quinta-feira, 27 de abril de 2017

Saiu da caldeira de Ilovaisk, mas morreu no arco de Svitlodarsk: o povo de Volenh despediu-se com Sergio Mokrenko, de 23 anos.
Ukraina Moloda (Ukraina Jovem), 15.03.2017
Nina Romaniuk


Cada morte na frente - indescritivelmente dolorosa. E cada vez, quando vem do leste a negra notícia, escapa do peito: "Por quê?!"

Por que a bala  ou um fragmento escolhem os melhores, mais corajosos, mais puros? "Volenhane" (Pessoas da região de Volynh - OK), novamente perderam seu herói e filho: Sergio Mokrenko, 23 anos, lutador da 54ª brigada, morreu no último dia de inverno, no arco de Svitlodarsk, durante um grande bombardeio, junto com companheiro-irmão de Luhansk.

Naquele dia, ele devia receber a ordem "Pela coragem" de III grau, pelas lutas naquele arco de Svitlodarsk, onde em dezembro de 2016 recebeu vários ferimentos por estilhaços. Mesmo não concluindo o tratamento adequadamente, no hospital , o rapaz retornou à frente e pediu para estar na frente, porque por ele esperavam os "pobrateme"... (pobratem é o melhor amigo é, principalmente, costume de guerra. Pelo "pobratem" dão a vida para salvá-lo, se necessário - OK)

Esteve no Maidan, foi ao Donbas como voluntário.

Ele parecia tentar o destino, que sempre lhe foi favorável, embora a morte andava em seus calcanhares. Sergio veio ao Maidan, foi ferido, mas, após algum tratamento, já estava pronto para defender Criméia dos ocupantes russos.

Eles eram sonhadores, esses garotos, prontos para tomar sobre seus ombros quase infantis toda a responsabilidade pelo destino do país, quando os grandes "tios" nos mais altos cargos, estavam assustados e não sabiam como agir. E essas crianças estavam prontas para ir, lutar e morrer pela Ukraina.

Não foi surpresa, quando começou a guerra no Donbas, Sergio foi como voluntário para o próprio inferno. Espartano, ele esteve nos pontos mais quentes, saiu da caldeira de Ilovaisk, recebendo "de presente", muitos fragmentos, mas sobreviveu.

Enquanto ele lutava, os corações de duas avós não aguentaram. Penalizado pelos pais, após o tratamento, o rapaz ficou em casa por algum tempo, tentando adaptar-se à vida civil, sem deixar de ajudar os rapazes no leste, engajou-se no voluntariado.

Mas não resistiu por muito tempo: Já em setembro de 2016 assinou contrato e novamente foi servir na zona da ATO. Explicava seu passo, não como servir pelo dinheiro mas proteger seu país de origem. Porque podia, como milhares de seus compatriotas, ir à Polônia e auferir muito mais dinheiro, e sem risco de vida. Ou envolver-se com contrabando, como fazem os moradores de sua fronteira nativa Shatsk.

No entanto, Sergio, apesar de pouca idade, era guerreiro e professava o princípio: "Por que esperar, quando alguém fará, se isto eu posso fazer". Numa das últimas entrevistas, à pergunta, por que não termina a guerra, ele respondeu:
"Não há recurso humano. Motivado patrioticamente, organizado, pronto para tudo pela Ukraina. (Também com o exemplo dos governantes, não há o que esperar. - OK). Agora para o serviço militar, contratual, vem os homens que, na maioria querem ganhar dinheiro, obter status de veterano em ações de combate, como também por benefícios e recompensas. Mas, assim que a bala passa zunindo, tais soldados entram em pânico e fogem. E, ainda, 5% de soldados bebem. Com bêbados na frente também não têm sentido, apesar de que eles são punidos por beber álcool. Nós eramos apenas 28 pessoas, quando atacamos a rota inteira de "separas" no arco de Svitlodarsk e retomamos as posições fortificadas do inimigo.

É com tais que devemos conquistar a vitória.

Declarou-se à amada e concordaram com o casamento.

Em janeiro, Sergio estava de licença, depois dos ferimentos. Visitou todos os parentes, como se sentisse que não voltaria. Antes da partida declarou-se à amada e concordaram com o casamento.

Ele prometeu voltar. Mas não cumpriu sua palavra. Em 28 de fevereiro Sergio morreu. No dia 24 de março completaria 24 anos...

Seu amigo Andrew Demyanchuk, com quem ele esteve no Maidan, escreveu: "Algo preciso dizer... Ele era meu "pobratem" e amigo... apenas parece que não consigo... Eu devo lembrar quando no Maidan, no primeiro assalto em Mariinka, nós, estando juntos, após um minuto nos perdemos. Eu me assustei e ignorando os ataques e explosões, corria e procurava por ele. E, quando o encontrei, com ferimentos no nariz, mão e joelho feridos, abracei-o e fiquei extremamente feliz, como se não o tivesse visto uma centena de anos. Muito em breve novamente o abraçarei..."

O nativo Shatsk e vizinho Liuboml de joelhos encontravam seu herói e filho, milhares de seus compatriotas o acompanhavam à última jornada. Não sei como superará esta desgraça sua mãe doente.
É difícil e doloroso ler a enxurrada de avisos e comentários sobre a morte de Sergio. Eles possuem muita emoção e amarga verdade. Porque quando morrem na guerra rapazes tão jovens - a alma e o coração dilaceram-se.

Muito caro é o preço que pagamos pelos erros dos políticos, presidente, deputados! Quantos mais filhos irão para o outro mundo, para que vocês saciem-se e comecem pensar não sobre seu bolso, mas sobre Ukraina? Os heróis não morrem. Mas basta falar estas frases secas. O filho morreu, ele já não existe. Ele não teve tempo para casar, ter um filho, e aos pais sofrimento até o fim da vida. Este é o pagamento para seu super lucro e distribuição de esferas de influência. Vocês são pessoas obsoletas e inúteis! Quantas mais crianças vocês matarão?" - explodiram com raiva as redes sociais.

Como são lindos, os nossos filhos! Nós traímos nosso país e nossos filhos pagam por isso! Que tristeza! O país cobrem consigo as crianças. Crianças que não sobreviveram até a primavera... Eterna honra e memória a você, filho. Você morreu também por mim. E por aqueles do governo, que escondem seus filhos da guerra, e sozinhos ganham dinheiro no sangue."
- O que acrescentar a estas palavras. 
- Sergio Mokrenko será jovem para sempre; Shatsk prestou homenagem ao seu herói.

(Presados, certo tempo atrás, apareceu a notícia de que um jovem, filho de um político importante, foi à guerra.
Fiquei um pouco surpresa. A permanência "na guerra" não foi longa, mas tudo bem, ao menos esteve lá por algum tempo. Recentemente li outra notícia referente ao mesmo caso.. O rapaz não chegou a permanecer no front, esteve próximo, na companhia de um militar importante. E, o quanto me lembro, não encontrei nos jornais que leio, mais nenhuma notícia sobre os filhos dos políticos ou dos ricos irem à guerra. A pátria deles é só para explorar? Infelizmente, parece que sim. OK)

Tradução: O. Kowaltschuk










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