sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O que devemos fazer com o patriarcado "canônico" de Moscou?
Radio Svoboda ( Rádio Svoboda), 06.01.2018
Peter Kralyuk

Crimeia ocupada. Metropolita da Igreja Ortodoxa da Ukraina (Patriarcado de Moscou) Platão abençoa sistema de mísseis antiaéreo russo de grande e médio alcance S-400 "Triumph", implantado em Feodócia, 14 de janeiro de 2017.

O caso que ocorreu no Zaporizhzhya, quando os sacerdotes da UOC (Patriarcado de Moscou), de fato filial da Igreja Ortodoxa Russa, se recusaram rezar pela criança tragicamente morta, causou uma ressonância considerável na sociedade.

Brinquedos infantis próximo da construção da igreja da UOC (Patriarcado de Moscou) em protesto contra a recusa dos sacerdotes desta igreja em rezar pelo menino falecido, de dois anos. Zaporozhzhya, 05 de janeiro de 2018 

Embora os atos semelhantes dos clérigos, desta aparentemente estrutura da igreja, a muito já são normais. Referindo-se aos cânones, eles recusam-se à confissão, aos "separatistas", na implementação do sacramento, na implementação do sacramento do casamento. São conhecidos os fatos em que esses clérigos demonstraram atitude negativa em relação aos soldados ukrainianos que morreram no leste da Ukraina.














No dia de memória e reconciliação, em 8 de maio de 2015, no Parlamento ocorreu uma reunião solene da Verkhovna Rada (Parlamento). O presidente da Ukraina anunciou o nome de 21 cidadãos que receberam o título de Herói da Ukraina, 10 deles - póstumo. Durante o anúncio dos nomes, na sala, todos os presentes levantaram, incluindo sacerdotes de várias outras igrejas, exceto os representantes da UOC (Patriarcado de Moscou) - inclusive o próprio chefe, Metropolita Onuphrius.

Cânones e "canônicos".

Em geral, discutir a questão dos cânones com representantes do Patriarcado de Moscou - a questão é sem esperança. Se canonicamente, por exemplo, tornou-se Metropolita de Kyiv em 1448 Ion, que não morava em Kyiv, mas em Moscou? Além disso, ele nunca recebeu a bênção em Constantinopla.
Foi durante o seu tempo que a Igreja Ortodoxa em Moscovia tornou-se autocefálica - sem consentimento do patriarcado universal. Quão canônica foi a criação do Patriarcado de Moscou em 1589? Ou a subordinação a ele do metropolita de Kyiv em 1686? Ou, o quanto correspondia aos cânones a liquidação do patriarcado no império russo no período de Pedro I e a criação aqui, de uma igreja sinodal? E se era canônica a "restauração na URSS em 1943 do Patriarcado de Moscou, realizada com a sanção de Joseph Stalin? Ou vejamos os exemplos recentes. Se respondia aos cânones a realização do concílio ecumênico de Kharkiv da Igreja Ortodoxa Ukrainiana em 1992, e a eleição, nesta ocasião, de metropolita de Kyiv Volodymyr Sabodan, que não pertencia aos hierarcas da Igreja ortodoxa ukrainiana e, no concílio não esteve presente?
E, o que dizer sobre os pequenos exemplos"?

- A história da Igreja ortodoxa Russa - é um desrespeito e violação dos cânones ortodoxos. Não é em menor medida que isto refere-se à sua lilial - Igreja Ukrainiana Ortodoxa do Patriarcado de Moscou, que está sob a jurisdição do Patriarcado de Moscou. No entanto, os clérigos dessas estruturas da Igreja constantemente falam de sua canonicalidade.  Eles dizem que apenas eles são "certos" e "reconhecidos" pela igreja, que somente a sua fé é verdadeira. Infelizmente, muitas pessoas compram essa propaganda barata. De fato, a canonicalidade do Patriarca de Moscou é situacional. Quando necessário, um certo cânone é lembrado. quando surge outra situação, este é esquecido. E, frequentemente, a interpretação arbitrária dos cânones, é seu pensamento. Especialmente com isso pecam agora os atuais cléricos da Igreja ortodoxa Ukrainiana do Patriarcado de Moscou, que não se destacam em educação, em particular teológica. Basta ouvir a linguagem de seu atual representante, o Metropolita Onuphri (Berezovski), para tirar conclusões.

Chefe da Igreja Ortodoxa Ukrainiana (Patriarcado de Moscou), Metropolita Onuphrius, em sua residência em Kyiv-Pechersk Lavra. E na parede - retrato do Patriarca de Moscou Kirill, chefe da Igreja ortodoxa Russa. Kyiv, janeiro de 2017.

Ou o que vale o bispo de Zaporizhzhya e Melitopolskaya, Luca, em cuja diocese houve o acontecimento infeliz com a proibição do funeral da uma criança?
Este destacou-se contra a celebração do Natal ortodoxo segundo o novo calendário, foi celebrá-lo na Hungria. As pessoas, que são um pouco versadas nos cânones da igreja, consideram simplesmente incrível ler a justificativa cínica das ações do padre, que negou-se à rezas por uma criança que são fornecidas pelas estruturas oficiais de Igreja Ukrainiana Ortodoxa do Patriarcado de Moscou, inclusive pela diocese do Zaporizhzhya. Por sinal, a última pertence aos maiores propagandistas do "mundo russo" na Ukraina. E, provavelmente, não é em vão que aqui ocorre este caso ressonante.

Em princípio, é compreendido, quando das sanções do Patriarcado de Moscou para altas posições hierárquicas colocam-se clérigos com baixa escolaridade, na Ukraina. Estes são mais fáceis de gerir. E eles, sem muito pensar, farão tudo o que lhes dizem em Moscou.

Terá o governo suficiente vontade política para resolver a questão ortodoxa?

Com certeza não precisa provar que a Igreja Ortodoxa Ukrainiana do Patriarcado de Moscou - não é apenas uma igreja, mas também uma instituição política. Conjuntamente, a instituição que, executando a vontade de Moscou, conduz uma política destrutiva. Isto é claramente evidente na atitude da Igreja Ortodoxa Ukrainiana (Do Patriarcado de Moscou) nos eventos no leste da Ukraina.















Da esquerda para direita: Ioannik (Kobziev), Metropolita da Igreja Ortodoxa de Luhansk e Alchevsk (Patriarcado de Moscou) e Igor Plotnytsky, então líder do grupo "LNR" (República Popular de Lugansk), reconhecido como terrorista na Ukraina. Lugansk ocupado, 4 de novembro de 2.014 (Os jornais, diariamente, comentavam as diversas atrocidades contra a população indefesa - OK).

Para liderança da Igreja Ortodoxa Ukrainiana do Patriarcado de Moscou - isto não é agressão da Rússia mas guerra civil (puramente posição russa). Adicione a isso a propaganda do "mundo russo". Mas, isso ainda não é tudo. Por muitos anos, o clero da Igreja Ortodoxa Ukrainiana do Patriarcado de Moscou semeia a divisão na sociedade ukrainiana, cultivando o ódio aos seguidores de outras igrejas, principalmente aos apoiantes da Igreja Ortodoxa Ukrainiana do Patriarcado de Kyiv. Neste contexto, até mesmo ocorrem conflitos familiares. Alguns partidários radicais à "canônica" Igreja Ortodoxa Ukrainiana do Patriarcado de Moscou exortam os crentes a abandonarem às "inoculações", os códigos de identificação, etc. Interessante, aonde tais coisas são prescritas nos cânones.

A Igreja Ortodoxa Ukrainiana do Patriarcado de Moscou, para sociedade ukrainiana tornou-se um problema. Mas esse problema, em parte, realizou-se com as mãos das autoridades ukrainianas devido a silenciosa condescendência da comunidade ukrainiana. Por que será, sem colaboração das autoridades governamentais, em tempos recordistas, crescia a quantidade  de comunidades mosteiros, outras instituições da Igreja Ortodoxa Ukrainiana do Patriarcado de Moscou, durante o tempo da Independência da Ukraina? Não foi o governo, que sem problema registrava essas estruturas, fechando os olhos aos momentos errados em suas atividades, dava-lhes lotes de terra, até dinheiro? Especialmente isto refere-se ao período da Presidência de Leonid Kuchma e Viktor Yanukovych. Afinal, será que poucos paroquianos continuam nas Igrejas Ortodoxas Ukrainianas do Patriarcado de Moscou, e entre eles conhecidos empresários, que generosamente derramam dinheiro aos "canônicos" padres?

Provavelmente, às autoridades atuais é hora pensar sobre a decisão do problema ortodoxa na Ukraina. Infelizmente, neste plano não há nenhum sinal de conquistas, nem, afinal, de algum plano. Claro, idealmente, seria a criação de uma única igreja ukrainiana, independente, ortodoxa. Mas esta é uma tarefa excessiva. Embora seja possível começar colocar no lugar o clero da Igreja Ortodoxa Ukrainiana do Patriarcado de Moscou, usando mecanismos legais. Afinal, isto é real. Se houvesse apenas vontade política para isto.

Peter Kralyuk - vice-reitor da Ostroh Academia.

Tradução: O. Kowaltschuk

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