terça-feira, 30 de outubro de 2018

"Meu irmão não pedirá perdão a Putin..." (Entrevista).
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 29.10.2018
Ivan Farion

Com destino dos prisioneiros políticos ucranianos também preocupam-se diplomatas americanos.

Ігор Котелянець, Євген Панов, війна, Росія, політв'язні
Atribuição a Oleg Sentsov do prêmio do Parlamento europeu em nome de Andriy Sakharov, atraiu mais a atenção do mundo para mais de sete dezenas de prisioneiros políticos ucranianos, a quem Kremlin mantem atrás das grades. Nesta lista - um antigo eletricista de Energodar Yevgeny Panov, ao  qual os serviços de inteligência russos acusaram injustificadamente de preparar sabotagem no território da Crimeia ocupada. embora o ucraniano negue, completamente, sua culpa, e não há provas no caso, a corte russa, para oito anos trancou Yevgeny em uma colônia de regime estrito. Como se compões o destino desse prisioneiro? Sobre isto - na conversa do correspondente do "Castelo Alto" com o irmão de Igor Kalenets, que, junto com muitas instituições estatais e públicas da Ucrânia faz muitos esforços, para libertar Yevgeny e outros prisioneiros condenados ilegalmente nas prisões russas.

Igor, em 25 de outubro, em Moscou, a Suprema Corte da Rússia declinou da apelação de seu irmão. Havia nesta reunião algum parente de E

- Além dos advogados, não havia ninguém do nosso lado - as reuniões fechadas, a outras pessoas não era permitido entrar. Verdade, na sala do tribunal conseguiu entrar o correspondente da UNIAN (Agência de Notícias independente da Ucrânia) em Moscou Roman Tsimbalyuk, que a partir do corredor conseguiu fotografar Yevgeny na sala do tribunal. Após o julgamento com o resultado anteriormente prognosticado meu irmão foi colocado no isolador de investigação de Moscou "Silenciosa  Matsskaya". Transferi-lo de lá para qualquer colônia da Federação Russa, podem a qualquer momento. Isso nós só saberemos depois do fato.

- E sabe você sobre as condições da detenção do seu irmão neste "CISO" (Isolador investigativo)? Ele foi colocado entre "políticos" ou entre criminosos?
- Nenhuma condição especial entre uns e outros difere. E, não há "preferências para os representantes da Ucrânia lá.
- É verdade que no momento do apelo os promotores exigiram para seu irmão uma sentença mais longa?
- Sim. O Tribunal de Ocupação da Criméia ordenou condenar Yevgeny a 8 (oito) anos de prisão. Em julho, quando os advogados prepararam o recurso para o Tribunal de Moscou exigindo o cancelamento desta sentença fictícia, o promotor exigiu o aumento da pena de Yevgeny, por um crime inexistente, até 10,5 anos. Alegou, como motivo, que o artigo do Código Penal, que trata de sabotagem, prevê prisão de até 20 anos. No caso de Yevgeny, não houve sabotagem, a Femida julgou-o pelas "intenções".
- Talvez, do advogado Dinze você sabe qual o estado geral de Yevgeny?
- Moralmente meu irmão está firme. Na verdade, ele não acredita numa possível troca por algum  russo condenado na Ucrânia por terrorismo. Esperou muito por essa troca, mas apesar da promessa, ela não realizou-se.

Yevgeny estava pronto para uma prisão injusta e de longo prazo. O serviço federal da Rússia pressionava-o a muito tempo, prometia 20 anos de prisão - por não se juntar com a investigação. Yevgeny não se sente culpado, por isso não aderiu à investigação. Estava pronto para ouvir o veredicto e o prazo máximo de prisão...

Agora, após uma apelação sem sucesso, aguardamos os documentos para iniciar a ação judicial perante a Corte Européia dos Direitos Humanos. Paralelamente, a cassação ocorrerá. Não temos dúvidas, de que ela confirmará a decisão do Tribunal russo "mais justo". Iremos também enviar a decisão de cassação à Corte européia dos Direitos Humanos para provar confirmação da inocência de Yevgeny, esgotamos todas as possibilidades da legislação nacional russa. Esta é, precisamente, a condição para considerar uma reivindicação na Corte Européia dos Direitos Humanos.

A condição física de Yevgeny você não invejará. Devido às torturas, que ele sofreu atrás das grades, agravaram-se suas dores nas articulações, nas costas. A doença se tornou crônica. Ajuda dos médicos na prisão ele não recebeu, foi forçado a suportar as dores sem medicação. Ele também tem problemas com os dentes.

- Ouvimos dizer que outro prisioneiro político ucraniano, Roman Suschchenko, quer escrever uma declaração a Putin para pedir perdão. A Yevgeny não sugeriram tal idéia?...
- Não, ele não consideraria tal proposta. Não vê sentido nisso. E, sobre isso ele escreveu numa de suas últimas cartas para casa. Ele confirmou "que a ele não pedirá nada". "A ele" - todos compreendem de quem se trata..
- Dizem, que no caso de seu irmão, você encontra-se com o embaixador dos EUA na Ucrânia, Marie Iovanovich?
- Sim, tal reunião houve. Eu tive excelentes impressões dela.
- Essa conversa pode ajudar na libertação de Yevgeny? Digamos, na próxima reunião do Presidente Trump com Putin, o anfitrião da Casa Branca, por sugestão do seu embaixador ucraniano, pode pedir ao presidente russo que liberte Sentsov, Panov e outros presos políticos?
- Só nos resta esperar por isso. Tais problemas, geralmente, são resolvidos nos bastidores. Mas, tenho certeza, que Trump dará a Putin um sinal apropriado sobre os prisioneiros ucranianos.
- Nos restou apenas esperar por isso. Tais questões, geralmente, são resolvidos nos bastidores. Mas, tenho certeza de que Trump dará a Putin um sinal apropriado sobre os prisioneiros ucranianos.

O embaixador americano nos deu muito tempo. Ficou chocada com a informação que ouviu de nós. Contamos a Marie Iovanovich o que estávamos fazendo pela libertação do irmão e como a diplomacia estrangeira poderia nos ajudar. Um dos nossos pedidos é que as sanções contra Rússia sejam reforçadas por causa da violação dos direitos de nossos familiares. Queremos que à lista de sanções estejam envolvidas pessoas envolvidas em falsificações da questão e que torturavam nossos irmãos para obter confissões.

Tradução: O. Kowaltschuk






sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Aldeia ucraniana: evolução ou extinção.
Ukrainskyi Tyzhden (Semana ucraniana), 17.09.2018
Maksim Vikhrov

Como as tendências pan-europeias mudam o campo ucraniano e o que fazer com isto.

A tese sobre o declínio das aldeias ucranianas é geral nas discussões públicas e, antes de cada eleição, os políticos prometem a sua renovação. O problema não pode ser visto como algo inventado. Nas zonas rurais vive, aproximadamente, um terço dos ucranianos, mas nos últimos 18 anos os camponeses diminuíram quase um quarto (de 16,9 milhões para 13 milhões - dados do governo). No entanto, a promessa de reviver a aldeia é, na verdade, simplesmente populismo. Dadas as tendências socioeconômicas, não há um programa de resgate realista para aldeia ucraniana: o despovoamento continuará, as aldeias continuarão desaparecendo, sua infraestrutura continuará decaindo. Mas, tudo isso não é apenas um problema da Ucrânia, é uma tendência pan-européia. Devido a fatores econômicos e tecnológicos profundos, não é capaz de detê-los qualquer governo nacional. No entanto, depende do segundo, quão dolorosas serão essas mudanças e quão grandes serão as perdas sociais.


O que é a aldeia ucraniana no sentido sócio-demográfico? Pouco mais da metade (50,3) dos camponeses vive em grandes aldeias, acima de 1000 pessoas, 17% - de 200 -499 habitantes e 6,4% em assentamentos ainda menos povoados (Instituto de Demografia e Pesquisa Social). É , justamente, devido a pequenas aldeias o seu número total diminui. A estatística oficial reflete esse processo não em escala total: de 1990 a 2018, apenas 426 assentos estatais desapareceram do mapa. No entanto, o verdadeiro número de aldeias "extintas" é muito maior: 2.014, 369 aldeias desertas simplesmente não foram removidas do registro estadual (Instituto de Demografia e Estudos Sociais da Academia de Ciências, 2017) . À beira da extinção ainda existem 4684 aldeias, aonde em 2015 viviam até 50 pessoas em cada uma. Ou seja, a longo prazo, por várias décadas, a estrutura de assentamentos na Ucrânia diminuirá em cerca de 17%. As mudanças mais notáveis serão em Sumy, Chernihiv e Kharkiv, onde as aldeias pouco povoadas obtém respectivamente 38,5, 32,5 e 30,5 da quantidade total. A razão principal para extinção das aldeias é demográfica. Em geral, a idade média da população rural e urbana é quase a mesma (40,5 e 40,7 anos respectivamente), mas nas áreas rurais, a situação é muito heterogênea: quanto menor a vila, ela é mais velha". Se em aldeias grandes (mais de um milhão de habitantes) os idosos compõem  uma média de 21%, então em pequenas (menos de 50 pessoas) - 38% (a zona rural ucraniana média - 21,6%). Também variam as taxas de mortalidade: se em grandes aldeias o número de mortos excede o número de nascimentos, em 1,9 vezes, então em pequenas - 8,3 vezes. Assim, aldeias, onde os pensionistas representam mais de 50% da população, os pesquisadores as classificam como em queda. E lá onde há mais de 65%, - como aqueles que morrem. Aos últimos incluem também as aldeias sem crianças (zero a 17 anos), e estas na Ucrânia são mais de 19%.

Mais um fator de despovoamento e "envelhecimento" das aldeias é a migração de mão de obra. Por exemplo, em 2001 além de suas fronteiras trabalhavam 25,6 camponeses, em 2014 - já re,9%. Destes últimos 66,9% trabalhavam nas cidades, 20% - fora de sua região, 12,7% - no exterior (Instituto de Demografia e Pesquisa Social, Academia Nacional de Ciências, 2017). Não deve ser explicado que essa migração é geralmente irreversível).

A saída das pessoas das áreas rurais estimula os problemas sócio-econômicos, que lá são exacerbados. Em geral, o nível de salários na agricultura é um dos mais baixos entre os ramos. De acordo com o Comitê Estadual de Estatística, em julho de 2018, o salário médio na agricultura foi de 7,5 mil UAH, enquanto na indústria - 9,8 mil UAH, no comércio - 9,t, etc. Além disso, a aldeia caracteriza-se por uma maior participação de trabalhadores não qualificados. Em 2.015, 38,7 eram empregados nas profissões mais elementares (para comparação: na cidade - 9,1%) enquanto especialistas e profissionais representavam apenas 17,1% (na cidade 35,5%). O nível de emprego informal também é alto. Estima-se, que em 2015 "na sombra" trabalhava 42,6% habitantes da aldeia (na cidade - 17,2%). O abastecimento da aldeia deve-se, principalmente, a pensões, vários pagamentos e recursos da propriedade, a renda em forma de salários, em média é de 34,4 do total (na cidade - 55,7%). Muitos aldeões não possuem empregados, em 2014 tais eram 46,2% (Instituto de Demografia e Estudos Sociais da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia).

As próprias fazendas (São áreas grandes? Não seriam sítios ou chácaras? - OK) não podem fornecer aos camponeses rendimentos decentes. Assim, em 2015, apenas 17,5% empregavam trabalhadores contratados, e a renda proveniente da venda total de produtos agrícolas representava apenas 11,5 da renda familiar total (Instituto de Demografia e Pesquisa Social da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia).

Teoricamente, ao invés do sistema coletivo o sustentáculo de economias de base local deveriam ser os granjeiros. No ano de 2.014, na agricultura da aldeia da Ucrânia, havia 52,5 objetos de economia (em média 1,7 por aldeia), entre os quais 71,3% eram próprios da agricultura. No entanto, o mercado do trabalho eles não reanimaram. Segundo a estatística de 2.014, entre a população ocupada com os trabalhos da fazenda, ocupavam-se pouco mais de 3%. Não reviveram a economia agrícola das aldeias nem graças as atuais técnicas que não necessitam tantos trabalhadores quanto as fazendas coletivas ou as economias agrícolas anteriores. Em acréscimo, na Ucrânia não há mercado da terra - principal recurso de aldeões. Então não é surpreendente que o nível de pobreza na aldeia seja maior do que na cidade. Assim, em 2013, este indicador (para um salário mínimo) na cidade foi de 11,8%, e nas áreas rurais - 28,9% (Instituto de Demografia e Pesquisa Social da Academia Nacional de Ciências).

A pobreza e o despovoamento implicam necessariamente em declínio na infra-estrutura do assentamento, para a qual não há recursos orçamentários, nem condições de mercado. Por exemplo, em 2.013, 61,8% das unidades agrícolas não tinham esgoto, em 45,7% dos assentamentos não havia instalações para serviços básicos (cabeleireiros, lavanderias, oficinas, lojas, etc) 41,8% não recebiam atendimento de ambulância, 28,5% - não possuíam instituições médicas próximas. Outros 24,4% das aldeias não tinham ligações diárias próximas. Outros 24,4% das aldeias não tinham ligações diárias de transporte com assentamentos mais desenvolvidos e, 23,5 dos assentamentos rurais não tinham superfície sólida nas estradas. Parte desses problemas pode ser atenuada graças à reforma do sistema de instituições médicas e educacionais, pela implantação de programas com orçamento estatal, etc. Contudo, nas condições de minguamento da rede de assentamentos rurais, será cada vez mais difícil manter e desenvolver sua infra-estrutura. É difícil imaginar, em que condições (e a que custo) em cada aldeia, que morre aos poucos,surgirá uma farmácia, uma loja, um cabeleireiro, um ônibus diário e outros atributos da civilização. É claro que a situação nas aldeias é heterogênea, mas é óbvio que uma parte significativa delas (pouco povoadas) está em uma situação difícil, que não tem solução.

Conclui-se que Ucrânia, como Estado, sofreu uma derrota histórica, não conseguindo salvar sua própria aldeia. Mas, na realidade, processos semelhantes ocorrem nas áreas rurais da UE. Lá também vive cerca de um terço da população da União Européia, e como na Ucrânia, o seu número diminui intensivamente. Segundo os cálculos dos demógrafos, em 2.050 a população da zona urbana européia aumentará em mais 24 milhões, enquanto os camponeses diminuirão quase 8 milhões (Eurostat).Na ucrânia, o declínio do campo está frequentemente associado ao colapso da URSS, mas 70% dos assentamentos rurais na UE foram despovoados no início dos anos sessenta. No final do século XX, o número de regiões em extinção diminuiu e estabilizou no nível de 40-45%, permanecendo o mesmo no início de 2010. Em deferentes países, esse processo é desigual. Se nos antigos membros da UE o despovoamento é de apenas 35% nas áreas rurais, então nos países que aderiram à União Européia desde 2004, esse número é de 60%. O maior despovoamento aconteceu nas aldeias da Lituânia, Estônia, Bulgária, Letônia e Hungria - onde cerca de 80% das áreas rurais morrem. De acordo com o Observatório Territorial da Rede Européia, o despovoamento é associado com os mesmos sintomas socioeconômicos, como na Ucrânia: redução do potencial dos mercados locais, redução da qualidade e disponibilidade aos serviços, deterioração da infra-estrutura, desemprego, envelhecimento da população, etc. E, assim  como na Ucrânia, os fenômenos socioeconômicos negativos na aldeia europeia são mais pronunciados do que na cidade. Por exemplo, em 2016, a taxa de emprego nas aldeias da Estônia foi de 6% inferior à das cidades, na Hungria - 3%, na Bulgária - 15%, na Eslováquia - 7% (Comissão Européia).

O que faz com que as aldeias europeias e ucranianas se deteriorem? Em primeiro lugar, trata-se de mudanças na natureza da produção agrícola. Graças à técnica de alta tecnologia, o processamento da terra não exige mais milhões de trabalhadores e, onde quer que seja necessário, o trabalho contratado é de trabalhadores sazonais, e muitas vezes estrangeiros, são usados. Assim, a população rural perde a base econômica de sua existência e, portanto, precisa adaptar-se à mudança migrando para as cidades. Algo como isso está acontecendo agora na indústria, onde a vida profissional é gradualmente substituída por mãos de trabalho "vivas" mas, na aldeia as consequências disso são mais notáveis. Em comparação com as cidades densamente povoadas, as comunidades rurais tornam-se mais vulneráveis: são mais afetadas pelo despovoamento e é mais difícil para as economias locais se adaptarem às necessidades no ambiente do mercado global.Além disso, os principais fluxos de migração de fora atraem as cidades e não a aldeia. Além disso, nas cidades modernas, é mais fácil usar os meios de mobilidade social, bem como maiores chances de alcançar o bem-estar e obter acesso mais amplo aos serviços, de modo que a pontuação geral claramente não é favorável à aldeia.

É claro que a urbanização plena (ou próximo disso) da Europa é apenas uma questão de tempo. Artificialmente dificultar este processo não é significativo, mas os governos nacionais têm a oportunidade de mitigar os fenômenos sócio-econômicos negativos que ocorrem no momento em áreas rurais. A profundidade da crise socioeconômica na zona rural européia (mesmo onde é mais aguda) é insignificantemente menor do que na Ucrânia, e dadas as estatísticas gerais, a diferença socioeconômica entre o campo e a cidade da UE é mínima. Obviamente, na mesma direção devemos nós nos mover. A criação de escolas de apoio e distritos hospitalares - é passo certo. A questão é apenas quão consistentes serão essas e outras reformas e se o governo será capaz de encontrar um equilíbrio entre o apoio efetivo da aldeia e os centros de subsídios populistas de uma crise sem esperança.

Tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 20 de outubro de 2018

Psiquiatria infantil inglesa surpreende-se: há uma epidemia de esquizofrenia na Ucrânia?
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 18.10.2018
Igor Gulic

Um conhecido psiquiatra e ativista de direitos humanos concedeu uma entrevista exclusiva ao Castelo Alto.

Семен Глузман


Cerca de 200 mil pacientes passam pelo hospital psiquiátrico na Ucrânia por um ano. "Isso é muito", diz Semyon Glusman, o conhecido psiquiatra e ativista de direitos humanos, ex-dissidente e preso político, presidente da Associação de Psiquiatras da Ucrânia. Mas ele também observa que não há epidemia de esquizofrenia em nosso país. Assim como não temos estatísticas precisas, quantas pessoas são realmente doentes mentais. Estas e outras teses Semyon Glusman, durante uma entrevista com o correspondente do VZ (Castelo Alto) durante uma estada em Lviv, destacou em uma entrevista exclusiva.

- Temos pessoas que sofrem de doenças tão graves como a esquizofrenia, depressão, outras, assim como no exterior. Acredita-se, que no mundo, uma pessoa em mil, em qualquer geração, sofre de esquizofrenia. Isto não depende de quem governa o país - ditador ou presidente democrático, como as pessoas dormem, como se alimentam.

É conhecido o exemplo histórico terrível. Hitler, como qualquer ditador, cercava-se com os melhores especialistas. E, o geneticista que lhe dava conselhos, disse que é necessário eliminar pessoas mentalmente doentes desde o nascimento. E eles foram mortos. Na verdade, nada ajudou. Tal situação é do Senhor Deus. De onde vem essa doença? Exatamente, nós não sabemos. Embora bilhões sejam gastos para explorá-lo. Mesma coisa com o autismo. O número de autistas cresce, e nós não sabemos porquê. Cientistas trabalham nesta questão - bioquímicos, genéticos, neurofisiologistas.  Mas - ainda ninguém recebeu o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta do problema. Se encontrado, alguém teria recebido. No entanto, isso não significa que nós, médicos, devemos abaixar nossas mãos. Não podemos tratar esses pacientes, como terapeutas - com antibióticos. Curaram - e para sempre.

Mas também existem características associadas à nossa cultura, antes com falta de cultura. Alcoolismo e toxicodependência. Eles existem em todos países, mas nós temos muitas pessoas. E daí, a AIDS. Temos um grande número de tuberculose, que, aliás, foi vencida no governo soviético. Por décadas eles lutaram e conseguiram minimizar. Quando eu era estudante, fomos levados a um hospital de Kyiv, para um hospital especializado em tuberculose, e mostravam uma pessoa com uma forma aberta de tuberculose. Foi algo especial. Agora há muios.

- Quais são as razões para esta situação?

- A razão é que agora vivemos mal, moramos no sujo. Vivemos sujo não apenas no sentido da sujeira, mas vivemos não-lucrativos, gastamos dinheiro no que não é preciso gastar.

- Muitos participantes de operações militares no leste estão voltando para casa e são diagnosticados com transtorno pós-traumático...

- Transtorno pós-traumático também acontecia antes. Mas tal diagnóstico realmente não colocavam, embora exista na classificação global. Agora a mito-ideologização deste diagnóstico está em andamento. Um dos principais especialistas, psiquiatra mundial da Grã-Bretanha, Simon Wesley , que  participou de todas as guerras da Grã-Bretanha nas últimas décadas, que é a autoridade mundial, argumenta que o verdadeiro número de estresse pós-traumático - é também um em mil, não mais. O guerreiro veio da guerra e tem depressão, porque viu, o qual mal, vive sua família, mas a esposa e mãe não o entendem. Porque ele se tornou diferente, mudou. Isto não é estresse pós-traumático, mas tal estado, reação à sociedade que não se interessa com ele, o qual derramou sangue, viu seus amigos morrerem. O mesmo acontecia após Afeganistão.

- Isto são, às vezes, distúrbios temporários. Simplesmente muitos de nossos psicólogos semi-analfabetos, que parasitam neste assunto, dizem que o guerreiro tem estresse pós-traumático, por isso ele bateu e matou. Mas o estresse pós-traumático não ocorre imediatamente após o retorno, mas depois de um certo tempo. Portanto, são necessários programas de treinamento, primeiramente dos psicólogos. São os psicólogos mais do que os médicos que devem lidar com esse diagnóstico. Além disso, nós não temos serviços sociais que devem ocupar-se com isto.

Certa vez, a convite de um dos canais de TV, eu participava várias vezes por semana, pela manhã. Eu falava o que acontecia em países normais, quando o marido ou o irmão retorna da frente. Isso era conhecido de antemão, ele retorna, ele não escapa. E já com antecedência o assistente social começa trabalhar com sua família. À esposa explicam, que o marido retorna, não como ele era quando foi. Não o torture se à noite, ele correr para seus antigos vizinhos da frente, porque lá eles criaram relações familiares. Dê umas palmadinhas no seu ombro e diga: "Sim, você tem o direito". Não o force a ir trabalhar no dia seguinte para procurar emprego, porque é preciso alimentar as crianças. Ele mudou, ele precisa voltar para você. A pessoa voltou - ela se afastou da família, da sociedade. Mas, para isso não precisa abrir sanatórios especiais para ex-veteranos. Isso é loucura. Eu já não falo sobre os custos gastos com isso. Este é o dinheiro do contribuinte ucraniano. O que está acontecendo? Os soldados são enviados ao sanatório, para iguais a ele. E eles bebem vodca, da manhã à noite. O estado deve se preparar para isso.

Serviços sociais existem, mas muito poucos. Este não é um problema de grande psiquiatria, é um problema de falta de participação social e psicológica. As pessoas sentir que retornaram ao seu próprio país, e não ao nosso país. Mas como eles podem sentir isso, se ele vem mas a mãe deve pagar pela eletricidade e outros serviços? Se ele não é necessário para ninguém? E alguns vizinhos ainda sussurram, "por que voltou, não precisava guerrear contra Putin". Há pessoas não apenas vilões, mas simplesmente tolas. Como o guerreiro pode ouvir tal coisa?

- O que você dirá sobre o suicídio infantil devido as redes sociais?

- Esta é outra história. As crianças não têm medo da morte. Elas acreditam que a vida é muito longa. Aqui eu não sou especialista, mas o que está acontecendo, - é influência. Portanto, quando uma menina com amiga, de mãos dadas, pulam do telhado, então pensa, que isto não é real, não seriamente.

- Isso pode ser considerado uma influência da internet?

- Provavelmente, internet também. Mas os suicídios existiam antes da internet.

- É possível acreditar em dados estatísticos, que frequentemente dizem, que temos cada quinta pessoa com doença mental?

- Não, não. Dizer isso, não é correto. Sim, temos muitos desvios. Por exemplo, alguém diz - durmo mal a noite. Isso é um desvio? E se me irrita uma criança ou uma mulher? Se eu tenho depressão? Mas minha depressão não se deve ao fato de ter  uma depressão clínica e precisar ser hospitalizado. Mas ao fato de que eu fiquei sem trabalho e não posso alimentar minha família. Então, o que - é necessário internar-me num hospital psiquiátrico? É necessário procurar trabalho.
- Cerca de dez 10 -15 anos atrás veio minha colega, psiquiatra infantil do Reino Unido e eu a levei para ver um dos nossos hospitais. O departamento infantil localizava-se em três andares. Ela observou apenas o primeiro andar e me perguntou: "Eu não entendo, aqui há - epidemia esquizofrênica?" Isto não é epidemia, é simplesmente Maria Ivanivna do internato infantil que telefona para Maria Stepanivna do departamento de psiquiatria e pede aceitar cinco crianças. Elas não precisam ficar hospitalizadas. . As crianças podem ter desvios, ser um pouco doentes. No entanto, isto não significa que elas devem estar no hospital. Será que temos remédios para demência? Claro, que não. Com essas crianças devem trabalhar corretores especiais, psicólogos, mas psiquiatras -minimamente. O psiquiatra, preferencialmente infantil, deve diagnosticar (precisamente, se possível) e prescrever o que é necessário. Em continuação trabalham outros especialistas. Assim é organizado no mundo civilizado. Mas manter as crianças num hospital psiquiátrico é um - pecado. Exceto casos individuais.

Cerca de 200 mil pacientes passam pelo hospital psiquiátrico na Ucrânia, por ano. Em um país normal, a maioria deles deve ser tratada em ambulatório. Nós não podemos curar a esquizofrenia, mas com a ajuda do tratamento moderno com bons medicamentos, podemos aliviar a condição. Mas não há dinheiro para medicamentos. Portanto tratam, principalmente, com os primitivos. As farmácias têm medicamentos modernos, mas nem todas as famílias podem comprá-los por causa do alto custo.

Tradução: O. Kowaltschuk



























quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Anotações de "Karatelh"

Montanhas de livros soviéticos em uma das casa bombardeadas de Donbas. Esta é a biblioteca de um antigo internato infantil.
Tyzhden ua, 22.09.2018
Darya Fedenko

Montanhas de livros soviéticos em uma das casas bombardeadas de Donbas. Esta é a biblioteca de um antigo internato infantil.
Literatura ideológica "sobre um país florescente e poderoso" que permaneceu em pó desde 2.014. Quando começaram os combates perto de Mariinka e Krasnogorivka, as crianças foram evacuadas. Levar os livros não houve tempo. Então a biblioteca abriu na frente. Os militares ucranianos inicialmente pensaram que os livros lhes seriam úteis. Tipo, você pode ler nos momentos de silêncio. Mas logo ficou claro que "sobre Lenin e sobre os pioneiros" ente os bombardeios não se quer pensar em nada. Com o que substituir este papel de lixo soviético? Obviamente, é necessária uma nova literatura ucraniana. Por estas razões Vladislav Yakushev, ex-oficial da 14 Brigada mecanizada, decidiu escrever seu próprio livro sobre a guerra atual, seus heróis e enviar às instituições educacionais de Mariinka, cuja unidade defendeu mais de um ano. E também às brigadas, que hoje estão na linha de frente.

Esbelto, alegre e sorridente. Vlad Yakushev sempre encontrava jornalistas com alegria. Ajudava fotografar, indicava os militares dispostos a dar entrevistas, e não escondia quais problemas hoje, os militares encontravam na frente. À guerra, o assessor de imprensa veio de publicações civis. Mas rapidamente dominou a terminologia militar e aprendeu manter um autômato e uma câmera quase ao mesmo tempo. Em suas fotos e vídeos de batalhas ferozes, você pode ver o que acontecia na frente. Lá, onde os jornalistas às vezes não eram permitidos. É verdade, que Vlad poderia pagar por sua fraqueza. Com ele não estavam satisfeitos.

Especialmente quando violava "questões pessoais". Por exemplo, o pagamento "dos milhares aos militares". O comando prometeu um pagamento extra por cada tanque danificado ou outra técnica. Principal - depois da batalha fotografar destroços e enviar relatório. Mas, quando os militares da 14ª
brigada mecanizada cumpriram todas as condições, descobriu-se que o dinheiro receber não era fácil. Depois de meses de peregrinação pela sede, Yanukovych decidiu "retirar o lixo da casa". Ele falou sobre promessas não cumpridas aos jornalistas e até Escreveu um post  público. E recebeu dos amigos-irmãos ainda maior respeito, e do comando - exílio na retaguarda. Mas a autoridade e respeito da mídia não permitiu que Yanukovych ficasse afastado. Depois do escândalo, o ativo oficial da imprensa voltou para a frente. Aos combatentes pagaram parte do dinheiro pelo equipamento destruído, do inimigo.

E este não é o único caso. Graças a Yakushev, o público dos canais ucranianos sabia sobre os feridos e mortos. Ele esforçava-se para contar a história de cada ferido e morto. Era o escritor do novo exército ucraniano. Os rapazes brincavam, que o assessor de imprensa deve, sem falta, escrever sobre "guerra total, tolos e café." Foi o que aconteceu. Quando a 14ª brigada foi retirada da zona ATO, Yakushev desmobilizou-se e começou escrever o livro "Karatelh" - uma nova novela documental com uma linha de aguçado enredo, tragédias, decepções e heróis não inventados, que vivem ao nosso lado. Cinza, San Sanich-Furacão, Urso, Anão, Pastete, Volidol - todos estes são homens reais que se encontraram unidos na guerra por mais de um ano, dividiram o pão e munição. E também, juntos, compartilhavam a perda de amigos" - diz Vad Yakushev.

É muito difícil escrever os episódios em que os lutadores morrem. Para mim todas as mortes são muito difíceis para enfrentar. A pessoa já morreu, mas parecia-me que, enquanto eu ainda não tivesse escrito sobre isso, a pessoa ainda estava viva. E se eu escrever, a história do soldado terminará no livro, ele morrerá pela segunda vez, e isso é muito difícil. Às vezes, depois de escrever duas ou três páginas, não conseguia trabalhar por vários dias. Um dos tais momentos difíceis - tio Tolya Letzman, que morreu em "Bungalo" (14ª brigada do exército que por muito tempo manteve a posição, e que apelidaram de "Bungalo". Longas e fortes trincheiras levavam à casa de um andar, em que viviam pessoas pacíficas antes da guerra, e durante a guerra aqui se instalaram os defensores ucranianos. Os militares não lembram quem primeiro comparou a arquitetura da propriedade de Donbas com uma casa indiana tradicional - Red.). Então, do lado do inimigo, vieram os fuzileiros russos, que tentavam invadir nossas posições. Lotsman operava a metralhadora SSK. Acontecia uma batalha feroz. Quando eles iniciaram o ataque, tio Tolia realmente parou a ofensiva, destruiu muitos inimigos. Mas a bala entrou sob o capacete e feriu-o mortalmente. Tio Tolia lutou pela vida, no hospital, por duas semanas. Os m-édicos fizeram o seu melhor, mas não conseguiram salvá-lo, e essa é uma das histórias difíceis. Também muito triste para mim foi a história do tanquista. A máquina com militares fugia do fogo, serpeava entre as explosões e virou. O tanquista caiu fora dela. Morreu não dos estilhaços, não da explosão, mas porque foi jogado com muita força no campo de girassóis, no qual havia caules secos, que lhe furaram a cabeça. Uma perda muito difícil para todos nós..."

E cada uma dessas perdas, lembra Yakushev, significava, que na unidade havia menos pessoas, capazes de segurar a arma em suas mãos. Portanto, durante o dia, o assessor de imprensa guardava os jornalistas e, a noite, lado, com os soldados repelia os ataques de mercenários russos. A pequena cidade Mariinka, perto de Donetsk, tornou-se algo simbólico para eles. Os guerreiros reusavam-se entregar mesmo um pequeno pedaço de terra. Durante um ano vivendo na cidade, os militares conheceram os locais e compreenderam que nem todos percebiam os invasores hostis. Particularmente, com simpatia, Vlad e outros, falam sobre o dirigente da Casa de Criatividade de Mariinsky. Alina Kosse até tornou-se uma das heroínas dos "Karatelh".

No livro ela é, como na vida. É impossível inventá-la. Essa mulher é de incrível força e coragem. Sua "Casa de Criatividade da Criança" funcionou até mesmo durante a ocupação da Mariinka. Nela havia uma bandeira ucraniana hasteada, as crianças aprendiam poemas e versos ucranianos. Alina nos ajudava muito. Houve um momento que eu descrevi no livro, quando os voluntários vinham aos militares e eles precisavam ser levados para uma das posições - "Internato". Os objetos, que eram levados naquele ônibus, eram muito necessários aos rapazes. Durante o caminho havia disparos de balas de 12,7mm. Alina consultou os voluntários, eles arriscaram e foram ao encontro dos lutadores. Algumas balas atingiram o ônibus, mas eles trouxeram o que era necessário aos soldados. Ela é como nossa irmã! Em geral, Mariinka se tornou uma segunda cidade natal para mim. Primeiro - Lviv, segundo - Mariinka. Lá passei uma grande parte de minha vida. Vida no limite. Em Mariinka nós, os rapazes, tornamo-nos uma família, tornamo-nos próximos dos moradores desta linda cidade".

Foi aqui que Vlad decidiu organizar a primeira apresentação do livro recém-lançado. Além disso, ele conseguiu angariar fundos, para comprar 60 "Karatelh" para escolas e bibliotecas locais. Mais 80 livros ele transferiu para brigadas das Forças Armadas Ucranianas, que agora estão na linha de frente.
Esse é um tipo de biblioteca viva, não sobre guerra abstrata, mas sobre guerra real, a qual as crianças e adultos vêem todos os dias, com seus pró-próprios olhos.

"Karatelh" - é um nome irônico, assim nos chama propaganda russa. E eis que eu quis mostrar como, na verdade são esses "karateli". O livro é grande, contém muitas fotos interessantes. Primeira - combate com um gato. É André, exemplo vivo de "Karatelh". O gato ele recolheu na ATO e durante seu serviço não se separava dele, amava-o muito, cuidava, e depois levou-o para sua casa. Consta na foto quando nos retiravam da zona ATO.

a guerra me mudou? Não sei. Mas eu me tornei mais categórico. Anteriormente, eu conseguia fechar os olhos para algo, mesmo no trabalho de um jornalista. Mas agora eu não posso ir a alguma editora, porque compreendo, que lá há a influência de algum oligarca e eu terei que expressar não minha própria, mas a opinião dos outros. Portanto, eu me esforço para ser um jornalista independente e trabalho com freelancer. Comecei a olhar a vida de maneira diferente, dividi-la em coisas necessárias e não necessária. Se o trabalho é bem remunerado, mas eu não gosto, estou insatisfeito, procuro outro, agradável. Não me troco por ninharias. Casei-me depois da participação na guerra, também foi lógico, porque estabeleci os valores lógicos para mim. Família estava entre eles. Eu e a esposa somos amigos há muito tempo. Ela também é jornalista. Nós simpatizávamos muitos anos, mas por alguns motivos não fomos além. Depois de voltar da guerra, fiquei mais persistente. E agora eu tenho uma esposa que amo muito.

O jornalista Yakushev, antes da guerra, em seu tempo livre trabalhava com crianças. Ele ensinava Kickboxing em seções gratuitas. Quando foi à guerra, seus discípulos continuaram seu trabalho. Vlad não pôde ir ao exército. Ele nunca recebeu uma convocação durante a mobilização.

Em compensação, sozinho por várias vezes invadiu a máquina militar. Os coronéis, a princípio, não encontraram lugar, para um voluntário, no exército. Mas em 2015, quando Yakushev já estava decidido para inscrever-se, pelo menos no "Setor Direito", ele recebeu uma oferta para assessor de imprensa em uma das brigadas. Ele, apenas perguntou, qual divisão já havia ido para a guerra, e isso determinou seu destino. Hoje, o homem revive tudo o que havia na frente com ele e seus amigos. Durante a apresentação descreve emocionalmente a vida e a luta dos heróis ucranianos. Ele assegura que não escreverá um segundo livro sobre a guerra. Melhor escrever sobre aventuras e viagens, Porque tem certeza de que as pessoas não gostam ler sobre sofrimento. Embora valha a pena saber o que passam os homens, filhos e pais, nas trincheiras..

Tradução e postagens, O. Kowaltschuk. 















segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Explosões e impunidade.
Thyzden ua (Semana ucraniana), 11.10.2018
Stanislav Kozlyuk

Na noite de 9 de outubro, Ucrânia perdeu mais um depósito de munições. Cerca das três e meia, na região de Tchernivtsi, próximo da cidade Ichnia começou a explosão. Centenas de conchas caíram nas aldeias e campos ao redor. Em poucas horas mais de 12 (doze) mil pessoas foram evacuadas da área. A tragédia repetiu-se novamente.

Segundo informações oficiais do Ministério da Defesa da Ucrânia, cerca de 40 (quarenta) mil toneladas de munição foram armazenados nos armazéns. Ao mesmo tempo, a mídia ucraniana relatou o dobro - 88 mil toneladas, no entanto não há confirmação. O território dentro de um raio de 16 km do epicentro das explosões declararam como área de extraordinária emergência. Num raio de 20 km, o espaço aéreo foi fechado para voos. Suspenderam o movimento de transporte ferroviário e rodoviário. Temporariamente bloquearam o movimento nas estradas de importância nacional. Nas primeiras horas da intensidade havia 2 - 3 explosões por segundo. Na área de risco havia 20 mil pessoas. Nas aldeias e cidades adjacentes à zona do desastre começaram acolher refugiados. Poucas horas após o início do incêndio, polícia, equipes de resgate, bem como voluntários trabalharam dentro e ao redor de Ichnia. Milagrosamente não houve mortos nem feridos.

 Sobre os riscos nos armazéns militares de Ichnia falavam no ano passado, após a tragédia em Kalenivka (região de Vinnytsia). Então, voluntários, ativistas e jornalistas escreveram sobre problemas com esconderijos de munições e contavam os maiores deles. Foi enfatizado que esses objetos poderiam se tornar os próximos alvos de sabotagem em potencial. Embora, meio ano antes das explosões de granadas de artilharia em Kalenivka houve uma tragédia em Balaklia (região de Kharkiv). E em 2015, uma história semelhante aconteceu em Svatov na região de Lugansk. Cada vez que o promotor militar abria o processo criminal, seu chefe Anatoly Matias fazia declarações mas os perpetradores não foram punidos.

Digamos que, 2015, após os atentados em Svatov, foram abertos procedimentos sob o artigo "Terrorismo". No entanto, mais tarde falaram sobre negligência oficial. Até mesmo tentaram condenar o major Alexander Litvinenko que, supostamente, era chefe do estoque militar de munições de Svatov. No entanto, já no Tribunal ficou claro que o oficial estava encarregado apenas de receber e entregar as munições, mas não o seu armazenamento.

Em 2017, após a destruição de Balakliya, Matios alegou que o incêndio nos armazéns militares na região de Kharkiv poderia ter começado como resultado de sabotagem. No entanto, um ano depois desta história, falar sobre uma investigação bem-sucedida não tem sentido. Situação semelhante com explosões em Kalenivka: o gabinete do promotor abriu uma investigação criminal sobre sabotagem. E, já em 2018, o procurador geral Yuriy Lutsenko disse que os armazéns violaram todas as possíveis regras de segurança. Ele até falou em planos para levar à justiça dezenas de funcionários. Mas até agora não aconteceu.

ESTA VEZ AS EXPLOSÕES NÃO OCORREREM AO LADO DAS ZONAS DO CONFLITO, MAS A 180 KM DE KYIV. SE PONDERAR SOBRE A GUERRA HIBRIDA, QUE OCORRE  TAMBÉM NO ESPAÇO INFORMATIVO, O EFEITO DE TAL ACONTECIMENTO  É IMPORTANTÍSSIMO: ENTRE A POPULAÇÃO LOCAL ESPALHAM-SE NOTÍCIAS E PÂNICO. O PODER É DESACREDITADO E FRACO.

Agora região de Chernihiv. 2018. Ichnia. O Serviço de Segurança da Ucrânia declarou que está verificando as três versões de incêndio nos armazéns: sabotagem, violação, regras de segurança contra incêndio ou armazenamento de munição, incêndio (premeditado). No entanto, dada a experiência anterior de investigação, há dúvidas de que os perpetradores da tragédia serão punidos.

No entanto, pode-se constatar que os objetos de infraestrutura militar é crítica - armazéns militares - ainda não estão protegidos. Apesar de todas as garantias dos funcionários, não há garantia de que a tragédia não se repetirá no futuro. Principalmente, porque desta vez as bombas não explodirão perto da área de combate, mas a 180 km de Kyiv. Se levarmos em conta a guerra hibrida, que ocorre no espaço da informação, o efeito de tal evento é enorme: há rumores e pânico entre a população. As autoridades estão novamente desacreditadas e impotentes.

É claro, ao lado das explosões montam uma sede operacional, que deve coordenar o trabalho das forças de segurança, médicos e equipes de resgate. As primeiras pessoas do estado devem aparecer por lá, para mostrar que tudo está sob controle. Ou o presidente Petro Poroshenko, então o primeiro-ministro, ou o primeiro-ministro Volodymyr Groisman. Claro, em 20 km da cidade pode-se reunir milhares de resgate e um monte de equipamentos. Mas isto já é trabalho para foto. Com as consequências, não com os motivos.

Parece que as conclusões de tais tragédias são feitas apenas por equipes de resgate e ativistas. E de explosões a explosões em depósitos de munições, qualidades e coordenação em seu trabalho apenas aumenta. Por exemplo, em 2017, os centros de evacuação em Balaklia começaram trabalhar na maioria, espontaneamente: de acordo com os chefes de conselhos de aldeia, eles resolveram a questão de acomodar os refugiados por conta própria e imediatamente no local. Em 2018 os salva-vidas já tinham um plano de ação de emergência: foi feito um recenseamento da população local, conhecido o número de pessoas que podem sair sozinhas, o número de pessoas que precisam ser retiradas, o número de casas na zona de afecção, pontos de recepção de refugiados em diferentes assentamentos, etc. E os ativistas com os voluntários, tradicionalmente e prontamente agiram: nas primeiras horas após o início do incêndio, as pessoas em seus carros já estavam nos armazéns de munição e estavam prontas para levar as pessoas afetadas para bairros relativamente seguros. Os representantes de movimentos nacionalistas fizeram patrulhamento da cidade e evacuaram os moradores locais. Ao mesmo tempo, o trabalho da polícia deixou muito a desejar: as forças de segurança bloquearam a estrada principal para os armazéns militares, mas em algumas menores direções, que levavam diretamente aos incêndios, não havia um único (!) policial, guarda ou militar.

Se voltar ao tema da responsabilidade, então no fundo desses eventos é especialmente selvagem a próxima notícia. Na véspera das explosões em Ichnia, o Tribunal de Recursos decidiu retornar ao posto o chefe de armazenamento de armas nos armazéns militares em Balaklyia. Além disso, Justiça decidiu, que ao homem devem calcular o pagamento pelo período em que ele esteve afastado. Apesar dos protestos do Estado Maior e do Ministério da Defesa, o Tribunal anotou, que não recebeu os materiais da investigação oficial e sem eles era impossível estabelecer que as ações ou omissões do dito líder levaram a um incêndio, explosões e destruição.

Justamente porque, quatro depósitos de munições foram quase completamente perdidos, há mais de uma dezena de grandes depósitos, que precisam ser preservados. Para protegê-los de possíveis sabotagem das "mãos de Moscou", que gostam de mencionar os funcionários ucranianos, ou da usual e problemática negligência. No entanto, isso é extremamente necessário. Não apenas para preservar a imagem das autoridades. Em primeiro lugar por causa da tranqüilidade local. Para que as pessoas não vivam com a sensação de estarem sentadas sobre a pólvora, que pode explodir qualquer dia.

Tradução e postagem: O. Kowaltschuk


sábado, 13 de outubro de 2018

Ucrânia ganhou o apelo sobre a dívida de Yanukovych no Tribunal de Londres.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 14.09.2018

O Tribunal de Apelação em Londres confirmou o apelo da Ucrânia contra a Rússia no caso da "dívida de Yanukovych" quanto aos eurobonds no valor de 3 (três) bilhões de dólares. ( Eurobonds são obrigações, títulos de crédito, emitidos em moeda diferente da moeda do emissor, num País diferente do seu.  pesquisa google)
Assim, o Supremo Tribunal de Londres voltará a uma disputa de dívidas entre Kyiv e Moscou, no âmbito da justiça clássica, em vez de um procedimento acelerado, disse o ministro financeiro Daneliuk.
Em dezembro de 2015, a Ucrânia assumiu uma inadimplência em Eurobonds resgatados pela Rússia em dezembro de 2013 às custas do bem-estar nacional (US $ 3 bilhões - a emissão em si e US $ 75 milhões - o último pagamento de cupom). Kiev ofereceu a Moscou uma reestruturação da dívida em termos gerais com os credores comerciais, Rússia se recusou a discutir essa opção, insistindo na natureza soberana da dívida. A dívida tinha que ser paga até 1º de janeiro de 2016. No entanto, em dezembro de 2015, Ucrânia impôs uma moratória no serviço dessa dívida e, em 1º de janeiro de 2016, não efetuou o pagamento. 
Depois disso, em 17 de fevereiro de 2016, o Ministério das Finanças da Federação Russa ajuizou uma ação perante a Suprema Corte de Londres sobre a cobrança de dívidas sob o título de Eurobonds.

Em 26 de maio, o Supremo Tribunal de Londres confirmou o pedido da Ucrânia para suspender a execução da decisão de 29 de março de 2017, para a conclusão da consideração do apelo da Ucrânia no Tribunal de Recurso.

Tradução: O. Kowaltschuk 
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sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Boas notícias para ortodoxia ucraniana. Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 11.10.18 Ivan Farion

 Depois de uma longa permanência secular sob o teto de Moscou, a Igreja Ortodoxa Ucraniana conseguiu o status de canônica. O Patriarca Ecumênico deu continuidade ao procedimento de concessão do tomos de autocefalia à Igreja Ortodoxa da Ucrânia (Não encontrei a palavra "tomos" nos meus dicionários - OK).

 Três dias antes do santificado "Nossa Senhora da Proteção" (Primeiro de outubro), os ucranianos receberam da capital turca uma notícia alegre, de importância histórica. Em 11 de outubro, o Santo Sínodo do Patriarca Ecumênico (sua residência está localizada no distrito de Phanar) decidiu que a anexação da Metrópole de Kyiv, à qual a Igreja Ortodoxa Russa, por meio de intrigas conseguiu, no distante ano de 1686, declarar que era ilegal.

 A maioria dos hierarcas de Constantinopla aboliram o anátema (excomunhão da igreja ao Patriarca da Ucrânia-Rusa, a maldição, a qual em seu tempo a Igreja Ortodoxa Russa impôs ao Patriarca da Ucrânia-Rus Filaret (Antigamente Rus era a denominação da Ucrânia -OK) e ao chefe da Igreja Autocéfala Ortodoxa Ucraniana (UAOC) Metropolita Macarius, considerando-os separatistas. A punição ilegal dos bispos ucranianos foi abolida, visto que ela foi aplicada com base em motivos políticos.O Sínodo restaurou o status canônico do Patriarca Filaret e do Metropolita Macário, e, portanto toda a sua atividade era e é canônica. De acordo com os dados de Istambul, 9 de 12 membros do Santo sínodo votaram positivamente nas decisões sobre questões ucranianas.

 Por sua independência de Moscou a Igreja Ortodoxa Ucraniana lutou persistentemente por 332 anos. Particularmente ativos estes esforços tornaram-se com a proclamação da soberania da Ucrânia em 1991. E, como pode ser diferente! - em um país livre, a igreja deve ser livre de influências estrangeiras. Rússia fez de tudo para evitar isso. Kremlin torpedeava cada tentativa do clero patriótico e das autoridades seculares para conseguir a autocefalia para os ucranianos ortodoxos. O curso foi seguido por provocações, manipulações, desinformação, subornos, chantagem, ameaças físicas. Pessoalmente tentou pressionar o Patriarca Ecumênico o Patriarca de Moscou, Cirilo, que voou às pressas a Istambul. Recebendo "não", o zangado enviado de Putin voltou. Até mesmo a comida estrangeira não lhe chegou à boca...

 Não cessavam as sabotagens contra Kyiv e Constantinopla até ao dia anterior ao Santo Sínodo. Chegou até, que Moscou previu à Ucrânia uma guerra civil por motivos religiosos. Até mesmo - colapso da Ucrânia!!! As forças anti-ucranianas preparavam-se para uma colisão de força. Do Kremlin lamentaram a divisão da ortodoxia mundial (Prezados, entre os cidadãos da Ucrânia há muitos saudosistas ucranianos que gostariam voltar ao domínio russo. Infelizmente. É o desejo de pertencer a um país grande e poderoso - OK).

 O Patriarca Ecumênico não temeu esses sorrelfos e restaurou a justiça histórica. Após o apelo de abril do Presidente Poroshenko, Parlamento, Gabinete Ministerial, 41 hierarcas da Igreja Ortodoxa do Patriarcado de Kyiv, 12 hierarcas da Igreja Autocefálica Ortodoxa Ucraniana, 10 hierarcas da Igreja ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou, Bartolomeu I, deu o comando, seguindo estritamente os cânones, para iniciar o procedimento da concessão da autocefalia.

 Assim, na quinta-feira, dia 10.01.1918, a promessa de Bartolomeu I foi documentada - devido ao reconhecimento da ilegalidade e a provisão de status canônico ao Patriarcado da Igreja ortodoxa Ucraniana do Patriarca de Kyiv Filaret e Igreja ortodoxa Autocefálica Ucraniana - Metropolita Macarius. (Prezados, o Google alterou muito as postagens, ficou mais complicado. Na última foram ignorados todos os parágrafos. OK)

 Tradução: O. Kowaltschuk

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

PREÇO DO PAGAMENTO DIGNO
Tyzhden.ua (Semana ucraniana), 11.07.2018
Lyubomir Shavalyuk

 Sobre a estrutura e o valor do salário na Ucrânia. "Que você vivesse com um salário!" Esta citação é do conhecido filme de Gaidai do período soviético era uma maldição semi-delirante. Em muitos casos então, os salários eram baixos, e os que não "recebiam de esquerda" não podiam dizer que possuíam o suficiente. Muita água correu desde então. Mas na crise de 2014-2015, para a maioria dos ucranianos, viver apenas de salário, como nos tempos soviéticos, foi um verdadeiro desafio. Apenas alguns anos se passaram, e Ucrânia já se movimenta, impetuosamente, para um nível salarial recorde ao longo de toda sua história da independência.Onde estamos.

 De acordo com o Serviço Estatal de Estatísticas, em maio, o salário oficial médio na Ucrânia ascendeu a 8725 UAH. Em Kiev, ainda no ano passado ultrapassou 10 mil UAH e hoje ultrapassa 12 mil UAH. Isto é muito ou pouco? É claro que, com os indicadores da Europa, mesmo da Oriental, estes dados não são comparáveis. Mas, se os compararmos com alguns marcadores domésticos, então a situação não é tão ruim. Se compararmos com a moeda forte, o empregado médio ucraniano, em maio, ganhou US$ 333. Antes da "Grande Recessão" de 2008-2009 o máximo atingido foi de US$ 399 e, em 2013, antes da crise de 2014-2015, US$ 453, ou seja, hoje temos menos. Se o salário continuar a crescer com tal ritmo então, em um ano ou ano e meio atingirá níveis recordes durante os anos da independência.

 Às vezes você ouve os defensores da "estabilidade" de Yanukovych, que hoje não faltam, dizem eles, devolvam-nos o dólar por 8 UAH, para que ele mantenha-se neste nível por muitos anos, e ficaremos satisfeitos. Mas eles silenciam o quanto são altamente irreais os atuais salários em comparação com os de então. Expressos em moeda forte, eles diferem pouco daqueles que haviam no período da "estabilidade". Isso é fenomenal, dada a crise que vivenciamos em 2014-2015. Mas o importante - o nível atual não ameaça o equilíbrio macroeconômico, como então. Ou seja, ele não é artificial, deliberadamente mantido à custa da perda de competitividade dos produtos nacionais básicos, queda das exportações e de um enorme buraco no balanço de pagamentos. Segundo o salário atual, tanto o empregador quanto o empregado têm lugar para crescer. E isso pode ser considerado uma ocasião para o otimismo.

 Outro ponto - o nível de preços. De acordo com o Serviço Estatístico, na Ukraina, desde o início de 2014 o índice de preços ao consumidor cresceu quase 139%, isto é, mais do que o preço. Isto significa que hoje o trabalhador médio ucraniano pode usufruir não menos bens e serviços do que durante a "estabilidade" de Yanukovych. Portanto, geralmente não há razão para dizer, que então vivíamos melhor.

Alguém pode objetar, alguém diz, de fato, desde que a crise começou, os preços subiram significativamente mais. Mas o indicador dado leva em conta a gama mais ampla de bens e serviços, disponíveis na economia ucraniana, isto é, produtos cujos preços triplicaram junto com a taxa de câmbio do dólar e aqueles cujo valor quase não mudou. Para comparação, pode-se fornecer mais alguns índices de preços. Muitos ucranianos concentram-se no custo dos alimentos e utilidades. Assim, nesse período, os produtos aumentaram em média 123%, e habitação, água , eletricidade, gás e outros combustíveis - em 350%, isto é 4,5 vezes. Então, se medirmos o salário com a comida, então agora os ucranianos recebem mais "pão" do que antes da crise. Mas, as pessoas, às quais os serviços comunais compõem a maior parte dos ganhos, hoje podem se sentir muito mais pobres do que no período Yanukovych. Verdade, para estes, existe um sistema de subsídios estatais. E a grande questão é, se na verdade os mais pobres entre nós, são aqueles cujos custos comunais são pagos pelo estado. 

A dinâmica dos salários na Ucrânia, nos últimos anos, pode causar surpresa e interesse dos pesquisadores. Sob certas condições, os empregadores não estão inclinados a compensar os salários de acordo com os preços mais altos. E aqui temos uma dinâmica de ganhos, que a um ritmo considerável é superior à inflação. Esta situação é devida a várias razões.

 Cronologicamente, o primeiro fator foi a redução da taxa de contribuição social única (ECU), a 22% a partir de 2016. Após a introdução desta inovação, muitos políticos lamentaram, que os empregadores não incluíram no salário todas as economias devidas a ele, isto é, as expectativas aparentemente falharam. Mas foi depois disso, os salários na Ucrânia começaram crescer em altas taxas, que temos hoje. Entre os empregadores realizaram várias pesquisas sociológicas, as quais mostraram, que ao aumento da remuneração foi direcionada uma parte significativa dos valores liberados na redução do ECV, embora sobre 100% não se trata. Então, os trabalhadores não conseguiram os 100%, mas há um momento positivo nisso. Afinal, desde o segundo semestre de 2016, três meses após a introdução das inovações, Ucrânia está aumentando rapidamente seus investimentos. Como resultado, a acumulação do capital inicial desde então aumenta trimestralmente, e a dinâmica em termos reais não cai abaixo de 15%, às vezes cresce até 25%.Essa é uma tendência muito boa, que indica a criação regular de empregos mais eficientes, o que proporcionará um salário mais alto para as respectivas indústrias no futuro. Na verdade, isso também afetou algumas proporções macroeconômicas.

 Em 2013, antes da crise, os custos salariais (salário mais deduções) representavam quase 50% do PIB e em um terço superavam o lucro bruto e o rendimento misto. Ou seja, os empregadores direcionavam mais dinheiro para os pagamentos do que deixavam para o lucro. Portanto, eles não dispunham suficientes fundos para o desenvolvimento, o que levou à estagnação econômica peculiar nos últimos anos do regime Yanukovych. Depois que a crise começou, o nível dos salários nominais quase não mudava por algum tempo, mas os lucros cresciam, porque as rendas de alguns empregadores estavam atrelados à moeda forte. A diminuição das taxas de CES aprofundou a tendência e, em 2016, a participação dos salários do PIB já era de 37%. Assim as empresas deram aos trabalhadores uma parcela menor do valor adicionado criado, mas muitos deles gastaram o recurso recebido no desenvolvimento da eficiência. Isto criou as condições para aumentar os salários no futuro, o que nós vemos hoje.

 Havia empregadores que gastavam as poupanças provenientes da redução das taxas dos fundos ECV para outros fins, isto é, não aumentavam salários e não investiam no desenvolvimento. Então, em 2017, o governo dobou o salário mínimo, e a partir deste ano estes salários cresceram significativamente. Nos salários médios não tanto porque em muitas empresas a rede de salários estava ligada ao MZP, mas porque nos setores deprimidos e de sombra (empresas não legalizadas) a maioria dos trabalhadores recebia o salário mínimo. Portanto, o aumento, no mínimo mudou significativamente o índice de remuneração do trabalho nesses setores.

 Isto é evidenciado pelas estatísticas oficiais: de doze setores da economia, onde os salários cresceram a um ritmo mais elevado do que a média em 2014 - 2017, com sete dos seus níveis em 2013 abaixo da média. Ou seja, os baixos salários no setor foram devidos ao fato de que a maior parte dos trabalhadores recebia o mínimo, e com o aumento de última taxa de crescimento dos indicadores setoriais de salários, a média da economia era significativamente superior. Entre essas indústrias estão: agricultura, construção civil, comércio, etc.

 O aumento do mínimo também teve efeito positivo nas proporções macroeconômicas: a participação dos salários do PIB começou a aumentar no ano passado, quase imediatamente após o aumento do salário mínimo. Evidentemente, esse passo teve consequências negativas, pois aumentou significativamente a contribuição das indústrias sombrias ou deprimidas para o PIB, o que levou, por exemplo, a um aumento significativo dos preços para consumidor final de produtos agrícolas ou ao aumento das margens nas redes de comércio. Mas, aparentemente, todos os mesmos efeitos positivos justificam os efeitos colaterais negativos.

 Fatores do Mercado.

 Além dos estruturais mencionados, existem vários fatores de mercado bastante completos para o crescimento dos salários na Ucrânia. Em 1º lugar, a concorrência pelos trabalhadores ucranianos do estrangeiro, especialmente da Polônia. Anteriormente, para ir trabalhar em outro país, o ucraniano devia acrescentar grandes esforços e assumir riscos consideráveis: obter um visto, geralmente turístico, garantir transporte, o que nem sempre era fácil e acessível, encontrar um local ilegal de trabalho e esconder-se, o tempo todo, dos órgãos de segurança pública, estando estrangeiro, para evitar a deportação. Agora a situação é radicalmente diferente. Anúncios sobre o trabalho no exterior pairam quase em todos os postes: Fábricas de montagem na Polônia oferecem emprego oficial com um salário de mais de 20 mil UAH. Fácil ir: os ônibus para Polônia funcionam várias vezes por semana, quase de todos os centros regionais.

 Os vôos para os países vizinhos da Europa, a partir de Kramatorsk e outras cidades do leste de Ucrânia, são lançados e, portanto, há alguém para ir até lá. Ou seja, nos últimos anos, a infra-estrutura de "exportação" de trabalhadores ucranianos desenvolveu-se tremendamente. Assim, para obter um bom trabalhador ucraniano, nosso produtor de commodities ainda deve vencer a concorrência com os poloneses, tchecos e outros. Isso faz com que ele aumente os salários no mercado de trabalho.

 Em segundo lugar, o nível salarial em várias indústrias está intimamente ligado à taxa de divisas. Por exemplo, se um programador não pagar em dólares ou euros, ele encontrará facilmente um trabalho de terceirização em uma empresa estrangeira que pagará em moeda estrangeira. Isto eleva os salários em certos setores, proporcionalmente em dólar ou euro. Portanto, por exemplo, o salário médio no campo da informação e telecomunicações durante 2014-2017 aumentou 161%. Pode-se supor que, quando se trata de distinguir as empresas de TI dessas empresas, seu nível de remuneração dobrou, triplicou ou mais. Na aviação - três vezes, refletindo tanto a internacionalidade da indústria e da dimensão monetária dos salários, bem como o forte desenvolvimento do transporte aéreo na Ucrânia nos últimos anos.

 Terceiro, há indústrias que receberam impulso significativo graças às mudanças que ocorreram no país desde s Revolução da Dignidade. Por exemplo, a indústria live está ganhando impulso rapidamente para o qual o principal fator na produção é a mão-de-obra barata. Isso leva a um aumento na demanda por trabalhadores, o que pode ser visto no número de anúncios de emprego para costureiras. Como resultado, durante 2014-2017, o salário médio na indústria aumentou em 190% excedendo significativamente a dinâmica da indústria e da economia como um todo. Outro exemplo é que os gastos orçamentários dos militares aumentaram nesse período em 207%, no período de janeiro a maior de 2018, em mais de 23%. As razões para essa dinâmica são conhecidas de todos.

  Consequentemente, o crescimento dos salários, que tem sido observado nos últimos três anos, deve-se tanto à política econômica do governo (reduzindo a taxa ECU, aumentando o PRM) quanto a fatores do mercado. Em qualquer caso, o resultado é positivo: os salários estão aumentando, o padrão de vida dos ucranianos torna-se mais decente. Em 2014-2015, havia poucas pessoas nos supermercados, agora há mais e incrivelmente muitos aposentados que começaram sair ás ruas. Parece que este não foi o caso, mesmo durante a crise de 2008-2009. Em vez disso, agora os shoppings estão cheios de visitantes, e os mendigos, à olho, diminuíram. Em geral, esta é uma boa tendência. Tudo seria ótimo, se não fosse por um "mas". O fato é que o nível do salário potencial é determinado pela estrutura e pelo nível tecnológico da economia. As crises de 2008-2009 e 2014-2015 mostraram que para Ucrânia o salário médio é de US$400-450 é um teto tecnológico: tudo acima não dura muito tempo e é posteriormente corrigido como resultado da desvalorização da hryvnia e crise da vez. Isto significa que hoje estamos perto do teto tecnológico. A fim de elevá-lo significativamente, leva anos, senão décadas, de estabilidade macroeconômica e investimento regular (e, portanto, condições favoráveis para investidores).

 Mas pode haver problemas com isso, já que a necessidade de pagar grandes quantias de dívida externa e a falta de cooperação com o FMI fazem com que aja probabilidade de outra crise para 1918-1919. Se começar, Ucrânia não será capaz de alterar, substancialmente, o seu teto tecnológico, e os ucranianos serão novamente rejeitados pelo nível de prosperidade há alguns anos para trás devido a uma desvalorização da hryvnia. O país sobreviverá a mais uma crise econômica e como sairá dela? Este é um assunto que deve preocupar hoje os que estão no poder!

 Tradução: O. Kowaltschuk