Os pseudo-históricos mitos atuais da propaganda de Putin são escritos sob o ditado de Stalin.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 12.20.2017
Alexander Vitolin
Chegando ao poder em 1918 na Rússia, os bolcheviques imediatamente perceberam que a ciência histórica poderia servir como a retenção de poder. Agora, a história será escrita e reescrita apenas por eles.
O primeiro passo do poder soviético - foi a proibição de palestras em níveis superiores por professores "burgueses", que não compartilhavam a idéia de que a luta de classes é a força motriz por trás da história. A atmosfera para os historiadores não-marxistas era complicada, mas dava possibilidades de envolver-se em atividades científicas. As represálias afetaram apenas os historiadores que ocupavam-se com política e se permitiam criticar Lenin. Muito mais a ciência histórica sofria do vandalismo soviético, quando os lúmpen-proletários saqueavam museus, e os comissários destruíam necrópoles e templos históricos.
As principais direções da ciência histórica neste período foram determinadas pelo historiador-revolucionário Michael Pokrovsky. Ele foi o autor da primeira história da Rússia, escrita em termos de marxismo. Em maio de 1918, ele foi nomeado Comissário Adjunto de Educação da RSFSR (República Socialista Federativa Soviética da Rússia). Foi com Pokrovsky que relacionaram o fechamento das faculdades históricas, a apreensão da literatura histórica nas escolas e a substituição da história pela ciência social.No início Pokrovsky respeitava os professores "burgueses" e era oponente de métodos repressivos nas ciências. Mas a partir de 1928 ele começou a criticar severamente os representantes da "antiga" escola histórica e até apresentou-se ao lado da investigação no "Caso dos acadêmicos" em 1930. O motivo de tal mudança no comportamento do historiador marxista foi o desejo de agradar a Stalin, que começou a fortalecer sua posição. O desejo de Stalin, de concentrar o poder em suas mãos. Os primeiros que sentiram as consequências foram os historiadores.
O "caso dos acadêmicos" encerrou o trabalho científico dos elementos "burgueses", mas também se tornou um dos primeiros processos fabricados, acompanhado de prisões em massa. Devido ao fato de que a maioria dos detidos eram historiadores, o caso também era chamado de "O caso dos historiadores". Com os esforços dos investigadores, os representantes da comunidade científica se transformaram em uma organização monarquista contra-revolucionária. De fato o Partido Comunista decidiu assumir o controle da Academia de Ciências da URSS. Em 1931, a função de nomeação da liderança da Academia de Ciências da URSS foi assumida pelo Politburo do Comitê Central do PCUS(b) - Partido Comunista da União Soviética bolchevique). Claro, nenhum dos historiadores, que ainda estavam em liberdade, se opôs.
Em 1932, Mikhail Pokrovsky, felizmente, morreu de câncer. Por que "felizmente"? Porque se ele tivesse vivido mais alguns anos, ele não seria enterrado no muro de Kremlin.
Ele - autor da declaração, que se tornou guia para ciência histórica soviética: " História - é política voltada ao passado". Mas Pokrovsky não pôde prever, que sua herança científica seria vítima de suas próprias palavras. Sua escola acadêmica foi criticada como anti-marxista e anti-leninista, e o livro "História da Rússia em Resumo", que era publicada desde 1921 e por dez anos consecutivos foi o livro-texto principal, foi removido das bibliotecas.
No final de 1932, as autoridades soviéticas voltaram do exílio um dos principais acusados no "Caso dos historiadores" Eugene Tarle. Ele foi resgatado pelo fato de que, como pesquisador das guerras napoleônicas, era bem conhecido nos círculos acadêmicos franceses, era membro de várias sociedades acadêmicas francesas. A prisão de Tarle provocou protestos de estudiosos franceses, então as autoridades soviéticas decidiram usar a reabilitação de um historiador, que foi acusado de contra-revolucionário, para seu próprio benefício.
É no exemplo da biografia de Napoleão que Tarle escreveu e que é considerada uma das melhores biografias de Bonaparte na ciência histórica mundial, e podemos ver como as autoridades soviéticas forçavam os historiadores a reescrever a história. Na edição de 1936, o acadêmico questionou a escala da guerra, popular em 1812, afirmando que não havia menção nos memoriais franceses nos três primeiros meses da guerra na Rússia. No entanto, verdadeiros partizans russos eram os destacamentos sob o comando de oficiais do exército regular.
Além disso, o acadêmico considerou apropriado usar o termo "guerra popular" antes da guerra na Espanha, não na Rússia. Em 1937, no "Pravda" (Verdade) e "Izvestia" apareceram, simultaneamente, dois artigos com crítica a "Napoleão" de Tarle. O pavor diante da ameaça de uma nova prisão não deixava Tarle adormecer. Ele tomava pílulas para dormir. Quando, finalmente, dormiu, foi acordado pelo telefone. Telefonava o próprio Stalin, que afirmou, que a crítica nos jornais era falsa e que ela será refutada no dia seguinte. Deste modo Stalin deixou claro ao acadêmico que ele deveria prestar mais atenção aos desejos do partido. Na reimpressão de 1941, Tarle já escrevia, que a guerra popular também acontecia na Rússia, mas em outras formas, diferentes da realizada na Espanha. Em outro livro, "A invasão de Napoleão na Rússia em 1812", Tarle enfatizou o papel principal na derrota da oposição popular de Napoleão e não na geada e nos espaços ilimitados da Rússia. Do livro de Tarle, ele também removeu lugares onde soldados russos saquearam suas próprias aldeias devido à falta de suprimentos. No mesmo espírito patriótico, ele escreveu o livro "Guerra na Criméia". Em seus escritos, Tarle já se referiu a Marx e Engels, embora na realidade os pais do comunismo tenham avaliado negativamente o papel da Rússia na Guerra da Criméia. Assim, um dos melhores historiadores soviéticos, com medo de ser reprimido, tentou escrever a história em favor do partido.
O historiador Raphael Ganelin publicou um livro de memórias em 2004, que fala bem sobre Tarle acadêmico, mas também mencionou as habilidades acadêmicas adquiridas. Ele lembrou as atuações de Tarle, onde ele, sem orgulho, mas sim com o propósito de resseguro, insinuou a audiência sobre a atitude particular de Stalin a ele, lembrou as observações feitas por Stalin sobre a prova da História da Diplomacia", de Tarle.
Tradução: O. Kowaltschuk
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