quinta-feira, 22 de março de 2018

Jogos e terrorismo. De que acusam Savchenko.
Ukrainska Pravda (Verdade ukrainiana), 22.03.2018
Mariana Pietsukh


Tarde da noite de 20 de março, o deputado Anton Gerashchenko postou no Facebook o texto da Procuradoria Geral refente à deputada Nadia Savchenko.

Em 18 páginas a GPU (Procuradoria Geral da Ukraina) conta com detalhes, como, de acordo com a investigação, Savchenko e seus cúmplices preparavam um possante ato de terror no parlamento e tentativas de atentado contra o presidente Petro Poroshenko e outros altos funcionários.

A declaração de Gerashchenko não se tornou uma sensação - ela, em parte ecoa, e algures repete-se, palavra por palavra com as acusações que foram previamente ouvidas no caso de Volodymyr Ruban.

Pouco antes, neste dia, a própria Savchenko tentou avançar antecipadamente, promulgando alguns detalhes do caso e as evidências que serão apresentadas contra ela.

A "Verdade ukrainiana" entendeu o que, concretamente, incriminam a Savchenko, e como procede o inquérito na necessidade de levar o deputado à responsabilidade penal.

Plano "A" e "B".

Em 9 de março, quando a condenação de Ruban foi pronunciada no Tribunal, o nome de Savchenko como co-autor
do crime não foi ouvido.. No caso, já foi mencionado, um ex-assistente Oleg Mezentsev.

O próprio Mezentsev, no comentário à "Verdade Ukrainiana" afirmou, que não compreende porque seu nome apareceu na suspeita a Ruban e que ele não recebeu quaisquer convocação para interrogatórios. Ao mesmo tempo, ele não negou, que há muito tempo conhecia Ruban e que viajou com ele, para os tribunais de Savchenko, à Rússia.

    Oleg Mezentsev a esquerda e Volodymyr Ruban, à direita, ao lado de Savchenko, num                             passeio em Kyiv, no segundo dia após sua libertação em Kyiv.


(Para quem não leu as antigas publicações deste blog, Nadia Savchenko esteve presa, na Rússia, por um bom período. Quando foi libertada, Poroshenko foi buscá-la. Foi muito festejada - OK).

De acordo com um comunicado divulgado na terça-feira, Savchenko planejava seus crimes com o chefe da organização ukrainiana "Corpo de oficiais" Volodymyr Ruban, "a quem ela conheceu em circunstâncias incertas."

Segundo a investigação, Savchenko e Ruban tinham dois planos de ação. Primeiro plano - já esboçado em 15 de março pelo Procurador-Geral Yuriy Lutsenko, sobre "cúpula provocada", granadas, lançadas nos camarotes, e "terminar com os sobreviventes com automáticas."

O plano deveria ser implementado, quando no Parlamento, além dos deputados, deveriam estar o presidente Petro Poroshenko, o Primeiro Ministro Volodymyr Groisman e membros do governo.

Ao mesmo tempo, deviam explodir granadas dentro do salão de sessões, e "o uso de artefatos explosivos e armas" mortos "os indicados estadistas notáveis."

Além do bombardeio do Parlamento, paralelamente planejava-se bombardear a Administração presidencial e edifícios residenciais nas ruas adjacentes.

O segundo plano era capturar os prédios  do Parlamento, o que, um pouco lembra os eventos na Criméia em fevereiro de 2014. A segurança do prédio  do prédio devia ser fuzilada.

"Com o uso de morteiros, lança-granadas, armas de fogo e dispositivos explosivos", supostamente planejavam atacar a casa e os carros do presidente, do Ministro do Interior, do secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, outros.

Segundo a investigação, Savchenko começou a implementar seu plano criminal "pela derrubada violenta do sistema constitucional e pela tomada do poder do Estado da Ukraina" não depois de 20 de novembro de 2017.

De acordo com a constatação, de 20 a 23 de novembro, Savchenko esteve na companhia de Ruban, nos territórios ocupados. Particularmente em Makiivka, Horlivka e Donetsk. aonde eles "compraram armas de fogo, munições, explosivos..."

Lembramos que sobre a permanência de Savchenko em Makiivka no final de novembro, falava à "Verdade Ukrainiana" o ex-chefe Igor Koslovsky. Ele ficou muito surpreso porque esta visita de Savchenko no território ocupado não foi relatada nem na mídia ukrainiana, nem na mídia da ORDLO (Ordlo, assim chamam uma parte do território ukrainiano que é ocupado pelos combatentes protegidos pela Rússia - OK).

Os investigadores afirmam, que em 23 de novembro Ruban e Savchenko, pessoalmente levavam armas, do território não controlado, nos automóveis "Mercedes-Benz Sprinter". Respectivas fotos e áudio  já foram divulgadas no âmbito do caso Ruban.

Confirmando que Savchenko transportava armas junto com Ruban, menciona-se o encontrado telefone dentro do carro, no qual são encontradas amostras biológicas, que pertencem a uma pessoa feminina.

A própria Savchenko, em uma entrevista coletiva, em 20 de março, reconheceu que o telefone, realmente, poderia estar lá. Ela o transferiu, ainda na zona "cinza" às pessoas que "realizavam uma operação especial."

Segundo os investigadores, em 23 de novembro, Savchenko com Ruban cruzaram a linha de colisão KPVV (Posto de Controle) "Mayorsk", com armas, e foram redirecionados para a unidade militar A0553 em Khmelnytsky. No entanto, os figurantes deste dia permaneceram na zona ATO.

Em particular, em um apartamento na cidade de Bakhmut, localizada em área controlada pela Ukraina, a 15 km da
linha de colisão, eles, supostamente, criavam seus planos criminais para futuros atos terroristas e assassinatos.

A próxima reunião para o planejamento das ações ocorreu em 1º de dezembro em Khmelnytsky, no território da unidade militar já mencionada - no escritório, no aterro e em apartamentos residenciais. Foi no aterro de Khmelnytsky que Savchenko executava disparos de armas trazidas.

Em 13 de dezembro, os investigadores registraram uma reunião dos detidos já em Kyiv, no escritório, na travessa do Museu.

A julgar pelas palavras de Savchenko, em uma entrevista, ela espera a liberação de vídeos dessas reuniões. 
Nessas reuniões, Savchenko e Ruban, aparentemente, não estavam sozinhos, mas com o chamado "objeto A". Foi assim que Savchenko chamou várias pessoas que foram consultadas sobre os detalhes do ataque terrorista.

A "Objeto A" foi interessante fixar tudo o que eu faço. Por isso, comecei a criar o surrealismo, que consistia no fato de que - não só, como disse Lutsenko, granadas em todas as direções, morteiro na cúpula - eu contava todas as possíveis e impossíveis operações, constantemente consultado o "objeto ". O "objeto A" dava suas propostas", - disse Savchenko na palestra.

De acordo com o conspiratório "Objeto A" escondem-se os nomes de Zakharchenko O. B., Berezenia G.P., Luashcha S. V., Kota V.V. Estas pessoas segundo a versão da investigação, Volodymyr Ruban envolveu à cooperação, com a finalidade da realização de próximos ataques à cooperação, com a finalidade da realização de próximos ataques terroristas durante 2.017.

Ao mesmo tempo, Zakharchenko O.V., Berezenia G.P., Lyashchsv, Kota v v supostamente concordaram com o plano de Ruban, paralelamente avisaram sobre isso aos órgãos e continuam a colaborar com a investigação em paralelo.

Foi justamente Berezem que transportava, em 23 de novembro, as armas para Khmelnytskyi.

O testemunho dessas quatro pessoas faz parte das provas recolhidas pela investigação contra Savchenko e Ruban, e as que serão apresentadas em 22 de março na Verkhovna Rada.

Além disso, há evidências, "uma folha de papel com a impressão do esquema da sala de reuniões" (do Parlamento) que desenhava pessoalmente Savchenko - que foi encontrada em 03.12.2017 no escritório do comandante da unidade militar em Khmelnitsky.

De acordo com as evidências, Savchenko é acusada em quatro artigos do Código Penal - transporte, armazenamento, aquisição e transferência de armas, preparação para ataque, preparação de atentado contra altos funcionários do Estado, deputados e derrubada violenta da ordem constitucional e a tomada do poder do estado.

Perspectivas de prisão

Na procuradoria-Geral, não há dúvidas de que os votos para privação de imunidade da deputada serão suficientes.
Além disso, Savchenko admitiu, que está envolvida no transporte de armas através da linha de colisão e planejamento de atos terroristas e assassinatos. Verdade, ela chamou isso de "provocação política" para mostrar às autoridades que elas são "mortais" e "engraçadas".

Ao mesmo tempo, Savchenko convence, que nunca prejudicaria o Parlamento, se lá houvesse pessoas inocentes.

Mas, se há votos suficientes para prender Savchenko, por enquanto certeza no Parlamento não há. É marcante, que no final da noite de 20 de março, da página oficial do Parlamento com anúncio da reunião do Comitê para 21 de março desapareceu o ponto sobre a verificação do caso. Apesar de que ainda no final do dia de trabalho, esta questão foi mencionada no anúncio.

Em seguida soube-se, que a consideração do comitê processual de Savchenko foi transferido para manhã de 22 de março - pouco antes da sessão plenária, durante a qual os deputados, no caso de uma decisão favorável, irão votar pela privação de imunidade e prisão da deputada.

Tradução: O. Kowaltschuk

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