quinta-feira, 30 de julho de 2015

Não pelo idioma russo e não por um pedaço do território guerreia Putin na Ukraina.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 22.07.2015
Natália Baliuk



Algo chocante, em minha opinião, é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kyiv (27 de junho a 9 de julho), sobre os compromissos que estão dispostos aceitar os ukrainianos para cessação das ações militares no Donbas.

Verifica-se, que quase metade dos inquiridos (47,7%) com idade acima de 18 anos, pela paz, estão de acordo em dar ao idioma russo o estatuto de segundo idioma estatal, 33% dos entrevistados estão dispostos entregar a Criméia à Rússia (Ukraina não reconhece Criméia como parte da Rússia, 40% recusam-se da adesão à OTAN, um terço (33%) da entrada à União Européia e, reconhecem a independência dos agrupamentos "DNR" e "FSC" quase 19%.

Pelo lado essencialmente humano, as pessoas podem ser compreendidas. Os ukrainianos cansaram desta não declarada guerra, da incerteza e ausência de perspectivas. As pessoas não querem mais vítimas, temem que seus parentes e amigos irão para frente. Mas, por outro lado, a disposição em ceder parte do território ou o estatuto de língua oficial é evidência de alguns fatos muito perturbadores.

Em primeiro lugar, a propaganda russa, apesar de todos os esforços do Ministério de Informação, dá seus frutos. Ainda recentemente, aos ukrainianos, a questão do idioma russo entre todos os problemas existentes no país, estava entre terceira ou quarta dezena. . Com outras palavras, tal problema, simplesmente, não existia. Mas com a "opressão" da língua russa a cidadãos russo-falantes, não cansava noticiar a TV russa. 
Se agora quase metade de ukrainianos pensa, que o estatuto da língua russa atenderá às necessidades de Putin, então eles, conscientemente ou semi-conscientemente perceberam a imposta pela propaganda do Kremlin, realidade paralela.
Nestas pessoas deslocou-se a especial atenção e "flutuou" a consciência. Procede que, parte de ukrainianos realmente considera, que o motivo da anexação (segundo versão do Kremlin  - "libertação") da Crimeia é que, lá pressionavam os falantes do russo e os forçavam a ukrainização. No entendimento destas pessoas é que , exatamente o idioma russo - motivo da crise russo - ukrainiana... Enfim, o que falar sobre ukrainianos, cuja consciência está ferida pela guerra, quando alguns líderes europeus acreditam, que a Donbas deve ser dada autonomia ou concordar com a federalização, e então, supõe-se virá a paz...

E aqui nós passamos ao segundo, e, de fato, o principal problema, quase 50% dos ukrainianos não compreendem totalmente o que está acontecendo agora no país! Eles não entendem que não é pela língua russa que na Ukraina Putin está lutando.  E, também não é por um pedaço de território ukrainiano. Putin está lutando por suas grandes ambições de poder. Pelos seus complexos chauvinistas. Pelo desejo mórbido de restaurar o império e tornar-se ditador contemporâneo ( não por acaso, na Rússia, as conversas sobre uma possível restauração da monarquia tornaram-se mais frequentes. Pelo seu nostálgico desejo de restaurar a União Soviética e renovar a influência geopolítica. E Ukraina lhe é necessária inteira, não em partes. E, como pode haver novo império russo, atual União Soviética, sem Ukraina?! Além disso, bem sucedida, democrática, pró-européia Ukraina pode tornar-se um exemplo perigoso ao autoritário oligárquico-bandido sistema, construído pelo proprietário atual do Kremlin. Putin não precisa de uma inventada Nova Rússia, nem federalização. Tudo isto são apenas instrumentos para desestabilização na Ukraina. Modo de enfraquecer nosso país. E, ao mesmo tempo neutralizar a dignidade nacional dos ukrainianos, a capacidade de resistência das pessoas, da proteção dos valores europeus. O país sangrado e sem princípios é mais fácil subordinar. Hoje, nós graças à mítica paz renunciaremos ao idioma, amanhã - do território, depois - da perspectiva européia, mas ao insaciável Dragão tudo será pouco. E, em um momento perceberemos que não só renunciamos à dignidade ou ao território, mas perdemos o Estado independente.

Com suas ações Putin "Obriga-nos à paz" em seus próprios termos. Última pesquisa sociológica, testemunha, que grande parte de ukrainianos que, abertamente, vivem pelo princípio "minha casa fica ao lado", moralmente estão preparados para se render.
Não me canso de citar Winston Churchill: "Quando o país entre a vergonha e a guerra escolhe a vergonha, em resultado receberá a vergonha e a guerra". Infelizmente, na história, inclusive na história da Ukraina isto corroborou-se mais de uma vez... 

Poroshenko: "Atacar-nos da retaguarda é mais caro que minar por dentro".
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 19.07.2015

Ukraina está mais forte, tanto que ao inimigo tornou-se evidente que a invasão direta pode ter um preço muito alto.
Então o inimigo entendeu, atacar pela retaguarda é mais caro que tentar miná-la por dentro.
Isto o presidente da Ukraina Petro Poroshenko disse durante as celebrações dos 150 anos do nascimento do Metropolita Andrey Sheptytskyi em Lviv.
"Nós realizamos um grande projeto nacional - criamos um exército ukrainiano eficiente. Nós, não simplesmente sobrevivemos nesta luta desigual com o agressor russo. Nós nos fortalecemos tanto, que ao inimigo tornou-se óbvio o preço muito alto que pode resultar de uma invasão direta. Nos atacar da retaguarda é mais caro que tentar nos atacar por dentro. Por exemplo, jogar com sentimentos patrióticos sob o lema  "nos enganam - tudo perdeu-se", o que nós observamos em Mariupol. Ou incitar alguns homens armados a deslocar-se para Kyiv. Ou apoiar anarquia, semear desordem, revolta, desânimo, ódio, decepção, desesperança, descontentamento com a difícil situação econômica...
No entanto, segundo suas palavras, a nação ukrainiana, ao contrário, mostra unidade e coesão, patriotismo e amor a Ukraina.

***
O Conselho de Segurança da ONU não conseguiu aprovar o projeto de resolução para criação do Tribunal Internacional para investigação da queda do Boeing, no vôo MH17.


Votaram a favor 11 membros, 1 - contra (Rússia) e 3 abstenções (China, Angola, Venezuela).
Devido ao fato de que Rússia é um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, o documento foi vetado.
O mundo que luta contra o terrorismo está chocado. Rússia deliberadamente bloqueou a criação do Tribunal Internacional para investigar a queda do avião de passageiros da Malásia "Boeing" com 298 passageiros, de Amsterdam a Kuala-Lampur, em 17,06.2014.
Os países que votaram a favor da criação do Tribunal, dizem que encontrarão mecanismos para punir os responsáveis, que poderão ser: acordo internacional para investigação conjunta, ações individuais contra Rússia pelos familiares das vítimas, decisão da Assembléia Geral da ONU para criação do Tribunal (necessários 2/3 de votos). Os analistas não descartam maior isolamento político da Rússia e reforço das sanções econômicas contra o país.

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O inquérito britânico sobre o assassinato de Alexander Litvinenko acusou as autoridades russas de envolvimento no envenenamento do ex-agente da FSB, informa a BBC.
O advogado Horuel diz, que as autoridades russas tinham muitas razões para desejar a morte de Litvinenko, e seu assassinato não poderia acontecer sem a participação das autoridades públicas.
Horuel acusou o ex-diretor do FSB, agora deputado da Duma Andrei Lugovoi e o empresário russo Dmitry Kovtun.
Segundo a Scotland Yard há uma evidência cabal da culpa de Lugovoi e Kovtun.
Litvinenko obteve asilo político na Grã Bretanha em 2001. Ele tornou-se famoso nos anos 90, depois de, com alguns colegas, publicamente culpar as autoridades russas em pretender eliminar o empresário Boris Berezovsky.
 Litvinenko foi envenenado com polônio, em Londres.

Tradução: O. Kowaltschuk

terça-feira, 28 de julho de 2015

A fábrica de tabaco de Lviv é acusada como o principal fornecedor para o contrabando dos cigarros.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 22.07.2015

Governador Gennady Moskal
No dia 11 de julho houve um confronto armado na região de Mukachevo. Os problemas surgiram devido ao contrabando de cigarros, no qual estariam envolvidos os combatentes do "Setor Direito" e pessoas do deputado Michael Lanier. No confronto estariam envolvidas várias pessoas e mais de 10 foram feridas. (O problema é grave porque o "Setor Direito" apoiou, até agora, a luta contra os invasores no leste da Ukraina - OK)). Uma pessoa morreu mas, segundo testemunhas, esta pessoa não participou do confronto, foi ferida acidentalmente. Também foi citado um terceiro lado na origem deste conflito, que seria o deputado Baloha.
O deputado Michel Lanier (ex-partido do ex-presidente Yanukovych) apenas negou sua participação e acabou ausentado-se da Ukraina. Já o deputado Baloha acusa o governo. O problema maior poderá surgir com o "Setor Direito" que é constituído por muitas pessoas que, inclusive, lutam no leste contra os separatistas. Continuarão lutando na defesa do país? Declarações e manifestações contra o governo do presidente Poroshenko não faltaram, nem manifestações em Kyiv.

Segundo serviço de imprensa, para reforçar a luta contra o contrabando através da fronteira verde do Transcarpathia , foram colocados postos com agentes aduaneiros, Serviço de Guarda de Fronteiras, Ministério do Interior, da Segurança e dos Serviços Fiscais.
Os postos não permitirão levar ao Transcarpathia grandes lotes de cigarros (incluindo os especiais, sem estampilhas) e as bebidas alcoólicas sem contrato, e do Transcarpathia - exportação de toras de madeira, disse Moskal. 
Ele acrescentou, que as buscas também serão realizadas, em paralelo, nos armazéns ilegais, que adquiriam grandes quantidades de cigarros para subsequente contrabando.
Os resultados são pesquisados, mas já pode-se dizer, que o principal fornecedor de cigarros contrabandeados é a fábrica de tabaco de Lviv. E, parte é apreendida da Bielorrússia. Então, na região de Chernihov, na fronteira com Bielorrússia há uma "janela" para os contrabandistas.

O presidente Poroshenko justificou-se perante Luhansk por ter transferido  Gennady Moskal para Transcarphatia, dizendo que ele não era apenas líder da administração civil-militar, mas era líder de todas as forças patrióticas de Luhansk mas, agora, deverá resolver outras questões que afetam a segurança da Ukraina.

O novo governador de Luhansk, George Tuka, diz que vai provar que é possível dirigir o país, não roubando. Ele tem a intenção de pôr fim às minas ilegais. "Viver com estas minas é vergonhoso. Ao mesmo tempo que você conhece as pessoas que o transformam em escravo, vivem no exterior, seus filhos estudam lá, e aqui as pessoas morrem nestas minas", - disse ele, e está convencido que esta crise poderá ser superada.

Os representantes do "Setor Direito" do Transcarphatia, além de raptos e torturas de pessoas, envolviam-se em extorsão de dinheiro dos empresários, segundo avisa o serviço de imprensa da Regional do Transcarphatia - administração de Gennady Moskal. 
"O brutal tiroteio em Mukachevo, que tornou-se um aviso para o governo e à sociedade - é apenas a ponta do iceberg na atividade dos criminosos. Eles, com a intenção de lucro, sequestravam e torturavam pessoas, exigiam dinheiro dos empresários, apoderavam-se de bens, aproveitando armas de fogo ilegais, incluindo armas automáticas, metralhadoras e lançadores de granadas" - declarou Moscal, e acrescentou: "Os criminosos se diziam defensores da Ukraina, embora viessem com armas "ganhar" dinheiro" a mais de 1.500 km da linha da frente, aonde nunca houve guerra. Milícia já tem muitos depoimentos de vítimas que temiam procurar, oficialmente, os órgãos de proteção, porque não acreditavam que os bandidos seriam levados à justiça".
Contra os membros do "Setor Direito" foi aberto um processo penal do art. 257 do Código Penal da Ukraina - banditismo (organização de gangues armadas para atacar as empresas, instituições, organizações ou indivíduos, bem como a participação em tais gangues ou num ato praticado por ela.
O artigo prevê pena de prisão de 5 a 15 anos, com confisco de bens.  Segundo Moskal, no momento são suspeitos do crime 13 pessoas, 12 de Transcarpathia e uma de Donetsk. A maioria delas continua escondida nas matas do Transcarpathia.

Fábrica de tabaco de Lviv nega contrabandear cigarros.
Ukrainskyi Tyzhden (Tyzhden.ua), 23.07.2015

A empresa "Fábrica de Tabaco de Lviv" fez uma declaração formal negando qualquer envolvimento no contrabando de cigarros. 
A denúncia sobre a fábrica apresentou o novo chefe de Transcarphatia, Gennady Moskal.
Dado o fato de que a fábrica de tabaco encontra-se no meio da atenção política, em conexão com os eventos que ocorrem na região, os responsáveis pelo empreendimento declaram o seguinte: Durante todos os anos de nossa atividade, cooperamos com as forças de segurança da Ukraina na identificação de produtos de tabaco falsificados e contribuímos no combate a produção ilegal de cigarros. Graças à monitorização de nossos especialistas, as agências de aplicação da lei puderam surpreender e fechar a fábrica clandestina de Sumy, que mascarava seu produto com a nossa marca. No entanto, há uma produção em massa de produtos falsificados no exterior, que usam a nossa marca e nossos logotipos. Um desses fatos que tornou-se bastante conhecido, foi a empresa estrangeira que estava sendo investigada pelo Serviço Fiscal do Estado da Ukraina de Volyn, pela tentativa de exportação ilegal através da alfândega Yagodyn, de mais de 10 milhões de peças de cigarros marca "JIN LING". O produto transitava através do território da Ukraina aos países da União Européia.
E, estes produtos foram preparados numa das empresas de Moldova, mas traziam as marcas da empresa de Lviv. 
A empresa de Lviv diz que não abastece quaisquer esquemas de contrabando de cigarros à UE e que já apelou, por várias vezes, aos órgãos policiais para identificar os falsários que prejudicam não só a reputação da empresa, mas também a economia do Estado.
E observa que é uma das 10 maiores pagadoras de imposto de Lviv. E que, no primeiro semestre já pagou, em impostos 140 milhões de UAH.  Emprega aproximadamente 200 pessoas, que recebem bons salários.

Tradução: O. Kowaltschuk

domingo, 26 de julho de 2015

Forte espiritualmente. Com paralisia cerebral concluiu a universidade.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 24.07.2015
Galyna Yarema


Helena Nakonechna nasceu em Vinnytsia. A mulher, que deu à luz, deixou o bebê doente na maternidade. Na certidão de nascimento não há nome do pai. Há apenas uma anotação sobre ele...

Leda Nakonechna fez uma declaração, por escrito, rejeitando a recém-nascida. (Meus pais vieram ao Brasil em 1934 - da parte ocidental da Ukraina, não dominada pela Rússia, e antes da sovietização. Nunca ouvi deles que alguém, na Ukraina, abandonava um filho. Também nunca encontrei nada disso nos jornais ukrainianos que meu pai, aqui no Brasil, assinava do Canadá e Estados Unidos. Bem como não encontrei nenhuma menção a este respeito, nos romances históricos ukrainianos. Então, penso que este procedimento bárbaro de abandono do filho doente na maternidade, que é, atualmente permitido por lei, só pode ser herança da União Soviética. - OK).

A mãe, deixou a filha doente, com paralisia cerebral na custódia de estranhos. Por que fez isto? Helena não sabe, porque a mãe, durante tantos anos nunca se interessou por seu bebê... E Helena, ao contrário do terrível diagnóstico, não só sobreviveu, como começou a andar sozinha, terminou a escola de costura, e depois a Universidade de Lviv.

Até a idade de oito anos permaneceu no orfanato de Vinnytsia. A menina era transportada numa cadeira de rodas. Quando chegou à idade escolar, mandaram-na ao internato de ... crianças com retardo mental. O que viveu nos sete anos de estudo nesta instituição sabe só ela e o Todo Poderoso. E também aquelas boas pessoas que com gotinhas curavam não apenas o corpo de Helena, mas também a alma. A menina foi encaminhada para Truskavets, onde com ela ocupava-se o famoso especialista Volodymyr Kozyavkin.

Quando Helena foi transferida do colégio interno ao centro especial de Boryslav, para crianças com paralisia cerebral, o Dr. Kozyavkin levou-a para continuar o tratamento, desta vez às suas custas. O médico lamentava: se tivessem trazido a criança antes, os resultados seriam melhores.

- Toda minha vida vou agradecer a Deus, que me reuniu com o médico Volodymyr Kozyavkin - diz Helena. - Se não fosse o seu método de tratamento, não sei, como viveria agora.
Embora Helena concluísse a escola especial em Boryslav com distinção, a escola de costura em Sambir, cursos de informática em Odessa, depois a Universidade de Lviv, hoje não consegue encontrar um emprego. Vive no albergue juvenil da universidade. Mas, a partir de setembro ela deverá liberar o espaço, porque virão novos alunos. Para onde irá? Se não encontrar trabalho e não puder pagar o aluguel, terá de ir para casa... dos idosos.

Ela era transferida de um internato - para outro, de uma escola técnica - para outra, para que tivesse um teto sobre a cabeça. Lembra o período quando, após o término da escola de Boryslav enviaram-na para aldeia Bukovo, à escola para crianças com síndrome de Down. 

- Parecia que era o fim - lembra Helena. - Luz no final do túnel eu não via. Pensava, jamais sairei daqui. Para não se tornar igual àquelas crianças e não cair em depressão, comecei escrever poesias. E pedia ao Senhor apenas uma coisa: para me estender uma palhinha, e eu me agarraria a ela. Se o Onipotente ouviu minhas orações, se o destino teve compaixão, mas a Bukovo veio o diretor da escola de costura de Sambir. Apesar de ter pernas doentes, aprendi costura e tive abrigo por três anos. E, principalmente - comecei amar a vida.

Passando no Vestibular, Helena tornou-se estudante da Faculdade de Filologia. Colegas de classe receberam-na com cautela. Ninguém conversava com ela... Ela não se ofendia, pensava, não tinham informação adequada. Portanto, percebem as pessoas como ela através de um prisma distorcido. Talvez os colegas temessem, que Helena exigiria um tratamento especial, pedisse ajuda... Mas ela nada pedia a ninguém. Comprimindo de dor os dentes, erguia-se pela escada para cima e/ou descia para o térreo. Lágrimas apareciam em seus olhos, quando sentada por longo tempo nas aulas...

Favorecimentos ninguém lhe dispensava: preparava-se para testes e exames no mesmo nível dos demais. Os professores diziam: se você chegou até aqui, significa que você pode... Depois dos primeiros exames os colegas mudaram sua atitude. Propunham ajuda na descida das escadas, interessavam-se se ela precisava de algo.

- Ao longo de todos estes anos, sua mãe não lhe procurou?

- Provavelmente, não. Certa vez eu escrevi para o "Ponto-chave". Eles me telefonaram e convidaram para transmissão. Eu não entendi: se já encontraram minha mãe, ou se iriam procurá-la se eu fosse. Era inverno. Tive medo de sair na rua, escorregar e cair. E não havia ninguém para levar-me a Kyiv. Precisei desistir do programa.  Eu escrevi para endereço antigo, onde vivia minha mãe em Vinnytsia. Recebi a resposta, que tal cidadã ali não vivia. Consultei o escritório de passaportes. Responderam que minha mãe vive em Ladyzhyn, mas mudou de sobrenome. Escrevi ao endereço fornecido. Apesar de não esperar resposta, a carta veio. A mulher escreveu que não era minha mãe, tem outra família, tem uma filha e desejou-me sucesso na localização de minha mãe.

Tradução: O. Kowaltschuk

quinta-feira, 23 de julho de 2015

"Esta praia é minha!"
Saskashvili encarregou verificar todas as construções na praia.
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 22.07.2015
Galina Yarema


O chefe da Administração de Odessa Mikhail Saakashvili, acompanhado do chefe de polícia abriu uma passagem para o mar em uma  das mais bonitas praias de Odessa. Por muitos anos havia uma alta parede de concreto que fechava o acesso ao mar na praia Chkalovsky. De acordo com os dados de Saakashvili isolou este território o ex-deputado Vasyl Khmelnytskyi, que vem aqui num helicóptero próprio, uma vez ao mês.

As pessoas vivem em Odessa por gerações. Então vem alguém e decide, que por ter muito dinheiro, pode ter um acesso exclusivo ao mar. Todos estes muros de concreto serão demolidos. Os cachorros serão levados embora, ou eu mesmo levo-os ao abrigo. (O "proprietário" deixava lá seus cães). E ninguém fechar a praia não vai, - disse Saakashvili.

Este território, ainda em 2005 pertenceu a Vladimir Fylypchuk, depois passou ao ex-deputado Vasily Khmelnytskyi. No território cercado há uma grande casa e uma casa de madeira. Também tem um heliponto.

Saakashvili parabenizou os cidadãos de Odessa e disse estar contente porque depois de muitos anos as pessoas comuns poderão nadar e tomar sol na praia.
Ele também instruiu o departamento de polícia para instaurar um processo criminal sobre este fato e verificar todos os proprietários das praias.

Ao lado da vila de Khmelnytskyi altos muros escondem a vila do odiado ex-deputado Kivalov, e também bloqueiam o acesso ao mar. Talvez, brevemente, esta fortaleza também venha abaixo. 

Já começaram derrubar a parede. Não é um trabalho fácil porque ela é feita de excelente material. A desmontagem é feita por ordem de Saakashvili, ele avisou o prefeito da cidade e aos locatários da praia.

(Esta reportagem foi publicada, no jornal ukrainiano, ontem, 22.07.2015. Vejam a reportagem de hoje, dia 23.07.2015, do mesmo jornal - OK).

Na escandalosa praia de Odessa, o oligarca Khmelnytskyi coloca nova cerca. Desta vez é uma tela comum. 
Os trabalhos na montagem do novo cercado continuam ao mesmo tempo que acontece o desmonte do velho concreto.





Suas ações os trabalhadores não comentam, reportando-se a desconhecidos "superiores". Lá, onde o território "particular" ainda não recebeu a tela o território é separado por uma fita marcador. A entrada ainda é possível somente através das secções do muro derrubado.
Próximo da entrada principal estão os guardas de plantão.

O governador Saakashvili fez o seguinte comentário:

"Respeitado bilionário Khmelnytskyi, aproveitando-se do fato, que eu fui para Kyiv, na reunião da reforma do Conselho Nacional, Seus representantes locais novamente começaram construir um muro, violando uma área de 100 metros de praia, prevista no Código das Águas da Ukraina. Ninguém toca em Sua propriedade privada e o Senhor pode cercá-la, Suas vilas com disformes cercas, para Sua apreciação, mas não toque na praia e não teste a paciência das pessoas. E, entenda, que o Senhor não tem direito de tirar dos habitantes de Odessa nem um (1) centímetro quadrado de sua melhor praia. Ou, aproveitando a minha estadia em Kyiv convidar Klitschko (prefeito)  e ir com ele, mostrar-lhe os que eu vi, ilegalmente cercados pelo Senhor, territórios de Kyiv?
Com esperança de sua compreensão, da rodovia Odessa - Kyiv"

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Alunos do Transcarpathia obtiveram pior desempenho do "ZNO" (Avaliação Independente Externa - vestibular para nós - OK) do idioma e literatura ukrainiana, que os alunos de Luhansk (surpreende a comparação com Luhansk porque este, como Donetsk, são os territórios onde usam praticamente o idioma russo - mas, pelo jeito... - OK).
O "Centro Ukrainiano de Avaliação da Qualidade Educacional"divulgou uma lista de escolas ukrainianas, em que dez ou mais alunos fizeram o vestibular e não foram aprovados no teste "ZNO", da língua ukrainiana. Ao todo, a tais instituições educacionais entraram 37 escolas. 
As melhores escolas revelaram-se de Kyiv, Chercassy e Luhans. O pior desempenho, segundo critérios adotados foi no Transcarpathia (sudoeste da Ukraina)
De acordo com o senso de 2001, o idioma ukrainiano, nativo no Transcarphatia consideravam 81% dos residentes, enquanto na região de Luhansk apenas 30%.
Em Kyiv duas escolas apareceram na "lista negra".
(Curioso e inesperado não aparecer a região de Lviv na relação de melhores escolas e alunos com bom desempenho do idioma ukrainiano, lá prevalece o idioma ukrainiano - OK). 

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O Ministério de Educação e Ciências, nos últimos tempos fechou mais de 70 escolas superiores devido a ineficaz preparo dos estudantes. Sobre isto, disse numa entrevista, o Ministro  Sergey Kvit. Nós não devemos ter universidades de má qualidade, duvidosos no preparo dos alunos. Este é processo de redução do número de universidades - faculdades, e melhoria de sua qualidade - é nisto nós trabalhamos diretamente. E, nós vamos continuar este processo".  

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O âmbar ukrainiano, explorado ilegalmente , vendiam em Hong Kong como lituano. Isto porque a exploração na Lituânia é legalizada, mas a qualidade é inferior. Os lituanos traziam para Ukraina o seu âmbar para um suposto tratamento numa empresa ukrainiana, e deveria voltar para os lituanos.
Por uma tonelada de âmbar ukrainiano os lituanos pagavam acima de 100 mil dólares. O cálculo era realizado por um banco intermediário de Nova York. O pagamento pelo âmbar ukrainiano era formalizado como fosse processamento de pedras lituanas. A venda era realizada pela Internet. O pagamento realizava-se através de cartões dos organizadores do esquema.
Os guardas fronteiriços ukrainianos incluíram pequenas aeronaves. Somente num dia inspecionaram 373 km² de matas e descobriram quatro sítios de extração ilegal de âmbar nas zonas controladas de Lutsk e Zhytomyr.

Segundo pesquisa na internet: o âmbar é uma resina de coníferas, formada a 40 milhões de anos em diversas camadas, no limite de uma antiga geleira. É usado em joalherias e medicina (para tratamento do coração e infecções. Sua cor é amarelo-vermelha. Unicamente na Ukraina há âmbar de cor meio esverdeada.
Por anos ele é enviado ilegalmente para Europa, principalmente para Polônia. Recentemente o âmbar se tornou popular na China e no Japão. 
O contrabando é de centenas de quilogramas por ano. O prejuízo do país é de milhões de UAH.
Então a extração ilegal só aumenta. Em Olevsk e Zhytomer os hotéis estão cheios, alugam-se casas. O movimento de automóveis, em ambos os lados é constante. Os locais dizem que um quilo de pedras de 50 gramas, no local, vendem por 3.000 dólares. 

Uma maneira de extração é através da pressão da água através de bombas. A terra lavada levará anos para produzir novamente. 
A extração na mata de coníferas é perigosa. O solo muitas vezes é arenoso e cobre os que escavam se estes encontrarem-se num buraco.
Os estranhos não são bem vistos. Muitos usam armas. Já aconteceu de surrarem os ecologistas com as pás.
Com o vento as árvores caem e abrem-se poços que chegam a 12 metros de profundidade.
Ninguém acredita que a extração poderá ser regulada pelo Estado.

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O procurador geral Viktor Shokin diz que sua vida está ameaçada devido a suas atividades profissionais.
"Eu tenho motivos razoáveis para crer, que em relação a mim preparam vários tipos de provocações, inclusive em relação a minha saúde.
Eu interfiro a muitos na extração ilegal do âmbar. Tenho bases para crer que querem destruir-me fisicamente." Ele nega quaisquer problemas com sua saúde.

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O adjunto do procurador geral da Ukraina David Sakvarelidze escreveu no Facebook: "Ontem a noite, os nossos colaboradores, junto com SBU (Serviço de Proteção da Ukraina), durante uma comercialização de drogas (20 gramas no valor de 8.000 UAH), foi prenderam o procurador da seção de Kyiv, e também o seu fornecedor. O valor total do lote é estimado em 50.000 UAH. Conseguiu-se também encontrar o laboratório que produzia e vendia as drogas. Ali foi encontrado equipamento adequado e três granadas de mão. O procurador e seu fornecedor estão detidos. A eles ameaça, de 9 a 12 anos de prisão com o confisco de bens.

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Ministério dos Assuntos do Exterior da Rússia condenou os exercícios militares da Ukraina e Estados-membros da OTAN na região de Lviv, chamando-os "errôneos" e ameaça com "interrupção do progresso que tem havido na solução pacífica.


A OTAN não só não está disposta a admitir falibilidade e possíveis efeitos explosivos de tais treinos, como aumentou, significativamente, sua escala, e aumentou o número  de tropas envolvidas em comparação com o ano passado",  ´diz em comentário.
No período de 20 a 31 de julho, em Lviv permanecerão 1.850 militares de 18 países. Serão realizados: práticas de tiro, vôos e partidas com blindados. Serão utilizadas cerca de 900 armas e 130 veículos com blindados. Também serão utilizadas cerca de 900 armas e 130 veículos militares de combate..

Tradução: O. Kowaltschuk

terça-feira, 21 de julho de 2015

Nadia Savchenko escreveu um testamento
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 20.07.2015
Inna Pukish Ynko

Diz, em Rostov-Donetsk, onde será julgada, não há seguro contra bala.


O último, que Nadia deixou em Moscou antes da evacuação ao lugar do julgamento - testamento - em nome da mãe e irmã, para o caso de a matarem pelo trajeto a Donetsk, ou fuzilarem o prédio do tribunal, simplesmente, durante a sessão.
Isto Nadia Savchenko declarou durante a conversa com ativista russa de direitos humanos Zoya Svyetova, que a visitou um dia antes de sua transferência para Rostov em Donetsk.

Na véspera o advogado Novikov publicou uma carta, na qual Nadia Savchenko delineou sua versão e ressalvas quanto a escolha do tribunal justamente na região russa de Donetsk. Acobertando-se com explicação oficial (como piloto ukrainiano ilegalmente cruzou a fronteira na região de Rostov, e, portanto, é lá que será julgada, diz Nadia. A (in)justiça de Putin realmente tenta conduzir o julgamento fechado ao máximo, quanto a cobertura do processo judicial pela imprensa, do ponto de vista de livre acesso à reunião de observadores internacionais e até parentes do piloto. De acordo com a legislação russa, a entrada na faixa de fronteira para eles, como para cidadãos estrangeiros, pode não ser permitida pelo Serviço Federal de Segurança da Federação Russa (FSB - sucessora da KGB) - escreveu Nadia em seu apelo.
 - O mesmo se aplica aos deputados do Parlamento Ukrainiano, PACE (Assembléia Parlamentar do Conselho Europeu ) e Parlamento Europeu, caso eles queiram assistir ao julgamento.
Anteriormente o piloto ukrainiano e deputada Nadia Savchenko pediu aos dirigentes da ONU, PACE e ao Parlamento Europeu para intercederem na transferência do tribunal a Moscou.
A "culpa" de Savchenko foi requalificada para assassinato direto e agora lhe ameaça 25 anos de prisão russa.

O julgamento do piloto Nadia Savchenko iniciará no dia 30 de julho.


Checheno "Mansur": nós nos vingamos pelos chechenos e ajudamos o povo ukrainiano
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 19.07.2015

"O exército russo por séculos destruía os chechenos, o genocídio de minha nação não para... E agora ocupantes russos querem pegar Ukraina".

Soldados do batalhão voluntário Sheikh Mansur em Shyrokyne, próximo de Mariupol.
No leste da Ukraina estão lutando muitos chechenos. Há dois batalhões chechenos - em nome de Johar Dudaev (primeiro presidente da Chechênia-Ichkeria no início de 1990 e em nome de Mansur-Sheikh (líder da revolta contra a subjugação russa na Chechênia no final do século 18). Estes batalhões estão lutando lado a lado com as forças ukrainianas. O que compele os chechenos - muitos dos quais vieram voluntários da Europa Ocidental - lutar pela Ukraina? A edição chechena de Radio Liberty conversou com um dos principais comandantes do batalhão "Mansur", que adotou para si o mesmo nome de combate e está baseado próximo a Sherokyne em Donetsk.

Mansur: "Iniciarei a conversa com oração... Aqui, Glória a Ala, eu encontrei muitos bons irmãos e preocupado comandante, que sabe conduzir o destacamento, ele orienta-se bem na situação. Ele é respeitado. Os irmãos ao meu redor também são inteligentes e experientes - eles passaram pela guerra da Chechênia.
 - Nós estamos sempre na vanguarda. Em Shyrokyne. Nosso batalhão é Sheik Mansur. Desde os primeiros ataques russos nós começamos oferecer-lhes resistência, sozinhos saímos ao encontro e os vencemos.

 Nós colocamos fotos e vídeos na internet e fazemos isto não pela bravata, mas para que as pessoas saibam, o que fazemos aqui, e para que os chechenos e outras nações, que se preocupam conosco, alegrem-se e saibam, que nós realmente desgastamos as forças dos russos. Lutamos sem perdas, graças a Deus, e nenhum de nós morreu.

Os russos de Sherokyne nós repelimos, apesar de que eles dizem que recuaram sozinhos. Eles recuaram, porque nós, com os soldados ukrainianos os repelimos.

À esquerda galão do Batalhão Voluntário Internacional Dudaev.
No nosso batalhão não há mortos, mas há feridos. Ao nosso lado estão os batalhões "Donbas" e "Azov" - e entre eles há mortos e feridos. Frequentemente há bombardeios, atiram de canhões automáticos, os russos frequentemente fazem penetração. A guerra não cessou. 

 - Todos nós que estamos aqui, não temos dúvida, que conosco luta o exército regular russo. Putin enviou para fronteira uma grande quantidade de militares e eles, às centenas e centenas, periodicamente entram na Ukraina e nos atacam. Não há nenhuma dúvida que muitas de suas armas pesadas bate em nós. Como não há dúvida de que eles preparam nova invasão. Não há dúvida de que sua artilharia mata os habitantes pacíficos. Canhões, artilharia autopropulsora, "Grad" - tudo "trabalha" na Ukraina.

 - A tática russa é: de certa distância vem os tanques, canhoneiam nossos territórios, mas depois são os primeiros a gritar para o mundo todo, que foi o lado ukrainiano que começou bombardeá-los. Os russos sempre recorrem a tais truques. Mas nós os conhecemos muito bem depois de duas guerras na Chechênia - toda sua política é construída na mentira e truques. Oficialmente, os russos escondem a verdade, mentem que aqui não há exércitos seus, que eles não são agressores. Mas os fatos não se pode esconder.

Manifestação contra o terrorismo russo, em Kyiv, em 11.123.2014. A ação dedicaram ao 20º aniversário da invasão das tropas russas na República de Ichkeria. Participaram chechenos, bielorussos, tártaros da Criméia, diáspora de Azerbaijão e ativistas ukrainianos.
 - É difícil dizer, quando tudo isso vai acabar. Os russos, tanto anunciam a trégua, quanto continuam matar. Depois da assinatura dos acordos de Minsk, o tiroteio não cessou do lado russo. Ao mundo dizem uma coisa, mas sozinhos matam, colocam minas, conquistam cidades e aldeias.

 - O principal objetivo de nossa vinda a Ukraina é que o exército russo durante séculos destruía os chechenos, o genocídio de minha nação não cessa. Nos últimos anos mataram grande quantidade de chechenos - crianças, idosos, mulheres, rapazes jovens. Os melhores rapazes, filhos leais da Chechênia estão nas listas de desaparecidos, e outros estão nas prisões. Nos últimos 20 anos, o meu povo tem suficiente crueldade e violência do lado russo. Agora a junta de Kremlin pegou-se com Ukraina, programa de Putin é executado na integra.

 - Nosso principal inimigo - Rússia. E os nossos inimigos reuniram-se aqui, na Ukraina, e nós pretendemos lutar contra eles até o fim. Esta é a vingança pelos chechenos e proteção ao povo ukrainiano. Quando nós viemos em ajuda aos ukrainianos, nós mostramos o verdadeiro rosto do checheno. Muitos chegam a nós e nos agradecem.

Tradução: O. Kowaltschuk

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Soldados ukrainianos com amputações graves farão reabilitação na Áustria.

Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 08.07.2015


Na quarta-feira começou o segundo módulo de reabilitação das vítimas com formas graves de amputação no centro ZickSee, na  Áustria. São 12 soldados ukrainianos, divididos em pequenos grupos, que receberão uma valiosa oportunidade para re-aprender a andar, sem dor, com novas pernas.

Cada grupo com complicadas amputações ficará, pelo menos três semanas, sob atenta vigilância de reabilitadores e protesistas experientes, na instituição austríaca. O programa vai até meados de setembro de 2015.

Segundo a presidente da organização de caridade Olga Shuyko, há vítimas que perderam ambos os membros, mas também há aqueles que tiveram o corte bem alto, isto é, amputação complicada.


"Este é o Alexandre, ele ainda tem a articulação . Mas no próximo grupo virão dois rapazes que já não a   tem. Com a amputação alta, aprender a andar - não é fácil. Mas é possível", - disse ela.
De fato, este já é o segundo grupo do programa. O primeiro grupo veio à Áustria em 04 de fevereiro.

O tratamento para os soldados ukrainianos pagaram filantropos, reunidos pelos ativistas na Áustria.

Olga conta que o centro se ofereceu para ajudar a reabilitar as vítimas. Mas eles não sabiam que tipo de ajuda precisamos. Quando nós percebemos, que tínhamos uma pequena chance, nós começamos lhes fornecer a relação do que precisávamos. Nós nos fixamos na reabilitação de traumas pesados. Quando nós compreendemos que eles poderão adaptar aparelhos especiais e ensiná-los a andar, nós compreendemos que isto era uma vitória", - acrescentou ela.


Claro, aos médicos ukrainianos e às vítimas, tudo foi livre.
"Quando eu acompanhava o primeiro grupo, eu tive uma breve conversa com a liderança da clínica. Eles, no primeiro dia perguntaram, com o que poderiam ajudar. Eu respondi, que nós precisávamos de conhecimento e convidei-os para vir a Ukraina e treinar nossos médicos. Mas, infelizmente, eles não puderam, por causa do trabalho. Em vez disso, eles convidaram os nossos médicos para treinamento na Áustria", - acrescentou ela. Assim , ao próximo grupo, que vem para o tratamento, virão também os médicos que aprenderão reabilitar os gravemente feridos.


"Os rapazes que já voltaram dizem, que realmente não é tão complicado. Vale apenas ensinar nossos médicos os complexos exercícios para reabilitação. Eles são difíceis, mas indispensáveis. Eles devem realizar-se dentro de um certo sistema. Mas, nós não somos um país de pessoas atrasadas. Nós aprenderemos, conclui a voluntária.

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Poroshenko: Ao longo da fronteira - um número recorde de tropas russas.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 12.07.2015

Ao longo da fronteira russo-ukrainiana, do lado da FR está distribuído um número recorde de militares russos. Sobre isto, no Canal "1+1", no dia de hoje declarou o presidente Petro Poroshenko."Temos informações de que na fronteira ukrainiana está um número recorde de Forças Armadas da FR. Esta nossa informação foi confirmada pela OTAN, pelos Estados Unidos e pela União Européia.
O presidente disse que as Forças Armadas ukrainianas melhoraram muito a sua qualidade combativa, passaram pelo treinamento e têm moral elevado.
"Hoje, na área da ATO, temos mais de 64 mil soldados das Forças Armadas. Além disso temos a Guarda Nacional, Serviço de Segurança da Ukraina, fronteiriços. Também aumentamos nossa tecnologia", - disse o presidente.
Ele também declarou que tais forças são capazes de repelir o ataque e defender seu país.

Notícias do jornal Ukrainskyi Tyzhden (Semana Ukrainiana), de 17,07.2015:

Três mil funcionários da Procuradoria foram dispensados do trabalho, de acordo com a entrada em vigor da nova Lei da Ukraina "Sobre Procuradoria". O número de órgãos foi reduzido.
O Procurador-Geral Viktor Shokin assinou as ordens que aprovam a nova estrutura da Procuradoria Geral e das Procuradorias Regionais. 
Agora o número total de funcionários não ultrapassa 15 mil pessoas. 
Foi reduzido o número de procuradores substitutos e promotores senior. Também foram dispensados os procuradores "diamante" Shapakin e Korniets, que anteriormente foram detidos por suspeita de extorsão de suborno em grande escala.
Yevgeny Bondarenko foi nomeado procurador para Kyiv e região.

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Washington congratulou-se com o Parlamento da Ukraina com a adoção de leis para cumprir as obrigações decorrentes dos acordos de Minsk e realização de reformas extremamente necessárias. Trata-se de alterações constitucionais quanto a descentralização do poder e legislação necessária para recebimento da próxima parcela do FMI - trata-se, também,  da aprovação da lei anti-corrupção.
Washington também exortou Rússia e seus aliados separatistas para que cumpram suas obrigações.

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OSCE - De acordo com o relatório do dia 15, próximo ao Aeroporto de Donetsk soaram mais de 200 explosões. Segundo os observadores, a violência continua. Durante a permanência da OSCE no Centro Conjunto de Controle e Coordenação, na estação de trem de Donetsk (controlada pela DNR), a 8 km a noroeste de Donetsk, a missão ouviu 178 usos de fogo. 144 deles aconteceram pela manhã e foram tiros provenientes de tanques, canhões de pequeno calibre e tiros isolados de armas automáticas.

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- Ocorreram vários atentados no oeste da Ukraina (Não há guerra nesta região - é parte ocidental da Ukraina). No dia 25 de junho, próximo da prefeitura de Ivano-Franquivsk, houve uma explosão num automóvel quando um guarda tentou afastar-se do departamento. O motorista recebeu ferimentos de estilhaços nas costas.

- Em 30 de abril, no prédio da polícia de Lviv, na rua Eroshenko, ocorreu explosão. Não houve vítimas.

- Em 11 de fevereiro, numa pizzaria em Ivano-Franquivsk explodiu, no banheiro, uma garrafa de plástico com certo líquido. Ficou ferido um estudante iraquiano, aluno da Universidade Técnica de Petróleo e Gás de Ivano-Franquivsk.

- Em 10 de fevereiro houve explosão no Comissariado Militar em Rivne. Não houve vítimas, não havia ninguém no local.

- Em 03 de junho, em Ivano-Franquivsk, no quintal do empresário Igor Sobolev jogaram duas granadas. Uma explosão fez cair os vidros, outra atingiu o cachorro. E, um preparo de munição amarraram na maçaneta da porta, mas não houve explosão. As explosões danificaram dois carros. Segundo Sobolev já houve, anteriormente, duas explosões em sua propriedade, e tentativa de incêndio. Sobolev é presidente da Associação de Empresas  Transformadoras de Madeira, e ele conecta as explosões em seu quintal com as atividades da "máfia da madeira" que quer destruir pequenas e médias empresas da indústria manufatureira.

- A última vez que atentaram contra a vida de Andriy Sadovyi, prefeito de Lviv, foi no final do ano passado. No entanto, já houveram vários precedentes.
O primeiro incidente foi em 20.07.2013, quando ele foi atacado na Praça do Mercado. O atacante foi detido já no segundo golpe. Durante o interrogatório, ficou claro que o atacante sabia quem atacava e fê-lo de propósito (Pelas leituras nos jornais, considero Sadovyi pessoa calma, atenciosa, bem educada e um grande patriota que procura fazer bem o seu trabalho. É respeitado e bem quisto na cidade - OK).
- Segundo incidente. Em 26.07.2014, à noite, sua residência foi atacada com tiros de um lançador de granadas anti-tanque. A bomba provocou muitos estragos na residência. Não houve feridos porque o prefeito passava o final de semana, com a família, nos Cárpatos. A casa estava vazia.
- Terceiro incidente. Em 26,12.2014 novamente os danos foram grandes e, felizmente, não havia ninguém em casa. A família estava num resort de esqui (são 5 filhos). Segundo testemunhas, disparavam do lançador de granadas. Um dos moradores da rua vizinha disse ter ouvido uma forte explosão.
- "Isto já transcende o senso comum! Mas se não descobriu-se o autor da tentativa anterior, então já devia ser esperado", - comentou o novo assalto emocionalmente Sadovyi (E eu não li nada sobre terem descoberto o autor dos ataques - OK).
No Ministério do Interior consideram 4 versões dos ataques a Sadovyi: 1 - Ato terrorista para desestabilizar a situação de Lviv; 2) um ato de intimidação para incentivá-lo a cometer certas ações; 3 - conflito com algum chefão de crime local, como vingança ou intimidação; 4 -vandalismo.

- Houve avisos sobre locais minados por telefone: minas colocadas na Praça de São Teodoro, restaurante, aeroporto, 4 edifícios públicos. Todos revelaram-se falsos. Não obstante deram trabalho na evacuação das pessoas.

No dia 14.07.2015, em consequência de duas explosões em Lviv, sofreram dois milicianos. A mulher ficou inválida e o homem poderá ficar cego. A mulher, 31 anos, inspetor de polícia, teve a perna amputada até o joelho. Os médicos precisaram remover o rim, o baço e parte dos intestinos, órgãos danificados por estilhaços.
A outra pessoa, agente da polícia, 24 anos, está mutilado pelos estilhaços de granada. Ele está em tratamento intensivo. Um dos fragmentos está preso no corpo vítreo do olho. Os médicos preparam-se para uma operação complexa para salvar sua vista. A explosão ocorreu às 9:00 horas quando o rapaz abria a porta do departamento da polícia do distrito Shevchenko. Mais tarde, próximo das 10:00 horas, ocorreu explosão próximo do ponto de referência da polícia, na rua Yuri Lypa, em consequência do qual sofreu a mulher-policial.
No jornal Verdade Ukrainiana, de 18.07.2015, a notícia diz que a mulher-policial foi enviada a Israel para tratamento. Ela foi num vôo especial, acompanhada por médicos israelenses que vieram buscá-la.
Sobre isto contou o Ministro do Interior, Arsen Avakov, que visitou os feridos. À mãe da Nadia, a policial, ele garantiu que o Estado não deixará sem ajuda o filho da Nádia, de treze anos, que sofre de paralisia cerebral, que ele irá para instituição médica de reabilitação pelo tempo necessário.
O jornal não trouxe notícias mais recentes sobre a situação do policial que também foi mutilado.

Tradução: O. Kowaltschuk

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Pela estrada a Shchastia: zona da linha de frente.
Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 06.07.2015
Volodymyr Ermolenko, Tatiana Oharkova

Próximo à entrada da Stanytsia Luhanska, pequena cidade próxima a Luhansk, há um checkpoint, que carrega os sinais de recente combate.
O mato cortado pelo tiroteio, cortados, como por uma tesoura os topos das árvores: Exército de árvores sem coroas, somente de troncos. Restos de armamentos, por vezes quebrados em pequenos fragmentos. Completamente queimado o tanque. Adiante - algumas casas queimadas, posto abandonado.
O chekpoint funciona. Passando volvemo-nos para os combatentes ukrainianos. Nas caixas de munições, que agora servem como fortificação - um pequeno brinquedo de pelúcia.

Na própria Stanytsia Luhanska paramos próximo da Estação de Serviços completamente quebrada. Dentro - um monte de escombros carbonizados, vidro fundido, como se alguém o tivesse torcido como uma folha de papelão.
Centenas, ou mesmo milhares de pequenos orifícios, através dos quais infiltra-se a luz. A luz aqui é muita, ela vem de cima, através dos restos do telhado, reflete das placas de alumínio, atravessa as aberturas dos fragmentos, que até é preciso fechar os olhos.

Encontramos uma pequena chave chamuscada. Na porta meio queimada placa "Aberto". Sentimento assustador. Será que ainda vive aquele que abria esta porta?
Um pouco adiante - completamente destroçada loja. Carcaças de metal retorcidos: sob a ação do fogo o metal parece planta. 

Nós conversamos com Larissa, Sua casa - não muito longe da loja destruída. Seus parentes morreram. A bomba atingiu sua casa, eles foram rasgados em pedaços. 
Mas Larissa e sua família não vai embora. Seus vizinhos também não vão. Eles se apegam às suas casas, como se fossem parte deles.
Termina o dia, ao redor silêncio e tranquilidade. O sol se põe, casas e árvores refletem a luz, parecem cobertas com ouro, é incrivelmente lindo. É impossível acreditar, que nestes lindos lugares há guerra.

Viagem 1.3
Nestas cidades da frente (de batalha) nós viajamos com os voluntários do "Vostok SOS". Jovens rapazes e moças; muitos deles daqui, de Donbas. Seu pequeno ônibus azul, com tridente (símbolo ukrainiano) eles chamam "ATObus". Nossos companheiros Eugene Vasiliev, Julia Pelyusova, Milan Zaitsev, Anton Goloborodtko, Maxime Moiseenko.

Voluntários Vostok-SOS
Vostok-SOS foi fundado com a união de duas organizações de direitos humanos de Luhansk, "Progresso" e do Centro de Direitos da Criméia "Ação". Quando começou a guerra, primeiro criaram uma hotline. Ajudavam retirar as pessoas da zona de guerra. As pessoas fugiam sem saber para onde - e eles davam a primeira ajuda, procurando abrigo, fornecendo o essencial.
Em agosto de 2014,os voluntários perceberam que isso não era suficiente. Que precisavam ir às zonas pré-frentes (das batalhas) às cidadezinhas e aldeias, que frequentemente são cortadas da vida normal, às quais não chegam os produtos, aonde não há medicamentos. Então, com isto ninguém se envolvia.

Agora é a sua décima terceira viagem - ou como eles dizem, viagem 1.3. Cada uma pode durar uma ou várias semanas. Eles visitam várias aldeias por dia e distribuem pacotes de ajuda já preparados. Os pacotes contém - arroz, açúcar, leite condensado, macarrão, 2 latas de guisado, patês e conservas de peixe. Também trazem equipamentos médicos para hospitais, remédios, ou alguns objetos vitais que alguém pediu pessoalmente.

No início, dinheiro para ajuda humanitária das pessoas recolhiam através dos cartões bancários. Agora Vostok-SOS também depende de fundos de organizações internacionais de países da União Européia, da União Européia, do fundo "Renaissance". Na viagem 1.3 viajamos com a ajuda da Estônia.

Distribuição da ajuda humanitária
Fila para receber ajuda.
Em muitas aldeias próximas às linhas da frente as lojas não funcionam. Funcionam lá onde há transporte rodoviário disponível, onde não está disponível por várias razões, as pessoas vivem sem os produtos e sem os remédios, sobrevivem apenas com a agricultura de subsistência. Cultivam vegetais sazonais, frutas ou flores.

Agora é temporada de morango, mas as pessoas têm dificuldade de lavá-lo para venda. Entregam por 10 - 15 UAH o quilo e, em Luhansk podem custar 100 - 140 UAH o quilograma.
As pensões são pagas,(pelo governo da Ukraina - OK) mas recebê-las, às vezes precisam buscá-las em outras cidades (Shchastia, Novoaydar ou Starobilsk). E, novamente, problema do transporte, às vezes é necessário contratar uma condução e pagar 100 UAH.
Jovens praticamente não há. Ficaram principalmente os aposentados ou pessoas de certa idade que se agarram às suas casas, como a última esperança.

Morangos na linha de frente.
Olena Zakharivna tem 76 anos. Ela usa um velho vestido roxo com flores vermelhas, e um lenço branco na cabeça grisalha. 
Ela se apoia numa bengala caseira. Suas pernas estão inchadas, pesadas. Ela tem osteoporose: manter as costas eretas ela não consegue, anda com dificuldade, inclinando-se muito para frente.

Nós a encontramos em Peredilsk, próximo da linha de frente, a poucos quilômetros de Shchastia, 30 quilômetros de Luhansk. 
Ela ficou duas horas na fila aguardando a ajuda comunitária, mas sozinha voltar à sua casa não pode.
"Hoje havia tiroteio a noite toda, janelas tremiam, eu não sabia aonde deitar, para que o vidro não caísse sobre mim, - conta ela. - Bom, se matarem de vez, mas se te deixarem aleijada?"

Olena Zakharivna. Esta e as seguintes - fotos dos autores.
O marido, Olena Zakharivna enterrou a seis anos. Ela tem três filhos, dois em Luhansk. O filho vive num prédio de 36 apartamentos, mas há moradores apenas em seis, os outros foram embora.
Ela comunica-se com os filhos por telefone, mas nem sempre consegue. Entre ela e os filhos - a linha de frente. O neto mais velho já recebeu o passaporte da "República de Donetsk". O que ele vai fazer com este passaporte não se sabe: na Ukraina com ele não entrará, na Rússia também não.

A raiva de Olena Zakharivna é direcionada para "FSC": "Por que diabo eles quiseram a separação, se eles nada podem?"
Ela pára e começa desenhar na areia um imaginário esquema de abastecimento de Luhansk: de onde a energia elétrica, a água, os produtos.
Mas o governo ukrainiano também não lhe desperta simpatias. Quando o governador Moskal bloqueou a água da "FSC", para ela significou uma coisa: seus filhos e netos ficaram sem água.
Sua casa é de tijolo branco. Poço com guindaste, do qual ela pega água. Um forninho pintado, que também tem uma chapa. Os bancos e utensílios são antigos, mas limpos e arrumados. No interior - um aroma fresco e agradável de uma casa ukrainiana.

Olena Zakharivna ia aos "referendos". Às pessoas lá prometeram certos cartões. "Disseram que, sem os tais "cartões" não haverá vida, não haverá acesso a nada. Então todos foram - doentes, aleijados, pobres, todos esperaram a sua vez, um jovem guarda a empurrou para o lado - disse que o cartão ela receberia no comitê executivo. Mas, pelo cartão, ela nunca recebeu nada.
Mudar-se ela nunca irá. Não há para onde, "os bolsos estão vazios e ninguém dos meus vive nas cidades". "E como eu deixarei tudo? Tudo foi feito com minhas mãos". "As pessoas só desejam ima coisa: que tudo isto termine, para que não haja mais tiroteio".

Ela não nos deixa ir embora sem nos oferecer morangos. Os morangos continuam crescer aqui nestes campos queimados pelo sol, nestes campos arenosos, sob estes projéteis, que voam sobre cabeças diariamente. O morango é doce - doce. O mais doce do mundo.
Os mais gostosos morangos da nossa vida nós domemos aqui, na linha de frente.

Aguçado senso de justiça.
"Aqui ninguém lhes dirá algo, - diz em Peredilsk um homem com óculos escuros - Aqui a regra principal para maioria - não se destacar". "As pessoas aqui são mais silenciosas que a água e abaixo da grama. Todos eles sabem que a sobrevivência é no meio".
Alguns que estão na fila para a ajuda humanitária, em Peredilsk ou Shchastia, recusam-se a falar conosco. Eles têm medo dos jornalistas, acreditam que "todos que conversaram com os jornalistas, depois tiveram problemas. Que são vigiados, mesmo quando não ligam o gravador.
Mas a maioria fala abertamente - sobre o tiroteio, sobre seu cansaço de guerra.

Leonid Nikolayevich - pensionista: diz que ficaria feliz em ir a Luhansk, onde trabalhou na fábrica, para obter um certificado. Agora recebe 949 UAH (Isto deve ser a pensão que o governo da Ukraina paga aos aposentados, inclusive nos territórios ocupados - OK), mas deveria receber cerca de 2 mil. Mas, para isso precisa de documentos, que estão na região de Luhansk à qual não dá para ir.
Outros falam sobre a dificuldade de vender morangos, não há acesso aos mercados, acabam entregando àqueles que os levam como contrabando ao território da "FSC".

Na cidade Shchastia.
O tiroteio aqui é principalmente à noite. Ou porque, à noite é mais fácil esconder suas posições, ou porque não trabalham os observadores da OSCE. Mas, às vezes, há tiroteio de dia. As pessoas já, lentamente, estão se acostumando com os sons dos projéteis que voam por cima de suas cabeças.
"Eles atiram, e nós plantamos flores", diz uma interlocutora nossa.  "No referendum fui. Todos foram. Todos votaram pela independência da FSC. Por quê? Ninguém queria problemas" - diz Viktor. (Aqui percebe-se o nível de ignorância do povo. Aceitaram o problema, como em muitos outros lugares - OK). Luhansk morreu há um ano - em agosto de 2014. Foi atingida por uma bomba. Fomos ao necrotério, coletamos os pedaços".

Ficaram duas crianças.
"Eu não sei, quem é culpado, eu não posso culpar ninguém." "Não é a nação que luta. A nação está no trabalho, nas plantações. E aqueles, que guerreiam - estes são outras pessoas."
Muitos aqui culpam pela guerra a Ukraina. Muitos a Rússia e os separatistas. Mas a maioria evita respostas diretas e querem que as duas partes simplesmente parem com os tiroteios.

Nós voltamos para o misterioso homem de óculos com vidros pretos. Ele possui, como diz, - "um elevado senso de justiça".
Ele tem 77 anos, embora aparente 60. Trabalhou como mecânico no navio, nadou no Oceano Pacífico, e na linha do Equador, e próximo a Kamchatka. Depois de um longo tempo no mar, ao voltar não conseguia acostumar-se na terra.
"Eu andei por entre o milharal, para não ser visto, e chorei".  Ele tem sua própria visão do que aconteceu.
"Putin começou tudo isso, e sozinho não sabe como sair dessa", considera ele.  "À Rússia prevê o destino da União Soviética depois do Afeganistão. 
"Olhe para estes kazakes em Stanytsia Luhanska, - ironiza. Sempre foram mascarados. Sabe o que diziam deles? "Seu avô era Kazak, seu pai , era filho de Kazak, mas você é a cauda de cachorro". "Mas agora eles com automáticos, pessoas sérias."

"A União Soviética construiu-se na mentira", - diz Alexander, um ex-militar. Sua esposa é natural de Lviv. "Eles me dizem sobre os seguidores de Bandera (banderivtsi) e nazistas. Mas eu lhes disse, que isto é mentira, que eu conheço pessoas de Lviv, que é grande povo". (Os russos, a todo custo tentam convencer o mundo, que Ukraina, especificamente o oeste ukrainiano , onde houve resistência ao governo de Moscou, era fascista e apoiava Hitler na Segunda Guerra. No entanto, os ukrainianos ajudaram, nos campos de batalha, a derrotar o nazismo. A ajuda ukrainiana foi bastante significativa - OK).

Shchastia - é Ukraina
Quando nós saímos de Peredilsk na direção de Shchastia, no sentido contrário, numa bicicleta vinha uma jovem mulher. Ela não segura no volante, e expõe ao sol, as mãos e o rosto. Parece não pensar em nada - atrás um enorme caminhão militar. 
À direita no rio, estão paradas garças brancas -majestosas e silenciosas, pacíficas, na luz do sol, como estatuetas de porcelana chinesa. Paz e guerra estão mais próximo do que parece à primeira vista.

Shchastia em Luhansk. Fila pela ajuda humanitária.
Ao lado do posto de controle, próximo da linha de trem - tubo guia do "Grad", que sobressai da terra, como uma enorme flecha. Outro tubo do "Grad", de três metros, vemos em Shchastia, próximo da loja. Na parede há uma pintura de uma grande ave. Parece que a ave está sentada neste tubo mortal, como numa viga.

O lado do café, em fevereiro atingiu um foguete, todos os quatro funcionários, que estavam dentro, morreram. Nos prédios, por vezes, não há vidro nas janelas: elas estão fechadas com placas de compensado. Não há mais varandas.
Na porta da loja a etiqueta: "Shchastia - é Ukraina".
"Você tem medo?" - Perguntamos à vendedora. Ela trabalha aqui, sob tiroteios, na loja, na qual cada dia pode acertar um projétil.
"sim, tenho medo, - responde ela. - Mas nós, mulheres, - somos pessoas fortes".

Nova fronteira
De Stanytsia Luhanska voltamos no escuro. Os militares no posto de controle nos lembram, que após às 21:00 começa o tiroteio.
Num dos postos de controle oferecemos carona a um rapaz. Sozinho, vai a pé. Ele disse que sua mãe morreu em Luhansk, e ele foi de Artemivsk, ao funeral. Tentou, a pé passar pelos postos de controle. Não lhe permitiram. Agora retorna. Também a pé. 
Sistema de passagem - mais um problema humanitário. Para sair de FSC/DNR para Ukraina, as pessoas esperam semanas, às vezes mais de um mês. Não tendo a licença, podem passar por vias ilegais - exemplo, por barco através de Siverskyi Donets (rio). Será que o sistema de acesso protegerá aqueles que conhecem estes caminhos ilegais?

De fato, isto é uma verdadeira fronteira: fronteira entre FSC/DNR e Ukraina. Em cada posto de controle estão não apenas os guardas de fronteiras, mas também os militares.
Mas é ainda pior que a fronteira. Quando estivemos na região de Luhansk, todos os postos de controle entre Ukraina e FSC estavam fechados. Em ambos os lados. 
Apenas pássaros podem voar. E "Grad".

Stanytsia - Luhansk
Stanytsia - Luhansk
Chuva de aço.
Em um dos postos de controle os soldados nos perguntam, se não temos pessoas de Transcarpathia. Os soldados daqui, são principalmente da Ukraina Ocidental, procuram conterrâneos, alma gêmea
(Há uma certa diferença entre ukrainianos do leste e do oeste. Oeste sofreu influência européia, enquanto o leste foi dominado pela Rússia desde 1654 - OK).
No outro, o soldado pede água. Nós damos a garrafa. Eugênio oferece a bandeira ukrainiana. O soldado pega com alegria.
No próximo, pedem cigarros. E cigarros nós também temos.
Os carros que passam por estes postos de controle, às vezes é a única chance dos soldados em conversar com alguém.

Na aldeia Stanytsia Luhanska nós nos encontramos com os soldados da Brigada 128.
Eles nos convidaram para dentro de casa: a hospedeira morreu a vários anos. Eles reúnem-se num pequeno pátio. Do alto os protege a videira, dos lados - rede de camuflagem. Mesa redonda, uma lata de conservas, alguns cálices de metal. A maioria usa calças militares. Rapidamente organizam chá e colocam sobre a mesa um prato de biscoitos. 
Fora tem um pequeno ônibus. Nele está escrito: "Drone". Com humor aqui está tudo bem.
Eles estão felizes com a visita, brincam e sorriem. Fortes e alegres. Lembram as batalhas.
Um dos mais experientes fala sobre os acontecimentos. Ele tem a alma carregada. Todos os soldados tem peso na alma. Estas pessoas têm de suportar a morte. Eles não querem isto. Eles são pessoas pacíficas, que se encontram na guerra. Na rotativa, um deles foi conversar com o padre.
"Depois da guerra virás à confissão, confessarás e pedirás perdão", - disse-lhe o padre. "A verdade está do seu lado." ele se mantem com estas palavras.

Eles tomam conhecimento sobre as tragédias ao redor. Em toda parte os campos estão minados, onde morrem os locais. A alguns dias atrás, um homem ia a Luhansk com dois filhos. Quis encontrar um caminho alternativo, próximo aos postos de controle. Na floresta encontrou a "extensão". O menino de 14 anos e o pai morreram no local. O de 16 anos, que parou para amarrar os cadarços, ficou salvo.
quando atiram do "Grad", é melhor cair no chão e não se mover, - dizem os soldados. O rosto na terra sem nenhum movimento. Deitar-se e rezar.
"Em tais momentos de você nada mais depende. Deite e lembre todos os deuses que você conhece".

As pessoas na linha de fogo, brincam sobre o "Grad". "É simplesmente como a chuva".
"Chuva de aço. Chuva mortal.
Mas, às vezes, a chuva termina". 
Eles acreditam que esta chuva terminará.

Tradução: O. Kowaltschuk