domingo, 28 de maio de 2017

Nova Frente ou o caminho para a censura: Por que Poroshenko bloqueia as redes sociais russas.
Ekonomichna Pravda (Verdade Econômica), 17.05.2017
Vsevolod Nekrasov


O que foi isso? Ukraina seguiu os passos da Rússia, China e Coreia do Norte ou isto é, realmente, resposta a informações e operações psicológicas do exército e serviços de inteligência militar da Rússia?

O decreto presidencial de 15 de maio, que bloqueia para 15,3 milhões de ukrainianos serviços da internet, controlados pelo Kremlin, inclusive as populares redes sociais na Ukraina como "Vkontakte" e "Odnoklassnyky", visivelmente abalou a comunidade. O país dividiu-se em dois campos, alguns acreditam que estas sanções já deviam ter sido introduzidas a muito tempo, outros pensam que o encerramento das redes sociais tem muito mais em comum com os  regimes autoritários do que a luta contra a propaganda russa. (Bem, eu acho que isto já devia ter sido feito desde a independência. Não, não me refiro às redes sociais em si, mas ao fato de que usa-se o idioma russo e que elas pertencem ao país agressor. E, esta gritaria que está ocorrendo, apenas mostra a ausência de patriotismo dos ukrainianos - OK).

Já, após alguns meses será conhecido, Ukraina abre-se para total censura e autoritarismo, ou cria um "novo front".

"Branda força" de Putin.

"Serviços especiais russos conduzem guerra hibrida contra a população da Ukraina usando em suas operações informativas especiais recursos da internet "Vkontakte" (Em contato), "Odnoklassnyky" (Colegas de classe) ou Classmates, segundo tradução do Google.  Também "Mail. ru" e outros - diz o Serviço de Segurança da Ukraina - SBU, que frequentemente fixa ativa disseminação devido a tais recursos anti-ukrainianos, chamamentos a ações de protesto radicais  com aproveitamento de armas."

O fato de que a Internet, redes sociais, telefones móveis, transformaram-se, junto com a TV - em política do presidente da Federação Russa, em ferramenta eficaz, tanto de política interna , como da política internacional do presidente da Federação Russa.

Vladimir Putin escrevia no artigo "Rússia e o mundo em mudança" dois anos antes do início da guerra agressiva contra Ukraina - em fevereiro de 2012.

"Em curso cada vez mais a tal compreensão, como "soft power" (força branda) - conjunto de instrumentos e métodos para atingir metas de política externa sem o uso de armas, mas através de informação e outras alavancas de influência - escreve Putin - Infelizmente, não poucas vezes estes métodos aproveitam-se para o cultivo e provocação de extremismo, separatismo, nacionalismo, manipulação com a consciência pública, interferência direta na política interna dos estados soberanos.

Exemplo ilustrativo de interferência russa na política interna de um estado soberano com auxílio da rede social "Vkontakte" foi a pergunta do FSB da Rússia, de 13.12.2013, a diretor geral da rede social Paulo Durov, para fornecer os dados credenciais de autores e administradores dos grupos pró-ukrainianos.

Então Paulo Durov recusou. Mas, após um mês ele foi obrigado vender sua participação na rede social "devido ao conflito com o FSB". Em seguida "Vkontakte" foi integralmente resgatado pelo amigo de Putin Alisher Usmanov, co-proprietário de "Odnoklassnyky e Grupo Mail. Ru.

No momento, na Rússia existem o chamado Registro de organizadores para divulgação da informação, dirigido pelo  Roskomnadzor (Serviço Federal de Supervisão na esfera de comunicações, tecnologia de informação e comunicações de massa). Ao registro foram incluídos, sob sanções ukrainianas, domínios e sub-domínios Vk. com,
"Odnoklassnyky". ru, ok. ru, mail ru, yandex. ru, através dos quais  ou utilizadores da internet da Ukraina conectam-se aos correspondentes serviços.

Desde 1 de janeiro de 2017 a Lei da Federação Russa "Sobre informação, informação tecnológica e proteção da informação" exige dos enumerados organizadores a divulgação da informação na internet, guardar no território da Rússia as informações sobre os fatos do recebimento, transmissão, distribuição e (ou) processamento de informação falada, escrita, de imagens, sons, vídeos ou outros meios de comunicação eletrônica, usuários e informação sobre estes usuários, durante um ano, e o próprio conteúdo, se exigidos por órgãos federais.

Os aplicativos da grande maioria bloqueados na Ukraina serviços da internet russos têm, praticamente, acesso ilimitado aos dados do usuário: localização, microfone, câmera, contatos, fatos e vídeos, dados sobre wi-fi, em conexão.

Segundo os entrevistados da Verdade Econômica, os desenvolvedores móveis, proprietários de aplicativos podem acessar a câmera ou Smartphone a qualquer momento sem o conhecimento do usuário

Tropas informativas de Shoigu.

"Os sites utilizavam-se para coleta ilegal de informações, através da rede usava-se propaganda. Particularmente pela rede "Vkontakte" usava-se conteúdo pirata". - disse o secretário do Conselho Nacional de Segurança e defesa da Ukraina Oleksandr Turchenov. 

Top liderança da Federação Russa já não esconde, que desde 2.013 tem a possibilidade de conduzir operações de informação. Em 22 de 2017 o ministro da Defesa da FR, Shoigu, admitiu que no exército russo foram criadas tropas para operações de informação.

Em abril de 2.015 TASS (Agência russa de notícias) informou que o Ministro da Defesa da FR cria, na Criméia, uma parte separada de exército para operações de informação. "A nova formação está prevista para total implantação em outubro-novembro deste ano," - disse o interlocutor da agência.

Segundo suas palavras, as tarefas serão "violação do trabalho das redes de informação do provável inimigo e em perturbação resultante de seu sistema de gestão do exército", e também garantia da cibernética de suas redes de informação".

Obviamente, que numa guerra agressiva contra Ukraina, o exército russo conta com operações informativo - psicológicas.

Numerosos ataques sistêmicos sobre infra-estrutura crítica da Ukraina também carregam o rastro russo.

Os speakers da "Verdade Econômica, no campo de segurança cibernética observam alto nível de organização e coordenação de ataques, que é característico de agrupamentos de hackers do governo.

Frente, ou "apertar os parafusos".

Outra questão - tornar-se-ão os ukrainianos reféns da total ditadura da internet? Afinal, com tal formação o governo ukrainiano pode proibir qualquer coisa.

"Embarcando neste caminho, é quase impossível parar - por vários meses nós vamos discutir o bloqueio dos sites, e através de dois - o uso deste mecanismo para fins políticos... China, Coreia do Norte e Rússia já passaram por isso. Por que pisar segunda vez no mesmo ancinho? É penoso pelas pessoas, tão pouco profissionais", - observa o presidente do holding Internet Invest Group, Alexander Olshansky, no comentário à "Verdade Econômica".

"Tenho certeza de que muito em breve virão bloquear a "Verdade Econômica". Eu não tenho nenhuma dúvida sobre isso", - disse ele, acrescentando que Ukraina está aderindo ao clube de países onde há censura total e estilo autoritário de governo.

Como informa "Medusa", na Rússia, por exemplo, desde 2012 foram bloqueados 5,6 milhões de páginas, sites e IP endereços (IP address - abreviatura do inglês Internet Protocol Address - pesquisa - OK), incluindo os inofensivos - como os artigos da enciclopédia "Lurkmore."  Roskomnadzor não tem medo de bloquear, inclusive, grandes recursos: em 2.015 bloqueou o maior russo Rutracker Torrent, em 2.016 restringiu o acesso à rede social, corporativa, Linkedin.

"Peculiar, afinal quanto mais demagogia - menos democracia. Quanto menos democracia - pior demografia. Tudo nesta vida é interligado. Em palavras - vamos para Europa - de fato nós nos dirigimos ao "sovok" ("Sovok" - gíria pejorativa da União Soviética, pessoa soviética - próximo ao conteúdo de Homo Soviético - pesquisa OK), - diz o sócio- gerente de Creative Quarter Ilya Kenhshteyn sobre o decreto presidencial.

O ponto controverso também é a legalidade deste documento.

Assim CEO (CEO, em resumo, significa otimização de sites - pesquisa OK)  do escritório de advocacia Axon Partners Dmytro Gadomsky acredita que, sob o regime de operações antiterroristas, o chefe do país, como comandante-em-chefe, tem o direito de assinar tais ordens.

O representante do Parlamento, para os direitos humanos Michael Chaplyha, expressou ponto de vista judicial. Ou seja, se há uma decisão, o acesso pode ser limitado. Outro procedimento não existe", - disse ele. 

Aos fornecedores já enviaram cartas.

Uma das primeiras notícias sobre proibição na Ukraina, dos mencionados recursos russos, reagiu a Associação da Internet da Ukraina. Seu presidente, Alexander Fedyenko declarou, que para implementar o bloqueio os formadores podem precisar de tempo e grandes somas de dinheiro para reequipar o equipamento e mudar a topologia da rede.

No dia de hoje , isto não é possível ser feito", - disse ele.

Co-proprietário de um dos maiores provedores de Internet - fornecedores "Trilan" Volodymyr Sidorenko, ontem, em comentário à Verdade Econômica explicou, que sabe, como implementar tecnicamente, o decreto presidencial.

No entanto, contrariamente às declarações de alguns provedores das telecomunicações e representantes da indústria sobre a impossibilidade de bloquear alguns sites na Ukraina, tecnicamente pode realizar isto cada um internet-fornecedor.

Operadores de telefonia móvel, já pelo segundo ano filtram o tráfego e alguns serviços da internet - para determinados pacotes de tarifas fornecem acesso ilimitado a tais serviços.

Sétimo na Ukraina, em termos de base de assinantes do provedor da Internet, "Lanet", disse que poderia bloquear sites russos em questão de minutos.

"Ukrtelecom" já iniciou os preparativos para o bloqueio de recursos da internet. Sobre o fato de que a maioria dos provedores têm a capacidade técnica para bloquear o acesso a determinados sites e serviços disse o Serviço de Proteção da Ukraina.

"Mesmo agora eu me voltei aos provedores, enquanto o SBU prepara boletins informativos, que virão amanhã do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ukraina - disse Oleksandr Turchenov. O decreto presidencial já entrou em vigor.

Enquanto isso os usuários das proibidas redes sociais, e administração dessas redes reúnem informações sobre como contornar a proibição. Assim, na terça-feira os usuários de "Vkontakte" receberam o seguinte aviso:

"Com o decreto do presidente Petro Poroshenko "Vkontakte" pode ser bloqueado no território da Ukraina. Nós gostamos de nossos usuários ukrainianos e queremos, que vocês sempre permaneçam em contato com seus amigos e próximos. Na internet há detalhadas instruções, sobre como não perder seus contatos e informações importantes".

Com a referência, que é especificada na carta, você pode obter instruções detalhadas "Como acessar "Vkontakte", se o provedor o bloqueou"

Tradução: O. Kowaltschuk

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