sexta-feira, 18 de janeiro de 2019


PUTIN PREPARA UMA GUERRA GLOBAL
Vyssokyi Zamok (Castelo Alto), 17.12.2018
Igor Gulek

Ele acredita que suas ilusões imperiais entraram em colapso por culpa da Ucrânia.

Na semana passada passou imperceptível, em Kyiv, a apresentação do projeto comum da Semana Ucraniana e The Economist: "O mundo em 2019". 
Falando para sociedade especializada, o chefe do Serviço de Segurança e Defesa da Ucrânia, Valentim Petrov disse que, para Putin, a captura da Ucrânia não é o objetivo final, mas apenas um elemento de preparação para uma ofensiva mais ampla.

"Se olhar para as atuais iniciativas militares russas, pode-se dizer que isso não é apenas uma preparação de guerra com Ucrânia, é um dos elementos do mais amplo desenvolvimento estratégico da máquina russa. Ele vem do Mar do Norte até Síria. Pode-se falar sobre preparação à guerra mundial", disse o analista.

Recentemente, durante o Fórum de Segurança em Lviv, um oficial de carreira  britânico, com 37 anos de experiência, coronel Glen Grant, respondendo à pergunta de internet-recurso "Zbruch" sobre difícil retórica anti-ucraniana da máquina de propaganda russa, declarou: "Estes são disparates russos". Eu preferiria não pensar em tais assuntos, se isto não tivesse significado: Rússia prepara algo. O mesmo, com o que Hitler ocupava-se em 1939. "Os poloneses fazem algo diferente, os checos fazem algo diferente..." - mesmíssima coisa. As lições precisam ser estudadas e assimiladas e, em nenhum caso, ignoradas. 

Robert F. Farley, professor americano de questões de defesa e segurança nacional, membro sênior da Escola Patterson de Diplomacia e Comércio Internacional, da Universidade de Kentucky (EUA), acredita que o nosso país é um dos lugares potenciais onde o conflito global pode se manifestar. Segundo Farley, a Terceira Guerra Mundial poderá surgir "após a mudança do governo ucraniano, o que aproveitará a liderança da Rússia. Na Ucrânia começará instabilidade total, e Vladimir Putin verá a chance de uma captura total do país."

Será que existem razões para confiar nessas pessoas? Claro, existem. O eremita do Kremlin, todos os dias sofre perdas significativas - sua idéia insana com a Nova Rússia repousa em fase embrionária, mas a resposta da comunidade internacional à Criméia e Donbas foi, não como no caso com Geórgia, "uma profunda preocupação" que, de fato, transformou Rússia em uma reserva isolada do mundo de guerras inadequadas. A aventura de Kerch frustrou as dúvidas remanescentes de que Rússia está travando uma guerra real contra seu vizinho, que não pode ser disfarçada com nenhuma "mentirinha hibrida."

Para Putin, é importante manter uma bonita história para um jogo feio, especialmente aos olhos do aristocrata russo. Para os milhões de miseráveis (não importa se é um imperador-perdedor, ou um ditador sanguinário como Joseph Stalin) que seja "ungido por Deus". Putin acreditava em ser escolhido por Deus e sua "infalibilidade", e agora temos de ouvir o filósofo Guê Norman que assim descreve esse tipo de líder: "Um ladrão que bate em um policial não quer mudar o mundo, mas o ideólogo messiânico quer".

O último prego no ataúde do "mundo russo" na Ucrânia foi o Conselho da Unidade, no qual surgiu a Igreja ucraniana independente. O reconhecimento de Constantinopla, da Igreja ortodoxa na Ucrânia significará para Putin, de acordo com o famoso jornalista Ayer Mudzbayev "a perda de santidade e sacralidade, por ele inventadas, mas ele já acredita nelas."

Presumo que Putin considere Ucrânia culpada pelo fato de suas ilusões imperiais terem entrado em colapso. Também é perigoso que a propaganda tenha alimentado seu lado negro - os russos consideram os ucranianos mais inimigos do que os terroristas do Estado Islâmico. Além disso, a gangue do Kremlin percebe, que tudo foi causado por ela, - desde o "Boeing" sobre o Donbas a ataques químicos na Síria, - viola os termos do direito internacional e pode tornar-se objeto de consideração pelo Tribunal Penal Internacional. Consequentemente, compreende que existem poucas variantes - ou "rebelião russa", ou isolamento completo, e daí-o colapso do "não império", ou o banco dos réus em Haia. "Cedo ou tarde todos sentam à mesa de banquete de suas ações"...

Há, é claro, mais um caminho monstruoso - desencadear uma guerra global, afogar em sangue milhões de inocentes, para depois a humanidade considerasse todas atuais perversidades como brinquedo de criança em comparação com o que eles tiveram que suportar. Se conseguirem sobreviver...

Mas, vamos esperar, que o mundo também estará pronto a um cenário semelhante. Pelo menos a Ucrânia, que está na ponta dos ataques de Putin, não mais cairá aos pés do invasor e defenderá desesperadamente, a si e a Europa. Desde que lá compreendam o perigo das intenções de Putin e o fato de que, entregando a Ucrânia, eles se tornarão, automaticamente, vítimas potenciais do urso russo.

Tradução: O. Kowaltschuk








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