Ukraina e Polônia. À União Européia com Bandera
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 10.07.2017
Volodymyr Ivakhnenko
Euhen Konovalets, Stepan Bandera e Roman Shukhevych. Lviv, 14 de outubro de 2012. |
Varsóvia chama Kyiv para, em prol da futura adesão da Ukraina à UE resolver disputas históricas, recusar-se, especialmente, da heroização do líder da Organização dos Nacionalistas Ukrainianos (OUN) Stepan Bandera. Esta e outras declarações do chefe do Ministério das Relações Exteriores levaram a uma disputa diplomática entre os dois países. No quadro da decomunização do nome Stepan Bandera tem o nome da avenida de Kyiv, que anteriormente denominava-se Moscou. Em homenagem ao líder da OUN denominaram muitas ruas e praças, não somente nas regiões ocidentais do país. Os nacionalistas ukrainianos perguntam: "Será que não desejarão na Polônia, depois de Bandera recusar-se aos hetman ukrainianos e cossacos, que em seu tempo desafiavam, com sucesso, as bases da Rich Pospoleta?"
Em meio a preparativos da visita do presidente da Polônia Andrzej Duda para a capital ukrainiana, o cabeça do ministro das Relações Exteriores polonês Witold Vaschykovskyy, publicada na entrevista de 03 de julho com w Sieci declarou, que Ukraina não entrará na composição da União Européia, se as diferenças históricas entre Kyiv e Varsóvia não forem resolvidas.
"Nossa mensagem é muito clara: com Bandera para a Europa não entre. Nós falamos sobre isso em voz alta e baixa. Nós não repetiremos os erros dos anos 90, quando não estavam concluídas certas questões com Alemanha e Lituânia. Eu me refiro ao status das minorias polonesas nestes países", - disse Vaschykovskyy
Nesta entrevista, ele observou, que "os ukrainianos acreditam, ingenuamente, que os europeus, alemães, franceses, receberão por eles a vitória no conflito com a Rússia. Hoje, nós vemos, que isto não acontecerá, que Paris e Berlim não desejam voltar à situação, que havia antes do início da agressão (no Donbas)". De acordo com Vaschykovskyy, "se os velhos formatos de conversações não trabalham, vocês devem pensar em algo novo, com a participação dos EUA e outros países europeus".
Marcha de nacionalistas em Kyiv, janeiro de 2017.
Em 05 de julho, ao Ministro das Relações Exteriores da Ukraina foi chamado o embaixador polonês Jan Pieklo, onde lhe declararam, que Kyiv oficial, com desapontamento, recebeu as palavras do principal diplomata da Polônia, em relação a Ukraina, e apelaram à Varsóvia cautelosamente abordar as sensíveis questões históricas. Durante a reunião, segundo a informação do Serviço do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em particular afirmava-se, que "Ukraina e Polônia com esforços conjuntos devem construir um futuro europeu comum", e não "colocar condições
um ao outro". Além disso, a atenção foi atraída para declarações incorretas do Ministério das Relações Exteriores polonês sobre a situação no leste da Ukraina.
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" É exatamente a nação ukrainiana que paga um preço muito alto - preço de centenas de vidas de seus melhores representantes - pela independência, pela escolha de desenvolvimento civilizado, mas também para não permitir no território da Polônia e outros países europeus da UE tropas russas", - salientaram no Ministério das Relações Exteriores da Ukraina.
Retrato do líder da OUN (Organização de Nacionalistas Ukrainianos ) Stepan Bandera na Praça da Independência em Kyiv durante a Revolução da Dignidade. Kyiv, 05 de fevereiro de 2.104.
Ainda, recentemente, referiam-se como "principal defensor da Ukraina na Europa", ela, ainda é seu parceiro estratégico, no entanto o tom de recentes declarações de políticos polacos, inclusive o ministro do Exterior Witold Vaschykovskyy, dá motivos de preocupação, diz o presidente da associação pública "Movimento europeu da Ukraina" Vadym Triukhan.
Vadym Triukhan |
- Ukraina e Polônia - dois parceiros estratégicos. E Polônia, provavelmente, único país na Europa, que acredita, que sem uma próspera e independente Ukraina, não haverá independente e próspera Polônia, e por muitos anos, até agra, Polônia considerava-se um defensor da Ukraina na União Européia. Mas isto não significa, que no próprio país vizinho não ocorram certos eventos de política externa, que podem levar a algumas, ou outras incompreensões em nossas relações bilaterais.
Agora, o partido que está no poder na Polônia, prepara-se para eleições locais, e centra-se, principalmente, sobre o eleitorado conservador. A declaração do Ministro das Relações Exteriores da Polônia Witold Vaschykovskyy , realmente parecia um pouco inesperada para Ukraina, porque veio dos lábios do diplomata-chefe do nosso parceiro estratégico. No entanto, eu acho, que ela não afetará as relações entre Ukraina e Polônia, nem no movimento da Ukraina para UE.
O fato é que, nos próximos 15-20 anos, a questão da adesão da Ukraina à União Européia não estará na agenda das relações entre Kyiv e Bruxelas. E falar agora sobre algumas condições (de associação a UE) é prematuro. A questão sobre, quem é herói para um país ou outro, - é seu assunto exclusivamente interno.
- Na publicação "Sobre banderização de relações poloneses-ukrainianos", você afirma, que recentemente, poloneses e ukrainianos, esforçam-se deliberada e cinicamente inimizar. Quem? e por quê?
Claro que não. É vantajoso à Polônia? Claro que não. Portanto, neste caso concreto, ainda deve-se procurar aquele país, que pretende inimizar os povos ukrainianos e poloneses. Se abstrair-se desta declaração do presidente do Ministério das Relações Exteriores, então deve-se dizer, que durante alguns últimos meses houveram algumas provocações. Na Polônia destruíram mais de 10 monumentos aos heróis ukrainianos, mortos no território da Polônia, e na Ukraina também destruíram monumentos de heróis poloneses. Mais, foi realizado ataque com utilização de míssil em Lutsk.
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O Serviço de Segurança da Ukraina nomeou elos de uma corrente a ação próximo da fronteira polonesa (quando aproximadamente 100 manifestantes tentavam bloquear a estrada para o ponto de verificação internacional na fronteira Rava-Ruska na fronteira com a Polônia, sob o slogan "Não genocídio dos poloneses", "Volyn nos corações")
e fogo (tiroteio) sobre o consulado em Lutsk que a polícia qualificou como ataque terrorista.
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Especialista em assuntos internacionais Vadim Triukhan continua:
- Já se sabe, que os organizadores da ação (em oblast de Lviv)com o bloqueio da estrada, no dia em que houve ataque terrorista receberam financiamento da Federação Russa. Eles tinham a tarefa - chamar a atenção do grande público na Polônia, que, dizem, os direitos políticos na Ukraina, violam-se, mas quando começaram os agentes da lei, deter os participantes da ação, verificou-se, que não eram poloneses, mas ukrainianos que vieram pelo dinheiro, com alguns banners, preparados por provocadores, alugados por agentes russos. Portanto, não importa, o quão tenta Rússia inimizar ações pagas, ela não terá êxito.
- Witold Vaschykovskyy na referida entrevista ao jornal polonês também disse: "Os ukrainianos têm crença ingênua, que os europeus - alemães, franceses - receberão a vitória por eles no conflito com a Rússia. "Como você avalia essas palavras do ministro das Relações Exteriores da Polônia?
Chefes do Ministério das Relações Exteriores da Ukraina e da Polônia - Pavlo Klimkin e Witold Vaschykovskyy. |
Chefes do Ministério das Relações Exteriores da Ukraina e da Polônia - Pavlo Klimkin e Witold Vaschykovskyy.
- Estas palavras, é claro, são desagradáveis para nós, porque Ukraina protege não só a si, mas também Europa, especialmente a Polônia, da agressão da Federação Russa. E ajuda prática da Europa infelizmente, agora é mínima. Apenas Lituânia deu munição para armas de pequeno porte. Mais - ninguém.
E, na Ukraina cada vez mais amadurece o entendimento de que podemos proteger-nos apenas com nossas próprias mãos. Mas Ukraina apresentava-se, apresenta-se e sempre apresentar-se-á pela consolidação das forças de toda comunidade mundial, especialmente dos europeus, direcionados para parar a agressão russa e devolvê-la ao âmbito do direito internacional e respeito aos valores humanos e conhecido valores democráticos europeus em geral.
Retrato do líder da OUN Stepan Bandera (1909-1959) na Praça da Independência em Kyiv, 14.07.2006. |
Enquanto isso, as declarações do ministro polonês, dos Negócios Estrangeiros, particularmente a sua chamada para Ukraina ir a UE sem Bandera, criticaram no partido da direita "Liberdade".
De acordo com o líder da facção parlamentar da "Liberdade" Yuri Syrotyuk, se você seguir a lógica atual de Varsóvia, então depois de Bandera ela pode exigir de Kyiv recusar-se dos hetman ( hetman - chefe militar nome usado desde o tempo dos cossacos - OK) ukrainianos e dos cossacos, que em seu tempo, com sucesso, desafiavam as bases da Rzeczpospolita (Estado federal europeu oriental que existiu durante os anos de 1559 - 1795 no território da atual Polônia, Ukraina, Bielorrússia, Lituânia, Letônia, Estônia e Rússia Ocidental - Pesquisa OK).
Ukraina vai a Europa com toda a bagagem do passado, o qual ela tem. É impossível apagá-la e esquecê-la. Yuri Syrotyuk. |
O líder da OUN Stepan Bandera, como o principal comandante do UPA (Exército Insurgente Ukrainiano), Roman Shukhevych, foram reconhecidos oficialmente em 2.008 Heróis da Ukraina, mas, depois de uma verificação inesperada eles foram despojados destes títulos (Falta de entendimento entre os próprios ukrainianos que alegrou alegrou inimigos externos), mas a atitude do povo, para com eles, não mudou. A declaração do ministro polonês - desafio a opinião pública ukrainiana, e isto não irá melhorar as nossas relações com a Polônia. Ukraina vai para Europa com toda aquela bagagem do passado, que ela tem. É impossível apagá-la e esquecê-la.
Europa - um continente de nações com sua história. Por isso nós iremos (para União Européia) não apenas com Bandera e Shukhevych, mas também com Hetman Bohdan Khmelnytsky, Ivan Gonta e Malsim Zalizniak. Esta é parte de nossa história, nós compreendemos, quem são nossos heróis, quem é inimigo, o que é bom, e o que é ruim, por isso nós não queremos, que os nossos parceiros estrangeiros interfiram nos nossos assuntos internos. eu não penso, que isto é exigência coletiva da União européia para Ukraina (ir para União Européia sem Bandera).
Eu não diria que os líderes poloneses dançam ao som da música do Kremlin. Isso é ridículo. Eles protegem os seus interesses nacionais. Mas neste caso, parece que as declarações de políticos polacos contra Ukraina, eventualmente, afetarão a própria Polônia. Hoje, quando há uma ameaça comum do imperialismo russo a todo continente europeu, inicialmente a todos os Estados Bálticos, Ukraina e Moldávia. Eis que estes golpes às costas da Ukraina, sem dúvida, serão usados pela Rússia. Nosso Ministério das Relações Exteriores não deve permitir a ninguém ofender a memória dos nossos antepassados.
Sim, os poloneses não gostam do príncipe de Kyiv Volodymyr, o qual tomou terras deles, mas os poloneses por causa disso não exigem proibir o responsável pelo batismo da Rus de Kyiv - príncipe Volodymyr. Aos polacos também pode não agradar o Hetman Bohdan Khmelnytsky, que, segundo eles, destruiu seu império, mas ele é nosso herói, e nós não nos recusaremos dele.
Nós não falamos aos poloneses: proíbam e excluam de sua história o marechal polonês Josef Pilsudski, que era amigo de Adolf Hitler. Polônia tem seus heróis, e nos-nossos. Para mim o herói é Stepan Bandera, e ninguém tem o direito de ditar-me - gostar dele ou não.
Ação de nacionalistas em Kyiv, janeiro de 2.017. |
Conforme relatou na véspera "Rádio Polonês", a Promotoria da Polônia apresentou acusação a 20 cidadãos do país, que em junho de 2016 tentaram impedir os grego-católicos e os ortodoxos ukrainianos em Przemysli (Há bastante ukrainianos que residem na Polônia, próximo à fronteira - OK. A eles ameaça três anos de prisão. A mais um ativista, que em dezembro do ano passado, nesta mesma cidade polonesa, durante a marcha de "pequenas águias" gritou "Morte aos ukrainianos" ameaça, de 3 meses a cinco anos de prisão.
Sabre o porquê recentemente na Polônia cada vez mais soam declarações hostis sobre Ukraina, reflete o historiador e cientista político de Kyiv Alexandre Paliy.
Na Polônia de hoje há certos grupos marginais, que assopram histeria contra Ukraina pelo dinheiro russo, - diz ele. - Há mesmo presos nestes casos. Eles organizavam provocações anti-ukrainianos na Polônia, incluindo profanação de monumentos.
Ao mesmo tempo há um desejo da elite polonesa para impor a Ukraina o seu ponto de vista e suas abordagens, que aproveitam o fato, de que Polônia permanece sob proteção da OTAN e da União Européia, para impor a Ukraina sua própria visão da história. Usando como desculpa a busca de um futuro comum da Ukraina e Europa, eles querem nos impor a visão polonesa, porque cada nação, sozinha, tem o direito de determinar, quem é seu herói, e quem não é. E, aos ukrainianos seria imprudente dizer aos poloneses, quem é seu herói e quem não é".
Alexandre Paliy |
Em 2001, em Lviv, St. Ioan Pavlo II (polonês Karol Josef Wojtyla) disse: "Graças à purificação da memória histórica, todos estarão prontos para colocar no alto aquilo, que une, e não aquilo que divide, para juntos construir o futuro, baseado no respeito mútuo, na cooperação fraternal e verdadeira solidariedade.
Tradução: O. Kowaltschuk
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