Esta é a prova de que o conflito está chegando a um novo nível. Ambos os lados demonstram obstinação mútua e, ao mesmo tempo, sem pressa para se sentar na mesa de negociações. Como resultado, existe um risco muito alto, que todos perderão.
Sobre isto a "Verdade Européia já repetiu em suas publicações, nos últimos dois dias. Mas, neste conflito, há um terceiro lado, cuja participação não é muito visível e, felizmente, não é decisiva. No entanto, essa perspectiva também deve ser entendida, para ver a imagem completa.
O ponto é que Kremlin, antes de tudo, não está simplesmente interessado no cenário do conflito ukrainiano-húngaro, que deve levar Kyiv e Budapeste para um cenário sem solução.
Moscou preparou cuidadosamente os dois lados para o impasse.
E o anúncio para a sexta-feira, 13 de outubro, a ação sob a embaixada ukrainiana em Budapeste - é apenas desnecessária confirmação.
O principal agente de influência de Moscou.
A ação é organizada pelo "Yobbyk" sob o slogan "Autodeterminação para o Transcarpathia". Sob o mesmo slogan, este mesmo partido realizou uma manifestação semelhante em Budapeste, em 27 de março de 2014 - no transcorrer de trágicos acontecimentos na Criméia, no Donbas e agressão russa.
Além disso, até o nome do principal iniciador em ambos os casos é o mesmo: como nos três anos atrás, é Tomas Gaudi-Nodi. Foi a ele, recentemente, com o deputado do Parlamento Europeu de "Yobbyk" Christina Morvai não permitiram a entrada a Ukraina no ponto de controle de Transcarpathia "Luzhanka".
Foi Tomas Gaudi-Nobi que em abril de 2014 falou na sessão da PACE (Assembléia Parlamentar do Conselho Europeu) em abril de 2014, apresentou-se com inscrição na camiseta: "Criméia pertence legalmente à Rússia. Transcarpathia pertence legalmente à Hungria".
"Yobbyk" nunca escondeu suas ambições ao Transcarpathia, por várias vezes exigiu das autoridades húngaras que expressassem reivindicações territoriais nesta região. O Ministério das Relações Exteriores da Hungria precisou declarar a sua não pretensão a estas ações.
E, ainda, o partido "Yobbyk" nunca escondeu, não só a sua posição pró-russa, como seus laços estreitos com Moscou, visitas frequentes para lá, cooperação.
Ao seu partidário, também deputado do Parlamento Europeu, Baile Kovacs, que era um observador oficial no pseudo-referendo na Criméia e chamou-o legítimo, até abriram uma questão na Hungria - por espionagem a favor da Rússia. A investigação continua até agora.
Deve-se observar, que "Yobbyk" não é aliado do governo Viktor Orban. Pelo contrário, hoje é o principal partido de oposição e concorrente do partido do governo "Fides" nas próximas eleições, que realizar-se-ão em abril de 2018.
Ambas as forças políticas não apenas competem em um nicho radical de direita, mas entre eles há uma verdadeira oposição ao nível de líderes - Viktor Orban e Gabors Vony. Nos últimos meses, além da "guerra de quadros de avisos" e das acusações mútuas, chegou até ofensas francas "abaixo do cinto".
"Fides" e "Yobbyk" competem pela simpatia e pelo dinheiro de Moscou. Ambas as partes constantemente são criticadas, por isso, pelos políticos rivais e, ao primeiro-ministro da Hungria - também toda Europa democrática.
E, se, em princípio a Orban isto não atinge, então tornar-se o "principal agente do Kremlin" aos olhos da maioria dos húngaros é muito arriscado, porque a atitude em relação à Rússia dentro da Hungria é, dizendo suavemente, ambígua. È por isso que a equipe de Viktor Orban trabalha com muito cuidado este tema, para que a sociedade húngara "compreenda corretamente" o flerte com Kremlin - "exclusivamente como passos forçados principalmente no setor da energia por causa dos interesses nacionais da Hungria". Daí o projeto AES "Paks-2", no qual Rússia investe 10 bilhões de euros.
Por sinal, a questão da espionagem a favor da Rússia contra Baile Kovaks de "Yobbyk" foi criada precisamente no âmbito deste "projeto de investimento", e este foi um jogo muito habilidoso da equipe Orban. O que já não se pode dizer sobre a concessão a Putin de Título honorário de doutor, da Universidade Debrecen.
Também "Fides" não se cansa de lembrar, como começou a carreira de seu líder na grande política - um discurso
emocional em 16 de junho de 1.989, quando então um político jovem ainda, pouco conhecido, exigiu publicamente uma eleição democrática e a retirada das tropas soviéticas da Hungria. Isto Viktor Orban falou na cerimônia de re-enterro de Imre Nadia (foi duas vezes 1º ministro da Hungria) e outras vítimas da Revolução Húngara de 1956.
A lembrança de eventos, quando os tanques soviéticos sufocavam a revolução em Budapeste, constituem uma emoção anti-russa muito forte na sociedade húngara.
A equipe de Orban a usa habilmente.
Em qualquer caso, apesar de encontros regulares do primeiro-ministro da Hungria e Vladimir Putin, não "Fides", mas "Yobbyk" é realmente o principal agente russo de influência na Hungria. Pelo menos até agora, porque isto é de interesse de Viktor Orban, e ele compreende isto muito bem.
É por isto que Budapeste, embora exija uma revisão do Acordo sobre o Acordo de Associação da Ukraina com União Européia mas, inesperadamente, não bloqueará a continuação de sanções contra Rússia. Costumeiramente, na guerra contra Ukraina, Moscou joga com a equipe de Viktor Orban, tentando impor seus próprios cenários, e isto lhe dá certo, mas diferentemente, do que no caso de "Yobbyk".
Pegadas russas no Transcarpathia.
Nos últimos dois anos, Kremlin manipula sistematicamente com as ambições de Budapeste na questão de proteção dos húngaros que vivem na Ukraina e seus direitos à autonomia, que a equipe de governo persistentemente promove (esta idéia é descrita em detalhes, na publicação em separado, "O que está por trás da idéia de autonomia dos húngaros?"). O objetivo é banal: mostrar, que Ukraina estala pelas costuras (Тріщить на швах) e, "guerra civil" é possível não somente no Donbas, mas também na fronteira com UE, dizem eles, Transcarpathia em nada difere de Donetsk ou Luhansk, apenas lá não há russos, há húngaros. Que Budapeste, não simplesmente tem pretensões territoriais sérias, mas a própria região quer autonomia.
Assim, se, até 2015, para desestabilizar a situação no Transcarpathia, Kremlin explorou, principalmente, o tema do "russismo" e através dos meios de comunicação russos e pró-russos na Ukraina, proclamava "as autonomias russas", então nos últimos anos - as húngaras.
Isso se faz de forma massiva e regular, com a ajuda de mídias ukrainianas, como 112, "Podrobnosty" (Detalhes),
"Komentari" (Comentários) e "Korespondent" (Correspondente).
Paralelamente e em continuação denigrem-se monumentos, cruzes e outros símbolos, ou ukrainianos, ou húngaros. Por vez.
Durante o último ano, o número de manipulações em torno da "questão húngara" aumentou significativamente. Isto é relacionado com o agravamento das relações entre Kyiv e Budapeste em torno dos primeiros projetos de lei sobre a linguagem, que Ukraina discutiu ativamente no início de 2017.
Hungria acompanhou este processo cuidadosamente - e já então expressava sua própria ansiedade. Rússia também acompanhava, intensificando provocações no linguístico campo nacional em todos os lugares, incluindo Transcarpathia, onde residem os húngaros (regiões Berehivskyi e Vynohradivskyi) foram colocadas grandes placas escritas em idioma húngaro: "Vós cumprimentam os húngaros", "Terra do idioma húngaro".
Paralelamente, a mídia relatava não apenas sobre estas placas, mas também que o SBU (Serviço de Proteção da Ukraina) prendeu a liderança do distrito Berehove pelo separatismo, sobre novas exigências da comunidade húngara para proclamar a autonomia do Transcarpathia e assim por diante. Infelizmente, tradicionalmente, estes falsos então transmitiam não só os russos TASS, mas também a mídia ukrainiana.
A história com esta propaganda húngara - gritante, questões abertas - um monte, incluindo nossos órgãos especiais, funcionários locais. Mas o pior é que os húngaros e Budapeste então não acreditavam no SBU, que relatava sobre a trilha russa.
Pelo contrário, nessa provocação eles viram um vestígio de Kyiv, que assim tentava "desacreditar" a minoria húngara e suas demandas. Declarações oficiais não houve, mas os representantes da equipe de Orban, de vários níveis, falava abertamente, que não acredita na versão do SBU, dizendo, que FSB (Serviço Federal de Segurança) trabalha com muito profissionalismo, e mais uma vez pediu às autoridades ukrainianas que parassem esses jogos.
E, exatamente daqui, se espalham as declarações apocalípticas do lado húngaro sobre o fechamento das escolas húngaras e ukrainização total. Até mesmo histórias absurdas sobre a proibição de rezar nas igrejas no idioma húngaro. Hoje este é um muito popular medo entre os reformadores do Transcarpathia e os católicos romanos.
Assim, já por mais de um mês, o lado húngaro realmente reage não simplesmente à lei educacional ukrainiana ou ao seu artigo 7º, mas também a uma mistura de decisões na manipulação de Moscou contra as minorias húngaras e outras minorias nacionais.
Do mesmo modo o lado ukrainiano: em preparação para a lei sobre educação, Kyiv estava ente os influenciados pelas narrativas russas sobre o separatismo húngaro, as reivindicações territoriais de Budapeste, realizam-se paralelos entre Transcarpathia, Donbas e Criméia. Ainda emerge essa imagem. Isto denomina-se guerra informativa hibrida.
Saída do impasse.
O grau de confronto entre Kyiv e Budapeste hoje é muito alto, para que o conflito seja resolvido por algumas negociações ou reuniões. Mas elas são muito necessárias, porque sua ausência - apenas aprofunda a diferença entre os países, e este é exatamente o cenário de Moscou. Ukraina adotou uma posição de espera e de contenção, ajustando-se para um jogo longo. Portanto na base de diversas e emocionantes declarações Kyiv parece, de alguma forma, mais confiante diante de declarações afiadas e emocionais.
Mas nosso lado fraco - é a formulação legal que podem "negar" na Europa, e os instrumentos de pressão, que tem Budapeste como membro da UE. Mais um problema é a complicação adicional das relações bilaterais com Budapeste e Bucareste no futuro, bem como com minorias húngaras e romenas. cujo apoio Kyiv perde rapidamente.
Ao mesmo tempo, as ameaças da Hungria para iniciar a revisão do Acordo de Associação Ukraina - União Européia não é tanto um cenário do Kremlin, mas um convite específico às negociações. Mas em outro - mais alto nível. É, por isso que o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Peter Siavorth ignora abertamente o seu colega ukrainiano (digamos, o tempo já passou), e de repente voa até Uzhhorod, para transferir a mensagem.
Claro, esta é uma mensagem para Petro Poroshenko - de Viktor Orban. E, com as ameaças contra o Acordo de Associação UE-Ukraina, em Orban aumentam as taxas, inclusive para o debate na PACE e na reunião do Conselho da UE. Mas o que é notável: o primeiro-ministro húngaro, até agora não fez nenhuma declaração grosseira sobre o conflito em torno da lei sobre educação. Apenas que está triste. E assim, está pronto ao diálogo. Isto é, Budapeste, na verdade, não só procura resolver o conflito, mas de forma operacional, obviamente não contra, para que isto faça pessoalmente seu líder Viktor Orban, que se prepara para liderar o governo húngaro pela terceira vez. Pontos adicionais para ele não lhe atrapalharão.
O fator eleitoral realmente exerce pressão sobre o líder húngaro, porque cada uma de suas derrotas usará o mesmo "Yobbyk" e aproveitará, para tomar outra parte de eleitorado da direita. É por isso que, para Orban é muito importante que este diálogo com Kyiv não é apenas sobre a lei educacional, mas sobre todas as questões sensíveis das relações bilaterais que já se acumularam. Então, para ele, até abril de 2018, nas relações com Kyiv, se ele não alcançar um progresso tangível, então, pelo menos, não receberá motivos para crítica destruidora de rivais políticos, como aconteceu com a lei sobre educação.
A lista desses tópicos é: dupla cidadania, lei sobre idioma, descentralização e criação da comunidades territoriais unidas, distrito eleitoral Pritysyansky. Projeto de lei sobre os dois primeiros tópicos no parlamento, estão entre as principais prioridades.
Na verdade, a adoção da lei sobre educação, mesmo com esse artigo 7º não era sensação para Budapeste e não é tragédia. Além disso, neste artigo a lei contém o artigo 4, que, de fato, deixa a educação dos húngaros em sua língua nativa no mesmo nível que antes, da adoção da lei. Budapeste tentará defendê-lo, em negociações com Kyiv, e o problema da derrota será levantado. Outra saída - empurrar toda a culpa da lei ukrainiana sobre educação na Comissão de Veneza, acusando-a de tendenciosa e trabalho para Soros, como Budapeste fez recentemente na questão da própria lei sobre educação superior.
Petro Poroshenko, pessoalmente, não está menos interessado em tal conversa do que Viktor Orban. A conversa no mais alto nível com Budapeste não é apenas na lei educacional, mas também em outros tópicos lembrados - há possibilidades: baixar um pouco o nível nas tensões com Budapeste e minorias tendo demonstrado ser um negociador eficaz - para fechar a frente diplomática da Hungria, concentrando-se na Europa, sanções. - Evitar outros conflitos semelhantes, nos quais Moscou e seus agentes de influência estão especulando.
Tradução: O. Kowaltschuk
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