segunda-feira, 11 de março de 2019

PORQUE O OCIDENTE NOVAMENTE SE APAIXONOU POR POROSHENKO.
Castelo Alto, 09.03.2019
Adrian Karatnitsky

Os esforços do Kremlin são destinados ao fracasso das tentativas do presidente da Ucrânia em se eleger para um segundo mandato criam problemas para os liberais ucranianos.

Anteriormente, ninguém imaginava que o presidente Petro Poroshenko seria o símbolo da futura Ucrânia. Hoje ele é considerado como sus última esperança.

Com aproximação de 31 de março, data da eleição presidencial, Rússia intensificou seus esforços para influenciar a corrida eleitoral. Um relatório recente, de inteligência dos EUA, diz que o Kremlin procura usar uma série de ferramentas para "aproveitar a frágil economia de Kiev, a corrupção generalizada, a vulnerabilidade cibernética e o descontentamento popular."

Qual é o propósito deles? Derrotar Poroshenko e trazer ao poder um governo menos anti-russo?

Como resultado, diplomatas estrangeiros e governos ocidentais chegam a uma percepção paradoxal: Poroshenko - líder, cujo ritmo lento de reformas, às vezes não justificava suas esperanças de mudanças rápidas, agora é sua melhor e única chance de manter a Ucrânia no reverso da órbita russa.

O importante é não subestimar o profundo desejo de Putin de restaurar sua influência na Ucrânia.

Para o presidente russo, Vladimir Putin, não importa vencer as eleições na Ucrânia. O importante é que não seja Poroshenko. A vitória de qualquer um dos dois líderes remanescentes, o comediante politicamente inexperiente Volodymyr Zelensky, e o veterano político com a visão esquerdista Yulia Tymoshenko, cujas políticas podem levar a uma ruptura da Ucrânia com o Fundo Monetário Internacional, - pode levar à desestabilização da situação dentro do país, e abrir a porta para uma influência ainda maior de Vladimir Putin. 

O principal motivo de Putin não é apenas escolher um amistoso presidente ucraniano para Kremlin, mas também deixar claro para qualquer futuro presidente da Ucrânia, que a recusa de concordância com o Kremlin, o levará à morte política. Razões para tentativas do Kremlin esmagar a campanha de Poroshenko também são profundamente pessoais. Quando Poroshenko chegou ao poder há cinco anos, ele se apresentou como um defensor pragmático da paz. Dado o negócio e sua posição financeira bem sucedida, ele também tinha a reputação de um político pragmático, aberto à barganha. Putin, presumivelmente pensava, que os interesses comerciais de Poroshenko, deixados na Rússia, o forçarão aceitar compromissos.

No pano de fundo desses testemunhos da intervenção russa, o frequentemente criticado Poroshenko começa parecer a muitos observadores ocidentais uma alternativa estrategicamente sólida.

Mas, pelo contrário, o presidente ucraniano acabou por ser um adversário terrível: Poroshenko usou as habilidades diplomáticas para garantir amplo apoio no Ocidente às sanções econômicas sérias contra Rússia.

Na Ucrânia, Poroshenko reduziu a influência cultural da Rússia ao banir canais da TV russas e redes sociais. Também encorajou com sucesso a criação da Igreja Ortodoxa Ucraniana Independente. Esta divisou religiosa atingiu severamente as reivindicações históricas de Moscou a Kyiv e custará à igreja russa milhões de dólares em termos de propriedades da igreja, como também enfraquecerá significativamente a influência na Ucrânia de seu "poder brando".

Finalmente, o líder ucraniano também conseguiu persuadir os Estados Unidos a dar à Ucrânia uma arma defensiva mortal, bem como reconstruir a indústria militar ucraniana e criar um exército significativo.

Tudo isso se tornou uma sólida dor de cabeça para Putin, que esperava Ucrânia desaparecer sob a influência da agressão russa e medidas de desestabilização. Agora, Putin, simplesmente não pode suportar o pensamento de que Poroshenko conseguirá ganhar outro mandato presidencial.

Desde o início da campanha eleitoral, Rússia usou centenas de milhões de dólares para tentar influenciar as eleições na Ucrânia e arruiná-las, segundo dados do Serviço de Proteção da Ucrânia.

Kremlin procura aumentar as tensões políticas no país, promovendo conflitos interétnicos, e interconfessionais, retratando Poroshenko como um líder incapaz de manter a ordem.

Houve, também, campanhas de desinformação, implantadas nas redes sociais, ataques cibernéticos contra autoridades ucranianas e Comissão Eleitoral Central, que os hackers russos atacam todos os dias, às vezes de hora em hora.

Um influxo de dados de fonte desconhecida, publicado no mês passado por uma organização ucraniana de combate à corrupção, financiada pelo Ocidente, que condena parceiros de Poroshenko em violações, também admite a possibilidade desses dados serem parcialmente falsos pela Rússia ou seus amigos.

Kremlin também lança as bases de sua campanha contra Poroshenko, ampliando as oportunidades para empresários e políticos amigáveis, por meio de acordos atraentes e acesso a mercados. Existem muitos exemplos para isso. Um dos principais políticos ucranianos, pró-russo Viktor Medvedchuk, cuja filha foi batizada por Putin, e cuja mulher foi, recentemente, reconhecida como proprietária-majoritária da empresa, que no ano passado ganhou o concurso para desenvolvimento de um campo de petróleo, influencia vários canais de televisão. Taras Kozak, deputado e influente importador russo de óleo diesel, bem como co-proprietário da companhia russa de fabricação de armas, adquiriu o popular canal 112. O oligarca Dmitry Firtash, que ganhou milhões apoiado pela Rússia como intermediário no comércio de gás, no início de 2.000, possui o canal "Inter" - um canal de TV popular, que com aproximação das eleições não para de transmitir rios de críticas a Poroshenko.

A extensão da interferência da Rússia na política ucraniana pode parecer incrível para alguns. Mas é importante não subestimar o profundo desejo de Putin de recuperar sua influência na Ucrânia.

No pano de fundo desses testemunhos, a intervenção da Rússia, o tantas vezes criticado Poroshenko começa parecer a observadores ocidentais uma alternativa estrategicamente sólida.

Tradução:O. Kowaltschuk




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