiam diagnosticar. À criança diagnosticavam asma, ou epilepsia, ou até insuficiência cardíaca... Como se soube, o problema era o sistema DNA. Quando eu estava g
grávida sofri um mini derrame. fiquei de cama quase seis meses e havia pouca esperança que eu poderia andar. Por sorte, eu mesma consegui levantar, e o filho conseguiu-se curar.

- Como você chegou à Polônia?

- Quando trabalhei como tradutora, a filhinha Khrystinka sofreu um acidente. Eu comecei vender tudo, o que tinha. O marido disse, que com ele não contasse... Planejava ir trabalhar em Israel, mas quando os intermediários "cantaram" 5 mil dólares para viagem, recusei-me, não possuía tais recursos. então, no horizonte apareceu Polônia. quando cheguei na editora, onde, supostamente, me esperavam, lá não ouviram falar de mim. Então fui trabalhar no campo, na seleção da beterraba. No Facebook inscrevia-me em diversos grupos de busca de emprego. E, um dia, me escreveu o Sr. Basil. Propôs serviço em uma fábrica de confeitos em Lodz. Perguntou o quanto eu queria ganhar. Respondi "Mil dólares". Ele respondeu que exatamente isto poderia ganhar, e até mais. Disse, que antes deveria ir ver meu tio em Varsóvia e depois poderíamos nos encontrar (Este não é meu tio legítimo, em seu tempo meu pai correspondia-se com ele. eles são amigos há muitos anos). Quando lhe contei sobre este trabalho, ele suspeitou de algo. Mas eu fui assim mesmo. Quando arrumava-me para viagem, meus documentos caíram da bolsa. Assim eles ficaram na casa do tio...

No trem eu conheci um casal, que me convidou para uma visita (moravam em Lódz). Meu telefone estava descarregado e aquele homem anotou o seu... na minha mão. Na estação de trem em Lodz recarreguei meu telefone. O Sr. Basil ligou e disse para onde eu deveria ir. Ele veio num ônibus e me levou. Havia outras mulheres. Nos trouxeram para fábrica, lá havia um hotel. Atrás de nós o portão fechou...

Quando o carro andou, pareceu-me que andávamos em círculo. Então eles "pularam" na pista e entraram neste prédio. Durante o registro pediram o passaporte. Eu respondi que esqueci os documentos em casa, no dia seguinte os traria. Então ouvi: "Você não poderá sair daqui". "Como?" - fiquei surpresa. "Você vai trabalhar aqui enquanto precisarmos de você" - ouvi em resposta. Pegaram o telefone e outras coisas. "Troque de roupa, o dia de trabalho começa em uma hora", - ouvi. Na oficina já trabalhavam 50 mulheres. Em seus olhos vi desesperança. Pareciam cansadas. Depois do trabalho fui levada para uma sala de 40 metros quadrados, onde dormiam 18 pessoas. Algumas no colchão, algumas no chão. Um chuveiro para 50 pessoas. Para entrar naquele banho, era preciso levantar duas horas antes, para ser primeira. Começávamos trabalhar às seis da manhã, terminando às dez-doze horas da noite.

- O que você fazia lá?
- Era uma confeitaria, lá assavam pães. Eu decidi fugir de quaisquer maneira. Até pela escotilha de ventilação. Depois do primeiro dia de trabalho, senti que as forças me abandonavam. No dia seguinte  tudo se repetiu. À noite - lavagem de enormes tinas... A proprietária era polonesa, coordenadores - ukrainianos. Eles cuidavam da disciplina. Vi como humilhavam pessoas. Mas eu não tinha paz devido ao empréstimo que devia devolver... Fiquei sabendo que as mulheres trabalhavam lá vários meses, mas nada recebiam. A mocinha que trabalhava lá por três meses, disse que seu salário era de dois mil zlotys, mas quando começavam descontar pela acomodação, pãozinho que alguém comeu, multas (em todos lugares havia câmeras, multas por quaisquer coisas), parecia que você ainda devia para eles. No terceiro dia, comecei rebelar as pessoas. Propus para à noite amarrar os guardas e fugir. Uma mulher ukrainiana me traiu... De manhã, diante de mim, com chicote, estava o chefe. Ameaçou cortar-me em pedaços, e que os cachorros me comeriam no mato. Depois chicoteou na espinha... fui levada para a chamada sala de castigo e disseram, que após cinco minutos deveria estar no trabalho.

Quando saí da sala do castigo, vi o carro que recolhia a produção da fábrica. Eu vestia calças, blusa e gorro branco. Ia chorando. O jovem perguntou: "Por que a senhora chora?" Compreendi, ele não era dessa fábrica, senão não perguntaria. E eu: "Vovozinha morreu". "E onde ela mora?" - pergunta o motorista. Eu disse "La". eu não sabia aonde estava. E ele: "Eu a levo, pegue suas coisas". Sentei no carro. Depois da minha punição, havia a indicação, que eu devia ser vigiada por todos os guardas. Quando todos cuidam de você, então ninguém cuida realmente...

Quando atravessávamos o portão, abaixei-me como se tivesse perdido um brinco (Na torre, atrás da fábrica, havia um guarda). O motorista me deixou nos arredores de Lodz. Vi uma avozinha e gritei: "Telefone!" A vovozinha assustou-se, pensou, talvez é alguma anormal, de chinelos brancos, mas o telefone emprestou. E eu lhes telefonei. O homem ordenou esconder-me entre os arbustos, ele viria me buscar. A primeira coisa que fiz foi tomar um banho. R foi um grande banho. Eles passaram pomada nas minhas costas, que estavam azuis. Queria ir à polícia... Mas ao abrir o "Facebook", vi uma mensagem do intermediário que me enganou: "Cadela, se for à polícia, eu corto em pedaços todos os seus filhos, eu sei onde eles moram." Eu me assustei. Eu tentei esquecer esta história como um sonho terrível...

O casal de Lodz comprou para Ulyana um telefone novo, roupas. Mesmo às suas próprias custas fizeram-lhe, no cabeleireiro, uma máscara de queratina para renovação do cabelo. Na fábrica, para que as normas sanitárias não causassem suspeitas puseram clorada no ambiente, diretamente, durante o dia de trabalho. Ulyana não sabia isto, ao tirar o gorro, seu cabelo começou cair.

Ulyana decidiu ir para Varsóvia. Lá existem mais oportunidades para encontrar um bom emprego. Mas não queria ir à casa de seu tio, para não perturbá-lo com sua triste história (ele já sofreu ataque cardíaco). Na estação a ukrainiana conheceu o dono do albergue, Andrzej, que lhe ofereceu alojamento. Descobriu-se ser uma pessoa decente.

- No jornal vi um anúncio, que era necessária uma pessoa na recepção, - continua Ulyana Vorobets. - Eu conheço o idioma. Vou na entrevista. Rapidamente percebi, que isso não era um hotel, mas... um bordel! Eu me fechei na toalete, chamo Andrzej, para que ele me salve. Ele veio com a polícia e me levou. Depois caí numa doceria, onde adquiri... piolhos. Lá os gorros eram multi reutilizáveis.

- Quando você percebeu que ajudaria os trabalhadores?
- Diante dos olhos, constantemente emergiam as moças da padaria, que choravam pelas suas crianças quando iam dormir... Assim eu entrei na Sociedade de amigos da Ukraina de Verônica Marchuk. Certa vez contei minha história. Eles disseram que não podia deixar assim. Eu disse que não podia falar sobre isso, enquanto não trouxesse as crianças à Polônia. Certa vez Andrzej,  na casa do qual eu vivia, disse, que sonhava em abrir uma loja em um shopping em Varsóvia. No dia anterior eu li um artigo sobre como você pode entrar em um poço de dívidas, alugando uma sala nos centros comerciais. Os shoppings assinam acordos com donos de lojas, com letras pequenas, e se você quiser desistir do acordo, você deve pagar uma enorme quantia. (Na Ukraina, a propósito, fazem o mesmo). Eu queria ajudar Andrzej e decidi me encontrar com o autor desse artigo. Assim conheci meu atual diretor da empresa, Daniel. Eu queria ajudar Andrzej e me ajudei! Descobri que Daniel é o fundador de um site que funciona como um centro de emprego virtual. Com ajuda deste site, você pode encontrar um emprego na Polônia, sem intermediários e sem custos. Tornei-me administradora deste site. Comecei escrever artigos, reunir-me com empregadores. Os ukrainianos que foram enganados começaram a nos escrever.

Eu consegui colocar atrás das grades a pessoa que traficava seres humanos. Conseguimos reunir provas contra ela. Fazer uma provocação jornalística era arriscado. Nós começamos trabalhar com os serviços relevantes. Eu ia às empresas onde havia algo ilegal. Depois essas empresas fecharam. O único setor, que é difícil lidar - empresas de transporte que ocupam-se com especulações. Houve um caso: o rapaz foi excluído da Alemanha sem dinheiro, porque se recusou viajar além do indicado pela lei. Na União européia as multas são enormes pela violação da lei. O rapaz perguntou, quem pagaria a multa, o empregador disse: "Se pegarem, então você. Portanto vá, de modo a não ser pego."

De que outras maneiras mentem aos ukrainianos na Polônia?
Exorto os ukrainianos a não procurarem emprego nos "Vkontakte"
(Na Ukraina esta rede social já foi encerrada, mas na Polônia os ukrainianos não se desligam dela). No "Facebook" também tem fraudadores, mas lá os especialistas podem determinar o endereço do qual o anúncio foi enviado. "VKontakte" tudo é criptografado. Houve situações quanto aos cuidados para pessoas doentes e idosas. Pessoas que cuidam dos doentes, não tinham nenhum documento. Acontece, às vezes, que mandam embora e não pagam pelo trabalho. Peço aos ukrainianos que trabalhem legal ou ilegalmente, fornecer pequenos vídeos do local de trabalho, sobre as condições de trabalho. Há muitas casos ganhos no tribunal, quando há, pelo menos, uma evidência. Mesmo se a pessoa trabalhava ilegalmente.

- Será que ainda há muitos golpes assim?
- Há o suficiente. O mais perigoso - é a estação Ferroviária Ocidental em Varsóvia. Lá vem muitos ônibus e trens da Ukraina. Na estação há de tudo: cafetões, prostitutas, intermediários, alcoólicos, drogados. Lá eu conheci uma ukrainiana, que passou seis dias e noites nessa estação e não conseguiu encontrar um emprego. Nós a ajudamos. Ukrainianos, quando vão à Polônia, costumam pegar um ingresso, de ida. Não têm consigo nenhum dinheiro. Se já viajaram, emprestaram da comadre-irmã, não querem voltar, porque dirão o quê? a partir de janeiro de 2018, na Polônia, está em vigor a nova lei. O empregador, durante sete dias deve informar os serviços relevantes: o ukrainiano veio ou não veio. Agora ir à Polônia com um convite compreendo, é quase irreal. O empregador assinará que a pessoa não existe, mas a fronteira ela cruzou. A pessoa, automaticamente, se encontra em busca. Eu conheci um ukrainiano de 48 anos. Pelos olhos percebi que estava assustado.  Estremecia até por causa de um telefonema. Contou que trabalhava numa empresa de derivados da carne, onde uma mulher foi arrastada, pelo cadarço, ao interior da máquina e cortada como uma galinha para recheio. O patrão ordenou a todos para permanecer em silêncio, e dispensou a todos. As pessoas fugiram. Eu telefonei aos órgãos competentes. Ninguém sabia nada sobre isso. e, quando as autoridades investigaram este caso, a família da falecida (ela criava três filhos) recebeu compensação.

Os ukrainianos não entendem, completamente, os riscos. Há pouca informação na Ukraina. Os ukrainianos vêem a Polônia em cores. Ninguém sabe sobre o direito dos ukrainianos na Polônia, onde podem pedir ajuda. A maior ameaça na Polônia são os ukrainianos. Até no bordel as ukrainianas vendem ukrainianas. Nós tivemos casos assim. Houve o caso da Ukrainiana, que trabalhava no McDonald's. Um garoto se agarrou a ela, dizendo que procurava trabalhadores. Recusou-se (ela tinha um emprego legal).  Então ele começou namorá-la. Trazia flores. Levava-a para casa de carro. No final a garota se apaixonou por ele e foi viver junto a ele. E, logo ele volta triste, diz ter problemas na empresa. "Amada, ajude. Virá um tal italiano, ao qual eu devo dinheiro. Ele gostou de você, nas fotos. Se você dormir com ele, a dívida será cancelada. Vem o italiano. Ela não entende nada de italiano mas faz tudo o que ele quer. Dois dias depois: "Amanda, você é super. Mas amanhã vem um francês. Eu perco minha casa, nós ficaremos na rua." Assim a moça tornou-se prostituta internacional... Quando ela foi deportada ela gritava, que amava aquele rapaz. E ele apenas ria.

Os homens costumam ir para as empresas de construção. Lá eles também são enganados?
Dois homens me disseram que trabalhavam em uma construtora (sem documentos, ilegalmente). O contratado recebeu dinheiro e não pagou aos dois. eles eram, ao todo doze pessoas. E, sozinho foi às Canárias. Não pagou nem a acomodação. Ukrainianos ficaram sem nada. Nós os alimentamos. Ajudamos encontrar trabalho. Mas não conseguimos encontrar, até agora, aquele polonês. que os enganou. O endereço de sua empresa é uma choça.

- Dê alguns conselhos aos ukrainianos
- Não compre documentos! Especialmente convites. Se você tem um passaporte biométrico, vá e veja em que condições você trabalhará. Sozinho pegue o convite. Evite intermediários. A taxa mínima na Polônia - 10,5 zl por hora (de acordo com a lei). Há vagas até 14 zl por hora (particularmente nas construções).
Trabalhe legalmente! Se uma pessoa trabalha ilegalmente, ela pode não ser paga. Muitas vezes, as pessoas vão para o exterior sem o conhecimento básico da língua.

Os ukrainianos têm o direito de exigir um contrato de emprego nos dois idiomas, polaco e ukrainiano. e nunca assine uma folha em branco - não complique sua vida.

Tradução: O. Kowaltschuk














































quarta-feira, 23 de maio de 2018

Poroshenko pagou centenas de milhares de dólares pelo encontro com Trump. 















O advogado de Trump Michael Cohen, segundo emissora britânica BBC, recebeu pagamento secreto de U$ 400 ou 600 mil dólares para organização da primeira reunião entre Petro Poroshenko e Donald Trump, em janeiro de 2.017.
Isto é afirmado em uma investigação da BBC (British Broadcasting Corporation, preparada por jornalistas na Ukraina e nos EUA e publicada na noite de quarta-feira.
O pagamento foi organizado por intermediários que agiram no interesse de Petro Poroshenko. Cohen não foi registrado como lobista, representando os interesses da Ukraina, conforme exigido pela lei americana.
O encontro aconteceu na Casa Branca em junho de 2017. Logo após a volta para Ukraina  do presidente Petro Poroshenko foi fechada a investigação sobre o ex-gerente da campanha de Tramp
Pol Manaforth na Ukraina, disse a BBC. Um oficial de inteligência sênior ukrainiana disse que Cohen precisou ser incluído porque os lobistas registrados na Embaixada da Ukraina em Washington não conseguiram mais que uma breve reunião de nível mais alto. Poroshenko buscou uma reunião de nível mais alto, a qual ele poderia nomear como uma "negociação". 

A tarefa de organizar a conversa coube a um ex-auxiliar, que pediu ajuda de um não citado deputado. Assim, através de uma organização de caridade judaica, no Estado de Nova York, encontraram Cohen. Ele recebeu 400 mil dólares.
A publicação observa que, de acordo com um alto funcionário da inteligência ukrainiana, da administração do presidente Petro Poroshenko, antes da reunião na Casa Branca Cohen foi levado para Ukraina.

BBC enfatiza que não há evidências de que Trump sabia sobre o pagamento. Outra fonte em Kyiv afirma que o total pago a Cohen foi de 600 mil dólares. Cohen, e dois ukrainianos não denominados negaram esta informação. A fonte da BBC em Kyiv também afirma que ajudou na organizar da reunião Felix Sater, um ex-bandido condenado e ex-parceiro de negócios de Tramp. O advogado de Felix Sater também nega todas as acusações.

No ano passado, a realização da reunião, até o último momento estava em questão. Também a sua duração. Em uma mensagem da Casa Branca, foi dito que Petro Poroshenko aparecerá no escritório Oval no momento em que Tramp realizaria a reunião.

Tradução: O. Kowaltschuk

segunda-feira, 21 de maio de 2018

​"Ou as minhas condições serão cumpridas, ou eu morrerei na colônia..."

Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 17.05.2018
Ivan Farion

O prisioneiro político ukrainiano Oleg Sentsov deu um ultimato às autoridades russas.















                 Carta de Oleg Sentsov à liberdade antes do início da greve de fome.

Aprisionado por fabricadas acusações, o cineasta ukrainiano Oleg Sentsov (O tribunal russo aprisionou-o para 20 anos atrás das grades), começou greve de fome. Só parará a greve se Kremlin libertar todos os presos políticos ukrainianos de suas prisões. Segundo várias fontes, são aproximadamente oito dezenas na Rússia e na Criméia ocupada.

sobre seu passo radical Sentsov, que atualmente está detido na colônia "Urso Branco" da cidade russa Labitnangi (cinco mil quilômetros de Kyiv), disse em uma carta à sua prima. A declaração sobre a fome Sentsov concluiu com as palavras "Juntos até o fim! glória à Ukraina". Disse, que persistirá com suas exigências até o final vitorioso. "Ou minhas condições serão cumpridas, ou eu morrerei na colônia" - transmitiu as palavras do refém ukrainiano seu advogado.

À fome, Oleg começou a se preparar há dois meses, quando ele se recusou às entregas da liberdade (dos parentes). A irmã diz que ele não tem uma dieta normal, sente falta de vitaminas, não vê o sol. Que ele emagreceu, que seu cabelo começou cair e começaram esfarelar-se os dentes. 

Em 19 de março, a ex-candidata à presidência da Rússia, Kcenia Sobchak, enviou uma carta a Vladimir Putin pedindo-lhe que perdoasse 16 presos. Nesta lista havia dois ukrainianos, residentes da Crimeia ocupada, que foram acusados sem fundamento de terrorismo - o diretor de cinema Oleg Sentsov e o estudante Alexander Kolchenko.

Em respostas às notícias alarmantes de Labitnangi, o presidente ukrainiano, Petro Poroshenko, pediu às forças internacionais que pressionem Putin para "trazer prisioneiros políticos ukrainianos de volta para suas famílias o mais rápido possível".

Com o pedido de ajudar na libertação de Sentsov, Lyudmila Denisova, comissária de Direitos Humanos, dirigiu-se ao "ombudsman"  russo (é aquele que controla a atividade da administração estatal e órgãos da justiça na manutenção dos direitos da pessoa).

Oleg Sentsov não é o único ukrainiano que agora faz greve de fome em casamatas russas. A tal protesto, ainda em 19 de março iniciou outro cidadão da Criméia, Vladimir Baluch, que foi condenado a três anos e sete meses pelo poder ocupante da península. Da comida da prisão, Baluch recusou-se devido a sentença injusta e condições desumanas, espancamentos de prisioneiros, roubo de pertences pessoais, recusa da administração penitenciária da realização de exames médicos.

Com sua greve de fome expressou desprezo pelo regime de ocupação. Os deputados da Ukraina pediram ao prisioneiro abandonar a decisão radical. Para não acrescentar  sofrimento a seus parentes, o ukrainiano "abrandou" sua greve de fome: começou tomar dois copos de creme de aveia, 50 - 70 gramas de pão preto, e chá com mel. (Pode-se notar que não é comida fornecida na prisão - OK).

Enquanto isso, o ex-prisioneiro político, vice-presidente do Mejelis Akhtem Chyyhoz aconselhou Oleg Sentsov e Volodymyr Balukh desistir da greve. E citou argumentos: "... Não deve haver desespero", disse Chyyhoz. - Isto é luta, e ela pode durar um certo período. Mas o fato, que nós retiraremos todos das prisões russas, e esse terrorista colocaremos num beco sem saída, libertaremos nossos territórios - é inequívoco. 20 anos na prisão Sentsov não vai ficar. Todos os demais também não... Para Sentsov e Baluch vençam na sua frente, todos nós devemos dar-lhes força. Nós devemos convencê-los, que para vencer, eles precisam sobreviver. E para chegar à liberdade - precisa ter saúde.

Tradução: O. Kowaltschuk

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Caranguejo com arco.
Tyzhden (Semana) 13.05.2018
Roman Malko


Durante o segundo ferimento seu corpo levou mais de 25 fragmentos, alguns ainda presentes. Os médicos de Dnipró os "pescavam" a noite toda... Primeiro da cabeça, depois da perna. Depois transplante de pele e longa reabilitação. Apesar de tudo, ele afirma, com muita seriedade, que depois do ferimento está em melhores condições (mais bonito que anteriormente e, parece, que não finge).
No ano passado, de Invictus Games, em Toronto, o soldado do 5º batalhão separado, do Exército Voluntário Ukrainiano, Valery Rak, apelido "Caranguejo", trouxe prata para Ukraina, do tiro com arco, participando de uma equipe de iniciantes. A equipe ukrainiana participou, pela primeira vez dos jogos, que foram fundados sob o patrocínio do príncipe britânico Harry.

Valery nasceu na terra Haydamaky, na antiga vila Velyka Sevast'yanivka, na região de Cherkassy. Cresceu próximo de um aeródromo militar e, como muitos garotos sonhava em ser militar, pára-quedista ou piloto. Os aviões pousavam a 500 m de sua casa. Quando olhava do sótão, via o número do avião e o rosto do piloto. Precisou desistir da pilotagem porque, na infância ficou doente (Não consegui traduzir o nome da doença-OK), e não conseguiria suportar a carga. Entrou na faculdade de aviação no Zaporozhye para aprender a construir os motores de aviões. Depois foi servir na milícia. Diz, estava pronto para lutar com o gangsterismo. "Vim à chefia da polícia e lhes disse: "Estou pronto para servir..." Mas,, depois de conhecer o sistema, decidi que não ficaria por muito tempo. A milícia ainda era soviética, mas os tempos mudaram. Havia laços com bandidos. "Poderia ter ficado, mas percebi que não estava pronto para tal convivência. Ficando lá, poderia ser um homem normal? É difícil, talvez impossível. Quem quis sair de lá, na maior parte conseguiu."

Então, novamente o exército, três anos sob contrato. Ele diz, que naquela época, julgando pelo equipamento, havia mais capacidade de luta. Muitos equipamentos, uniformes. Soviético não havia" Imagine, quantos anos roubavam? No distrito de Khrystynivsky há uma das poucas, grandes bases, com grandes estoques de munição. Meus amigos trabalhavam lá. Diziam, que de lá, retiravam para descarte ou venda. Constantemente. "Imaginem" E nós, agora, dos países do antigo campo soviético compramos munição soviética, a qual não temos, porque a destruímos. 

Quando a primeira vez a brigada veio para Changar, os soldados estavam nus e descalços, nas tendas esburacadas. Ou seja, do exército quase roubaram tudo e assim nós começamos guerrear. A nós, ingênuos e confiáveis, para isto prepararam."

Depois do término do contrato, trabalhei em Uman, numa fábrica de conservas, na fábrica de móveis, depois na Rússia salgava peixe.

"Então, nós ukrainianos, eramos bem perseguidos nas estações, mas a mim não importunavam, porque eu tenho um pouco de aparência oriental. Depois fui a Kyiv. Os conterrâneos ajudaram com serviço, aprendi a colocar condicionadores, fui taxista. 
Ele diz que ouviu, em algum lugar: para encontrar-se na vida, é preciso passar por 16 profissões, então não fico triste.

- Antes da Revolução da Dignidade, Valery não pertencia a nenhuma organização, mas era politicamente ativo, participou do Maidan. E, até o último momento não acreditou que Yanukovych assinaria acordo com a União européia.  Então, quando começou a revolução, já estava ideologicamente preparado. Compreendia que sozinho nada faria, então era preciso ir lá aonde as pessoas se reuniam. A maioria de seus amigos atuais é do Maidan e da frente. Diz que, durante esses quatro anos encontrou a maior parte de pessoas que, agora, são seus amigos.

No começo não se juntava a nenhum grupo. Depois inscreveu-se para o grupo quarto-cossaco. Sempre fui atraído pelo exército. Então comprei colete de armadura, capacete, uma lamina de sapador e uma máscara de gás. Quando tudo começou, tinha até munição. Já então eu compreendia que haverá algo com a Rússia.  Apesar de ter ilusão que ela não interferiria. Eu dizia: "Acreditem, a olimpíada terminará e eles virão ocupar-se conosco". Eu tinha certeza que o moscovita não nos deixaria.

No Maidan eu ia principalmente à noite. De dia entregava mercadoria. De dia, no Maidan havia muita gente, à noite podiam surgir problemas. "No no dia 18 de fevereiro vim ao Maidan na hora em que queimavam o BTR. Houve terríveis engarrafamentos, pararam o metrô. Eu mal cheguei,  vem o centurião e diz que na rua Instytutskaia faltam pessoas, precisavam mais voluntários. Os carros vinham sobre nós, nos afogavam. Nós jogávamos pedras com coquetéis. Eu nem sei como conseguimos vencer. Isto durou quatro horas...

Assim que começou a anexação da Criméia, eu compreendi, isto é guerra. Fui ao meu comitê militar, apresentei os documentos. Nós nos reunimos com uma centena de pessoas e decidimos as próximas ações. Uma parte queria guerrear, outra temia que poderia ser abandonada, e que o governo deveria ser controlado. Eu queria guerrear e comecei procurar aonde ir. Haveria treinos na Ukraina Ocidental. Quase entrei na Guarda Nacional mas, de repente, um amigo telefonou e disse que iríamos para "Aidar", dentro de duas semanas.

Ao "Aidar" Krab não chegou, foi parar na base do "Setor direito". Após um mês de treino foi enviado para Piske. Foi para casa e atrasou-se um dia, não foi ao aeroporto (Na zona do aeroporto houve grande disputa, os ukrainianos perderam - OK). Continuou em Piske, tornou-se artilheiro.  
Apareceu a primeira "Rapira". Atirar com ela ninguém sabia, então começaram estudá-la na Internet. Eu compreendi que precisávamos ser capazes de trabalhar com todos os instrumentos. Logo recebemos mais dois canhões. Apoiávamos os nossos no aeroporto. (O aeroporto era uma bela construção. Aí desenvolveram-se grandes batalhas. Infelizmente os ukrainianos perderam, o aeroporto foi destruído. Era uma bela construção.Agora só ficaram com o velho -OK).

O primeiro ferimento recebi em Piskê. Os médicos me levaram, fizeram o tratamento mas, depois de três dias a perna começou inchar. Os médicos voluntários levaram-me para Selidov, lá queriam retirar um fragmento. O pequeno buraco ficou enorme, mas nada encontraram. Bem, o seu PTCR (Transtorno de Estresse Pós Traumático) Krab encontrou antes do 2º ferimento. Tendo passado quatro meses em Avdiivka, foi para rotação, e começou..." A cabeça está atrapalhada. Depressão. Você quer assistir TV para descobrir o que acontece na frente, isto é como uma droga. Você não consegue olhar, mas olha - e entende, que lá não há nada, você preocupa-se, não dorme à noite, os pensamentos são bobos. O que fazer em seguida. Plano não há. Você não se interessa com nada. Em casa não consegue ficar, absolutamente irritante. A esposa me compreende, ela é psicóloga. Mesmo com humor suicida, eu entendi que tais pensamentos eram estúpidos, mas eles existiram. Meu amigo aconselhava: Nunca pense sobre isto. Se você morrer, então só pode acontecer na luta com o inimigo. Mas, agora eu entendo, porque as pessoas explodem-se. Quando tais pensamentos aproximam-se, elas não conseguem lidar com eles, e, se possuem armas... Embora tudo isso pode e deve ser superado.  Através do trabalho, alguma ocupação, comunicação com amigos...

Nesse estado passei o verão inteiro e, finalmente compreendi que sozinho não venceria. Fui até a base, as conversas com amigos ajudaram um pouco. Além disso os amigos-irmãos pediram para ensinar-lhes o uso do AGS (arma), e eu fiquei contente, porque precisava ir para a frente, para Avdiivka. A noite senti mais clareza: "Eu sei, o que fazer, para onde ir." Mas, pela manhã tudo escureceu. Feriram Valery perto de Avdiivka, durante execução de sua tarefa. Precisava ter ocupado nossas posições e atacar.

Interessei-me, de antemão enviei meus dados, mas eles não chegaram. A seleção já houve. Quando soube isto, telefonei diretamente aos organizadores, entrei na seleção adicional e passei. Preocupei-me muito porque não estava fisicamente pronto, porque vim do hospital para o centro de reabilitação. Quando saí, podia andar apoiando-me numa bengala, mas o treino diário e aprimoramento do tiro com arco fez a sua parte. "Eu desejava me experimentar. Não tendo as oportunidades de uma pessoa saudável, quis atravessar a fronteira (minha lesão)", e cruzei. Por um desempenho bem sucedido em Toronto, já na Ukraina, Krab recebeu a medalha: "Por Mérito" de terceiro grau. E, literalmente, a pouco tempo mais uma - "Pela defesa de Avdiivka."

Para mim a guerra não acabou, - diz ele, - porque ela não acabou em princípio. É necessário continuar a luta, talvez de maneira diferente, na mesma condição não esperar sentado." Afinal, planos há muitos: aprender a sabedoria da inteligência aérea, tornar-se instrutor. A propósito, os amigos fraternos já convidaram, mas devido às possibilidades físicas, por enquanto recusei. Tenho certeza: o instrutor deve ser, se não o melhor, pelo menos no nível daqueles que ensina. O importante é o exemplo: faça como eu ou melhor. Recentemente inscrevi-me no torneio de futebol, dos veteranos. "Copa dos não subjugados", e jogarei pelo time de Cherkasy. Também participarei, em minha aldeia, do grupo de arco e flecha. 

Permiti, às crianças, atirar do recebido no Canadá, arco e mais de duas dúzias de estudantes interessaram-se e querem treinar. Por enquanto, nesta aldeia não há possibilidade, mas acertamos que as crianças serão levadas além de 20 km, para Khrystynivka, onde há um bom treinador. Apenas surgiu um problema: na aldeia não há ônibus escolar, com licença e outras exigências. A aldeia não tem condições para comprar o próprio transporte.  Com outro tipo de transporte é proibido.

Depois de voltar do Canadá, Krab decidiu dar mais um passo importante. Ele se matriculou na NaUKMA  (National University of Kyiv - Mohyla Academy) para um programa de mestrado educacional gratuito para veteranos. "Gerência Pública e Administração". Agora, obedientemente vai às aulas e estuda. Diz que, realmente, dão um bom conhecimento. Bem, no tempo livre de muitos afazeres continua atirar do arco. Ele quer, juntar à prata, conseguida no Canadá, acrescentar mais uma conquista, talvez de outra categoria. Isto é real. Neste tipo de esporte não há barreiras de idade, apenas é necessário ocupar-se. Bem, é simplesmente necessário manter-se em forma.  "Guerreiro lento - guerreiro morto" . Quando algo começar, precisa estar pronto. Agora não há ações ativas na frente, mas é uma questão de tempo. Elas, cedo ou tarde devem voltar (É raro o dia em que não matam de 1 a 3 ukrainianos, ou russos, segundo os jornais - OK)..

"Guerreiro lento - guerreiro morto. Quando algo começar, precisa estar pronto. Hoje, na frente, não há ações ativas, mas é questão de tempo. Eles, cedo ou tarde, devem acontecer, porque precisamos libertar nossa terra, e diplomaticamente eu não acredito. Concordar com o inimigo é uma derrota. Paz com Rússia levará à destruição da Ukraina, nova russificação, fomes e acampamentos.".

Tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 12 de maio de 2018

Rússia negou compensação às empresas ukrainianas da Criméia. 

Rússia recusou-se a cumprir a decisão do Tribunal de Arbitragem de Haia para compensar os bilhões de perdas das empresas ukrainianas relacionadas à anexação da Criméia, porquanto não se reconhece como uma parte do julgamento.


Como relatou "Ukraina Jovem", o Tribunal de Arbitragem de Haia reconheceu, que Rússia deve pagar bilhões de dólares às empresas ukrainianas devido a perdas após a anexação da Criméia. O Tribunal constatou que Rússia é responsável pela violação dos direitos dos investidores ukrainianos, a partir de 21 de março de 2014, quando Vladimir Putin assinou um decreto sobre a anexação da Criméia. O montante dos danos é de US $ 159 milhões.

O tribunal Arbitral confirmou a sua jurisdição nas questões de propriedade na Criméia no verão de 2.017.

Rússia não reconheceu a decisão, após o que começou ignorar a consideração do casos.

No tribunal lembram que, após a audiência sobre o mérito, de 5 a 6 de outubro de 2017, a composição da arbitragem solicitou às partes que fornecessem explicações adicionais. Em 11 de dezembro de 2017 os peticionários apresentassem suas explicações em conjunto. A Federação Russa não apresentou quaisquer explicações.

O Tribunal de Arbitragem tem três plenipotenciários, Kremlin recusou-se nomear os seus, então foi indicado em Haia.

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Rússia dispõe suas forças de modo a poder invadir Ukraina rapidamente.
Ukrainska Pravda (Verdade ucraniana),08.03.2018

Durante 2014 Rússia reorganizou e distribuiu suas forças militares, de modo a apoiar uma rápida invasão mecanizada do norte e leste da Ukraina.

Isto é afirmado em um estudo do centro analítico americano Institute for the Study os War "Postura militar russa: ordem de combate das forças terrestres", escreveu Voice of América.

De acordo com analistas, a 50 milhas da fronteira da Ukraina, Kremlin colocou forças terrestres ao longo de linhas separadas com ofensivas traseiras protegidas.
Também ao longo da fronteira russo-ukrainiana foram colocadas várias unidades mecanizadas.

"Na fronteira com Ukraina foram colocadas três unidades mecanizadas, enquanto na região do Báltico apenas uma unidade de desembarque, o que não é ideal para uma invasão mecanizada em larga escala," observa o estudo.

O centro observa que nos países bálticos, os russos estão prontos para uma intervenção militar híbrida, semelhante a o que fizeram na Ukraina após Maidan, apesar de que as forças terrestres russas não foram reorganizadas para conduzir operações militares sem aviso na região.

"Os líderes dos Estados Unidos e aliados europeus não estão prontos para o que Putin projetou na guerra com Ukraina e os Estados Bálticos" - disse o centro analítico, por isso os especialistas chamam para "avaliar os mais prováveis cenários de ações russas e verificar os instrumentos militares e não-militares, indispensáveis para proteção dos aliados da OTAN e Ukraina da possível agressão russa."

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Volodymyr Ruban é suspeito de atentado a Poroshenko.
Ukraina Moloda, 09.03.2018

O negociador para  libertação de prisioneiros Volodymyr Ruban despertou suspeitas sobre o manuseio ilícito de armas e preparação de uma tentativa terrorista de golpe contra o presidente Petro Poroshenko. 

A suspeita é declarada de acordo com a Parte 1 do Artigo 263 do Código Penal (Uso ilegal de armas), Parte 1 do artigo 14 (Preparação para um crime), Parte 3 do Artigo 258 (Ato terrorista) do Código Penal.

A acusação representará Procuradoria Militar. De acordo com o documento, a Ruban "não depois de 14 de novembro de 2017" surgiu a intenção de cometer um atentado terrorista em Kyiv, a fim de intimidar a população e provocar um conflito militar no território de toda Ukraina.

Castelo Alto: Ruban foi preso por dois meses sem direito de caução. Ele foi aprisionado em 8 de março no ponto de controle "Majorsk". Em seu carro foi encontrado um arsenal de armas. Ele nega a preparação de um ataque terrorista, inclusive a tentativa de assassinato do presidente da Ukraina, Petro Poroshenko, Avakov, Yatseniuk e Turchenov.

Tyzhden. ua (Semana ua) Desde o início da guerra ele atuava como intermediário em negociações de libertação de prisioneiros entre "DNR", "LNR" e governo ukrainiano. No entanto, em janeiro de 2016, o Serviço de Segurança da Ukraina declarou que Ruban não tinha poderes para negociar a libertação de prisioneiros ukrainianos. Além disso ele não tinha o grau de General do SBU.

No entanto, no final de fevereiro de 2017, ele e Nadia Savchenko (continua detida) viajaram para Donetsk ocupado
(Quando, anteriormente esteve presa, parecia completamente devotada à Ukraina. Quando Poroshenko foi buscá-la, eu já achei que ela estava meio distante, claro, Putin não iria libertá-la - Na Ukraina não faltam traidores - OK) e depois para uma colônia penal, aonde há prisioneiros ukrainianos, violando assim a ordem de linha de cruzamento da linha de demarcação no Donbas.

Volodymyr Ruban foi preso em 8 de março, na estrada entre Gorlivka ocupada e a cidade de Bakhmut, controlada pela Ukraina. Ele tentava trazer um arsenal de armas para Ukraina, ao território controlada pela Ukraina.

Hrytsak, presidente do SBU, disse que Ruban preparava atos terroristas com Zakharchenko (Zakharchenko, caso não se lembrem, é um ricaço ukrainiano, e compadre de Putin - OK)

Segundo Hrytsak, Ruban é suspeito no transporte de armas através da linha de delimitação e organização de atos terroristas. Ruban agia de acordo com o líder da "DNR" ("DNR" é um grupo terrorista - OK). Alexander Zakharchenko e outros "lideres" da assim chamada república.

"Graças às medidas tomadas pelo SBU foi possível adiantar-se a atos terroristas em grande escala, que poderiam levar a grandes baixas", disse Hrytsak.

O presidente do SBU acrescentou que na véspera os policiais prenderam Vladimir Ruban. Ele é suspeito em organização do transporte de um grande lote de armas de fogo, munição e, e outros meios de destruição - parte dos quais são produção da Federação Russa e, agora, estão sob o controle do SBU.

"Nas caixas, aonde foram colocadas as granadas, foi encontrada uma lista de embalagem da parte militar 08819. Segundo nossos dados, esta é a parte militar do "Primeiro Corpo do Exército da DNR", disse Hrytsak. (DNR é um grupo terrorista - OK).




Tradução: O. Kowaltschuk