domingo, 29 de abril de 2018

O guarda de fronteira de Chernivtsi voltou da zona ATO e contou o que as pessoas querem no Donbas.
Visão (Погляд), 29.04.2018
Sergei Perevoznyuk

Em 04 de outubro, de Donetsk, voltou para casa um grupo regular de guardas de fronteira. Retornaram não sem perdas. Três receberam ferimentos e agora estão em tratamento num hospital em Kyiv. Eles viajavam junto a coluna de forças armadas, que foi atacada. Eles conseguiram sair do carro avariado, e assim se salvaram. Isto aconteceu perto de Volnovaha no final de setembro.

                                                              Sergei Perevoznyuk                                                             
Sobre o que passaram falam com contenção, tentam não dizer supérfluo. E não porque eles não tem o que dizer. Dizem, em primeiro lugar, que realmente não querem lembrar o que houve, e em segundo lugar, para transmitir tudo o que viram, não tem palavras.

Habituar-se a constantes bombardeios não demorou. Lembram Donetsk , com uma salva de granizo, que durou quatro horas - assim a milícia parabenizava os nossos com o Dia da Bandeira.

- Apenas conseguimos cavar as trincheiras, quando o bombardeio começou. As forças armadas nos alertaram, para estarmos preparados a isto, que na noite de 23 de agosto, os que estão do outro lado das barricadas, nos receberão com comemoração. Transmitir seus sentimentos, quando você está blindado e do outro lado continuamente disparam, e na sua cabeça, ininterruptamente, derrama-se terra, com as palavras é impossível, - diz o chefe do grupo de segurança da informação de Chernovtsi, do destacamento de fronteira  major Sergey Povorozniuk. Sem dúvida, era assustador. Afinal, como queima o céu, nunca antes, em minha vida, eu vi assim.

O homem diz, que da experiência vivida ele ainda não recuperou-se. Lembra, quando foram retirados da Zona ATO, pararam para passar a noite na Academia Khmelnitsky. Próximo há uma ferrovia. E quando enganchavam os vagões, todos acordaram, porque o som parecia com os tiros.

Da grande base das Forças Armadas ficou um campo com restos de incêndio. 

Para proteção da área da fronteira oriental, em 14 de julho foi formada uma fronteira de combate operacional do destacamento fronteiriço de Chernivtsi. Primeiro, eles foram treinados em Chernivtsi, depois em Grandes Pontes e na região de Lviv e Cherkasy. No geral, durante dois meses lembravam as habilidades de tiro com armas que há nos depósitos dos guardas de fronteira. Em meados de agosto passaram à subordinação de Berdyansk, à subordinação do grupo tático "Kordon" (Fronteira).

As tarefas que eles deveriam organizar lá, não eram de todo diferentes daquelas que realizavam em casa. Além de proteger a fronteira estadual, protegiam vários objetos. Também revezando-se nos pontos de verificação.

Alternavam-se no posto de controle em Telmanov, justamente quando ele estava sendo atacado.

Volnovakha, Mirne, Granitnoe, Velha Crimeia - exatamente nesses pontos habitados, cujos nomes agora ja conheciam todos os ukrainianos, desempenham seu serviço militar os guardas de fronteira de Chernivtsi. Sergei diz, as cidades, enquanto eles lá estiveram, as milícias sobre elas não disparavam, eles apontavam apenas à posição de nossas forças de segurança fora de suas fronteiras.

Enquanto o local de nossa implantação foi Grantine, ele não era baleado. Mas, assim que nós saímos de lá, eles o cobriram com "grady". Isto porque bem próximo havia uma grande base de nossas forças armadas. Ela foi completamente destruída. Agora esse lugar lembra um grande incêndio e cemitério de equipamentos militares, - diz o homem.

Faltava água, os suprimentos  eram compartilhados com os locais.

Embora viver foi necessário, literalmente, sob o céu, porque acomodar-se à noite sob quaisquer cobertura - era o mesmo que assinar seu veredicto, tínhamos o indispensável. Claro, não podia haver conversa sobre condições de vida mais confortáveis. Não houve problema com a provisão, porque nós trouxemos produtos e cozinha de campo. Também pudemos ajudar, na alimentação, os locais, quando eles precisavam. Mas a água não era suficiente, precisávamos economizar. Esperávamos conseguir o suficiente.

Como já mencionado, além das tarefas, ficávamos de plantão nos postos de controle. Sergei Povoroznyuk diz que
não houve casos especiais, lá passavam apenas os locais e disciplinados, apresentavam os documentos e carros para verificação.

Durante o referendo, nas seções, primeiro ofereciam bebida. Em geral, diz ele, a população local era bastante amigável e não demonstrava nenhuma agressão. Pelo contrário, muitos até agradeciam pela proteção. Pediam para avisá-los em caso de possível bombardeio, para que pudessem esconder-se em lugar seguro.

Nós estávamos localizados além do local habitado, mas o visitávamos. Comparando com nossas cidades, claro, lá tudo é mais triste.

Quanto ao humor entre a população, as pessoas são pela paz. Pela paz em que país - Ukraina, DNR ou Rússia - são indiferentes. Apesar de que há muitos que desejam outro país, querem o nosso.

O quadro da fronteira... "Nós conversávamos com os locais. Eles nos contavam sobre como realizaram o referendo , no qual, supostamente, as pessoas votaram pela separação da Ukraina e criação da DNR e LNR. Eles lembram que a agitação era poderosa. Claro, ninguém era obrigado. E não houve muitos participantes. A votação era interessante. Na mesa havia vodka e lanches. Às pessoas propunham servir-se. Quem e como votou, não se sabe. Os locais vinham conversar e carregar o telefone. As milícias esforçavam-se para não atirar nas regiões povoadas, apesar de que algumas cidades sofreram destruições, a vida nelas continua. Claro, a população pacífica procura adaptar-se às novas condições.

O assentamento mais antigo, em que nossos guardas de fronteira foram realocados, era "Antiga Crimeia". Lá, diz Sergey, havia muitos imigrantes de Donetsk. As pessoas fugiram da guerra.

- Eles vinham até nós para conversar. Frequentemente vinham as crianças, porque queriam nos ver. Além disso, nos assentamentos vizinhos não havia eletricidade, mas nós tínhamos um gerador. então todos vinham também para carregar os telefones. Diziam, que sobre a vida, lá, já não pode haver conversa. Eles fugiram de lá, levando consigo apenas o mais valoroso. As pessoas, afinal, aceitaram o fato de que não haverá retorno para elas, porque mesmo se sua moradia ficar intacta, os saqueadores retirarão de lá, tudo o que puderem carregar. além disso, todas as pessoas de lá se opões, categoricamente, à criação de uma zona intermediária. eles temem, que terão que vier numa segunda Transnistria.


Foto de fronteira de combate operativo da 3ª divisão do destacamento fronteiriço de Chernivtsi. Foto de s. Porovozniuk.

Tradução: O. Kowaltschuk

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