terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Passaram-se cem anos, mas Ukraina luta novamente com o agressor. E, novamente, nos falta unidade.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 23.01.2018
Natália Baliuk

Ukraina, como um estado independente, foi proclamada em 22 de janeiro de 1918. Foi neste dia que o World IV veio à luz, que afirmou que "a República Popular da Ukraina está se tornando um estado independente, livre e soberano da nação ukrainiana".

Na verdade, Ukraina deve celebrar o Dia da Independência em 22 de janeiro, pois foi neste dia que a independência foi proclamada. Em 24 de agosto de 1991, foi restaurada. Portanto, a independência ukrainiana não tem 26 anos e meio, mas 100 anos de idade. Eu acho que todos devemos pensar sobre isso e rever a data no calendário. Isto é importante do ponto de vista da verdade histórica, e também, que os ukrainianos devem saber com profundidade e, o mais importante - que entendam a história de seu estado, a sequência de eventos históricos. Porque muitos pensam que a independência da Ukraina veio com o colapso da União Soviética, e antes desse período não havia Ukraina, pelo menos como um estado de pleno direito.

Na verdade, há cem anos, Ukraina conseguiu solidificar as fronteiras estaduais, implantar o idioma estatal ukrainiano, dinheiro, simbolismo (brasão, hino e bandeira) e tentativa de criação do próprio exército (ukrainizar o exército do tzar) e conseguiu reconhecimento da comunidade mundial. Mas, tudo isso não durou muito. Apesar do fato de que, nos próximos três anos, o Estado ukrainiano lutou desesperadamente por sua existência, os russos ocuparam o território ukrainiano e com baionetas instalaram o poder soviético. A independência foi perdida para os longos 70 anos.

O que houve com o país durante esses anos, conhecemos bem: coletivização, repressões, deportações para Sibéria, Holodomor, guerra do UPA (Exército Insurreto Ukrainiano), e introdução nos territórios despovoados de migrantes de outras regiões da União Soviética (Daí a mudança na composição étnica no leste da Ukraina).

Comemorando 100 (cem) anos da República Popular da Ukraina, não devemos apenas restringir-nos com a colocação de bandeiras nacionais, por um dia, nos prédios, mas olhar para o passado, analisá-lo novamente e analisar as conclusões. História, como vemos, tem a capacidade de se repetir. E é isto que acontece hoje.

Após a restauração da independência em 1991 parecia, que Rússia nunca mais atacaria Ukraina, que tudo isto era passado. A maioria dos ukrainianos acreditava sinceramente no mito imposto sobre nação fraterna, que apenas ajuda. No processo de sovietização, o povo russificado esqueceu, quem e como levou à perda da independência há 100 anos. Àqueles, que falavam, que da nova Rússia, pode vir ameaça à nossa independência, eram considerados, ou nacionalistas extremos, obcecados russófobos, ou provocadores, ou quase insanos. Os eventos de quatro anos atrás mostraram que eles eram os mais sóbrios, os maiores realistas. Porque eles não esqueceram a história, eles compreendiam com quem estamos lidando.

Passaram cem anos, mas Ukraina luta novamente com o agressor, que novamente ocupou e anexou partes do território, e novamente, como então, o inimigo tenta separar os ukrainianos, enfraquecer nosso estado por dentro. Apenas agora, para isto, usa métodos mais sofisticados, em particular, e com a ajuda da chamada guerra de informações.

No fim de semana eu liguei a TV, à qual não assistia há bastante tempo. Assisti a alguns programas, chamados talk shows políticos. Dizer que fiquei chocada, é não dizer nada. O fluxo infinito da tela compunha-se de crítica sólida do poder. Sem dúvida, as autoridades dão muitos motivos para crítica, criticá-la é necessário, para mantê-la no  tom constante. Mas o que eu ouvi - é crítica segundo princípio de "tudo porcaria, exceto a urina". Mesmo aquelas pequenas realizações que temos, são citadas através do prisma da negatividade e, portanto, niveladas. A oposição ridiculariza o sem visto, e todas as reformas. Tudo o que temos no nosso país é ruim. Assim, como se todos nós, nos anos anteriores vivêssemos muito bem - não tivéssemos problemas, e de repente tudo tornou-se ruim. Ouvindo esses críticos - torna-se abjeto viver em tal país...

Os políticos atuais, tanto os que estão no poder quanto os da oposição, são muito frívolos. Fascinados com a luta pelo poder, não se sentem ameaçados. Parece, que todos eles pouco conhecem a história do seu país. Porque se soubessem, então compreenderiam, que a divergência interna, desarranjos, lutas recíprocas podem, mais uma vez levar a consequências trágicas. Não é necessário pensar, que as Sibérias e Holodomores (morte pela fome) nunca se repetirão. Afinal, ir longe na história já não precisa. A história já repetiu-se na Criméia e no Donbas, aonde os "libertadores", mais uma vez, voltaram com baionetas, 

Tradução: O. Kowaltschuk

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