terça-feira, 3 de abril de 2018

"No Brasil, na roça de um camponês pode vir um... leopardo".
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 23.03.2018.
Galina Yarema

Cantor Nazar Savko - sobre a vida de ukrainianos étnicos no país do sol, samba e macacos selvagens.


Eterno verão, favelas sujas e assustadora medicina gratuita - descrevem assim a vida no Brasil os ukrainianos, que lá estiveram.
Outra opinião, sobre este país, tem o cantor ukrainiano, finalista da "Voz do País", Nazar Savko. Ele visitou o Brasil a convite da diáspora ukrainiana, que vive na cidade de Prudentópolis (estado do Paraná). Como vivem no país do sol, samba e vida selvagem os ukrainianos étnicos, o cantor contou ao jornalista do "Castelo Alto".

                                 O índio demonstra a Nazar Savko que ele também sabe tocar pífaro.

No Brasil, os ukrainianos pertencem aos grupos étnicos mais antigos entre os imigrantes. Há mais de cem anos, partiram para além do oceano "pela sorte e fortuna" e criaram no Brasil seu mundo especial.

No final do século XIX, cerca de 20 mil ukrainianos vieram, todos-provenientes de Halechena. Agentes das companhias italianas de navios prometeram-lhes terras baratas e férteis, mas, chegando a um país desconhecido, os camponeses ukrainianos descobriram florestas impenetráveis em vez de chornozem (terras pretas e férteis).

O centro de assentamentos dos ukrainianos tornou-se a fundada por eles cidade Prudentópolis. Em quatro ondas de imigração ao Brasil vieram cerca de 200.000 ukrainianos. Agora, seu número no Brasil chega a 500 mil pessoas, quase 99% das quais nasceram no Brasil e vivem no Paraná. A maioria vive em áreas rurais. Seus netos e bisnetos falam em ukrainiano e se dizem "nossos"! Graças aos ukrainianos, no lugar da intransponível selva agora cresce pão.

- A população negra vive, principalmente, no norte do país, - disse Nazar Savko.  Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba mais ao Sul. Lá é bastante quente e voam muitos insetos, que com sua mordida podem prejudicar seriamente a saúde da pessoa. Os ukrainianos vivem no território de clima temperado, isto é, no sul, porque no hemisfério sul, quanto mais ao sul, é mais frio. Nós fizemos uma excursão à selva, e lá não havia insetos. Por que nossa excursão começou na selva? Porque todas as cidades lá se esconderam. Ao redor de todas as cidades ou aldeias - florestas. E no rio São João as cachoeiras são tão lindas, iguais podem ser vistas somente nos filmes!

Nos levaram a um lugar onde a vegetação era tão densa que os homens cortavam a mata com facão, para abrir passagem. Sentimos um pouco de medo, porque, afinal, estávamos numa mata muito densa! Podia haver algum animal. Aliás, lá há muitos leopardos. Em dado momento, eu senti um cheiro desagradável. Pior que no circo! Isto significava que, paralelamente a nós vinha um leopardo. Estes animais sábios não atacam, se a pessoa for mais alta. Deus nos livre agachar-se. Então o leopardo percebe que você é menor, e ataca...

Os ukrainianos no Brasil, ocupam-se, principalmente, com a agricultura. Nos campos de cultivo os leopardos também podem vir. Contaram-me um caso, quando o camponês sentou para descansar e sentiu o cheiro peculiar atrás de suas costas. A ele aproximava-se um leopardo, porque o homem sentado era mais baixo que a besta. O camponês brandiu a enxada, e o leopardo fugiu.

Nazar Savko também falou sobre o Museu do Milênio, ukrainiano. No museu, estilos populares - vyshevanka (roupas bordadas, geralmente em ponto cruz, usadas pelos ukrainianos: camisas, blusas...) casacos de peles, ferramentas de trabalho dos ukrainianos daqueles tempos distantes. E na própria praça - um monumento a Taras Shevchenko.

Os ukrainianos no Brasil mantém as tradições e costumes de seus ancestrais. Em cada quintal rural, ao lado de sua nova vila está a velha casa de madeira, dos bisavós. Antigamente aos ukrainianos, no Brasil, era difícil: Eles eram atacados, então precisavam ter defesa. Para isto criavam destacamentos de "Fuzileiros da Sich". Nazar diz, que se orgulha, porque na cidade Foz do Iguaçu, na divisa do Brasil com Argentina e Paraguai, a maior usina hidrelétrica do mundo é dirigida por um ukrainiano.

Apesar de que, antigamente, as famílias ukrainianas costumavam ter muitos filhos, as famílias de Prudentópolis têm, na maioria, dois filhos. A verdade é que o ex-prefeito da cidade tem nove. Eles já são adultos e trabalham. Todos moram separados como, afinal, filhos adultos em todas as outras famílias. Em geral, lá ninguém tem pressa para casar-se, especialmente as moças.

Nas escolas não há a disciplina: "língua ukrainiana", mas ela é ensinada junto às igrejas, e nos meios católicos. Também realizam concursos de beleza, nos quais, as meninas das séries superiores devem contar quem são, aonde seus pais trabalham e porque você gosta da Ukraina. As vencedoras recebem dinheiro: 900,00, 400,00 e 200,00 reais.

Junto às igrejas, há jardins de infância, onde trabalham as catequistas. Elas, também ensinam aos maiores estudantes o idioma ukrainiano, na escola dominical.

- Os estudantes ukrainianos no Brasil querem saber o máximo possível sobre a terra natal de seus ancestrais, - diz Nazar. Para eles organizaram um encontro comigo, no qual vieram mais de duas mil crianças. Com um ukrainiano sofrível perguntavam sobre seus pares na Ukraina, seus hobby, sobre a guerra, teatros... Ninguém queria afastar-se. Nossa conversa durou várias horas.

Ainda nos anos 50 do século passado, o Brasil era um país com população pouco alfabetizada. A situação começou a mudar quando começaram as reformas educacionais.

O ensino médio é apresentado em duas etapas: ensino fundamental obrigatório - do primeiro ao oitavo ano, e ensino médio, de três anos. Depois do término escolar, existem várias opções - ou procurar um emprego (com um salário instável, que é suficiente, talvez, no mais necessário para uma pessoa), ou continuar os estudos, gratuitamente, nas escolas técnicas. Quem quer estudar, tem a chance de entrar na Universidade. Elas são gratuitas ou pagas. Os professores tem salários baixos. Os médios são 3.000 reais (1.000 dólares US).

 "A propósito, o dinheiro brasileiro tem um belo design", diz Nazar - de um lado a denominação, do outro - animal ou ave.

O Brasil é o maior exportador de carne. Ela, lá, realmente é bem cuidada e muito consumida. Os brasileiros adoram o churrasco - carne assada, mas ainda com sungue dentro.  O prato nacional é feijoada - costelas de porco, orelhas, temperado com molho especial, com feijão preto. A isto acrescentar uma guarnição. Geralmente arroz. Ainda pode ser repolho. E, como verdadeiros ukrainianos, preparam os "vareneke" (pastéis cozidos). Verdade, eles não são como os nossos. 

Lá não há animais sagrados, animais selvagens não andam pelas ruas e macacos não pulam das árvores. Mas atitude especial com o porco - de manhã o expulsam para a rua, e, à noite ele vem sozinho para casa. Portanto, a expressão "porco idiota" - não é sobre os porcos brasileiros. Já as vacas tem o lugar de sua pastagem. Elas são cinzentas e sem chifres. Os pássaros voam pelas cidades, como os nossos corvos, eles tem tucanos com compridíssimos bicos amarelos. e beija-flores que, se você  olhar bem, poderá ver nas flores.

Ao lado da incrível beleza do Brasil, generosidade e hospitalidade da população local, rica história, este país é famoso pela elevada taxa de criminalidade. Roubam não somente à noite, mas também de dia. Portanto, a maioria das casas possui altas cercas, no alto com arame farpado em várias linhas.

Tradução: O. Kowaltschuk 

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