Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 27.11.2016
Coligação "Justiça pela paz no Donbas
O conflito armado no Donbas levou a numerosas graves violações dos direitos humanos nos territórios de Donetsk e Luhansk. Extraordinários impulsos arbitrários de pessoas armadas originaram a formação de uma rede de cativeiros locais e ilegais. Os prisioneiros detém/detinham ambos os lados do conflito - isto é, os armados grupos ilegais "DNR" e "FSC", que agem com apoio da Rússia, e os batalhões voluntários ukrainianos.
A coligação "Justiça para a Paz no Donbas" dedica muita atenção à situação da detenção ilegal no Donbas. Como resultado, coletando mais de 160 entrevistas em 2015, a coligação divulgou o relatório "Aqueles que sobreviveram ao inferno" e um filme - documentário. Hoje , as organizações cidadãs, que são membros da Coalizão, continuam a documentar os casos de prisão e detenção ilegal. Como resultado, a partir de agosto de 2016, tornou-se conhecida a história sobre 246 pessoas, que estavam em cativeiro, e 146 lugares ilegais de cativeiro. Destes, 139 criados ilegalmente por grupos armados que operam na zona ocupada de Donbas com apoio da Rússia
Com base nos dados recolhidos, recentemente foi lançado um curto relatório "Lugares sem liberdade", preparado por três ONGs - "Centro Oriental de iniciativas públicas", "Grupo de Direitos Humanos de Kharkiv", "Leste - SOS".
A distribuição territorial dos lugares do cativeiro é a seguinte;
Como resultado do monitoramento conseguiu-se detectar diferentes tipos de privação de liberdade, criados pelos combatentes armados, com o maior número de prisioneiros, incluindo:
Edifício do Serviço de Segurança da Ukraina (cidade Donetsk) - mais de 200 pessoas;
Antiga unidade militar Nº 3037 (Cidade de Donetsk) - mais de 190 pessoas;
Fábrica "Isolation" (Cidade de Donetsk) - 190 pessoas;
Detenção temporária, ao lado da Estação Sul de veículos, Donetsk) - acima de 400 pessoas;
Construção do Serviço de Segurança da Ukraina (Luhansk) - mais de 200 pessoas.
"Nós obedecíamos a todas as ordens, porque nos controlavam constantemente, e alguns separatistas sempre permaneciam conosco. Se você não obedecia, não se submetia, com você comportavam-se cruelmente, batiam," -lembra um prisioneiro.
Condições de manutenção
De acordo com os relatos de testemunhas, aqueles que passaram pelo cativeiro, permaneciam em condições não adequadas para longas estadias das pessoas. Os prisioneiros eram mantidos em salas mofadas, onde não havia claridade diurna nem ar fresco. A maioria dos detidos encontrava-se no "porão", onde dormiam sobre tábuas, chão, trapos. Água para beber traziam em garrafas de plástico, provenientes de produtos de higiene. Estes recipientes, frequentemente serviam para urinar, pois da câmera ao banheiro não permitiam ir quando pediam mas, de acordo com um rigoroso gráfico.
"No canto superior direito havia um orifício para linhas de comunicação - única fenda possível para ventilação. Através dela nós ouvíamos, como alguém gritava no "porão" ao lado... Sem luz. Estávamos em constante escuridão", - diz uma testemunha ocular.
Motivos para aprisionamento:
- violação do toque de recolher, suspeita de uso de álcool ou drogas;
- pontos de vista políticos e suspeita de apoio às Forças Armadas da Ukraina ou aos batalhões voluntários:
- sequestro com a finalidade de receber resgate;
- pertencentes às Forças Armadas da Ukraina ou a batalhões voluntários.
A maioria das pessoas que passaram pelo cativeiro, afirmam sobre ocorrências de maus torturas.
"Eles batiam nele o tempo todo, espancavam, arrastavam... Eles fecharam a porta, mas lá havia fresta, então tudo se ouvia... Quando ele esforçava-se para dizer algo, assim mesmo batiam, ele geme, grita, uiva. E isso é terrível, assustador, quando você ouve, que alguém sofre. "Não posso dizer, o que é pior - quando bateram em mim, ou quando bateram nele", - com horror recorda a testemunha.
Detenções ilegais no território controlado pela Ukraina.
Entre os casos documentados de detenção ilegal oito ocorreram em território controlado pelo governo ukrainiano, dos batalhões voluntários e da Guarda Nacional da Ukraina. Segundo testemunhas, trata-se por cerca de 40 detidos.
Motivos de detenção.
Suspeita de simpatia às forças russas, separatistas;
funcionários do serviço de segurança da Ukraina;;
jornalistas e voluntários suspeitos de espionagem;
sequestro em troca de resgate.
Além dessas, os monitores tem conhecimento de outras categorias de pessoas afetadas, no entanto, elas se recusaram a depor devido ao medo de retaliação.
"Eles abriram o bagageiro... Jogaram-me lá. Eu pensei: "Melhor esquecer tudo isto". Eles me ameaçavam: "Se você falar à polícia - todos condenados, todos de sua família, nós mataremos todos, se você for à polícia". Tornou-se visível, que eles estavam assustados porque, constantemente, falavam sobre isso", - diz a testemunha.
A prática de detenção temporária tornou-se generalizada durante a libertação de partes ocupadas de Donbas e medidas preventivas na frente e nos postos de controle, e podia ser acompanhada pela violência.
A coligação "Justiça para Paz no Donbas" ocupa-se com documentação de casos ilegais de detenção e prisão. Quanto mais evidências coletadas, mais rapidamente os culpados serão levados à justiça.
Cada um de nós pode ajudar a preservar a história e restaurar a justiça no Donbas. Então, se você sabe sobre casos de detenção ilegal e reclusão no Donbas - por favor, preencha o formulário especial no site da Coligação. Sem o seu consentimento por escrito a Coligação não publicará e não transmitirá as informações recebidas , a terceiros.
Tradução: O. Kowaltschuk
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