sábado, 21 de setembro de 2019


MEDICINA MILITAR: ACONTECEU O PACIENTE RECEBER ALTA, MAS NÃO TINHA PARA ONDE IR. NÓS MUDAMOS ISSO.


Entrevista: Castelo Alto 16.09.2019.

O Centro Clínico Médico Militar da Região Oeste, conhecendo como o hospital de Chekhov tornou-se o centro de peregrinação para o povo de Lviv, que cuidou dos "atovtsi" (Sodados  e voluntários que lutam pela liberdade da Ucrânia. Palavra derivada da palavra ATO), desde os primeiros dias da guerra. Assim que as ambulâncias com sirene aceleraram em direção ao centro do aeroporto, todos sabiam que era hora de mais uma mobilização comunitária.



Como vive hoje a instituição médica militar mais importante da região, diz Taras Klofa, coronel das Forças Armadas da Ucrânia, urologista de primeira categoria, doutor honorário da Ucrânia, candidato a ciências médicas, adjunto da unidade médica do chefe do centro clínico militar da região oeste, deputado da facção LMR.

- Qual é a especifidade de sua instituição, será área de responsabilidade?

- O Centro Médico Militar da Região Oeste está sob a autoridade do Ministro da Defesa. Zona de responsabilidade e proteção de serviços médicos aos militares aposentados e militares da ativa. Formalmente, há um vínculo territorial - são oito regiões: Lviv, Volyn, Transcarpathian, Ivano-Frankivsk, Ternopil, Chernivtsi, Rivne e Khmelnitsky.  Os serviços também são fornecidos a civis, com base em honorários, mas a proporção dos pacientes armados é de cerca da 65 a 70%. 675 camas. Obviamente, não é o número de leitos que determina a capacidade da instituição, mas na Ucrânia é mais um indicador do qual depende, em particular, o financiamento. Atualmente, existem cinco  desses centros na Ucrânia -  ainda em Kiev, Odessa, Kharkiv e Vinnytsia. Cada um tem sua especialização. A nossa é neurocirurgia, traumatologia, cirurgia cardiovascular e reabilitação. Existem outros compartimentos, onde recebemos pacientes, mas esse é o perfil do Centro Ocidental. 

- Qual foi a disponibilidade do hospital em 2014 com o início da agressão russa?

- Claro, ninguém esperava tais eventos. O hospital estava acostumado a trabalhar em tempos de paz e, quase todo o financiamento, como todo o exército, estava ausente. A guerra nos pegou, francamente, de surpresa. Lembro-me de agosto, setembro e outubro de 2.024. Provavelmente os piores meses. Durante o dia, mais de 120 feridos poderiam passar pelas salas de operação nos hospitais do Leste. As enfermeiras cirúrgicas caíam de cansaço. Os médicos faziam plantão diariamente, e após sua escala de trabalho, ficavam, porque sabiam que não havia outra saída. Havia uma escassez crítica de pessoas. Tivemos um aumento no número de médicos mobilizados, mas depois de alguns meses eles voltaram aos seus empregos anteriores. No total, desde 2.014 em Lviv nós recebemos cerca de um mil feridos - mais de mil vidas foram salvas. Os feridos continuam chegando, a guerra continua.

- E graças a o quê conseguiam?

- Graças ao entusiasmo e auto-sacrifício de nossa equipe. E ao apoio da comunidade de Lviv. A sociedade se envolveu muito e sua assistência tem sido extremamente relevante para nós. Todos ajudaram: ativistas comunitários, voluntários, empresas privadas, escolas, cidadãos comuns. Traziam de tudo: desde roupas e produtos de higiene a equipamentos médicos. A partir de agora, já podemos atender às necessidades dos pacientes em 85 a 90%. Existem coisas específicas que Ucrânia não tem ou não têm a oportunidade de comprar, e então buscamos ajuda de organizações de voluntários. Em 2014 tudo estava faltando. Outro desafio é a especificidade das lesões em minas terrestres. Não tínhamos tal experiência. São lesões muito complexas, curso imprevisível da doença. Alguns médicos que serviram no Afeganistão e no Iraque tinham alguma experiência. Precisamos aprender no processo do trabalho.

- Agora a situação de segurança mudou?

- Naturalmente, melhorou significativamente. No entanto, o equipamento desgasta-se, há a necessidade de atualizações e modernização. Por exemplo, calculamos que, para reformar uma sala cirúrgica, de acordo com os padrões atuais, precisamos de 4 a 4,5 milhões de UAH, e temos 7 unidades operacionais. Existem dificuldades em tornar nossas instalações acessíveis a todas as categorias de pacientes. Lembro, de que nossa especialização são lesões na coluna vertebral, por isso muitos se locomovem em carrinhos. Então, digamos que a instalação de uma ou duas portas, que respondem ao sensor de movimento e se abrem, não resolverá esse problema. No Ocidente, os hospitais militares são planejados e construídos com tão importante nuance, nós segundo a possibilidade acrescentamos o que podemos.

Em breve instalaremos um novo elevador moderno, graças a fundos fornecidos pela Câmara Municipal de Lviv. Além, às custas da cidade e da região, houve melhoras no hospital. Em 2015 - 2016, com a ajuda do padre Stepan Sousse e da comunidade ucraniana de Hannover, trouxemos 180 leitos funcionais: eles serviram de três a cinco anos em hospitais alemães, mas comparados a o que tínhamos, esta era uma oportunidade para melhorar as condições de vida dos pacientes. Com a participação de filantropos e organizações de voluntários, significativamente foi atualizada e aprimorada a Clínica de Medicina Renovável.

Questões não resolvidas.

- Como já foi dito, trabalhamos com uma categoria especial de pacientes, em particular com lesões do sistema nervoso, central e periférico, danos do sistema músculo-esquelético, que são entregues em estado supino (deitado) e, eventualmente passam  para o carrinho. As consequências  de ferimentos explosivos são imprevisíveis. com complicações. O tratamento pode levar meses. Alguns pacientes necessitam de tratamento caro que não é possível pelo governo. Nós não temos condições de fornecer isso por conta própria, está além da nossa competência. Para alguém surge a chance  de continuar seu tratamento no exterior, mas os custos são suportados, principalmente pela família e organizações voluntárias, pois não há uma abordagem sistemática no nível do Ministério da Defesa. Às vezes um paciente recebe alta e sai do hospital com uma pensão de 4,5 mil UAH por mês e não há para onde ir, nenhuma família. Todas essas questões requerem uma solução sistêmica, possível com a cooperação ativa dos governos locais, instituições médicas, ministérios dos veteranos da defesa.

Tradução do ucraniano: O. Kowaltschuk

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